Fanfic: Peças de um quebra cabeça perfeito | Tema: ValeCamil

Quando eu falo isso Jaime fica estático me olhando. Ele a príncipio não acreditou, mas eu não mudaria de opinião. Estava cansada de sofrer tanto. Talvez eu fosse alguém que Deus não quisesse dar filhos e por isso eu sempre os perdia. Eu não ia mais forçar meu emocional e nem meu físico, muito menos faria longos tratamentos para engravidar, não queria isso pra mim.

Jaime: Por que você está falando isso Angélica? - ele me pergunta, voltando a segurar em minha mão.

Angélica: Porque é a verdade Jaime! - falo um tanto segura em minhas palavras e creio que isso fez com que Jaime caísse na real sobre minha decisão.

Jaime: Olha Angie eu sei que você está muito fragilizada com tudo que aconteceu, mas eu acho que essa é uma decisão muito preciptada... - ele fala olhando fixamente em meus olhos um tanto preocupado com tudo que eu havia dito e eu o corto imediatamente.

Angélica: Não Jaime, não é nada precipitado. Estou segura no que estou dizendo. - creio que a expressão de Jaime naquele momento era de espanto, tristeza e dúvida. Não sabia como interpretar muito. Ficou estagnado um tanto pensativo. Ele solta minha mão e se senta na cadeira do lado da cama em que eu estava deitada.

Jaime: Mas eu quero ter filhos com você Angélica! - ele solta essa voltando a olhar pra mim.

Angélica: Então você vai ter com outra mulher, porque eu não quero mais ter filhos, não quero nunca mais engravidar, não quero, não quero! - falo um tanto alterada, nervosa e com o tom da voz mais elevado. Jaime engole seco com os olhos vibrando pelo turbilhão de emoções que eu sei que ele sentia no momento.

Jaime: Você não sabe o que está falando Angélica!

Angélica: Sei sim, e já que estou aqui... - dou uma pausa na fala pra pensar e continuo: Vou pedir pra doutora fazer uma cirurgia para tirar meu útero e não ter mais nenhum problema desse tipo. - embargada, solto essas coisas rudes para o Jaime. Ele balança a cabeça negativamente, passando a mão em seus olhos, não acreditando nas coisas em que eu dizia. Respiro fundo, virando meu rosto pro lado oposto de onde estava o Jaime, deixando que as lágrimas que transbordavam pelos meus olhos escorressem pelo meu rosto. Não aguento e começo a chorar forte, colocando agora as duas mãos em meu rosto.

Jaime: Angie... Angie, meu amor! - ele se levanta e vem até mim, depositando um beijo em minha cabeça e deitando em seguida sua cabeça em meu peito. Ao senti-lo, tiro as minhas mãos do meu rosto e coloco sobre ele deitado em mim e assim ele fica por um tempo.

Angélica: Me perdoa! Me perdoa! Eu não sei o que estou falando, eu sou uma idiota Jaime! - em prantos só isso que consigo dizer.

Jaime: Não, não Angie, não tenho que te perdoar! Você está muito sensível eu até te entendo. - ele fala, agora olhando pra mim, passando seu polegar do lado dos meus olhos e bochecha para limpar as lágrimas que escorriam pelo mesmo. Olhava para os seus olhos, cheinhos de lágrimas também.

Angélica: Jaime eu preciso da minha mãe. Ela já sabe o que aconteceu? Eu preciso dela aqui comigo.

Jaime: Sim Angie, ela já sabe. Fiquei de ir buscar ela, mas disse que só iria quando você acordasse. - ele comenta.

Angélica: Então vai lá agora. Eu preciso dela! - falo ainda com um expressão de tristeza no rosto, tentando me acalmar aos poucos.

Jaime: Você vai ficar bem? - ele pergunta passando a mão em minha cabeça, ajeitando meu cabelo um pouco amarrotado.

Angélica: Acho que pior que estou eu não fico. - falo com a voz meio falha pelo choro.

Jaime: Não fala assim Angie por favor! Pense em ficar bem. - ele fala preocupado com toda essa minha mágoa.

Angélica: Não consigo ser mais otimista Jaime, eu simplesmente não tenho mais essa vontade. Agora, se eu morrer, tanto faz pra mim. Amenizaria meu sofrimento.

Jaime: Angélica, por Diós! - ele bate a mão na perna: Eu não consigo aceitar essas insanidades que estão saindo da sua boca. Para, por favor! - ele se afasta de mim um pouco mais alterado.

Angélica: Me deixa sozinha Jaime, me deixa vai! - falo alto virando meu rosto pro lado oposto dele, não querendo mais sua companhia. Aos poucos percebo, mesmo não olhando, que ele caminha lentamente até a porta do quarto, um tanto desolado e logo, escuro a porta encostando e ele não mais ali.

A verdade era que tudo estava muito intenso pra mim. Não entendia o que sentia, estava sensível e de verdade eu não queria estar viva se tivesse que suportar essa mágoa, essa tristeza que estava sentindo. Com os meus pensamentos macabros, acabo pegando no sono na posição em que estava.

Quando acordo a médica estava no quarto, medindo minha pressão. Vou abrindo os olhos aos pouquinhos sentindo aquele aparelhinho apertar meu pulso.

Drª Katherine: Que bom que acordou Angélica! - ela fala, olhando por vezes pra mim e concentrando novamente no aparelho de medir pressão: A enfermeira vai trazer algo pra você comer. Você perdeu muito sangue e está muito fraca e não vai poder viver somente de soro. - ela fala, agora fazendo algumas anotações em uma planilha.

Angélica: Doutora, cadê o Jaime? - pergunto ainda com a voz sonolenta.

Drª Katherine: Ele está na sala de espera. Não foi permitido que ele entrasse novamente aqui. - ela comenta comigo.

Angélica: Ele está sozinho? - pergunto, já lembrando que ele havia me dito que traria minha mãe aqui.

Drª Katherine: A princípio sim, no entanto depois ele chegou junto de uma senhora. - ela me fala.

Angélica: Minha mãe! - consigo soltar um breve sorriso quando a doutora fala.

Drª Katherine: Ela é sua mãe? - ela pergunta.

Angélica: Sim e eu gostaria muito de ver ela doutora. Deixa ela entrar por favor? - peço em tom de suplica para a doutora, colocando minhas mãos espalmadas na cama, levantando meu tronco para me sentar um pouco. A doutora me ajuda, erguendo a cama, através de uma alavanca. A doutora fica pensativa, mas ela sabia o quão eu estava mal com tudo então acaba deixando.

Drª Katherine: Olha Angélica, eu não poderia estar fazendo nada disso... - ela dá uma pausa na fala: Mas eu vou abrir de novo uma exceção, porque eu sei o quanto a mãe nessas horas é importante. - ela fala dando um breve sorriso.

Angélica: Obrigada doutora! Eu realmente preciso muito dela. - falo um tanto mais calma e mais feliz por ter conseguido isso.

Drª Katherine: Já volto! - ela sorri pra mim, colocando sua mão sobre a minha, alisando brevemente com o polegar, em seguida caminhando pra porta do quarto, saindo.

Digamos que fiquei esperando uns minutos intermináveis. A enfermeira veio com aquela horrível sopa que não tinha gosto de nada, mas que eu sabia que eu precisava tomar, mesmo sem vontade e mesmo sendo ruim.

Fiquei esperando, esperando, esperando e quando já estava sem esperanças da minha mãe aparecer, alguém bate na porta em seguida passa por ela. Sorrio ao ver que era a minha mãe.

Angélica: Mãe! - sorrio largo, ao vê-la.

A.Maria: Hija! - ela sorri terna, caminhando em minha direção.

Angélica: Não sabe quanto precisava de você aqui e no quanto te esperei. - falo abrindo os braços para abraçá-la e que logo o faço. Me prendo em seus braços um tanto emocionada por sentir o calor dela, seus braços me envolvendo.

A.Maria: Nem fala meu amor! Eu me mantive a todo tempo pensando em você e... - ela dá uma pausa na fala, continuando em seguida: ...e não sabe como me doeu saber de tudo que aconteceu. - ela fala com uma expressão de tristeza, agora olhando em meus olhos, passando sua mão em meu rosto. Entorto um pouco a boca, enchendo meus olhos de lágrimas: Mas não amor, não chore mais! Deus sabe de todas as coisas e o importante agora é que você está bem. - ela fala, passando o polegar no canto dos meus olhos e em todo o contorto deles para não deixar que as lágrimas encorressem pelas minhas bochechas, em seguida depositando um beijinho demorado em minha testa.

Angélica: Mami, eu tentei suportar, mas... Mas meu neném de novo não surportou e... - falo um tanto embargada não conseguindo completar minha fala.

A.Maria: Eu sei meu amor, conversei com a médica antes de entrar aqui e ela me contou tudo que houve. Mas olha... Eu não quero que fique falando besteiras e pense em coisas sem sentido. - ela fala me repreendendo.

Angélica: Jaime te disse algo? - falo passando a mão pelos meus olhos e já imaginando em tudo que havia dito pro Jaime e imaginando que ele pudesse ter dito a minha mãe.

A.Maria: Sim e ele me contou muito aflito e preocupado. Me contou coisas terríveis que você disse pra ele e suas decisões repentinas e precipitadas sobre as coisas. - minha mãe vai falando, enquanto segurava firme em minha mão e continua: Ele chorou muito conversando comigo. Disse que não sabia o que fazer mais pra tirar algumas horríveis ideias de sua cabeça. - ela conta.

Angélica: Ele chorou? - pergunto pra minha mãe após ela dizer o quanto ele estava aflito.

A.Maria: Muito hija! - ela fala entortando um pouco a boca: Mi amor, você é uma mulher forte e não vai ser agora que vai fraquejar e tomar decisões duras e de forma rápida assim. Sabemos o quanto você está sensível e mal por tudo que anda acontecendo, mas... Você precisa se manter forte hija. - ela fala um tanto terna me confortando. Eu não tinha nem o que dizer naquele momento, só queria abraçá-la bem forte e o faço. Puxo seu braço e assim, ela ergue seu tronco me abraçando com toda sua força, envolvendo seus braços em meu corpo, sendo meu alento.

Angélica: Quando eu crescer, quero ser forte como você! Ando tão fragilizada que nem sei se sou uma mulher, estou mais pra uma criancinha birrenta e que precisa de colo depois. - falo, deixando que algumas lágrimas escorressem pelos meus olhos, ainda sentindo o calor e a ternura do abraço da minha mãe.

A.Maria: Agora chega que quem vai chorar agora sou eu. - ela se desprende de mim, agora enxugando algumas lágrimas que escorriam pelo seu rosto.

Angélica: Não chora mami, vai borrar a maquiagem, você está linda! - sorrio, mais aliviada, olhando pra ela e ajudando ela enxugá-las.

A.Maria: Não vou chorar mais. - ela deposita um beijo em minhas duas mãos: Vai ficar tudo bem mi niña! Estou com você para o der e vier. - ela sorri agora passando as costas de sua mão em meu rosto e continua: Agora eu vou chamar o Jaime e quero que você converse com ele melhor, porque me doeu ver ele naquele estado Angie. - ela fala com uma expressão preocupada.

Angélica: Sim mami, eu realmente preciso falar com ele. - entorto a boca, por pensar na dor que ele também estava sentindo. Ele até então foi a minha força, a estrutura que até então eu não estava tendo e depois, eu falar tudo aquilo pra ele. Ele realmente devia estar preocupado e um tanto magoado e me doia saber disso.