Fanfic: Peças de um quebra cabeça perfeito | Tema: ValeCamil

Fiquei desesperada. Arregalei os olhos ao ouvir o nome Otto pelo interfone quando perguntei, mas de fato eu queria ter certeza.

Angélica: Quem? – pergunto ainda desacreditada.

Otto: Sou eu, Otto! – ele confirma e continua: Angie? – ele pergunta.

Angélica: Sim! O que você está fazendo aqui? – pergunto logo de imediato. Ele ficou maluco ou o que? Depois de tudo que aconteceu no dia anterior com o Jaime eu não acreditava que ele teve coragem de bater aqui em casa.

Otto: Você vai ficar conversando comigo por interfone? – ele pergunta, sem responder a minha pergunta anterior. Respiro fundo realmente achando chato eu ficar nessa com ele. Resolvo ir até ele.

Angélica: Espera ai... – com passos pequenos vou até o chaveiro próximo da porta pegando a chave do portão de baixo em seguida abro a porta da sala e assim que abro, avisto Otto esperando. Ele sorri quando me vê e eu correspondo com um sorriso tímido e meio forçado.

Otto: E esse pé ai? Cadê a tornozeleira? – ele pergunta, pois sabia que no dia anterior eu tinha saído do hospital com ela no pé: É melhor você não forçar Angie! – ele fala ao ver minha dificuldade em descer os pequenos degraus que davam da porta da sala até o portão de ferro de baixo.

Angélica: Agora que já estou aqui... – vou andando me segurando no corrimão com a mão boa e apesar da dificuldade chego até lá. Com a chave destranco e abro o portão, dando abertura entre nossos corpos. Otto não hesita e avança dando um beijo intenso em meu rosto, no qual fez um estalo. Não quis e nem queria ser mal educada, mas o Jaime era minha preocupação naquele momento: Otto, por favor tem que ser algo breve porque o Jaime saiu pra comprar meus remédios e logo vai chegar. – olho mais avante da rua e para os lados, bem preocupada.

Otto: Ele não foi gravar série hoje?

Angélica: Hoje não. Tá de folga! – comento.

Otto: Ata! Mas fica tranquila Angie porque eu só vim pra saber como você está.

Angélica: Bem, bem, como queria estar, eu não estou né, porque ainda não comecei tomar os remédios também, mas vou ficar. Obrigada pela preocupação! – olho pra ele enquanto falava, desviando por vezes meu olhar do seu.

Otto: Jaime ficou muito bravo com você por ontem? – ele pergunta.

Angélica: Nem fala! – coloco uma parte do meu cabelo pra trás da orelha, desviando mais uma vez meu olhar do dele.

Otto: Ele não fez nada contigo né? – ele pergunta preocupado.

Angélica: Claro que não Otto! – falo repudiando essa sua ideia maluca. Continuo: Jaime é um cavalheiro, mas, no entanto sim, ele ficou muito bravo e discutimos bastante. – entorto a boca por lembrar.

Otto: Você sabe que eu não queria causar nada entre vocês né? Minha intenção jamais seria essa, ainda que somos ex marido e mulher. – ele comenta.

Angélica: Eu sei, eu sei Otto! Mas o Jaime teve um surto de ciúmes que até eu me assustei. Ele nunca agiu do jeito que agiu, nunca!

Otto: Entendo! Talvez seja o tempo que o deixou assim. Vocês estão juntos há um tempo consideravelmente grande, então... - ele dá uma pausa na fala.

Angélica: É, talvez seja, bom, espero que seja. – ainda estava preocupada se o Jaime vinha, pois olhava direto pra rua.

Otto: Acabou de acordar? - ele pergunta.

Angélica: Faz um tempinho porquê? - olho pra ele sem entender sua pergunta.

Otto: É que... Ainda está de camisola. - ele me olha dos pés a cabeça. Arregalo os olhos olhando pra baixo e para a minha “roupa”. Puts, eu literalmente havia esquecido que eu estava nesses trages.

Angélica: Meu Deus Otto! Por que você não me falou antes? - como estava com a tipoia, meu decote estava coberto e não era perceptível que estava sem sutiã. Como sou tonta. Olha do jeito que estava e na frente do Otto.

Otto: Eu pensei que não se importava. - ele fala com um jeito de sínico. Ah verdade era que ele se aproveitou da situação. Então decido encerrar o papo com o Otto: Otto, melhor eu entrar já! – falo, engiando um pouco a testa.

Otto: Ta certo Angie! É melhor. Não quero te causar mais problemas do que já causei. – ele entorta a boca ao falar.

Angélica: O que isso! Bom, já vou então. – cumprimento ele encostando nossas bochechas, estalando os lábios.

Otto: Não quer que eu te ajude até a sala? – ele pergunta preocupado, quando eu já induzia o portão para fechá-lo.

Angélica: Não, não Otto! Melhor não! Obrigada! – sorrio breve pra ele e fecho o portão por completo. Me viro, me segurando no corrimão andando e logo subindo as poucas escadas da área da frente, até minha sala. Assim que chego, Otto acena pra mim e fecho a porta. Ufa! Pelo menos dessa eu escapei. Penduro novamente a chave no chaveiro e me direciono para o sofá de onde eu não devia ter saído. Me sento do mesmo jeito que estava antes e volto a assistir tv. Passo alguns canais e deixo em qualquer um. Encosto minha cabeça no sofá, descansando ela e logo escuto o portão batendo. Era o Jaime e realmente por um fio ele não me viu conversando com o Otto lá fora. Ouço os passos apressados dele subindo e o barulhinho da sacola que ele trazia com ele. Não demora para que ele abra a porta: Foi rápido amor! - falo assim que o vejo entrar na sala.

Jaime: Rápida foi você. - ele joga a sacola dos remédios em cima do sofá, onde eu estava. Meu coração treme e gela assim que ele fala e age assim.

Angélica: Rápida? - pergunto engolindo seco: Ta falando isso porquê? - pergunto, olhando fixamente para a expressão do Jaime, que naquele momento não era nada boa.

Jaime: Eu que te pergunto Angélica! - quando ele me chamava de Angélica, eu realmente comprovava a gravidade do problema. Não falo nada, apenas me mantenho calada. Jaime cruza os braços e fica olhando pra mim, muito sério. Ele fica assim por uns segundos, me olhando fixamente nos olhos: Tem alguma coisa pra me falar? - ele finalmente quebra o silêncio. Eu realmente não queria acreditar que ele sabia da presença do Otto aqui na porta de casa, então me fiz de desintendida, caso não fosse esse o motivo da sua braveza, eu não iria me entregar.

Angélica: Falar o que Jaime? - seu olhar estava penetrante sobre mim. Desvio um pouco, mas logo volto a olhá-lo.

Jaime: Eu não acredito Angélica, eu não estou acreditando que você está fazendo isso comigo. - Jaime descobriu para minha infelicidade.

Angélica: Fazendo o que Jaime, pelo amor de Deus? - tiro minhas pernas do sofá, encostando meus pés no chão.

Jaime: Não se faça de desintendida, por favor Angélica! - ele aumenta o tom de sua voz: Por que você está deixando o Otto se aproximar assim? Você não gosta mais de mim? Por que Angélica, porquê? - ele fala ainda com o tom da voz elevado perguntando.

Angélica: Jaime, eu, eu, eu não sabia que ele viria. Ele me pegou de surpresa e... - ele me corta.

Jaime: Eu não vou acreditar mais nisso Angélica! - naquele momento nem eu sabia como me defender. Tudo estava de acordo como os pensamento do Jaime queriam ver as coisas.

Angélica: Jaime, pelo amor de Deus, porque você não acredita em mim? Eu nunca te dei motivo para que desconfiasse de mim. - falo em tom de suplica.

Jaime: Por que você não me deixa acreditar em você. Você não acha que ontem e agora, hoje, não é motivo suficiente para eu desacreditar de você? Angélica, olha do jeito que você foi atender ele! Olha pra sua roupa! - ele aponta com as duas mãos a minha camisola e continua: Você perdeu a noção das coisas? - disso eu realmente havia perdido a noção. Não sei o que houve, mas eu tinha esquecido por um momento que estava vestida indecente desse jeito para atender o Otto, tanto que foi exatamente Otto que me avisou. Não queria brigar com o Jaime, mas seria daqui pra pior.

Angélica: Jaime, por favor eu... - ele me corta mais uma vez.

Jaime: Você está apaixonada por esse cretino Angélica? Se você estiver me fala, porque... Eu não quero estar te atrapalhando. - assim que ele fala isso eu fico nervosa.

Angélica: Jaime, me escuta! - falo mais alto por ele não estar deixando eu falar: Por que você desconfia de mim? Eu jamais imaginaria que o Otto apareceria aqui e realmente eu esqueci de tirar a camisola, antes de ir ver ele, não sei o que me deu. - tento explicar, mesmo sendo as explicações mais esfarrapadas para um homem ciumento e que estava com uma enorme desconfiança de mim.

Jaime: Claro ele é seu ex marido, então é permitido esquecer que está de camisola e ir se amostrar pra ele. - Jaime estava muito alterado. Passo as mãos pelo meu rosto pelo fato de estar sendo em vão, toda essa minha explicação pra ele. Estava infinitamente incompreendível minhas explicações a ele: Eu não vou perder mais meu tempo discutindo com você Angélica. Eu vou pra minha casa. - ele afirma com precisão e sem piedade. Quando ele fala isso meu coração se comprimi, minha mão gela.

Angélica: Você vai me deixar por sua desconfiança boba Jaime? - falo gaguejando um pouco, tensa com a forma dele querer agir.

Jaime: Preciso de uma tempo e acho que você também precisa. - apesar de muito nervoso ele é breve em suas falas: Cristina! - ele dá um grito chamando ela, que por sua vez não ouviu. Ele vai andando até próximo do corredor que dava da sala a cozinha e a chama outra vez, voltando a andar entre a sala.

Angélica: Eu não acredito que você vai me deixar Jaime... - ele me corta.

Jaime: Angélica! Você sabe que eu te amo e eu não vou aguentar essa traição. A minha vontade é de arregaçar a cara desse cretino, mas eu não me sujar com ele e por alguém que “supostamente” está querendo se aproximar de novo dele. - ele faz aspas com as mãos falando.

Angélica: Mas Jaime, jamais eu te trairia, pelo amor de Deus, porque você não acredita em mim, porquê isso agora? - falo embargada com os olhos cheinhos de lágrimas.

Cris: Oi seu Jaime! - a Cris chega interrompendo-nos uma tanto ofegante por ter chegado apressada. Encosto minhas costas no sofá desolada, virando meu rosto para o lado da porta, deixando as lágrimas escorrerem pelo meu rosto.

Jaime: Fica com a Angélica. Eu preciso ir pra minha casa. - ele fala, desviando o olhar da Cris, por vezes.

Cris: Sim, seu Jaime! Mas aconteceu alguma coisa? - ela pergunta preocupada, me vendo virada e sem entender nada do que estava acontecendo, mas no entanto ela sentiu o clima pesado, alojado entre nós.

Jaime: Só fica aqui! - ele não responde a pergunta dela e vai se direcionando a porta, pegando suas chaves no chaveiro ao lado e dando uma última olhada pra mim, que me mantive com os olhos fechados não querendo olhar pra ele. Não queria sofrer daquele jeito e se o Jaime estava diferente a tal ponto de desconfiar de mim e não querer nem mais estar comigo, eu também não o queria mais.

Angélica: Nunca mais Jaime Camil! Nunca mais...