Fanfic: Peças de um quebra cabeça perfeito | Tema: ValeCamil

Minha passagem estava marcada para o começo da noite, mas mesmo assim eu já iria começar a me ajeitar cedo. As minhas roupas eu levaria todas e elas foram ocupadas em três malas grandes, claro, muito bem arrumadas pela Cris e em outras duas malas um pouco menores levaria minhas outras coisas.

Cris: Agora vou descer pra ajeitar alguma coisa pra você comer. - ela fala após me ajudar, tirando a última mala de cima da cama e colocando no canto do quarto.

Angélica: Não Cris, não precisa se preocupar, estou sem fome. - falo, me levantando da cama, andando lentamente em direção ao banheiro.

Cris: Mesmo sem fome você tem que comer um pouco porque você tem que começar a tomar seus dois remédios. - ela logo se aproxima de mim me acompanhando até o banheiro.

Angélica: Algo bem leve Cris, porque eu estou um pouco enjoada e a tensão do meu corpo nesse momento não me faz ter fome. - explico a ela.

Cris: Ta certo dona Angélica! - ela confirma me deixando no banheiro e saindo.

Me arrumei como devia, pedi ajuda da Cris para secar meu cabelo assim que terminei de tomar meu banho, pedi ajuda a ela para colocar a munhequeira que prendia meu pulso e a tornozeleira. Vesti uma calca jeans escura uma blusa preta com um decote pouco aparente. Nos pés eu coloco um sapatilha que por incrível que pareça me deu mais firmeza junto com a tornozeleira para andar e dessa vez não precisei de muita ajuda para descer as escadas.

Na cozinha, Cris havia preparado uma comida mais light como eu havia pedido. Alguns tipos de salada e frango grelhado com suco de laranja. Felizmente, vendo o quão bom estava o que ela preparou consegui comer bem.

Angélica: Você ligou para o meu táxi para vim duas horas antes do meu voo Cris? - pergunto, colocando os dois comprimidos em minha boca e tomando com o suco após a refeição.

Cris: Liguei sim dona Angélica e está tudo certo, ele virá no horário certinho e com um carro um pouco maior para carregar suas várias malas.

Angélica: Não tinha pensando nisso Cris! Perfeito! - dou um meio sorriso pra ela, satisfeita por ela ter lembrado de pedir um carro maior.

Cris: E as roupas do Jaime, Angie? - ela pergunta.

Angélica: Acho que ele vem buscar, aliás, acredito que logo, porque na casa dele não tem nada além de panos de cama. Trouxemos todas suas roupas pra cá. - falo me levantando com o prato e o copo na mão. Cris vem ao meu encontro e os pega para colocar na pia.

Cris: Espero que ele não venha quando eu estiver aqui. - ela fala fazendo uma expressão tensa.

Angélica: E mesmo se vim Cris, por favor, não fala pra ele que eu voltei para o México. Inventa qualquer coisa sei lá, diz que eu fui pra China. - falo séria no entanto inventando algo que seja surpreendente para o Jaime e que o faça esquecer de mim e pensar o quão longe eu estava dele.

Cris: Sim dona Angélica, fica tranquila.

Angélica: Me ajuda na maquiagem? - ergo minha mão em sua direção. Ela confirma com a cabeça e me acompanha.

Escovo meus dentes em seguida vou adiantar a maquiagem. Passo um pouco de pó, uma sombra clarinha, delineador, rímel, em seguida um batom rosinha meio nude, quase cor de boca que complementei com o gloss. Estava pronta.

Cris: Está maravilhosa dona Angélica. Mas a tristeza em seu olhar, tira o brilho natural dos seus olhos e que maquiagem alguma consegue complementar. - ela fala, olhando pra mim através do reflexo da penteadeira no qual eu me maquiava. Respiro fundo terminando de passar o gloss, olhando pra ela refletida atrás de mim pelo espelho. Respiro fundo, confirmando com a cabeça o seu pensamento.

Angélica: Foi tudo tão rápido que nem eu estou acreditando sabe? Parece até um pesadelo. - falo rosqueando a tampa do gloss, me virando e caminhando devagar até a cama e me sentando, colocando o mesmo dentro da bolsa que eu carregaria comigo: Sinto o Jaime tão meu ainda. Tão perto de mim, mesmo estando do jeito que está. - gesticulo com as mãos prendendo meus braços contra meu corpo, fechando os olhos: Ontem não trocamos muitas palavras quando chegamos de nossos afazeres nem antes de dormir, porque ele estava muito nervoso comigo, mas hoje cedo assim que acordamos, eu o agradeci por tudo que ele faz por mim, mesmo estando bravo e pedi um beijo a ele. - Cris dava breve sorrisos a cada palavra representativa e apaixonante que eu dizia. Continuo: Ele me deu um beijo tão apaixonado Cris, o beijo durou tanto tempo que a nossa vontade era prolongá-lo mais e mais. - toco com as pontas dos meus dedos em meus lábios ao lembrar do delicioso beijo que ele havia me dado: Pena que não passou de um beijo de despedida. Pena que ele não soube se expressar e dizer o quanto estava cansado de mim ou quando só pensa em mim para fazer amor. - meu olhar cai ao falar isso. Abaixo minha cabeça, fechando os olhos, soltando o ar pela boca.

Cris: Mas ele a ama também dona Angélica. Ele jamais faria tudo isso se realmente não te amasse, ele está com ciúmes e o medo de te perder foi maior, por isso do ciúmes doentiu. - ela se aproxima de mim, sentando na cama e pegando em minha mão.

Angélica: Não, não ama! Ele se aproveita do amor que eu sinto por ele para tentar arrumar uma certa compaixão por mim e se mergulhar nessa minha paixão por ele. Não sei se deu pra entender, mas essa é a verdade. - entorto a boca ao falar: Mas chega Cris, não vamos falar dele. Isso só me faz ficar mais triste ainda. Vamos aproveitar esse pouco tempinho que ainda temos juntas. - ela confirma com a cabeça sorrindo largo pra mim se erguendo e me abraçando forte. Correspondo do mesmo jeitinho, até meio triste em ter que deixá-la.

Cris foi comigo até a sala depois optou em pegar minhas malas uma por uma no quarto, levando-as até lá embaixo. Infelizmente eu não podia ajudá-la estando eu do jeito que estava, mas como elas eram com rodinha facilitou, mesmo ela tendo que descer as escadas. Eram cinco malas. Pelo tanto de coisas que tinha achei que foi pouca a quantidade de malas, mas tudo depende de como você distribui cada coisa em cada parte dela e Cris o fez muito bem.

Fiquei conversando com ela por bastante tempo apreensiva quanto ao horário e tensa na possibilidade do Jaime aparecer, mas realmente foi uma tensão a mais em vão. Ele saiu pela manhã e mesmo quando começou cair a tarde ele não havia voltado, o que me surpreendeu de verdade e me levou a ter mais pulso firme quanto a minha decisão.

Eu e Cris ficamos papeando como sempre fazíamos quando estávamos juntas. Quando ela não estava a serviço era uma verdadeira palhaça. Sempre quando eu queria ficar triste ela me fazia sorrir com alguma bobeira ou contando alguma coisa de sua vida e enfim. Era uma amiga que realmente se ela pudesse a levaria junto comigo. Nesse clima gostoso com ela, me fez esquecer de tudo, da minha tristeza do Jaime e até que eu ia viajar, tanto que logo somos surpreendidas com a campainha tocando. Cris verifica e era o táxi que me levaria para o aeroporto.

Cris: O táxi. - ela se vira ao ver pela brecha da janela, sem atender o interfone, já se direcionando paraas minhas malas arrastando-as através das rodinhas para mais próximo da porta, em seguida Cris foi abrir o portão para o taxista que se ofereceu a nos ajudar com as malas, buscando-as na sala e logo locando-as no porta malas e somente uma no banco de trás adentro do veículo e com sua ajuda, logo, já estava tudo organizado dentro do carro.

Angélica: Bom, então é isso Cris! - sorrio pra ela segurando uma de suas mãos.

Cris: Se cuida Angie e não se esqueça de me ligar e manter uma contato comigo, por favor! - ela fala terna passando a mão em meu rosto.

Angélica: Fica tranquila Cris! Desculpa alguma coisa e obrigada por tudo, tudo mesmo! - dou um meio sorriso a ela.

Cris: Magina, eu que tenho que agradecer. - a abraço sem pensar duas vezes, envolvendo minha mão esquerda em seu corpo, espalmando minha mão em suas costas. Nos despedimos, nos emocionamos, mas Cris não deixou eu chorar, porque ela sabia o quanto eu estava fragilizada. E foi assim que entro no táxi me despedindo para sempre de Los Angeles, onde eu passei tantas coisas e que agora estava me desligando permanentemente de tudo.

No táxi mesmo liguei ao aeroporto avisando que eu estava chegando e que precisaria de uma maior assistência, diante das minhas impossibilidades e assim que cheguei lá, fui muito bem recebida por um autorizado do aeroporto que pegou minha passagem dando baixa que eu já estava lá e levou minhas malas para o checkin, embalá-las, as direcionando para serem colocadas no avião. O rapaz muito simpático que me ajudou se chamava Daniel e me surpreendeu com sua simpatia e hospitalidade. Ele me levou até o saguão e como precisava fazer outras coisas me deixou no local e prometeu voltar para me ajudar a entrar no avião quando desse o horário.

Fiquei sentada na cadeira de espera no saguão e comecei a mexer em meu celular, quando por um momento me veio na cabeça o Jaime. Foi ai que me caiu a fica que tudo estava se desmoronando entre nós. Olhei adiante das vidraças do saguão do aeroporto onde se formavam filas e filas e seguranças que pegavam comprovantes de embarque de algumas pessoas que iriam viajar. Desencostei minhas costas da cadeira e estiquei meu pescoço, olhando fixamente para aquele local onde haviam diversas pessoas. Eu sabia que era impossível, deixando a Cris de pré aviso a não contar nada pro Jaime que eu estava indo embora, mas por um momento achei que tinha visto ele, mas logo caio na real fechando meus olhos e balançando a cabeça para me livrar dos meus pensamentos.Dou um suspiro, meditando que realmente isso não aconteceria e que qualquer coisa de agora em diante relacionado ao Jaime, seria só coisa do meu pensamento que eu trataria de dispensar da minha mente de uma vez por todas.

Cristina, ainda depois que eu sai, ficou organizando mais algumas coisas em minha casa e surpreendentemente a campainha toca e Cris nem se dá conta que poderia ser Jaime, até, atender e constatar.

Cris: Meu Deus! Uma hora dessas? - Cris caminha até a porta enxugando suas mãos no avental em que ela estava vestida, pois estava lavando a lousa: Quem é? - ela pergunta apertando o botão do interfone.

Jaime: Cristina, abre sou eu o Jaime! - ela arregala os olhos espantada e um tanto nervosa ficando sem falar nada por alguns segundos: Cris, você me ouviu? Abre pra mim, estou sem a chave! - ele fala de um jeito tranquilo, muito diferente da hora em que tinha saído.

Cris: Sim. Sim seu Jaime! Só um minuto. - ela gagueja um pouco pelo nervosismo de não saber o que fazer, mas primeiro ela resolve abrir pra ele. Ela ergue a mão ao lado da porta pegando a chave do portão de baixo no chaveiro, deixando-o cair no chão e logo pegando em seguida. Cris abre a porta de madeira da sala e dá de cara com o Jaime no portão esperando ela abrir. Ela se apresa, descendo os poucos degraus e abre pra ele, que entra rápido quase atropelando-a: Ei seu Jaime, o que houve? - ela estranha sua reação afoita, Jaime por sua vez não a responde e entra apressado em casa. Ela fecha o portão de ferro rapidamente e em seguida dá uma corridinha para alcançá-lo dentro de casa. Jaime sobe as escadas apressado, mas ela resolve não segui-lo, pois já sabia quem ele estava buscando.

Jaime: Cristina, cadê a Angélica? - ele diz do topo da escada após voltar do quarto, descendo, agora sem muita pressa, olhando fixamente para ela que por sua vez fica estática, sem saber como agir: Eu te fiz uma pergunta e gostaria de opter resposta.

Cris: Ai seu Jaime, eu não vou mentir pra você.

Jaime: Por favor! - ele coloca a mão na cintura, olhando pra ela a sua frente.

Cris: Ela foi embora. - ela é direta.

Jaime: Foi embora? Como assim foi embora? - ele se aproxima dela, sem acreditar em suas palavras, alterando o tom de sua voz.

Cris: Ela se magoou muito com você e... - ele a corta.

Jaime: Pelo amor de Deus Cristina, não brinca! Cadê a Angélica? - ele pergunta completamente desacreditado, ainda com o tom elevado na voz.

Cris: Jamais eu brincaria com uma coisa séria senhor Jaime! - ela respira fundo, andando de um lado para o outro com a mão na testa, completamente tensa e continua: Depois que vocês brigaram pela manhã, dona Angélica se sentiu magoadíssima e se sentiu abandonada. - ela conta.

Jaime: Abandonada? - ele questiona, engiando a testa, bem preocupado.

Cris: Sim, sim. Ela disse que o senhor estava cansado dela, por isso não a entendia e que por isso também ia tentar esquecer o senhor, então ela... - ela solta o ar pela boca, dando um pausa em sua fala, mas logo continua: Então ela resolveu ir embora.

Jaime: Eu não quero acreditar. Como assim foi embora? onde ela foi? Ela está machucada Cristina! - ele estava nervoso naquele momento e muito tenso.

Cris: Eu não poderia dizer, mas ela o ama demais e tenho certeza que o senhor também.

Jaime: Me fala por favor Cristina! - ele se aproxima dela.

Cris: Angelica comprou uma passagem para o México e foi morar permanentemente lá. - ela conta de uma vez. Jaime solta um riso de tensão que o faz ficar inquieto pela sala. Ele bate a mão em sua perna um tanto nervoso em seguida, respira fundo fechando os olhos, passando suas mãos pelo seu rosto.

Jaime: Meu Deus como a Angélica foi pensar em uma coisa dessas? - ele se senta no sofá: Por que você não impediu ela Cristina? Você mais que ninguém, sabe que eu jamais a abandonaria, ela é a mulher da minha vida. - ele se senta no sofá, gesticulando com as mãos indagando diversas perguntas a ela.

Cris: Porque o senhor não vai atrás dela? - ela se senta ao seu lado e sugestiona.

Jaime: Mais como, ela não já foi? - ele pergunta, olhando fixamente para os seus olhos perguntando.

Cris: Ela saiu duas horas antes de seu voo e digamos que agora... - ela dá uma pausa olhando para o seu pequeno relógio pulso: Digamos que agora faltam 25 minutos para ela embarcar.

Jaime: Não vai dar tempo, esse é praticamente o tempo que eu levo até chegar no aeroporto.

Cris: Então corre Jaime! Vai atrás do seu amor! Eu sabia que as coisas estavam preciptadas demais, mas a Angie não quis me escutar, então corre Jaime, vá até ela. Jaime balança a cabeça confirmando.

Jaime: Eu vou e espero que não seja tarde demais. – ele fala e sai em disparada correndo pela porta da sala sem perder mais tempo.