Fanfic: Peças de um quebra cabeça perfeito | Tema: ValeCamil

Jaime: Atende, atende! - sentado na beira da cama, a ansiedade tomava conta de Jaime a cada toque que o telefone dava. Felizmente depois de mais ou menos uns cinco toques de chamada, minha mãe atende.

A.Maria: Bueno? - ela atende com a voz um pouco sonolenta pelo horário meio tarde, mas ainda não dormia. Assim que atende, Jaime engole seco, respirando fundo pelo nervosismo.

Jaime: Angélica Maria? - ele pergunta.

A.Maria: Sou eu! Jaime? - ela pergunta já reconhecendo a voz rouca do Jaime através do telefone.

Jaime: Sim, sim! - ele responde brevemente, ainda apreensivo.

A.Maria: Que surpresa Jaime! Está tudo bem com você? E a Angie? - ela vai perguntando sem obter a primeira resposta.

Jaime: Éh... - ele respira fundo e tenta continuar da melhor forma possível para não preocupá-la: Nem um pouco bem Angélica. - ele entorta um pouco a boca ao falar.

A.Maria: O que aconteceu? - ela aumenta a entonação da voz já preocupada: Cadê a Angie? - direciona sua atenção a mim, pois sabia das minhas fragilidades.

Jaime: A Angie está voltando ai pro México e... Está indo pra sua casa. - ele conta rapidamente, sem rodeios.

A.Maria: Como assim voltando pra cá? Você está vindo também? - ela muda a entonação da voz para um tom mais alegre por saber que eu estava voltando.

Jaime: Ela está indo por conta própria e é exatamente por isso que liguei pra senhora. - ele fala muito entristecido.

A.Maria: Então quer dizer que, vocês brigaram? - ela pergunta, já percebendo o jeito triste do Jaime falar no telefone.

Jaime: Mais ou menos isso. Se a senhora permitir, vou te contar tudo que aconteceu.

A.Maria: Claro querido! Pode me contar! - minha mãe dá total atenção para o Jaime naquele momento. E assim foi. Jaime contou tudo que exatamente aconteceu entre nós. Contou que eu comecei a fazer academia e surpreendentemente Otto também começou no mesmo local, que eu havia me machucado e Otto esteve acerca de mim, disse que se sentiu traído, mas que na verdade era pura crise de ciúmes dele e que jamais eu seria capaz de trair ele. Disse a ela também que havia pedido um tempo, mas que eu levei tão a sério que resolvi ir embora do nada, sem ao menos querer resolver as coisas: Mas só por isso ela decidiu vir embora? - ela pergunta não entendendo o meu jeito impulsivo de agir.

Jaime: Digamos que sim. Não sei o que deu na Angie, Maria. Ela não deu nem tempo de eu chegar em casa e encontrar com ela pra gente conversar e esclarecer as coisas depois que eu estava com a cabeça mas fria. - ele vai falando e não consegue evitar as lágrimas.

A.Maria: Eu pensei que Angie estava madura o bastante, mas dessa vez ela me surpreendeu com a imaturidade. - minha mãe fala, dando total razão para as coisas que o Jaime contou a ela: Fica tranquilo querido, já que ela está vindo, eu não vou deixar de dar um bom sermão nessa mocinha.

Jaime: Não, eu não quero que você brigue com ela, eu só não quero que a senhora pense mal de mim, achando que estou fazendo ela sofrer, porque não é verdade. Assim como ela eu também tenho os meus momentos ruins e a amo tanto que o ciúmes falou mais alto e acho que acabei magoando ela na maioria das coisas. - ele fala um tanto embargado, sempre atento nas reações da minha mãe quanto as coisas que ele dizia.

A.Maria: Jamais Jaime! Eu sei o quando vocês se amam e também conheço a filha que eu tenho. Se vocês ficaram tanto tempo juntos, porque só agora isso, não é verdade? - ela fala surpreendentemente compreensiva, o que deixou Jaime mais aliviado.

Jaime: Sim, por isso também não entendi essa ação rápida da Angie. Nunca imaginava que ela seria capaz de ir embora assim, do nada. Talvez até tenha cansado de mim ou não me ama mais, mas no mínimo ela tinha que ter dado um tempo para que tivéssemos a possibilidade de conversar e tentar resolver, mas não! - ele entorta os lábios, passando a mão em sua cabeça, desmanchando a formação arrumada com gel em seu cabelo.

A.Maria: Você está certo! Te dou total razão e apoio nessa parte. Ela não devia ter agido do jeito que agiu.

Jaime: Obrigada Maria! Eu sabia que podia contar com a senhora! E sabe, tem uma coisa que eu quero te pedir.

A.Maria: Você sabe que pode contar comigo sempre é como meu filho também! - ela sorri: Mas claro Jaime, pode pedir! 

Jaime: Não fala nada pra Angie que eu liguei pra senhora e... Eu peço que me ajude, porque eu pretendo casar com a Angélica e se ela estiver com esses pensamentos erroneos de mim, acredito que ela não vai querer. - ele se levanta da cama e começa a caminhar pelo quarto, ficando inquieto.

A.Maria: Fica sossegado que essa conversa foi somente entre nós. E tudo vai dar certo Jaime, porque eu sei o quanto vocês se amam e não vai ser por causa de uma crise boba de ambos que isso vai enfraquecer. - minha mãe fala completamente segura de suas palavras.

Jaime: Não sabe o quanto me curam suas palavras Angélica. Você é tão perfeita quanto sua filha! - ele ainda que triste consegue soltar um breve sorriso por tudo que minha mãe disse a ele. Jaime naquele momento se sentiu mais acolhido e confortável.

A.Maria: Perfeito é o sentimento lindo entre vocês. Quero muito que vocês selem esse amor e vou ajudar. - ela diz bem firme e segura em suas palavras. Jaime solta um riso satisfeito.

Jaime: Bom, como não vi a hora que a Angie saiu daqui eu não sei de certo, mas acredito que dentro de mais ou menos umas duas horas e meia ela estará chegando. Ela está com o tornozelo e com o pulso lesionado, hoje comprei alguns remédios pra ela e acredito que ela levou com ela. Faz ela tomar direitinho Angélica, porque ela tem que estar bem para o nosso casamento. - ele fala todo preocupado e ansioso com sua decisão.

Angélica: Pode deixar que comigo aquela menina vai tomar jeito em todos os sentidos. Mas escuta, quando pretende marcar o casamento, falar com a Angie, você já tem algo em mente? - ela pergunta preocupada com tudo. Naquele momento o coração de Jaime começa a bater mais forte, uma tristeza enorme toma conta dele e assim ele fecha os olhos respirando fundo, se sentando na cadeira que compunha a penteadeira, onde não havia mais nada que era meu.

Jaime: Exatamente por isso também que eu quero a sua ajuda. - ele solta o ar pela boca assim que fala e continua: Vou levar três meses para concluir a segunda temporada da série que estou gravando e apesar da Angie ser a minha maior riqueza, a razão pelo qual eu vivo, eu não posso deixar meu trabalho na mão. Não por mim, mas pelas pessoas que apostam e acreditam no meu bom desempenho e trabalho.

A.Maria: Nossa, três meses é bastante tempo, mas eu entendi tudo!

Jaime: A minha vontade era largar tudo e ir embora, mas não posso. - ele dá uma pausa na fala e continua: Eu juro que vou ligar pra ela todos os dias e sei também que não vou ter sucesso na maioria das vezes ou sempre, mas por isso que a sua ajuda, vai ser fundamental para que as coisas dêem certo. Minha vida vai ser terrível nesses três meses, mas... - minha mãe o corta.

A.Maria: Mas não precisa se culpar por nada Jaime. Esses três meses não vão deixar de ser necessários para ambos. Angie jamais vai te esquecer, eu tenho absoluta certeza e quando menos você esperar, ela  vai ter esquecido de tudo e vai querer o principal, caser-se com você. - minha mãe fala confortando o coração de Jaime naquele instante.

Jaime: Tenho muito medo de perdê-la Maria, tenho medo que ela não me queira mais, que ela desista de me amar. - Jaime passa a mão pela testa, preocupado com os meus sentimentos quanto a ele.

A.Maria: Você acha mesmo que isso vai acontecer? - ela pergunta.

Jaime: Se a senhora me ajudar, eu acredito que não.

A.Maria: Não só com a minha ajuda, mas com o algo maior que existe entre vocês, isso não vai acontecer.

Alguns meses depois.

Meus seios estavam inchados e minha barriga aumentando aos poucos. Gravidez. Foram os três meses que me deixaram mais indisposta do que nunca. Na verdade foi uma junção de tudo. A falta que o Jaime me fazia e a minha rejeição a ele estavam me fazendo muito mal. Fiquei com muito medo de entrar em uma séria depressão e todo esse turbilhão de coisas fazerem mal ao bebê, mas depois que passei do meu segundo mês, algo que nunca tinha acontecido com as minhas gravidezes, fiquei mais tranquila e com fé que dessa vez eu teria meu filho ou filha.

Desde o dia em que eu voltei pro México, especialmente para a casa da minha mãe, Jaime não deixou de enviar mensagem um dia se quer para mim. Eram textos e mais textos dizendo que me amava, pequenas mensagens de bom dia e boa noite, mas todos os dias antes mesmo de eu acordar, tinha mensagem dele pra mim. Uff. Fora as suas ligações, que pouco me importavam, mas que não eram tão frequêntes que as mensagens e na verdade eu nem o atendia, nenhuma de suas ligações e pouco respondia suas mensagens. Era no máximo resposta de bom dia e boa noite, mas nada além disso. A verdade era que ele me fazia e me faz muita falta e mediante a tudo que aconteceu, digamos que eu até tive força para não largar tudo e ir com ele. Muita das vezes chorava de dia e de noite por causa dele, mas comecei a acostumar também a ficar sem ele.

Minha mãe apesar de muito cheia segredos, ultimamente tem sido a minha força e digamos que por causa dela eu ainda não abri mão do Jaime de vez. Digamos também que o meu amor que eu ainda sinto por ele, não me deixava fazer isso, até porque não estava sendo fácil, ele não sai do meu coração por mais que eu tente e tente, mas não dá, eu simplesmente não consigo esquecê-lo. Jaime sempre vai fazer parte de mim, ainda que bem distante.

Digamos que para algumas coisas eu abri meus olhos e a minha mãe teve muita influência sobre isso. De uma coisa eu estava certa; Fui bastante preciptada e eu confesso esse meu deslize, acredito que por isso eu não cortei totalmente as relações com o Jaime, que era o que eu mais queria depois de tudo que houve, mas por eu também ter acordado e visto que eu também errei, não o fiz. Diante de tudo eu apesar de fraca apaixonada não o queria mais como antes, hoje, pelo menos eu digo isso segura em minhas palavras. Talvez até seja por conta da nossa distância, mas mesmo assim eu acredito que Jaime também caiu um pouco em meu esquecimento.

Nesse tempo que estive aqui consegui vender minha casa de Los Angeles. Vendi para um família recém casada. Casada. Casamento. Tudo que um dia eu sonhei, mas que se desmoronou a partir do momento que me casei com o Otto. Parecíamos felizes, mas na verdade não e ainda bem que eu não me preciptei para me unir permanentemente com o Jaime, porque pelo que vejo, seria exatamente do mesmo jeito que foi com o Otto, só que até mais dolorido, pois eu amo, bom, na verdade amava o Jaime.

Durante o tempo em que estive aqui na minha mãe me recuperei do meu tornozelo e do meu pulso o que foi ótimo, pois eu pude sair mais e fazer minhas coisas sozinhas e a primeira coisa que me aconteceu de bom quando voltei pra cá, foi o musical. Voltei a me apresentar e fiz algumas apresentações em Merida entre outras cidades daqui. Foi a única coisa boa que me aconteceu, não deixando de lado a minha gravidez que apesar de sempre começar turbulenta e cheia de medo, foi o melhor presente em minha vida.

Uma coisa que era óbvia é que esse neném que eu esperava era do Jaime. Ele foi o único homem que me tocou depois da minha separação e que de verdade eu fiz amor. Jaime ainda não sabia e talvez eu nem diria a ele. Criaria meu filho ou filha sozinha, como mãe solteira, mas eu também sabia que não conseguiria esconder por muito tempo, só que estando tão longe dele, ninguém pode garantir que seja dele realmente. Enfim...

Minha mãe apesar de muito acolhedora e de ter amado o fato de eu voltar pro México, não me deu mole nesses meses. Me deu muitos sermãos por eu ter me preciptado e agido mal com o Jaime, além do que me aconselhou bastante sobre as coisas e não deixa de me importunar, dizendo que eu preciso ficar com o Jaime. Não, eu não preciso! É o que insisto sempre quando temos esse tipo de conversa. Não sei porque, mas ela insiste em defendê-lo, até mais do a mim ultimamente. Os seus telefonemas desde então começaram a ser mais frequentes e sempre com a mesma história: Ah, é só uma amiga! O que já não me engana mais. Não era só uma amiga e eu sabia disso.

Angélica: Quem é mamãe? - eu sabia que era chato eu ficar invadindo a privacidade da minha mãe, mas eu me preocupava com ela também. Assim que entro na cozinha perguntando, minha mãe tira imediatamente o telefone do ouvido, olhando surpresa pra mim.

A.Maria: É uma velha amiga filha! Ela sempre sempre gosta de falar comigo e é... Éh, eu adoro conversar com ela. - ela gagueja um pouco, bem tensa. Faço uma expressão de estranhamento, cruzando meus braços.

Angélica: Entendo, mas porque você não confia em mim? - fasto a cadeira para me sentar, já sabendo que realmente não era somente um amiga dela. 

A.Maria: Claro que eu confio, mas porque você está falando isso filha? - ela ainda com o telefone na mão se aproxima de mim, sentando-se na cadeira e colocando sua mão sobre a minha.

Angélica: Porque eu sei que não é uma amiga que você está conversando. - sou direta.

A.Maria: Eu jamais esconderia algo de você filha. Eu nunca faria isso, porque você pensa assim? - ela tenta me fazer acreditar em suas palavras.

Angélica: Eu juro que eu quero acreditar mãe, mas eu sei que não é verdade. - me levanto, caminhando pra fora da cozinha não querendo mais ouvir mentiras. Minha mãe respira fundo e volta a falar ao telefone.

A.Maria: Jaime? Você ouviu né? Angélica é muito inteligente ela está desconfiando.

Jaime: Calma, vai dar tudo certo, faça tudo exatamente como eu te disse e tenta enrolar ela mais um pouco, só mais um pouquinho.