Fanfic: Peças de um quebra cabeça perfeito | Tema: ValeCamil

Assim que estava saindo da cozinha ouço minha mãe cochichar novamente. Eu sei que não era certo, mas resolvo fazer isso para descobrir algo. Próxima da porta, escuto apenas o final de sua conversa.

A.Maria: Eu vou tentar, mas eu sei que ela não acreditar por muito tempo. Ta certo! Ok, fica tranquilo! Beijos, se cuida! - ela desliga o telefone e eu desmascaro ela, entrando novamente na cozinha.

Angélica: O que eu não vou acreditar e o que você não vai conseguir me esconder por muito tempo mamãezinha? - ironizo, caminhando de braços cruzados. Ela coloca o telefone na base em cima do balcão e olha pra mim assustada.

A.Maria: O que você ouviu? - ela pergunta, olhando fixamente em meus olhos, surpresa.

Angélica: Algo que eu não vou acreditar e que você não poderá esconder mais de mim. Poxa mãe, o que tanto você esconde? - pergunto, descruzando meus braços, engiado a testa.

A.Maria: Ta certo filha, eu não vou mais esconder nada de você. - ela fala, me puxando pela mão, me fazendo sentar na cadeira e ela senta logo em seguida.

Angélica: Por favor! - me sento.

A.Maria: Faz tempo que venho conversando com uma empresa de vestidos de noiva. Essa empresa está precisando de modelos como você para tirar fotos para nova coleção de vestidos que saiu de um estilista aqui do México. As fotos tiradas, vão sair na revista, só que no entanto não vão te dar lucro algum, pois eles estão em busca de fazer caridade. - ela fala e eu fico muito atenta em tudo.

Angélica: Poxa mamãe, porque você não me falou antes? Esse sigilo todo, para isso? - pergunto sem entender ainda seu jeito todo enigmático.

A.Maria: Ah, não sei filha! Achei que você não fosse ficar feliz em se vestir de noiva de novo por conta de seu primeiro casamento, então, fiquei sismada em te contar, por isso escondi por esse tempinho de você. - ela falava desviando o olhar dos meus. Solto um riso espontâneo com esse jeito dela.

Angélica: E por quanto tempo pretendia esconder isso de mim? - pergunto.

A.Maria: Não sei, talvez até eu constatar que seus interesses atuais estivessem de acordo com algo do tipo.

Angélica: Ai, só você mesmo! Claro que eu quero! Vai ser ótimo fazer parte disso, ainda mais se é pra caridade. Ajudar as pessoas nunca é demais. - falo toda sorridente. Minha mãe também não disfarça seu contentamento, abrindo um sorrisão: E quando posso fechar isso? - pergunto, mas ai lembro de uma coisa: Ah, mãe, mas tem um porém! - entorto um pouco os lábios.

A.Maria: O que filha? - ela pergunta espantada.

Angélica: Estou grávida! - olho pra baixo, passando a mão em minha barriga, que aparecia pouco ainda

A.Maria: Mas isso não é um problema filha. - minha mãe coloca sua mão sobre a minha na barriga: Vou te levar lá e você vai escolher seu vestido de noiva, bom, seu não, mas dentre os que o estilista fez e lá mesmo será feito os ajustes necessários minha vida. - ela fala, sorrindo me animando novamente.

Angélica: Se é sim, perfeito então! E quando eu assino o contrato? - pergunto muito animada com a ideia de sair em uma revista vestindo vestidos de noiva de um estilista famoso.

A.Maria: Quando você for lá vemos isso. - ela se levanta da cadeira caminhando até a pia: Está com fome filha? - ela pergunta, indo cortar algumas alfaces na tábua mudando de assunto. Meu pensamento estava longe que eu nem prestei atenção na pergunta dela.

Angélica: Que dia que eu poderei ir lá mamãe? - me levanto indo até ela a pia.

A.Maria: Vou ver direitinho, talvez na semana que vem... - a corto.

Angélica: Eu não posso falar com esses empresários, eu não posso... - minha mãe também me corta imediatamente, deixando o que fazia e se virando para me olhar.

A.Maria: Fica tranquila filha, eu estou cuidando de tudo! Não quero que você se preocupe com nada. Eu te aviso quando você vai, datas, dias, tudinho! - ela limpa a mão em um pano e passa a mão em minha bochecha, sorrindo. Estranho um pouco mais acabo concordando.

Angélica: Ta certo mãe! Vou confiar em você em. - falo apontando meu dedo indicador pra ela, em tom de brincadeira.

A.Maria: Confia! Vai dar tudo certo! - balanço a cabeça, me virando e caminhando até a porta da cozinha: Ei filha... Quer um suquinho? Come alguma coisa pra esperar o almoço! - ela fala como sempre preocupada comigo.

Angélica: Não mamãe, estou sem fome!

A.Maria: Ah Angie, você sabe que precisa comer né!?

Angélica: Eu sei mami, mas agora eu realmente estou sem fome.

A.Maria: Olha lá em mocinha. Quero que meu neto ou neta forte e grande em! - ela fala, apontando o dedo pra minha barriga.

Angélica: Eu sei, eu sei dona Maria! Fica tranquila que eu jamais vou ficar sem comer. - me aproximo mais dela, colocando a mão em sua cintura, depositando um beijo na lateral de sua cabeça.

A.Maria: Vai descansar mi vida, quando tudo estiver pronto eu te chamo! - ela sorri, correspondendo meu beijo.

Angélica: Se precisar de ajuda me chama! - falo já caminhando pra fora da cozinha.

Minha mãe e eu estavámos dormindo no mesmo quarto na cama de casal. Quando cheguei aqui estava muito frágil e isso estava afetando até meu sono. Me sentia abandonada e não iria conseguir dormir sozinha, então minha mãe optou que eu fosse dormir com ela. Além da cama ser grande e confortável, nós ficávamos papeando caso não tivéssemos sono e ali eu estaria mais perto dela para qualquer coisa que seja. Eu prometi pra ela que assim que eu melhorasse e não me sentisse mais sozinha eu iria para o meu antigo quarto, mas isso nunca aconteceu. Sempre quando eu tentava mudar de quarto, minha mãe me impedia, dizendo que não precisava e que eu podia ficar com ela. E acabou que eu estou ainda dormindo com a minha mãe, como a menininha de antigamente que tinha medo de escuro e se sentia muito sozinha nas noites de chuva. Foi uma aproximação gostosa que tive com a minha mãe e digamos que eu não trocaria isso por nada.

Subi para o quarto. A porta estava aberta então não tive o trabalho de abri-la. Meu celular estava sobre a cama então rapidamente me sento em cima de uma das minhas pernas, arrumando meu vestido, pegando-o. Deslizei o dedo pela tela do meu celular e tinha mensagem do Jaime. Respiro fundo não querendo abrir. Vou na opção para excluir, mas penso bem e resolvo não fazer isso e ler a mensagem dele.

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Jaime: Bom dia meu amor! Acordei faz tempo, mas pensando em você, como todos os dias. Está sendo muito difícil viver longe de você e mais ainda tendo que suportar esse seu desprezo, mas de uma coisa eu estou certo; meu amor por você nunca enfraqueceu e espero que o resto do amor que talvez você ainda sinta por mim não tenha enfraquecido também. Eu sei, a distância machuca e vai minando de pouco em pouco nossas esperanças, mas saiba que eu prometo que isso vai terminar. Em breve! Só preciso saber se você quer... Bom, vou gravar agora! Se cuida e tenta não se esquecer de mim... Te amo pequena. =/ {10:04}

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Quando termino de ler a mensagem, sem perceber meus olhos estavam marejados, mas não deixei que nenhuma lágrima escorresse pelo meu rosto. Respiro fundo. De todas as mensagens do Jaime essa foi a que mexeu mais comigo. Não sei se é porque estou sensível pela grávidez, mas eu realmente sentia muita falta dele e não sei, sentia num beco sem saída. A vontade era de responder, mas eu tinha que me manter firme, pois eu não queria me iludir novamente, não queria me machucar e digamos que a minha rejeição a ele me ajudou um pouco, a ficar firme e forte, porque havia momentos que eu sentia vontade de desmoronar como agora. Era algo forte, ainda mais agora, sabendo que eu estava grávida de uma filho dele, sem ele saber.

Angélica: Ai Jaime! Quando vou deixar de te amar por completo? Quando? - penso alto, passando as minhas mãos pelos meus olhos, deitando minha cabeça no travesseiro colocando o celular sobre meu peito e uma das minhas mãos carinhosamente sobre a minha barriga, sentindo-a já meio durinha e a voltinha que já fazia ao passar minha mão sobre. Solto o ar pela boca voltando a sentar na cama. Leio mais uma vez a mensagem do Jaime tentando não chorar. Mas era inevitável. Algumas lágrimas involuntárias escorrem pelo meu rosto, pintando na tela do meu telefone celular. Sem eu perceber minha mãe entra no quarto e se senta em minha frente, assim que ela o faz fico um tanto surpresa.

A.Maria: Mi hijita! O que você tem? - assim que ela pergunta, eu desmorono. Dou o meu celular em suas mãos, deixando aberta na mensagem do Jaime para que ela possa ler. Ela me aconchega em seus braços e eu encosto minha cabeça nela. Minha mãe começa ler a mensagem e eu continuava chorando: Você o ama muito ainda não é? - ela se desprende de mim, levantando meu rosto com a mão em meu queixo.

Angélica: Não consigo evitar mamãe! Ele é a pessoa mais importante em minha vida depois de você e do papai. Quero deixar de amá-lo, mas não consigo arrancá-lo do meu daqui de dentro. - aponto para o lado esquerdo do meu peito.

A.Maria: Eu sabia que tudo que você dizia antes ia ser em vão. Jaime é você, está em você e agora, mais do que nunca filha! - ela coloca a mão em minha barriga. Balanço a cabeça positivamente, passando as costas das minhas mãos em meu rosto, enxugando as lágrimas.

Angélica: Mas eu preciso esquecê-lo mamãe. Eu preciso! Eu quero conseguir isso! - falo choramingando.

A.Maria: Você vai tentar, tentar e tentar, mas sempre vai ser sem sucesso, porque mesmo você cheia de rancor por causa dele, você não consegue evitar de se emocionar ao pensar nele, ao lembrar do que passaram juntos.

Angélica: Apesar de ser difícil, eu vou tentando! - enxugo de vez as lágrimas do meu rosto, mas firme em minhas palavras: Começando agora! Vou apagar essa mensagem e... Fingir que não a vi! - pego o celular da mão da minha mãe e o faço imediatamente, apagando-a.

A.Maria: Você sabe que o rancor é a pior coisa que alguém pode sentir não é filha? - minha mãe coloca sua mão sobre a minha em cima da minha perna.

Angélica: Não é bem rancor, eu só quero evitá-lo e esquecê-lo de uma vez por todas. - falo olhando em seus olhos, excluindo de vez a mensagem.

A.Maria: Angie você não pode esquecê-lo. Ele foi uma das melhores partes de sua vida. - minha mãe insiste em defendê-lo.

Angélica: Você sabe o tanto de coisas que já passei com ele mãe. - me ajeito melhor snetada na cama, largando meu celular e desviando meu olhar dela.

A.Maria: Reconsidere filha! Foram muitos mais os momentos bons que vocês passaram juntos. - ela segura firme em minha mão: Você não pode deixar que essas poucas coisas que aconteceram entre vocês atrapalhe esse amor incondicional que eu sei que ele sente por você e que você mostra sentir por ele. - apesar da minha mãe estar certo eu não abro mão das minhas decisões.

Angélica: Chega mãe, não quero mais falar sobre ele! Quero me dedicar àquela proposta dos vestidos de noiva que você falou, só isso agora! - quando falo, minha mãe desvia seu olhar de mim, sorrindo espontânea. Não entendo seu jeito: Ta rindo de que? - pergunto.

A.Maria: Ah, nada filha, nada! Éh, só estou feliz por você ter aceitado a proposta. - ela solta minha mão se levantando da cama.

Angélica: Sei... Olha lá viu dona Angélica Maria! Você não me engana! - sorrio espontânea também.

A.Maria: Te amo mi vida e só quero você sorrindo. - ela se aproxima, passando suas mãos em meu rosto.

Angélica: Só por ter você aqui já é suficiente para me fazer sorrir. - abro um sorriso terno, mostrando os dentes pra ela enquando falava: Mas porque veio aqui? Acredito que o almoço não está pronto! - cruzo os braços contra meus seios, entranhando sua vinda ao quarto.

A.Maria: Será que eu não posso vir ver como minha filha está? - ela cruza os braços, olhando pra mim.

Angélica: Claro que pode sua bobinha! - sorrio, esticando meus braços em sua direção para que ela venha a mim e eu possa beijá-la. Assim que o faço, volto a deitar na cama e me viro de lado na mesma. Minha mãe acaricia minha cabeça e minha barriga, sorrio com seu jeito em seguida ela caminha até a porta a fechando. Ela logo desce as escadas e fica aliviada por eu estar lá quietinha, aproveitando o momento pra falar com o Jaime, como sempre o fazia. Ela vai até cozinha e imediatamente pega o telefone da base, discando o número dele que já tinha decorado por ligar várias vezes.

O telefone dá alguns toques de chamada. Minha mãe prende o telefone entre a orelha e seu ombro para mexer nas panelas que estavam no fogo. Não demora muito para que Jaime atenda.

Jaime: Maria? - ele pergunta assim que vê o número na tela do seu celular, atendendo.

A.Maria: Eu mesma. Não quero te atrapalhar porque sei que você está gravando. - ela mexia nas panelas mas logo as tapava, segurando o telefone na mão.

Jaime: Como sabe? - ele dá um sorriso perceptível pelo telefone.

A.Maria: Angie me mostrou a mensagem que enviou a ela hoje e olha, você foi perfeito, porque ela ficou muito emocionada. - minha conta minha reação após ler sua mensagem.

Jaime: Jura que ela se emocionou? - seus olhos brilharam na hora que minha mãe fala isso.

A.Maria: Sim, ela se surpreendeu. Acho que é a primeira vez que ela se emociona com uma de suas mensagens. - Jaime sorri terno, entortando a boca em seguida ficando preocupado.

Jaime: Queria poder abraçá-la e não somente dizer que a amo só por mensagem. - ele se senta num banco ali próximo no set de gravação.

A.Maria: Pela notícia que tenho a te dar, isso em breve vai acontecer Jaime! - ela sorri e continua: Bom, não vou enrolar mais. Eu não consegui esconder dela mais sobre aquele seu plano. Angie ouviu minha conversa e... - Jaime a corta preocupado.

Jaime: Ela sabe que era eu esse tempo todo? - ele pergunta espantado.

A.Maria: Calma, calma Jaime! Felizmente ela só ouviu que eu escondia algo dela e mais nada além disso. - assim que ela conta, Jaime respira aliviado.

Jaime: Ainda bem, mas e ai o que você fez? - ele pergunta curioso.

A.Maria: Eu fiz proposta da empresa de vestidos de noiva pra ela e ela aceitou fazer, muito, mais muito animada. Só sei que tudo está caminhando para dar certo!

Jaime: Wooow! Já que está caminhando para dar certo eu vou agilizar tudo, ainda mais rápido. Quero ver minha Vale chorando, mas chorando de felicidade de agora em diante.