Fanfic: Aconteceu Você | Tema: Portinon
Antes que eu dissesse qualquer coisa, Luiza entrou na minha sala a fim de tratar assuntos do jornal, e assim, Dulce se despediu me deixando mais uma vez perdida entre as dúvidas sobre minha sexualidade e o desejo absurdo por ela, além da insegurança sobre o teor de nossa relação e sobre a possibilidade de um novo encontro.
Resolvi a questão com Luiza, ainda meio aérea, depois segui para a sala do Cris, já me preparando para a zuação que me esperava do meu amigo.
-- Você quer falar comigo Cris?
-- Sim Any. Sobre alguns possíveis patrocinadores, que manifestaram vontade de investir no jornal, depois do sucesso da primeira edição.
-- Jura? Que coisa boa!
-- Então, quero que você formule uma proposta, mostrando os espaços que a marca deles será divulgada, para que na próxima edição, já contemos com esse apoio, e também valoriza o jornal.
-- Claro Cris,farei isso agora mesmo.
-- Tenho outro assunto para tratar com você.
-- Eu quero me desculpar pela cena que você viu Cris, não vai se repetir.
-- Não vai? Tem certeza?
-- Sim, não se preocupe.
-- Agora estou preocupado. Por que não vai se repetir? Pelo que vi, há faíscas entre vocês e Dulce é uma mulher incrível.
-- Ah! Eu estava falando sobre nossos amassos aqui no ambiente de trabalho...
Cristian sorriu e disse:
-- Então vai se repetir em outro lugar que não seja sua sala?
Só depois de ouvir a pergunta do Cris, notei o quanto fui descarada ao me referir a meu desejo de que se repetissem os tais amassos com Dulce. Ruborizei e tentei mudar de assunto:
-- Então, eu vou preparar a proposta para os patrocinadores, depois mostro a você.
-- Anahi... Nós ainda precisamos conversar... Amiga, sei que você deve estar confusa, você nunca esteve com uma mulher certo?
-- Por que você acha isso?
-- Por que você é certinha demais para se permitir isso... Desde que te conheci você nunca fez nada errado, sempre tudo dentro dos padrões! Seus pais são mais liberais do que você amiga.
O comentário de Cristian me irritou, e mais que isso me desafiou. Não queria esse título de mulher certinha e conservadora, mas no fundo, Cris estava cheio de razão. Por diversas vezes fui julgada pelas minhas amigas como reprimida sexualmente.
-- Você está muito enganado! Eu não sou sempre certinha, sei cometer loucuras, e quem disse que nunca estive com uma mulher?
-- Anahi... Não precisa ficar com raiva, isso não é defeito.
-- Não estou com raiva, pra seu governo já estive com muitas mulheres!
-- Tudo bem, tudo bem, então você sabe como agir com a Dulce...
-- Claro que sei!
Eu não fazia a menor ideia do que o Cris estava falando. Essa era uma grande incógnita para mim, como agir com Dulce? Nem sei por que o comentário de Cristian me irritou tanto! Menti deslavadamente sobre o fato de estar com outras mulheres antes de Dulce.
Saí da sala fumaçando e com mais dúvidas ainda sobre como me comportar em relação à Dulce. Na minha sala eu ainda viajava na lembrança do gosto de Dulce e embriagada pelo perfume que ela deixou no ambiente. Com muito esforço fiz o que o Cris me pediu, e quase ao anoitecer saí do escritório em direção a minha casa.
Mais uma vez me refugiei na internet, dessa vez, navegando pelas páginas de blogs especializados em comportamento lésbico. Encontrei uma multidão de fãs de certo seriado americano temático, não vacilei, e baixei a tal série sobre o Mundo Lésbico.
Encantada e curiosa com as situações mostradas, como era possível o sexo entre duas mulheres? Mesmo sem saber como isso poderia acontecer, como eu queria ser protagonista de uma cena daquelas junto com Dulce... Virei à noite assistindo os episódios, dormi sentada com o notebook sobre as pernas, nos meus sonhos, meu desejo se misturou a ficção do que eu assisti, e numa confusão típica da manifestação do meu inconsciente, eu estava no cenário do seriado, na cama em cima de Dulce.
Acho que nem preciso descrever o estado que acordei... Mais uma vez atrasada, tomei um banho rápido, eu precisava mesmo desse banho... Eu não sabia se me punia por investir tanto do meu tempo e das minhas energias para o pensamento e o desejo por uma mulher e por esse mundo lésbico, ou se me envergonhava pelo comportamento infantil diante do Cris com minhas mentiras.
No jornal, a minha equipe já me esperava, a fim de mostrar os resultados do dia de trabalho. E sobrou para mim a tarefa de inaugurar a coluna sobre dicas de saúde, Luiza colocou sobre minha mesa o telefone de minha suposta entrevistada, e o universo conspirava para mais uma vez eu reencontrar Dulce.
Hesitei em ligar, minha crise de sexualidade me impedia que eu me comportasse como uma mulher adulta. Passei minha manhã inteira discutindo com o aparelho de telefone sobre minha mesa.
“Se eu ligar vai parecer que estou correndo atrás dela... E se ela quisesse que eu ligasse pra ela teria me dado o número do telefone dela! Se eu não ligar ela pode achar que não estou interessada... Mas eu quero que ela pense que estou interessada? Mas Anahi! Isso é apenas um contato profissional!”
Meu diálogo com o telefone não era silencioso, a ponto do Cristian ao entrar na sala sorrateiramente ter uma crise de risos.
-- O que é isso Any?
A surpresa da pergunta do meu amigo me deixou ainda mais nervosa, gaguejei para responder, disfarçando fingindo ajeitar os papéis da minha mesa:
-- Nada ué, só pensando alto.
-- Sei...
-- Quer falar comigo?
-- Na verdade vim só pra dizer que já enviei a proposta aos patrocinadores que você deixou ontem, até o final do dia teremos a resposta.
-- Ótimo Cris!
-- Mas você vai ou não ligar para Dulce?
-- Hã? Como você sabe?
Nem percebi que mais uma vez acabara de me entregar, o Cris era mestre em me pegar nas minhas trapalhadas.
-- Não sabia, mas acabei de ter certeza...
-- …... Preciso fazer entrevista com ela para a coluna de saúde do jornal...
-- Então você tem que ligar Any! Por que essa hesitação?
-- Por que, você sabe... Ela pode pensar que isso é só uma desculpa para falar com ela...
-- E não é?
-- Não Cris! Ninguém tem tempo para fazer essa entrevista, por causa da imensa equipe que você me deu!
-- Sabe o que eu acho?
-- Tenho até medo de perguntar... Mas o que você acha?
-- Que se não existisse um motivo para você ligar para ela, você ia ter que criar um... Mas eu não preciso dizer isso, você é experiente em relacionamento com mulheres...
Notei a ironia nas palavras do Cris, disfarcei enquanto ele se aproximava da mesa, pegou o telefone, discou e eu, nem desconfiava para quem ele ligava até ouvir:
-- Dra. Dulce! Olá, como vai? … o Cristian. Estou ligando para saber como está sua agenda hoje... Infelizmente o orçamento não permitiu que eu contratasse uma secretária para editora-chefe da Folha de Nova Esperança, então estou me candidatando a vaga... Anahi precisa fazer uma entrevista com um profissional de saúde, para inaugurar uma coluna sobre vida saudável na próxima edição do jornal, queria saber se há alguém na universidade que possa participar... Ou você, quem sabe...
Engoli as palavras, atônita com a cara-de-pau do Cris. Mas, ansiosa pela resposta do telefonema:
-- Tudo bem então, no final da tarde então. Comunico a Anahi, e obrigada doutora.
Cris desligou o telefone fazendo suspense, provocando minha ansiedade:
-- Então, ela vai me dar à entrevista?
-- Não sei se ela pessoalmente, mas ela vai providenciar alguém.
-- Como assim?
-- … isso Any, se ela não puder dar a tal entrevista, indicará alguém. No final da tarde esteja na universidade com seu gravador. Pronto, cumpri minha obrigação... Boa sorte!
O dia foi longo, as horas demoraram mais a passar, pela expectativa de rever Dulce, e ainda me restava à dúvida sobre reencontrá-la ou não. Preparei as perguntas para a entrevista desejando mudar o teor delas, na verdade queria mesmo era perguntar: - O que você quer comigo? O que você faz comigo que me deixa assim? O que eu tenho que fazer para você me beijar agora? -. Poucas horas antes de sair para a universidade, qual adolescente ansiosa pelo encontro com seu primeiro namoradinho, tive o cuidado de passar em casa e me produzir... Eu sequer sabia o que agradava uma mulher... Devo ter tirado uma dezena de roupas do armário, inventado mil penteados diferentes, e quando me dei conta, eu só tinha meia-hora para chegar pontualmente ao encontro.
Na verdade, nem era um encontro, mas a possibilidade de rever a protagonista das minhas fantasias sexuais transformou o caráter profissional da entrevista em um afrodisíaco compromisso. Optei por um vestido sóbrio, mas de frente única dando aquele toque de sensualidade, os sapatos elegantes deram um toque peculiar no meu visual. No caminho para a universidade eu ensaiava meu cumprimento a Dulce, encarando o retrovisor: - Olá Dra. Dulce, como vai? Incomoda-se se eu usar o gravador? Podemos começar? – Pura ilusão que eu me manteria tão calma e profissional assim, a simples lembrança do cheiro e do gosto de Dulce já fazia minhas pernas tremerem...
Enfim cheguei a Universidade, segui direto para o prédio do Departamento de Ciências da Saúde. À porta da sala de Dulce, a secretária me orientava há aguardar alguns minutos até eu ser atendida. Ao entrar enfim na sala da chefe do departamento, ansiosa por rever a mulher mais linda que eu conhecia, me decepcionei com a presença de um homem calvo de meia idade, sentado no sofá.
-- Anahi Portilla? Muito prazer, Dr. Ernani Campos, coordenador do curso de Medicina. A Dra. Dulce infelizmente não chegará a tempo, e pediu que eu respondesse às suas perguntas. Desde já parabéns pelo jornal, vi a primeira edição, muito boa, espero contribuir a altura nessa segunda edição, aliás, a ideia de uma coluna sobre vida saudável é bastante apropriada.
Com um ar meio abobado, mas visivelmente decepcionada, eu apenas sorri amarelo e apertei a mão do médico com um sorriso amarelo. Sentei-me na poltrona de frente para ele e comecei a entrevista de maneira seca, e pouco simpática. O coitado do médico devia se interrogar o motivo do meu notório mau-humor, evidenciado pela minha luta física com as teclas do gravador.
A entrevista não durou mais que trinta minutos, para a surpresa do experiente médico, recolhi meu material apressadamente, irritada pela frustração de não ver Dulce, encarando aquilo como um bolo. Pisando forte pelos corredores daquele prédio, resmungando algo inaudível, saí em direção ao estacionamento, deixando os papéis da minha pasta voarem pelo campus. Essa cena se repetiu até chegar perto do meu carro. Devo ter parado para apanhar os papéis no trajeto pelo menos umas três vezes, aumentando ainda mais minha irritação.
Esqueci de desligar o alarme do meu carro, enfiando a chave na porta, com o susto do barulho do alarme soltei tudo que estava na minha mão, me perdendo entre dois botões para desativar o alarme. Quando enfim consegui fazê-lo, joguei tudo espalhado pelo banco de trás do carro, murmurando palavrões, até escutar risos atrás de mim.
E ai o que voces estão achando da fic?
Autor(a): angelr
Este autor(a) escreve mais 8 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?
+ Fanfics do autor(a)Prévia do próximo capítulo
Era a própria: Dulce, segurando os risos tapando sua boca, fingindo intimidação com meu olhar irritado. Como ela conseguia ficar mais linda a cada dia? Eu sequer conseguia lembrar o porquê de estar tão mal humorada. -- O que foi? Está se divertindo? -- Muito. Você fica ainda mais adorável com esse bico sabia? O coment& ...
Capítulo Anterior | Próximo Capítulo
Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 247
Para comentar, você deve estar logado no site.
-
tryciarg89 Postado em 20/05/2023 - 21:04:11
Simplesmente linda, emocionante, engraçada e apaixonante
-
NoExistente Postado em 27/01/2021 - 12:08:36
Fui obrigada a comentar. Senhor, nem sei o que eu digo dessa estória maravilhosa. Tinha acabado de ler uma fic meio decepcionante delas e entrei sem muitas expectativas aqui. Minha surpresa foi apegar a escrita e o jeito dos personagens, me emocionar, rir e sorrir com a narração. Perdi minha vida nos últimos 4 caps, e foi surpreendente como conseguiu transmitir a tristeza e, sinceramente, cheguei a um estado de negação e desespero. Obrigada por essa leitura fantástica.
-
angelr Postado em 24/01/2015 - 23:18:06
justin_rbd - *__*
-
angelr Postado em 24/01/2015 - 23:17:41
portinonnessa14 - hahaha tadinhas ne
-
angelr Postado em 24/01/2015 - 23:17:15
flavianaperroni - Pode deixar que aviso
-
angelr Postado em 24/01/2015 - 23:16:45
anymaniecahastalamuerte - Sempre que puder compartilharei
-
angelr Postado em 24/01/2015 - 23:13:46
garotaloka - Que bom fico feliz *_*
-
justin_rbd Postado em 24/01/2015 - 12:12:52
final mais que perfeito !!
-
portinonnessa14 Postado em 24/01/2015 - 02:25:21
Vamos gente todo mundo ler a web da nossa querida Angelr Um doce amor que é ótima
-
portinonnessa14 Postado em 24/01/2015 - 02:22:33
Oi Angelr minha querida a que bom que a Dulce está viva agora sim posso respirar aliviada o que posso dizer desse final foi lindo e bem o que eu queria mesmo o mais importante é que as duas ficaram juntas neh afinal sou portinon neh e não aguento ver a minha Anny sofrer mais obrigada beijinhos