Fanfic: Aconteceu Você | Tema: Portinon
Dulce tomou minha boca invadindo-a com sua língua, sugando a minha em um beijo intenso, longo e pleno. Devo ter ficado de boca aberta de olhos fechados depois que Dulce se afastou da minha boca, por que ela estalou os dedos como se me despertasse de um transe hipnótico:
-- Any? Any?
-- Hã? Eu sou Any.
-- Então, vamos ou não almoçar?
-- Vamos.
Eu nunca em minha vida me permiti ser irresponsável a ponto de matar uma tarde de trabalho, seja qual fosse o motivo, mas diante de Dulce, e especialmente depois de ser beijada daquele jeito, era querer demais de mim, recusar qualquer convite dela. Observei atentamente cada gesto dela tirando o jaleco, soltando os cabelos, até nesses gestos banais eu enxergava sensualidade.
Saímos do hospital e mais uma vez, Dulce pediu as chaves do meu carro. Sem questionar as entreguei, enquanto ligava para Luiza no jornal, adiando a reunião com a equipe para o dia seguinte. Não conhecia aquele caminho, mas eu inexplicavelmente confiava em Dulce cegamente. Ela parou à frente do restaurante China na Caixa , que logo deduzi ser o fast food o qual Berta me falou, fiz menção de descer, mas ela me impediu:
-- Aguarde aqui, não demoro.
-- Não vamos almoçar aqui?
-- Não aqui, mas daqui...
Dulce desceu e em poucos minutos voltou com embrulhos na mão, os guardou no banco de trás e seguiu por um caminho ainda mais desconhecido para mim, eu que deduzia que ela estava me levando para sua casa, logo percebi que não era esse nosso destino.
Numa trilha de estrada de terra, avistei um prédio escondido, portões protegidos por sombras de grandes árvores e uma placa vistosa escrito: “Eros Motel”, certamente não soube disfarçar minha cara de espanto ao me dar conta onde estávamos indo, a ponto de Dulce perguntar:
-- Algum problema pra você?
-- Não... Nenhum...
Eu estava profundamente constrangida, obviamente já tinha estado em motéis com o Fernando, mas com uma mulher? Muito surreal para mim. Minha vontade era de me abaixar no banco do carro tamanha era a vergonha que estava sentindo, só consegui erguer meus olhos quando Dulce estacionou o carro e o portão da cabine se fechou automaticamente.
-- Pode respirar Anahi, agora somos só eu e você e nosso almoço...
Saímos do carro, e Dulce teve a delicadeza de me conduzir pela mão até a suíte, a qual eu só conhecia naquele nível das cenas de novelas globais... Cama redonda típica, mas essa estava coberta de pétalas de rosas, banheira de hidromassagem, uma elegante mesa com dois lugares, onde Dulce colocou os embrulhos que guardavam no almoço. Ao lado da mesa, um carrinho com balde de gelo abrigando uma garrafa de pro seco.
-- Relaxa Any, não há câmeras escondidas aqui... Quer tomar um banho antes de comermos?
-- Devo estar cheirando a molho funghi ainda não é?
-- Seu cheiro de qualquer sabor é maravilhoso Any... Só quero que você fique mais à vontade...
Ruborizada caminhei pelo quarto, mexendo nos botões ao lado da cama, enquanto Dulce desembrulhava as caixas com nosso almoço. Ao sentir o cheiro do frango xadrez, lembrei-me imediatamente de minha mãe, que fazia esse prato frequentemente... Otimo Anahi! Lembrar justamente de sua mãe em quarto de motel com uma mulher! Tinha mesmo que ser eu para “trazer” a mãe para um motel...
Acho que falei alto isso. Percebi a gafe quando Dulce indagou:
-- Como? Você levou sua mãe para um motel?
-- Eu?
-- … você acabou de falar isso...
-- Você está ficando maluca Dul! Claro que não falei isso! Imagina...
-- Dul?
-- Desculpa só uma abreviação do seu nome, não gostou?
-- Claro que gostei... Achei fofo na verdade, ninguém nunca me chamou assim...
Nem preciso dizer o quanto me derreti quando Dulce me disse isso. Aproximei-me da mesa que ela preparou e sentei-me ao seu lado, teríamos que comer nas próprias caixas, e aí, esperar que justo eu, dominasse os hashis era até uma atitude inocente... Depois de muito tentar e derramar molho xadrez pela minha roupa já suja de molho funghi, e de muito risos discretos de Dulce, suspirei cansada desabafando:
-- Jura que você não pediu talheres descartáveis?
Dulce gargalhou, e com os seus hashis me serviu do seu frango e do arroz habilidosamente, levando a comida a minha boca, recompensando meu esforço com um beijo delicado nos lábios sugando o molho que sujava meus lábios. Aquela foi a refeição mais saborosa que eu tinha tido até então, não só pelo sabor da comida, que ainda me fazia lembrar de minha mãe, mas pelo carinho de Dulce impresso a cada vez que me servia o prato.
Terminado nosso almoço, trocamos carinhos suaves, mas pelo menos para mim, aqueles carinhos bastaram para me acender e desejar jogar Dulce naquela cama redonda e ser dela mais uma vez. Minhas fantasias se misturavam com a insana presença de minha mãe nos meus pensamentos, trazida pelo frango xadrez, me peguei imaginando o que minha mãe me diria se soubesse o que eu estava fazendo naquele momento.
Chegava a balançar a cabeça tentando espantar aqueles pensamentos. Dulce se aproximou de mim e com movimentos delicados, beijando minha nuca, levantou-me e me despiu lentamente me dizendo:
-- Hora de tirar esse cheiro de molho desse corpo...
Estremeci diante das palavras de Dulce, exalando sensualidade, permitindo que ela deslizasse o dorso de sua mão pela minha pele desnuda. Sentindo meu corpo arrepiado, Dulce investiu ainda mais na habilidade de suas mãos envolvendo-me naquele clima e me jogando na cama. Com seu corpo sobre o meu Dulce movimentou seus quadris de uma maneira tão ritmada e intensa, que senti meu clitóris ser massageado encharcando meu sexo.
Como se a umidade do meu sexo desse o sinal verde para avançar, Dulce impôs o mesmo ritmo enquanto penetrava seus dedos em mim tornando evidente o meu prazer expresso em sons, movimentos e expressões. Não sei que tipo de proeza Dulce executava com aqueles dedos, mas o meu corpo reagia instantaneamente, e não me restava alternativa que não fosse me entregar.
Não demorou até o óbvio acontecer, fato que no meu retrospecto sexual era difícil, orgasmo para mim era que nem o décimo terceiro, aparecia uma vez por ano e as vezes era dividido em duas parcelas, como eu sempre aceitava o título de reprimida sexual, achava que a culpa disso era toda minha, mas sem grandes esforços Dulce me deixava à vontade na cama, entregue e realizada.
Dulce repousou sobre mim e eu só conseguia acariciar seu rosto enquanto recuperava meu fôlego, trocamos olhares que falavam por si. Eu desejava o corpo dela, apertei-o contra o meu e fui despindo-a com voracidade, me perdendo na pele macia de Dulce. Desejei sugar e me deliciar no sexo molhado de Dulce, mas eu não me permitia isso ainda, detive-me em explorar com meus dedos a cavidade ensopada, deixando-me guiar pelas orientações que Dulce ditava:
-- Vai... Mais forte... Isso... Continua aí... Rápido, vai vai...
Dar prazer a Dulce provocava em mim uma satisfação inenarrável, e inexplicavelmente o gozo a estimulava iniciar tudo de novo e sem que eu percebesse, ela já estava com as mãos no meu corpo acendendo-o ainda mais com seus beijos e toques. E quando nos preparávamos para mais uma vez dar lugar à paixão, o inesperado aconteceu, olhei para Dulce e a coisa mais esquisita me ocorreu: alguns traços do rosto dela me lembraram um rosto mais familiar, e não me contentei em guardar essa impressão só para mim, e no momento que Dulce começava a mexer seus quadris sobre o meu olhei para ela e disse:
-- Dul... Você se parece com minha mãe.
A reação foi instantânea, Dulce parou seus movimentos, franziu a testa e exclamou:
-- … o quê Anahi? Você está lembrando-se da sua mãe nesse momento?
Tardiamente percebi o tamanho da bobagem que eu tinha dito... Certamente não havia nada mais brochante do que isso... Depois de arregalar os olhos e me vê sem palavras para justificar tal atitude, só me sobrou mesmo um sorriso desconfiado, depois de alguns segundos Dulce balançou a cabeça e sorriu divertida comentando:
-- Só você mesmo Any! Então eu pareço com sua mãe? Eu preciso me preocupar em recomendar terapia pra você? Está tentando compensar alguma carência materna comigo?
-- Não! Claro que não! Desculpa, é que o frango xadrez... Lembrou minha mãe e agora prestando bem atenção, seus traços lembram minha mãe na juventude dela... Ai desculpa Dul!
Dulce me beijou suavemente e cochichou:
-- Tem gente demais nessa cama, que tal ficarmos a sós ali na banheira?
Achei a ideia perfeita e eu mesma a puxei pela mão até a banheira de hidromassagem. Para compensar minha gafe tentei impor um clima sedutor, servindo uma taça de pro seco para Dulce, mas o detalhe de não saber abrir a garrafa deu o tom de comédia aquele momento. Eu agarrada com a garrafa empurrando a rolha sem me dar conta que balançando a garrafa aumentava a pressão do espumante.
Percebendo minha pouca habilidade, Dulce veio me ajudar, e quando se aproximava, a rolha saiu da garrafa com toda pressão, acertando em cheio a testa de Dulce.
A pancada deixou Dulce tonta, larguei a garrafa e a segurei, ajudando-a a sentar-se. Preocupada eu perguntava:
-- Dul, você está bem? Fala alguma coisa...
Peguei alguns cubos de gelo do balde colocando-os sobre o galo na testa de Dulce que fechava e abria os olhos esfregando a mão na testa sem nada responder, aumentando meu pavor:
-- Dulce! Fala comigo!
-- Não estou enxergando nada Any...
A frase de Dulce me apavorou, a tal ponto que deixei os cubos de gelo cair pelo corpo nu dela, o que logicamente causou alvoroço no corpo dela.
-- Any!
Dulce levantou-se rapidamente olhando para mim.
-- Desculpa Dulce, eu sou muito desastrada mesmo! Ei, espera um pouco... Você está me vendo?
Dulce sorriu e se entregou:
-- Claro sua boba! Estava brincando com você apenas. Mas esse gelo no meu corpo me deu uma ótima ideia.
Dulce pegou um dos cubos e me empurrou de volta para cama, deslizou o gelo pelo meu corpo e quente de excitação como estava, derreteu o cubo rapidamente enquanto eu me arqueava com o passeio do gelo pelo corpo acompanhado pela língua de Dulce roçando na minha pele.
Não havia como eu controlar as sensações do meu corpo diante dos movimentos de Dulce, ela me dominava por inteiro, e era mais seguro que ela conduzisse tudo... E assim enfim entramos na banheira de hidromassagem, e lá Dulce me cobriu de carinho, massageando minhas costas, seios, deslizou a espuma entre minhas pernas antes de invadir meu sexo mais uma vez com seus dedos hábeis arrancando novamente meu gozo previsível.
Devidamente refeita e livre do cheiro de molho funghi, recostei-me entre os braços de Dulce, experimentando a sensação inédita de paz. No final da tarde saímos do motel, eu marcada pela tarde de prazer que Dulce me proporcionara e ela, marcada pela rolha do pro seco na testa.
Deixei-a no estacionamento do hospital ao lado de seu carro, me despedindo contendo a vontade de beijá-la:
-- Dulce, desculpe-me pelo galo na testa. Eu estou tão envergonhada...
-- Não precisa se envergonhar. Está tudo bem.
-- Posso fazer algo para recompensar?
-- Nossa... Recompensa? Preciso pensar nisso...
Sorri sem graça, mordi os lábios preparando-me para perguntar sobre nosso próximo encontro, quando o celular dela tocou, ao conferir no visor de quem se tratava, apressou-se em se despedir e se afastou em direção ao seu carro, evitando que eu escutasse a conversa.
Tal atitude dela me deixou desorientada, fantasiando mil hipóteses, e o principal, tomada de ciúmes. Voltei para casa intrigada com a atitude de Dulce no telefonema, além de curiosa senti uma insegurança infundada, já que não existiam compromissos entre mim e Dulce.
Sentei-me diante do meu notebook, e inspirada pelos contos que li nos sites lésbicos especializados, comecei a escrever como nunca, ou pelo menos como eu tinha o hábito na época da faculdade, mas nunca com essa temática: o amor entre mulheres. Mergulhei nos personagens inspirados na vida real que acabara de criar, misturando minhas fantasias sexuais e literárias às lembranças de meus momentos raros, mas, intensos com Dulce.
Nem vi a hora passar, saí do transe literário com o meu celular tocando: Cris.
-- Any onde você se meteu? Procurei por você no jornal, seu celular desligado a tarde toda...
-- Oi Cris, desculpa, eu estou em casa, aconteceu algo?
-- Preciso saber da nova edição do jornal, afinal amanhã preciso mandar para a gráfica.
-- Amanhã cedo a gente fecha a edição, até meio dia entrego.
-- E você foi trabalhar em casa por quê?
-- Por que... …... Assim...
-- Fala logo, você fugiu do trabalho para encontrar a Dulce não foi?
Confirmei quase cochichando um sim, o suficiente para o Cris gargalhar, disfarcei com um assunto qualquer e desliguei o telefone, meu pensamento que estava viajando no meu conto, agora se voltava de novo para Dulce, e como desejei ter o número de seu telefone para lhe desejar boa noite e ouvir sua voz antes de dormir.
Anahi desastrada sim ou claro? haha
Autor(a): angelr
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 247
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tryciarg89 Postado em 20/05/2023 - 21:04:11
Simplesmente linda, emocionante, engraçada e apaixonante
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NoExistente Postado em 27/01/2021 - 12:08:36
Fui obrigada a comentar. Senhor, nem sei o que eu digo dessa estória maravilhosa. Tinha acabado de ler uma fic meio decepcionante delas e entrei sem muitas expectativas aqui. Minha surpresa foi apegar a escrita e o jeito dos personagens, me emocionar, rir e sorrir com a narração. Perdi minha vida nos últimos 4 caps, e foi surpreendente como conseguiu transmitir a tristeza e, sinceramente, cheguei a um estado de negação e desespero. Obrigada por essa leitura fantástica.
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angelr Postado em 24/01/2015 - 23:18:06
justin_rbd - *__*
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angelr Postado em 24/01/2015 - 23:17:41
portinonnessa14 - hahaha tadinhas ne
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angelr Postado em 24/01/2015 - 23:17:15
flavianaperroni - Pode deixar que aviso
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angelr Postado em 24/01/2015 - 23:16:45
anymaniecahastalamuerte - Sempre que puder compartilharei
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angelr Postado em 24/01/2015 - 23:13:46
garotaloka - Que bom fico feliz *_*
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justin_rbd Postado em 24/01/2015 - 12:12:52
final mais que perfeito !!
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portinonnessa14 Postado em 24/01/2015 - 02:25:21
Vamos gente todo mundo ler a web da nossa querida Angelr Um doce amor que é ótima
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portinonnessa14 Postado em 24/01/2015 - 02:22:33
Oi Angelr minha querida a que bom que a Dulce está viva agora sim posso respirar aliviada o que posso dizer desse final foi lindo e bem o que eu queria mesmo o mais importante é que as duas ficaram juntas neh afinal sou portinon neh e não aguento ver a minha Anny sofrer mais obrigada beijinhos