Fanfic: Aconteceu Você | Tema: Portinon
Uma semana depois, saindo do jornal, quase engoli meu coração que saltou à minha boca quando vi Dulce, encostada no seu carro na frente da secretaria de cultura.
-- Olá Anahi.
Respirei fundo, e caminhei em direção a ela me lembrando dos conselhos de Cris e Diego que me orientaram agir naturalmente quando ela aparecesse.
-- Olá Dulce, quem é vivo sempre aparece.
-- Tive que me ausentar uns dias da cidade, se você atendesse meus telefonemas saberia disso.
-- Ah você me ligou? O serviço da minha operadora está péssimo esses dias...
-- Liguei antes de viajar, onde eu estava não podia ligar.
Minha curiosidade foi devidamente contida por um ar de superioridade que me permitiu fingir que não me importava com as desculpas que ela me dava para seu sumiço.
-- E então? Como foi de viagem?
-- Tudo como esperado... Cumprindo obrigações. Vamos sair um pouco? Conversar?
-- Estou um pouco ocupada... Preciso escrever...
-- Você está me dispensando Anahi?
Fiquei sem graça com a pergunta e logicamente estremeci com aquele olhar decepcionado que nublou o brilho dos olhos que me encantavam.
-- Não, não estou te dispensando, estou realmente ocupada. … que... Que... Que...
Estava demorando... Meu gaguejado denunciou que minha aparente segurança estava se desfazendo que nem feitiço. Estava cheia de saudades de Dulce, mal conseguia encará-la, se o fizesse me derreteria e cairia em seus braços.
-- Tudo bem Any, acabei de chegar de viagem, nem passei em casa, vim direto te ver, mas não vou insistir. Bom trabalho pra você, até qualquer hora.
Vi Dulce entrar no carro com um olhar de frustração arrependi-me instantaneamente, mas não tive coragem de fazer nada que a impedisse. Chutei o ar revoltada comigo mesma, em casa, não me conformei com minha própria atitude, era noite quando decidi fazer uma surpresa a Dulce para me redimir e dar a chance para que ela me explicasse seu sumiço e o papel daquela morena na sua vida.
Inspirada em uma cena que vi em um dos clipes de casais lésbicos de séries de TV, mas menos ousada, vesti apenas uma lingerie preta sensual, na verdade uma das poucas que eu tinha, e por cima apenas um sobretudo e nos pés um tamanco de salto. Bati à porta da casa de Dulce depois de ensaiar a cena que memorizei, ela abriu a porta e antes que ela falasse qualquer coisa, desamarrei o laço do sobretudo já desabotoado e deixei que a peça caísse no chão expondo meu corpo quase nu, e lançando meu olhar cheio de sensualidade como quem se oferecia para ela.
Os olhos esbugalhados de Dulce e o rosto ruborizado pareceram sugar qualquer intenção de falar algo, e eu tomei a iniciativa:
-- Vai ficar só olhando?
Dulce apertou os olhos, fez uma careta, e apontou pro lado, e vi Elaine e Fábio sentados no sofá boquiabertos.
-- Ai meu Deus!
Saí correndo só de lingerie, equilibrando-me naquele salto, e o óbvio aconteceu, caí nas escadas da varanda enquanto Dulce me alcançava com o sobretudo nas mãos. Ajudou-me a levantar, vestiu o sobretudo e perguntou:
-- Machucou alguma coisa?
-- Sim, minha vergonha!
Dulce com muita delicadeza me envolveu no casaco, e disse:
-- Venha, vamos entrar...
-- Você está louca? Nunca mais na minha vida olho pra cara de Elaine e Fábio!
-- Deixa de bobagem, você tem que levar as coisas menos a sério... Eles já estão indo embora, vieram só fazer uma visita rápida quando souberam que voltei de viagem.
-- Vou esperar aqui escondida dentro do carro eles saírem...
-- Any, deixa de ser boba! Eles já viram o que podiam ver, vai se esconder agora por quê?
-- Dulce!
-- Você não tem do que se envergonhar... Seu corpo é perfeito e a lingerie está um espetáculo, estou ansiosa pra olhar com detalhes...
Dulce mordeu os lábios enquanto ajeitava meus cabelos que caíam no rosto. Ruborizei. Baixei a cabeça e disse:
-- Vou esperar aqui no carro.
Entrei no carro sob o olhar atento de Dulce que sorria incrédula ao atestar que cumpri o que anunciei. Elaine e Fabio saíram da casa, acenaram para mim e ao passar de carro e me ver praticamente afundando no banco do carro comentaram em um tom jocoso:
-- Não dá pra ficar só olhando Dulce! Não nos envergonhe!
Como desejei ter o verniz invisibilizador do Chapolim Colorado... Dulce sorriu e quando me procurou dentro do carro eu estava completamente abaixada no volante:
-- Pronto Anahi sai daí vai... Vamos entrar, eles já foram embora.
Com a cara de um cão arrependido desci do carro, e Dulce me puxou pela mão até o interior de sua casa. Sem graça eu mal conseguia olhar nos olhos dela, desviei meus olhos para um canto da sala, enquanto Dulce me servia um cálice de vinho.
-- Tome, vai te ajudar a relaxar.
-- Obrigada.
Tomei o cálice inteiro em um só gole, Dulce me olhava com certa desconfiança até enfim perguntar:
-- Você já pode me explicar o porquê disso?
-- Disso o quê?
-- Disso Anahi: você aqui, vestida assim, depois de me dispensar como hoje à tarde.
-- Ah isso! Justamente por causa de hoje à tarde, pensei que poderia vir aqui e te fazer uma surpresa... Idiota como eu sou, tinha que virar um festival de trapalhadas...
Dulce ficou pensativa e eu, mexia nos botões do casaco com cara de criança que acabara de fazer estripulia.
-- Você ficou chateada comigo antes da minha viagem não foi?
-- Não...
-- Anahi, você saiu daqui correndo, não atendeu meus telefonemas, e nem vem me dizer que foi problema da operadora...
-- … que... Eu cheguei aqui e aquela morena fatal abriu a porta...
-- Morena fatal? Anahi se você está falando da Maite, eu já te disse que não tenho nada com ela.
-- Mas o que você tem com ela afinal?
-- Posso te garantir que meu relacionamento com ela não tem nada de amoroso.
-- E que relacionamento é esse? Pra que tanto segredo Dulce?
-- Anahi, você só precisa saber disso... … melhor assim. Confie em mim quando digo que não tenho nada com ela.
-- Isso é muito estranho... Esse mistério todo... Eu quero saber quem é ela e que relacionamento é esse que existe entre vocês!
-- Any... Estou explicando como posso, se você vai ou não me dá o crédito, é com você. Mas não tente me pressionar, isso não funciona comigo.
-- Você não está me explicando nada, está me enrolando isso sim!
-- Não tenho por que te enrolar, afinal, não temos nenhum compromisso não é mesmo?
A indagação de Dulce me calou. Não só por que ela tinha razão, mas por que doeu tal constatação vinda da boca dela. Baixei a cabeça evidenciando o quanto me desagradou o comentário dela, levantei-me e saí da casa dela amargando a dura realidade de uma rejeição. Era esse meu sentimento, de rejeição, Dulce expôs o contrário do que eu fantasiei em minha mente fértil, ou seja, que eu e ela tínhamos um relacionamento. Relacionamento ela devia ter com a tal morena, que agora eu sabia o nome: Maite.
Naquela noite, meu romance sofreu influência direta do meu estado, escrevi um capítulo inteiro do sofrimento de minha protagonista depois de receber um fora da médica sexy. Percebi o quanto eu era leiga em relacionamento entre mulheres, tanta intensidade e paixão não valia um compromisso? Depois do papel ridículo que desempenhei naquela noite na casa de Dulce e um fim de noite ainda mais desastroso, pensei que o melhor era esquecer Dulce, e dormi com essa decisão.
Minha semana passou lenta, algumas vezes tentei ligar para Dulce, traindo minha própria decisão de esquecê-la. Comentei com o Cris o ocorrido, e o conselho dele foi que eu desse um tempo para me refazer, deixando claro que ele não acreditava na minha suposta experiência com mulheres. Dulce não me procurou, o que confesso me entristeceu de maneira absurda, passei a acreditar que ela realmente não tinha a capacidade de se prender a ninguém, e que já havia enjoado de mim, por isso me fez enxergar que não queria compromisso comigo.
A sexta-feira chegou, para mim, sem muita alegria, apesar do sucesso da nova edição do jornal, as pessoas nas ruas comentavam as notícias, e além de parabenizar, se mostravam ansiosas para o próximo número. Profissionalmente as coisas caminhavam bem, o meu romance, estava no ranking dos mais lidos, devo ter recebido algumas dezenas de cantadas por e-mail de leitoras apaixonadas desejando me conhecer e nem isso me empolgou, queria Dulce, sentia falta dela, apesar de magoada.
Antes de sair do jornal, Berta bateu à minha porta, anunciando uma visita inesperada:
-- Anahi, tem uma amiga sua aqui querendo te ver.
-- Mande entrar Berta.
De supetão minha grande amiga surge à porta:
-- Taram! Olha quem está aqui!
-- Renatinha!
Capitulos meio tensos né? e ai o que voces acharam de todo esse "desencontro"?
Autor(a): angelr
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Minha grande amiga da capital estava ali, apareceu de surpresa para me visitar, abracei-a e pulamos abraçadas, animadas com o reencontro. -- Menina o que você está fazendo aqui? -- Ver você não é sua ingrata! Dois meses aqui nesse fim de mundo, e nenhuma visitinha às amigas Any! -- Tenho trabalhado muito amiga... -- Im ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 247
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tryciarg89 Postado em 20/05/2023 - 21:04:11
Simplesmente linda, emocionante, engraçada e apaixonante
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NoExistente Postado em 27/01/2021 - 12:08:36
Fui obrigada a comentar. Senhor, nem sei o que eu digo dessa estória maravilhosa. Tinha acabado de ler uma fic meio decepcionante delas e entrei sem muitas expectativas aqui. Minha surpresa foi apegar a escrita e o jeito dos personagens, me emocionar, rir e sorrir com a narração. Perdi minha vida nos últimos 4 caps, e foi surpreendente como conseguiu transmitir a tristeza e, sinceramente, cheguei a um estado de negação e desespero. Obrigada por essa leitura fantástica.
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angelr Postado em 24/01/2015 - 23:18:06
justin_rbd - *__*
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angelr Postado em 24/01/2015 - 23:17:41
portinonnessa14 - hahaha tadinhas ne
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angelr Postado em 24/01/2015 - 23:17:15
flavianaperroni - Pode deixar que aviso
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angelr Postado em 24/01/2015 - 23:16:45
anymaniecahastalamuerte - Sempre que puder compartilharei
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angelr Postado em 24/01/2015 - 23:13:46
garotaloka - Que bom fico feliz *_*
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justin_rbd Postado em 24/01/2015 - 12:12:52
final mais que perfeito !!
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portinonnessa14 Postado em 24/01/2015 - 02:25:21
Vamos gente todo mundo ler a web da nossa querida Angelr Um doce amor que é ótima
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portinonnessa14 Postado em 24/01/2015 - 02:22:33
Oi Angelr minha querida a que bom que a Dulce está viva agora sim posso respirar aliviada o que posso dizer desse final foi lindo e bem o que eu queria mesmo o mais importante é que as duas ficaram juntas neh afinal sou portinon neh e não aguento ver a minha Anny sofrer mais obrigada beijinhos