Fanfic: Aconteceu Você | Tema: Portinon
Minha grande amiga da capital estava ali, apareceu de surpresa para me visitar, abracei-a e pulamos abraçadas, animadas com o reencontro.
-- Menina o que você está fazendo aqui?
-- Ver você não é sua ingrata! Dois meses aqui nesse fim de mundo, e nenhuma visitinha às amigas Any!
-- Tenho trabalhado muito amiga...
-- Imagino... Mas acho que tem mais do que trabalho te prendendo aqui... Desembucha vai!
Das minhas melhores amigas, Renatinha era a que mais me conhecia, e era também a mais divertida, não poderia ter melhor companhia naquele momento.
-- Temos muito a conversar Rê, mas vamos pra minha casa, vou te acomodar, e atualizar nossos assuntos, quero saber tudo das meninas... Estou muito feliz de ter você aqui amiga!
-- Opa, vamos lá então.
Renatinha não parava de falar no trajeto, me atualizou com as fofocas das meninas, contou que Marcinha estava solteira de novo, enquanto Eveline estava namorando com um “coroa rico”, o escândalo de Fernando, meu ex-noivo, continuava rendendo, afinal de contas o suposto namorado dele era casado com uma famosa dançarina baiana. Sobre ela, bem, Renatinha não tinha o hábito de se abrir muito, revelou apenas que continuava na sua rotina de baladas, e que estava se preparando para passar uma temporada em Buenos Aires a trabalho.
Acomodei-a no quarto de hóspedes, e ela não poupou elogios à minha nova casa, achou tudo fofo, de um jeito divertido fazia observações sobre a decoração e sobre meus móveis.
-- Já falei demais pra variar! Agora é sua vez, estou escutando.
Renatinha deitou-se na cama virada para mim, aguardando minha fala.
-- Ai Rê, está tudo bem amiga, estou trabalhando muito por que minha equipe é pequena, mas está valendo a pena, o jornal está sendo um sucesso, temos vários patrocinadores, triplicamos nossa tiragem, enfim, está tudo caminhando bem.
-- Ai Any isso eu já sabia! Você me contou isso no último e-mail... Quero saber dos detalhes picantes da sua vida, as fofocas quentes, sexo, drogas, fala garota!
Gargalhei com a curiosidade desmedida da minha amiga, sabia que não escaparia daquele interrogatório, e aí comecei a revelar os detalhes de minha vida social dos últimos meses:
-- Rê, conheci alguém...
-- Opa, isso muito me interessa, como ele é?
-- Não é ele... … ela.
A mandíbula da Renata praticamente se deslocou tamanha foi sua surpresa, de queixo caído e olhos esbugalhados ela me olhou incrédula, aproveitei o choque, e descarreguei o resto da história, a essa altura, Renata já estava sentada balançando a perna. Depois de não sei exatamente quanto tempo, e toda narrativa, minha amiga estava completamente atordoada.
-- Any, ainda estou processando tanta informação, como assim você virou lésbica? E quem é essa super médica? E essa morena fatal?
-- Calma Rê, não sei se virei algo... Sei que me encantei por Dulce e tivemos algo intenso que mexeu muito comigo...
-- Põe mexido nisso! Você está apaixonada! Fala dessa Dulce com um brilho no olhar...
Não adiantava eu tentar esconder meus sentimentos da Renata, ela me conhecia, e minha paixão por Dulce era mais que evidente. Com muita paciência, respondi todas as perguntas de Renata com detalhes, e o suposto fora que recebi despertou a indignação da minha amiga.
-- Mas Any, como assim depois de você se oferecer nua pra ela, essa sapatão diz que não tem compromisso com você?
Apesar de não gostar da forma como Renata se referiu a Dulce, eu não tinha argumentos para defendê-la, talvez por ainda estar magoada. Nosso papo foi interrompido pelo telefonema de Leandro, que ligou convidando-me para comemorar seu aniversário no “Chica’s”, o barzinho da chácara, o lugar onde conheci Dulce.
-- Pronto, temos programação para nossa noite de sexta amiga, vamos nos arrumar, você vai conhecer meus novos amigos.
-- Baladinha é comigo mesmo! Vamos lá!
E motivada pela animação da Renatinha, nos arrumamos com toda produção feminina disponível, e seguimos para o tal barzinho, tive o cuidado de explicar a alternatividade do lugar, o que a deixou ainda mais empolgada. Quando chegamos, Renata ficou surpresa com a quantidade de gente bonita e o bom gosto do local. Logo encontramos toda turma e apresentei-a a todos.
Por momentos esqueci-me de Dulce, mas logo a música, o clima, me fez recordar nosso primeiro encontro, e quando a cantora tocou Maria Gadú, me transportei até o momento em que ouvimos juntas essa música, e a saudade tomou de conta de mim, como se o mundo conspirasse, foi nesse exato instante que olhei para o bar, e Dulce estava lá, linda como sempre, usando um vestido curto e uma sandália de salto fino, cabelos soltos, simplesmente linda.
Cheguei a perder o fôlego, ao me deparar com aquela visão. Renatinha apesar de deslumbrada com o lugar e com a quantidade de homens bonitos apesar de inacessíveis para ela percebeu minha súbita paralisia.
-- Any o que aconteceu? Você está pálida!
Não respondi, Renatinha olhou na mesma direção que eu, e deduziu tudo:
-- Então aquela mulher é a tal doutora? … amiga, você entrou no mundo lésbico bombando hein...
Aparentemente Dulce não me viu, continuei olhando fixamente para ela, apesar das tentativas de Renatinha para desviar minha atenção. Talvez se eu tivesse cedido aos chamados da Rê, eu não veria Dulce flertando com uma mulher deslumbrante que estava sentada ao seu lado.
Renatinha viu o mesmo que eu, baixei minha cabeça e disse perto do ouvido de minha amiga:
-- Rê, você se incomoda se nós formos embora?
-- Claro que me importo! Você vai dar esse gostinho a ela?
-- Rê, por favor...
Renata continuava olhando na direção que Dulce estava, e de repente começou a falar uma série de coisas sem nexo, acariciando meu rosto, mexendo nos meus cabelos:
-- Any, eu nunca gostei de mulher não, mas hoje você está tão linda, tão atraente, fiquei até curiosa sabe...
-- Rê o que você bebeu? Está maluca sua doida?
-- Relaxa gatinha...
Afastei a mão de Renata do meu rosto assustada, exortando minha amiga:
-- Ow, você acha que por que virei lésbica vou sair catando tudo que é mulher?
-- Cala a boca sua lesada! A doutora está vindo pra cá...
Bastou esse aviso para minhas pernas tremerem mais do que imagem de TV velha. Senti o perfume de Dulce bem perto, e meu coração acelerou ainda mais.
-- Olá Anahi, quanto tempo.
A voz dela despertava em mim mais do que nervosismo, era excitação, minhas mãos frias começaram a suar imediatamente, mesmo sentindo a mão de Renatinha apertando a minha.
-- Oi Dulce.
-- Não vai me apresentar sua amiga gatinha? – Perguntou Renata.
Olhei para a cara de Renata com uma interrogação na testa, franzi as sombracelhas e Dulce se apressou em se apresentar, já que eu não tomei a iniciativa:
-- Dulce Maria Savinon. – Disse Dulce estendendo a mão para Renata
-- Renata Braga, muito prazer.
-- Chegou à cidade hoje Renata?
-- Pois é, vim matar as saudades da minha gatinha, já que ela não foi me visitar nos últimos meses, tem trabalhado demais não é minha linda?
Minha cara de espanto, tinha requintes de um comportamento patético, por alguns momentos cheguei a acreditar que havia uma quarta pessoa ali, a qual Renata se referia, eu não podia ser...
-- Vocês namoram há muito tempo? – Perguntou Dulce
-- Namoramos? – Retruquei espantada para em seguida receber um pisão no pé de Renata – Aaaaaaaaai, Renata!
-- Essa Anahi não tem jeito... Distraída... Estamos juntas há tanto tempo que ela nem me considera mais namorada... Na verdade estávamos dando um tempo, mas vim esse final de semana para nos acertarmos de vez, não foi amor? – Explicou Renata para meu espanto total.
-- Hã? – Renata apertou forte meus dedos – Ah sim, foi sim lindinha. – Respondi, disfarçando a careta de dor.
-- Entendo... Então boa sorte nessa reconciliação, foi um prazer conhecer você Renata, Anahi, até mais, divirtam-se.
Dulce se despediu com um sorriso discreto, caminhando de volta para o bar. Enquanto Renata passava seu braço pelos meus ombros cochichando:
-- Mas como é difícil você entender as coisas manézona!
-- Ah eu sou manezona? Você incorpora uma pomba gira sapatão e não diz coisa com coisa, e espera que eu me comporte como? Como se não já bastasse todo meu nervosismo em rever Dulce, você me faz agir como idiota na frente dela!
-- Será que você não entendeu meu plano?
-- Bom, depois de quase ficar sem as unhas dos dedos dos pés, e de você ter quebrado minhas falanges das mãos, suponho que você inventou tudo isso para tentar provocar ciúmes em Dulce, é isso?
-- Deeer! Claro né! Ou você achou mesmo que eu quisesse experimentar essa vida no brejo?
-- Brejo?
-- … Any, no meio das sapas...
Dei um tapa no braço de Renata meio indignada, e ela prosseguiu:
-- Ainda tem chama nessa fogueira amiga, o jeito que ela te olhou... Percebi desde que ela te viu ainda do bar, por isso comecei o teatrinho, que vamos continuar, por que já vi não há possibilidade de eu me dar bem com homem essa noite aqui...
-- Ah então quer se dar bem com mulher é? – Brinquei com Renata.
-- Quem sabe... Sou uma pessoa aberta, você sabe!
Gargalhamos, e relaxei um pouco daquela situação, até notar Dulce no bar, bebendo uma dose atrás da outra sentada no balcão. Preocupei-me por que sabia que ela apesar de beber com frequência, era também moderada e a forma como ela estava bebendo, não inspirava moderação.
-- Any se você ficar olhando fixamente para a doutora, eu vou ficar no papel de corna aqui! – Esbravejou Renata, apertando minha cintura.
-- Estou preocupada Rê, a Dulce está bebendo muito...
-- Você está é dando bandeira, isso sim! Vamos passear, dar pinta por aí, vamos.
Autor(a): angelr
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E assim, Renatinha saiu me puxando pelo dedo mínimo, senti-me uma criança brincando com uma amiguinha no parquinho da escola, andando com os dedos entrelaçados. Diego e Cristian estranharam essa minha ex-namorada caindo de pára-quedas em Nova Esperança, e eu não tinha nada em minha cabeça para justificar a nova lésbica ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 247
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tryciarg89 Postado em 20/05/2023 - 21:04:11
Simplesmente linda, emocionante, engraçada e apaixonante
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NoExistente Postado em 27/01/2021 - 12:08:36
Fui obrigada a comentar. Senhor, nem sei o que eu digo dessa estória maravilhosa. Tinha acabado de ler uma fic meio decepcionante delas e entrei sem muitas expectativas aqui. Minha surpresa foi apegar a escrita e o jeito dos personagens, me emocionar, rir e sorrir com a narração. Perdi minha vida nos últimos 4 caps, e foi surpreendente como conseguiu transmitir a tristeza e, sinceramente, cheguei a um estado de negação e desespero. Obrigada por essa leitura fantástica.
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angelr Postado em 24/01/2015 - 23:18:06
justin_rbd - *__*
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angelr Postado em 24/01/2015 - 23:17:41
portinonnessa14 - hahaha tadinhas ne
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angelr Postado em 24/01/2015 - 23:17:15
flavianaperroni - Pode deixar que aviso
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angelr Postado em 24/01/2015 - 23:16:45
anymaniecahastalamuerte - Sempre que puder compartilharei
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angelr Postado em 24/01/2015 - 23:13:46
garotaloka - Que bom fico feliz *_*
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justin_rbd Postado em 24/01/2015 - 12:12:52
final mais que perfeito !!
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portinonnessa14 Postado em 24/01/2015 - 02:25:21
Vamos gente todo mundo ler a web da nossa querida Angelr Um doce amor que é ótima
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portinonnessa14 Postado em 24/01/2015 - 02:22:33
Oi Angelr minha querida a que bom que a Dulce está viva agora sim posso respirar aliviada o que posso dizer desse final foi lindo e bem o que eu queria mesmo o mais importante é que as duas ficaram juntas neh afinal sou portinon neh e não aguento ver a minha Anny sofrer mais obrigada beijinhos