Fanfics Brasil - Capitulo 31 Aconteceu Você

Fanfic: Aconteceu Você | Tema: Portinon


Capítulo: Capitulo 31

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E nesse clima, nosso diálogo se instituiu no tabuleiro do jogo, até que respondendo a uma provocação de minha namorada que insistia em fazer piada da minha óbvia decepção, fugindo de todas as regras do jogo, bagunçando a ordem do tabuleiro, montei a sentença: “foda-se”. Depois de arregalar os olhos, espantada, Dulce caiu na gargalhada:


-- Anahi! Que modos são esses? Você quer mesmo que eu me foda?

Cruzei os braços, dei de ombros fingindo não me importar com a exortação dela.

-- Você é muito mal-humorada, trouxe os joguinhos para te distrair, sua mal agradecida!

-- … a melhor distração que você pode me oferecer?

-- Aqui sim! O que você espera? Que eu faça um streap-tease para você em pleno quarto do hospital que eu trabalho?

-- Não seria má ideia...

-- Ok, até posso fazer isso, no dia que você fizer isso no jornal, aí, farei o mesmo aqui.

-- … um desafio?

-- Considere como você quiser.

-- Desafio aceito! Agora tire essas letrinhas da minha frente antes que eu monte mais palavrões e me beije logo!

-- Posso saber desde quando você manda em mim?

-- Estou doente, não me contrarie!

Dulce afastou a bandeja, sentou-se ao meu lado no leito e beijou minha bochecha suavemente, e eu como sempre estabanada, puxei-a para cima de mim, entretanto, o movimento brusco acertou o controle remoto da cama que estava entre mim e Dulce, e assim, a cabeceira da cama que estava inclinada subiu de vez, e minha testa atingiu em cheio a boca de minha namorada que se afastou num reflexo de defesa, acertando mais uma vez o controle remoto que dessa vez ergueu o parte de frente da cama, nos deixando assim, presas com as partes extremas da cama quase que fechadas, separadas apenas por nós duas espremidas.

-- Ok Any... Se você queria dar uns amassos em mim no leito de hospital, você está conseguindo, literalmente!

-- Você fazendo gracinha nesse momento?

-- Deixa de abuso! 

Dulce alcançou enfim o controle remoto e enfim conseguiu inclinar corretamente a cama, levantou-se e disse:

-- Você é um perigo viu... Até doente!

Dulce dizia isso esfregando a mão pelos lábios machucados.

-- Seu mau humor acabou com meu espírito esportivo viu... Não quero mais brincar, vou preparar minha aula de amanhã.

Sentou-se na poltrona ao lado da minha cama, abriu o seu notebook enquanto eu lhe olhava constrangida pelo meu comportamento arredio e mal educado.

Dulce parecia concentrada olhando para o seu notebook, enquanto eu fingia me distrair mudando os canais da TV, mas todo tempo desviava meu olhar para ela na esperança que ela me olhasse. Nesse meio tempo, a enfermeira entrou, instalou mais um soro na minha veia, cumprimentou Dulce que manteve sua expressão de concentração, sem me dar qualquer vestígio de atenção.

A noite avançava, e o silêncio do quarto só era quebrado pelo barulho da TV, eu sequer conseguia pensar em um assunto para puxar com Dulce. Peguei no sono provavelmente por efeito da medicação que fora administrada. Despertei sem saber ao certo quanto tempo dormi, abri os olhos e Dulce estava de pé ao lado do meu leito de braços cruzados, e me perguntou:

-- Você não se esqueceu de me contar nada Anahi?

-- Hã?

-- Estava aqui navegando na internet, e descobri que você está me escondendo algo...

Gelei imediatamente, na minha mente só imaginava algo relacionado com minha investigação sobre a morte da família do embaixador, mesmo sem saber como ela teria descoberto algo do tipo navegando na internet...

Engoli seco e perguntei gaguejando:

-- Eu... Eu... Escon... dendo... O quê?

-- Sua dupla personalidade...

-- Hã?

-- Seu codinome como escritora... Quando você ia me dizer que é um sucesso como escritora de romances na internet?

-- Ah! Isso?

-- Ué, tem algo mais que você me esconde?

-- Não! Imagina! E não te escondi isso, só esqueci-me de dizer.

Dulce franziu a testa, sentou-se na poltrona e revelou:

-- Fiquei triste ao ler o romance que li no seu notebook publicado em um site bombando de comentários, uma legião de fãs, leitoras, e eu, sua namorada, que te incentivei, te dei a sugestão, você se quer me disse...


Notei de fato tristeza no comentário de Dulce, e só aí me dei conta do quanto fui indelicada com ela, não compartilhando um fato tão importante da minha vida, afinal, escrever era minha paixão, e ela, além de me inspirar, me incentivou a continuar e publicar.

-- Dul, desculpe-me, não foi intencional, foi displicência, tenho que reconhecer, mas não era meu intuito te esconder isso, já faz um tempo que comecei a publicar, e nesse meio tempo, nós brigamos nos afastamos...

Dulce deteve-se a balançar a cabeça positivamente, como se quisesse encerrar o assunto, olhou para o tubo de soro e avisou:

-- Vou ao posto de enfermagem pedir que venham trocar seu soro.

Saiu e não voltou, a enfermeira avisou:

-- Doutora Dulce pediu que avisasse que ia à lanchonete tomar um café, que voltava logo.

-- Obrigada.

Respondi triste, convencida que Dulce estava chateada com razão. Não podia permitir que uma banalidade como essas instalasse um clima estranho entre nós. Levantei-me da cama com o intuito de ir à lanchonete, pedir perdão a Dulce, e acabar com qualquer mal estar. Saí do quarto arrastando o suporte de soro, caminhando pelos corredores do hospital em direção à lanchonete, sem me importar com os olhares das pessoas que eu encontrava pelo caminho.

Minha aparente fuga do quarto foi frustrada pela enfermeira:

-- Anahi? Aonde você vai?

-- Eu vou... Usar o... … o telefone público! Onde tem um?

-- Você precisa fazer uma ligação essa hora?

-- Sim! … urgente!

-- No final do corredor tem um Anahi...

Saí andando na direção que a enfermeira orientou, me esquivando do olhar dela, desci uma rampa, lembrando que a lanchonete era no andar térreo do hospital. Estranhei o cenário, ninguém nos corredores, várias portas fechadas, deduzi que o silêncio e o pouco movimento seriam por conta do horário, ouvi barulho e como uma autêntica fugitiva entrei na primeira porta aberta para me esconder.

Bati a porta por dentro apoiando meu ouvindo contra ela a fim de escutar melhor o barulho das pessoas se afastando. Quando me virei em direção ao interior da sala, soltei um grito de pavor. Um corpo nu sobre uma mesa de mármore, estático, pálido, pois é, eu entrei no necrotério do hospital, e para meu desespero, a porta emperrou.

Esmurrei a porta, puxei de todas as formas a maçaneta, antes de começar a berrar, e para acentuar o drama, vi meu braço inchar de repente e minha veia doer, deduzi que o soro não estava mais na minha veia. Arranquei o jelco da minha veia, e o sangue esguichou pelo meu braço. 

Cenário de terror, presa num necrotério com um defunto, banhada de sangue... Toda memória de filmes de zumbis, possessão demoníaca, fantasmas veio à tona, e eu fiquei praticamente colada à porta suando frio. Minha imaginação fértil conseguia até ver a barriga do pobre coitado do morto se mover, e todo meu esforço para abrir a porta ou fazer com que alguém me ouvisse, parecia inútil.

Avistei um aparelho de telefone, praticamente pregada às paredes, saí andando até ele assombrada, com os olhos esbugalhados em direção ao defunto. Tirei o telefone do gancho e não ouvi sinal algum, apertei todas as teclas, certamente cada setor do hospital tinha um ramal, e eu, não sabia o número de nenhum.

Aqueles minutos trancada com um morto no necrotério pareceram uma eternidade, nem sei ao certo quanto tempo se passou, mas, foi tempo o suficiente para desenvolver um laço de confiança com o Sr. Zé Gordinho, de perto, ele até que parecia simpático e atencioso. 

-- O senhor não vai ressuscitar não né? Vai ficar quietinho, jura? Só me meto em confusão sabe, eu só queria me entender com minha namorada, vacilei com ela, olha só onde fui me meter...

Era mais uma expressão do meu desespero, dialogar com um corpo, provavelmente o cheiro de formol do local estava me dopando, sentia-me zonza, já estava recostada na mesa de mármore, quando ouvi barulho de vozes vindas do corredor:

-- “Como uma paciente evapora do hospital assim? Ela fugiu? Os seguranças não viram nada?”

-- “Doutora, ela passou por mim procurando um telefone público, disse que precisava fazer uma ligação urgente”.

-- “E aí ela sumiu! Arrastando um tubo de soro, dopada de antialérgicos!”

Na ânsia de chegar à porta e avisar que eu estava ali, saí tonta, puxando o lençol que cobria a parte debaixo do corpo, tropecei e derrubei a mesa do instrumental, caindo com uma estrondosa trilha sonora. 

Ao menos a trapalhada dessa vez contribuiu a meu favor, a enfermeira, um segurança do hospital e Dulce entraram no necrotério, encontrando-me no chão, com o braço coberto de sangue cercada de pinças e tesouras, segurando o lençol do defunto, agora, totalmente exposto em sua nudez e banhas.

-- Meu Deus! Anahi!

Não consegui falar, mas acenei com o lençol, Dulce correu em minha direção preocupada:

-- O que aconteceu? Você está machucada?

Ajudando-me a levantar, Dulce observava meu braço, procurando algum corte, finalmente respondi:

-- Estou bem, o sangue foi do soro que tirei da veia...

-- Mas como você veio parar aqui?

-- Longa história... Mas juro que não sou necrófila!

Dulce não conteve o riso, a enfermeira e o segurança se entreolharam, até que o funcionário do necrotério chegou:

-- Que invasão é essa? Que bagunça! Doutora Dulce?

-- Nada demais Jarbas, estamos de saída. 

Dulce tomou a postura séria de profissional, e chamou a enfermeira para nos acompanhar até o meu quarto, lá a enfermeira limpou meu braço, reinstalou o soro, e eu, com aquela cara de criança que acabara de aprontar,olhava Dulce de braços cruzados observando o procedimento.

A sós finalmente, Dulce quis saber dos detalhes de minha nova trapalhada. A risada dela ao ouvir minha narrativa não me constrangia, pelo contrário me dava o alívio que estava tudo bem entre nós. 

-- Você já se aventurou demais por hoje moça, hospital é lugar de repouso, e você não deixou nem o pobre do morto descansar... 

-- O Zé Gordinho...

-- …... Ele mesmo... Como você consegue se superar hein? Minha trapalhona predileta... Tudo isso só por não conseguir ficar longe de mim uns minutinhos?

Sorri enquanto Dulce acariciava meu rosto.

-- Descanse agora... Estou aqui na caminha do lado, se precisar de mim, é só chamar, boa noite.

Beijou meus lábios como se devolvesse minha paz.


 



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Autor(a): angelr

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 247



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  • tryciarg89 Postado em 20/05/2023 - 21:04:11

    Simplesmente linda, emocionante, engraçada e apaixonante

  • NoExistente Postado em 27/01/2021 - 12:08:36

    Fui obrigada a comentar. Senhor, nem sei o que eu digo dessa estória maravilhosa. Tinha acabado de ler uma fic meio decepcionante delas e entrei sem muitas expectativas aqui. Minha surpresa foi apegar a escrita e o jeito dos personagens, me emocionar, rir e sorrir com a narração. Perdi minha vida nos últimos 4 caps, e foi surpreendente como conseguiu transmitir a tristeza e, sinceramente, cheguei a um estado de negação e desespero. Obrigada por essa leitura fantástica.

  • angelr Postado em 24/01/2015 - 23:18:06

    justin_rbd - *__*

  • angelr Postado em 24/01/2015 - 23:17:41

    portinonnessa14 - hahaha tadinhas ne

  • angelr Postado em 24/01/2015 - 23:17:15

    flavianaperroni - Pode deixar que aviso

  • angelr Postado em 24/01/2015 - 23:16:45

    anymaniecahastalamuerte - Sempre que puder compartilharei

  • angelr Postado em 24/01/2015 - 23:13:46

    garotaloka - Que bom fico feliz *_*

  • justin_rbd Postado em 24/01/2015 - 12:12:52

    final mais que perfeito !!

  • portinonnessa14 Postado em 24/01/2015 - 02:25:21

    Vamos gente todo mundo ler a web da nossa querida Angelr Um doce amor que é ótima

  • portinonnessa14 Postado em 24/01/2015 - 02:22:33

    Oi Angelr minha querida a que bom que a Dulce está viva agora sim posso respirar aliviada o que posso dizer desse final foi lindo e bem o que eu queria mesmo o mais importante é que as duas ficaram juntas neh afinal sou portinon neh e não aguento ver a minha Anny sofrer mais obrigada beijinhos


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