Fanfic: Aconteceu Você | Tema: Portinon
Minha voz não saía. Minha mãe ergueu-se subitamente da cama, berrando:
-- … isso que essas suas amizades estão te ensinando? A ser uma sem vergonha pervertida?
-- Mãe, calma...
-- Calma Anahi? Como você pode me pedir calma depois de eu ler essa sujeira?
As veias sobressaltadas do pescoço de minha mãe, e seu rosto vermelho evidenciavam a alteração do seu estado emocional.
-- Estou falando com você Anahi! Responde!
Os berros de minha mãe chamaram atenção de meu pai que apareceu na porta do meu quarto assustado ordenando a minha mãe:
-- O que você pensa que está fazendo gritando desse jeito com sua filha no quarto dela? Saia do quarto, deixe a menina vestir uma roupa, baixe seu tom e converse civilizadamente com sua filha!
-- Alexandre não se intrometa! Você não sabe o que eu vi, nem sonha o que está acontecendo com sua filha!
-- O que quer que esteja acontecendo com nossa filha, pela força do grito que você nao vai resolver!
Engoli seco, baixei os olhos, e senti meu pai se aproximando de mim dizendo com um tom seguro:
-- Não se intimide com esse jeito de sua mãe minha querida, vista-se com calma.
Caminhou até minha mãe, colocou a mão nas costas dela, praticamente empurrando-a para fora do quarto. Bufando minha mãe saiu do quarto, sentei-me na cama, pensando comigo:
-- Não tem jeito, chegou a hora.
Segui o conselho de meu pai, e me vesti com calma, me preparando intimamente para me assumir para minha mãe. Quando eu saía do quarto meu telefone tocou, era Fernanda, repórter do jornal:
-- Anahi, estamos encrencados, eu e o Artur fomos presos em um dos galpões da madeireira Ramos.
-- Mas... Vocês são loucos? O que vocês fizeram?
-- Any, a gente precisa de um advogado, depois explico melhor...
-- Tudo bem estou indo, meu pai é advogado, vou avisar ao Cris também.
Liguei para Cristian comunicando o acontecido, troquei de roupa e desci às pressas pedindo ao meu pai:
-- Pai, preciso do senhor, vem comigo.
-- Onde você pensa que vai Anahi? – Minha mãe perguntou irritada.
-- Resolver problemas de trabalho mãe.
-- Você não sai daqui antes de me explicar o que eu vi no seu computador!
-- Mãe essa conversa vai ter que ficar para depois.
Minha mãe então segurou meu braço dizendo:
-- Não vai não!
Meu pai interviu:
-- Angelina pelo amor de Deus!
Desvencilhou meu braço, envolveu seu braço no meu ombro e me disse:
-- Vamos filha. E você Angelina, fique aqui!
Nem ousei olhar para minha mãe, temendo ser fuzilada com o olhar. Segui com meu pai para a delegacia da cidade vizinha, onde Fernanda e Artur estavam detidos. No caminho explicava ao meu pai o motivo da prisão de meus funcionários. Falei sobre a reportagem investigativa que eles faziam acerca da extração ilegal de madeira rara de árvores em extinção, e que os repórteres foram presos por invadirem as terras para buscar provas desse crime.
Cristian chegou praticamente ao mesmo tempo que eu, acompanhado de outro advogado.
-- Any que loucura foi essa? – Cristian perguntou preocupado.
-- Ainda não sei detalhes, Fernanda me falou muito pouco, mas tem algo com a madeireira Ramos, eles estão investigando algo sobre extração ilegal de madeira...
-- Meu Deus!
Cris empalideceu, e continuou:
-- Vocês mexeram em um vespeiro...
O advogado que o acompanhava balançou a cabeça confirmando a observação do meu amigo. Seguimos para o interior da delegacia, mas somente meu pai e o Dr. Jorge entraram para se apresentarem ao delegado. Enquanto isso, Cristian comentou:
-- Any, graças aos céus que a polícia os prendeu se ficasse nas mãos dos seguranças da Ramos, há essa hora, seus repórteres já teriam virado pó de serraria...
Esperamos cerca de uma hora, até Fernanda e Artur saírem da sala do delegado, acompanhados do meu pai e do Dr. Jorge.
-- E então? Estão liberados? - Perguntei.
-- Por enquanto sim, vamos tentar livrá-los do processo, mas, devo adverti-los de uma coisa: fiquem longe de confusão, e nem preciso dizer, bem longe das propriedades da Ramos! – Dr. Jorge disse sério.
Fernanda e Artur me prometeram grandes revelações, que me faria apoiá-los mesmo parecendo uma loucura. Com a presença deles no carro, meu pai não pode entrar no assunto da conversa com minha mãe, mas eu não teria essa desculpa por muito tempo.
Como pensei, ao chegar a casa, minha mãe nos aguardava no sofá, não deixou que eu sequer sentasse e logo abordou:
-- Agora somos nós Anahi, explique-se!
Respirei fundo, sentei-me e disse:
-- Tudo bem mãe. Vou me explicar. Aquilo que a senhora viu no meu notebook, é um site especializado em romances, contos, e eu estou escrevendo uma estória lá.
-- Mas o que tinha escrito lá era uma imoralidade! Imoralidade entre mulheres!
-- Mãe a essência do conto não é o erotismo, mas sim, existem alguns trechos que...
-- Anahi! Pornografia, imoralidade, é doentio! Entre mulheres! A influência dessas suas amizades, coisa daquela doutora não é?
-- Mãe, aquela doutora tem nome, e a senhora sabe. E até dois dias atrás a senhora fez até um jantar para agradecer o atendimento dela ao pai...
-- Até eu descobrir que ela... Ela é...
-- Lésbica mãe, assim como eu.
Notei o rosto de minha mãe tomar uma expressão de pavor. Aproveitei o susto e o silêncio dela para prosseguir falando:
-- … isso mãe que a senhora ouviu, sou lésbica. Eu sei que não é algo fácil de aceitar, que não é o sonho de nenhum pai ou mãe, mas essa é a verdade. Estou tranqüila e segura com essa minha descoberta, gostaria muito que a senhora entendesse.
-- Nem morta! Nem morta entenderei isso!
-- … uma pena mãe que a senhora não entenda...
-- Você enlouqueceu depois que Fernando fez o que fez... Isso eu posso entender, por que isso que você está me dizendo é uma insanidade completa!
-- Mãe, não é loucura, o que Fernando fez me abalou, mas, não enlouqueci como à senhora está dizendo.
-- Então foi a má influência daquela doutora! Você é só um bebê inocente, se deixou seduzir por aquela...
-- Mãe! O nome dela é Dulce, e ela não é má influência na minha vida! Ela influencia tudo de melhor que tenho, ela me faz feliz!
-- O quê?
-- … mãe, eu e Dulce estamos juntas, e estou apaixonada e feliz ao lado dela.
Minha mãe partiu para cima de mim segurando forte nos meus braços me sacudindo enquanto repetia:
-- Essa fase vai passar! Vamos te tirar dessa maldita cidade!
Desvencilhei-me das mãos de minha mãe, quando ela chamou a atenção de meu pai, que até então apenas escutava nossa conversa:
-- E você Alexandre? Não vai dizer nada? Está tão chocado com sua filha que não vai me ajudar?
Meu pai se aproximou de mim, colocando seu braço em volta do meu ombro e disse:
-- Minha maior preocupação sempre foi que Anahi fosse feliz, e o que eu vi quando cheguei aqui foi a felicidade nos olhos dela, se realizando como jornalista, voltou a escrever, está amando e sendo amada, isso é o bastante para apoiar qualquer decisão dela.
A segurança que meu pai me passou naquele gesto e com aquelas palavras me deu novo ânimo naquela conversa tensa. Minha mãe calou-se por alguns segundos caindo sentada no sofá com o rosto banhado em lágrimas, sentei-me ao seu lado, segurei suas mãos e disse:
- Mãe, eu não enlouqueci, isso não é uma fase, nem tampouco a Dulce é culpada por minha homossexualidade, ela é culpada sim, pela minha felicidade, pelo meu sorriso, por minha vontade de crescer... Ela me devolveu esperança, me fez acreditar em mim de novo, no amor, no meu futuro... O fato da senhora não aceitar não vai mudar o que sou, mas vai me deixar triste...
Muito friamente minha mãe me respondeu:
-- Então conviva com essa tristeza. Não vou aceitar isso, nunca.
Baixei meus olhos, e com eles marejados retruquei:
-- A senhora não é obrigada a aceitar, mas deve respeitar.
-- Eu não estou conseguindo se quer olhar para você. Não reconheço mais a filha que criei com tanto amor. Se você quer continuar com essa loucura, então, esqueça que tem mãe.
-- Mãe!
-- Angelina não diga algo que você se arrependerá para o resto da sua vida!
-- Vou arrumar minhas coisas, não vou ficar nessa casa.
Autor(a): angelr
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 247
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tryciarg89 Postado em 20/05/2023 - 21:04:11
Simplesmente linda, emocionante, engraçada e apaixonante
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NoExistente Postado em 27/01/2021 - 12:08:36
Fui obrigada a comentar. Senhor, nem sei o que eu digo dessa estória maravilhosa. Tinha acabado de ler uma fic meio decepcionante delas e entrei sem muitas expectativas aqui. Minha surpresa foi apegar a escrita e o jeito dos personagens, me emocionar, rir e sorrir com a narração. Perdi minha vida nos últimos 4 caps, e foi surpreendente como conseguiu transmitir a tristeza e, sinceramente, cheguei a um estado de negação e desespero. Obrigada por essa leitura fantástica.
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angelr Postado em 24/01/2015 - 23:18:06
justin_rbd - *__*
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angelr Postado em 24/01/2015 - 23:17:41
portinonnessa14 - hahaha tadinhas ne
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angelr Postado em 24/01/2015 - 23:17:15
flavianaperroni - Pode deixar que aviso
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angelr Postado em 24/01/2015 - 23:16:45
anymaniecahastalamuerte - Sempre que puder compartilharei
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angelr Postado em 24/01/2015 - 23:13:46
garotaloka - Que bom fico feliz *_*
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justin_rbd Postado em 24/01/2015 - 12:12:52
final mais que perfeito !!
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portinonnessa14 Postado em 24/01/2015 - 02:25:21
Vamos gente todo mundo ler a web da nossa querida Angelr Um doce amor que é ótima
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portinonnessa14 Postado em 24/01/2015 - 02:22:33
Oi Angelr minha querida a que bom que a Dulce está viva agora sim posso respirar aliviada o que posso dizer desse final foi lindo e bem o que eu queria mesmo o mais importante é que as duas ficaram juntas neh afinal sou portinon neh e não aguento ver a minha Anny sofrer mais obrigada beijinhos