Fanfic: Aconteceu Você | Tema: Portinon
Minha mãe parecia estar surda ao que eu e meu pai dizíamos. Subiu as escadas sem olhar para trás, enquanto meu pai me abraçava tentando me acalmar:
-- Ela falou essas coisas sem pensar minha querida, vai se arrepender, tenho certeza disso. Fique calma, tudo ficará bem.
Eu soluçava abraçada ao meu pai, nunca imaginei que a reação de minha mãe fosse a mais dura mostra do preconceito e da intolerância. Depois que me apaixonei por Dulce, ainda não tinha experimentado o temido monstro do preconceito, e como doeu enfrentá-lo trajando a forma de uma pessoa que eu amava tanto.
Minha mãe desceu em poucos minutos com as malas na mão:
-- Você vem comigo, ou vai ficar aqui Alexandre?
-- Você não pode estar falando sério Angelina!
-- Você acha que estou com cara de quem está brincando meu bem?
-- Não seja ridícula Angelina!
-- Não vou conseguir ficar nessa casa, deve haver um hotel nessa cidade para passarmos a noite, amanhã voltamos para a capital.
Meu pai andou de um lado para outro, até que eu falei mais calma:
-- Vá com ela pai, ficarei bem.
-- Mas filha...
-- Ela precisa mais de você do que eu nesse momento.
-- Eu vou filha, mas por um motivo: para conversar com ela, e fazê-la se arrepender das coisas que ela disse para você hoje.
Balancei a cabeça positivamente, beijei sua face e subi as escadas, antes deles deixarem a minha casa eu disse:
-- Mãe eu amo a senhora, e não vou esquecer que tenho uma mãe que amo tanto.
Ela se manteve de costas, saindo pela porta sem olhar para trás. Caí na cama sentindo uma ferida se abrir na minha alma, como se adivinhasse que eu precisava de colo, Dulce me ligou:
-- Meu amor? Ligando pra te desejar boa noite...
-- Oi Dul...
Minha voz chorosa chamou a atenção de Dulce que perguntou imediatamente:
-- Que voz é essa minha linda? Aconteceu alguma coisa?
-- Minha mãe Dul... Contei a ela sobre nós, ela me disse coisas horríveis, disse que não sou mais filha dela, e saiu daqui de casa...
Não aguentei terminar a frase e me entreguei a um choro angustiado.
-- Any meu amor...
-- Dul, ela me olhou com nojo... Meu pai foi com ela para tentar convencê-la a aceitar... Mas...
-- Foi um choque para ela minha linda. Dê um tempo para que ela aceite melhor a idéia. Está sozinha em casa então?
-- Sim...
-- Então abre a porta pra mim, estou chegando aí.
Só deu tempo eu descer as escadas, quando abri a porta Dulce estava estacionando o carro, quando me viu com o rosto inchado de chorar, andou rápido até meu encontro me abraçando forte, acariciando meus cabelos.
-- Estou aqui com você meu amor...
Fechou a porta e me levou pela mão até o sofá, coloquei minha cabeça no seu colo, e delicadamente Dulce enxugou minhas lágrimas com o dorso da mão num gesto extremado de carinho.
Aos poucos meu coração ia experimentando a paz que eu só tinha ao lado de Dulce, e mais calma contei para minha namorada os acontecimentos da noite.
-- Então sua mãe não se tornou mais uma fã do seu conto... Que pena.
Dulce esboçou um sorriso, e eu tentei retribuir o gesto.
-- Any, eu imagino o que você está sentindo, mas a reação de sua mãe é a mais comum. Agiu sobre o impacto da notícia, claro que magoa, mas não pense que é definitivo.
-- Mas doeu ouvir aquelas coisas dela Dul.
-- Eu sei linda... Mas vai passar...
Dulce me abraçou forte, roçou seus lábios nos meus, beijando minha boca com suavidade. Beijou meu rosto, colhendo no beijo uma lagrima que caía e disse:
-- Vamos lavar esse rosto, vestir uma roupa confortável, e dormir?
Concordei e perguntei curiosa:
-- Como você chegou aqui tão rápido?
-- Eu estava aqui perto, saindo do hospital, fui cobrir duas horas no ambulatório, Elaine me pediu para substituí-la enquanto ela jantava com o Fábio, aniversário de namoro, algo assim.
-- E por falar em aniversário de namoro... Você sabe quando é o nosso?
-- Claro que sim... Amanhã a gente completa um mês de namoro, mas já fazem quase três meses que nos conhecemos...
-- Nossa...
Não vou negar que saber que Dulce sabia desse tipo de detalhe do nosso relacionamento me comoveu, ser cuidada por ela com todo aquele carinho foi como um bálsamo para a dor que assolava minha alma.
Dulce sorriu tenramente e me puxou pela mão até meu quarto. Sem nada dizer, foi tirando as peças da minha roupa, vestiu uma camisola de seda, afastou os travesseiros, me levou até a cama e fez com que eu me deitasse. Sentou ao meu lado, segurou minha mão e disse:
-- A gente vai enfrentar muita coisa ainda... Mas o importante é que estamos juntas.
Comovida, puxei-a para mais um abraço e pedi que ela deitasse ao meu lado. Deitou-se e eu imediatamente envolvi minhas pernas nas suas, e de testas coladas, ficamos por minutos trocando carícias delicadas no rosto até eu não resistir, e beijar sua boca com toda paixão que eu sentia naquele momento.
Não demorou muito para nossas mãos explorarem o corpo uma da outra. A roupa queDulce vestia já estava no chão, junto com a minha camisola de seda, nos amamos até a exaustão, Dulce conhecia meu corpo, sabia como me tocar, sabia meu ritmo, e quanto a mim, dar prazer a ela era como acender uma fogueira de tesão em cada centímetro da minha pele. Dormimos abraçadas, de conchinha, envolta no seu braço, eu me sentia segura, e só por estar aninhada no seu corpo, eu consegui descansar.
Era sábado, não precisávamos nos preocupar com hora para acordar. Até notei o sol entrar pela janela, mas não ousei sair da posição que estava sentindo a maciez da pele de minha namorada junto da minha, eu poderia ficar naquela cama para sempre. Senti Dulce roçar seu nariz na minha nuca, e acariciar minha barriga, encaixando suas pernas entre as minhas.
-- Nossa... Que jeito maravilhoso de ser despertada...
Disse praticamente gemendo, sentindo meu corpo arrepiar-se imediatamente como resposta às carícias de minha namorada.
-- Bom dia meu amor... Ou seria boa tarde? – Disse Dulce beijando minhas costas.
-- Ai nem sei que horas são meu amor... Não pensei se quer que eu conseguisse dormir, mas dormi tão bem com você aqui.
Disse me virando na cama ficando de frente para Dulce, acariciando seus cabelos desalinhados, mas não menos encantadores.
-- Que bom meu amor... Dormi muito bem também, adoro dormir sentindo seu cheiro...
Dulce beijou meu pescoço, mordiscou minha orelha, acendendo meu corpo ainda mais. E quando nossas bocas se encontraram em um beijo urgente ouvi passos fortes adentrando o quarto: minha mãe nos surpreendeu.
Não disse nada, mas não me intimidei diante do ódio, asco, que minha nos olhava, passei meu braço em volta dos ombros de Dulce como um gesto de coragem de assumir que aquela era a mulher que eu amava e que lutaria por ela mesmo contra a ira de minha própria mãe.
-- Eu vim para tentar conversar, mas essa cena me deu náuseas. Pensei que você estivesse sofrendo como seu pai me convenceu, mas eu estou vendo que você está se lixando para o fato de magoar ou não sua mãe.
-- Mãe...
-- Não tente se justificar Anahi, não há como você se justificar.
-- Mas eu não quero me justificar, não há por que eu fazer isso, não estou fazendo nada errado.
-- Você não é a minha filha! … outra pessoa...
-- Você tem razão, sou outra pessoa, mais feliz, mais segura, mas ainda sou sua filha.
-- Essa mulher virou sua cabeça! Você não se envergonha disso doutora?
Apertei minha mão no braço de Dulce, como se quisesse transmitir meu amor naquele momento tenso.
-- Eu não me envergonho de amar dona Angelina, a senhora deveria saber o quanto é maravilhoso amar e ser amada e ficar feliz por sua filha ter encontrado isso depois do que passou.
-- Como ousa! Como ousa sugerir como eu devo me sentir ao ver minha filha com uma pessoa como você...
-- Mãe já chega! Você não vai ofender minha namorada na minha casa. Se foi para isso que a senhora veio aqui, é melhor a senhora ir embora.
-- Você está me expulsando da sua casa?
Minha mãe estreitou os olhos indignada.
-- Não mãe, não estou te expulsando, estou colocando um limite nessa situação. Se a senhora não é capaz de sequer me respeitar, e respeitar quem eu amo, então, é melhor que evitemos mais trocas de farpas, isso só vai nos magoar ainda mais.
-- Eu nunca esperei isso de você Anahi!
-- Sinto muito mãe por a senhora não me aceitar.
Minha mãe saiu pisando forte, batendo a porta, enquanto eu amarguei mais uma vez lágrimas de rejeição e intolerância, dessa vez, abraçada com minha namorada.
Autor(a): angelr
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 247
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tryciarg89 Postado em 20/05/2023 - 21:04:11
Simplesmente linda, emocionante, engraçada e apaixonante
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NoExistente Postado em 27/01/2021 - 12:08:36
Fui obrigada a comentar. Senhor, nem sei o que eu digo dessa estória maravilhosa. Tinha acabado de ler uma fic meio decepcionante delas e entrei sem muitas expectativas aqui. Minha surpresa foi apegar a escrita e o jeito dos personagens, me emocionar, rir e sorrir com a narração. Perdi minha vida nos últimos 4 caps, e foi surpreendente como conseguiu transmitir a tristeza e, sinceramente, cheguei a um estado de negação e desespero. Obrigada por essa leitura fantástica.
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angelr Postado em 24/01/2015 - 23:18:06
justin_rbd - *__*
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angelr Postado em 24/01/2015 - 23:17:41
portinonnessa14 - hahaha tadinhas ne
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angelr Postado em 24/01/2015 - 23:17:15
flavianaperroni - Pode deixar que aviso
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angelr Postado em 24/01/2015 - 23:16:45
anymaniecahastalamuerte - Sempre que puder compartilharei
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angelr Postado em 24/01/2015 - 23:13:46
garotaloka - Que bom fico feliz *_*
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justin_rbd Postado em 24/01/2015 - 12:12:52
final mais que perfeito !!
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portinonnessa14 Postado em 24/01/2015 - 02:25:21
Vamos gente todo mundo ler a web da nossa querida Angelr Um doce amor que é ótima
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portinonnessa14 Postado em 24/01/2015 - 02:22:33
Oi Angelr minha querida a que bom que a Dulce está viva agora sim posso respirar aliviada o que posso dizer desse final foi lindo e bem o que eu queria mesmo o mais importante é que as duas ficaram juntas neh afinal sou portinon neh e não aguento ver a minha Anny sofrer mais obrigada beijinhos