Fanfic: Aconteceu Você | Tema: Portinon
Dulce me deixou no aeroporto da cidade vizinha, e segui para Porto Alegre com minha consciência pesando uma tonelada, vendo minha namorada acenar para mim com um sorriso tão sincero. Antes de embarcar ainda recebi uma mensagem de texto dela:
-- Volte logo para mim meu amor.
Desembarquei em Porto Alegre no fim da noite. Segui para o hotel protegendo-me do frio intenso que fazia, a primeira coisa a fazer ao me acomodar na suíte foi ligar para minha namorada, namoramos por telefone até adormecermos com o fone no ouvido.
No dia seguinte, acordei cedo, ansiosa para cumprir a minha missão. Aluguei um carro e segui para Calhetas, segundo informações e o mapa que eu tinha, seriam três horas de viagem. Foi uma viagem tranqüila, e cheguei no horário previsto, a partir daí a maratona para chegar ao endereço começou. Duas horas depois, identifiquei a tal rua, e cheguei à casa, sem saber direito o que perguntar, afinal não tinha formulado nenhuma história para justificar minha presença ali, apertei a campainha estalando os dedos nervosa.
Era uma casa grande, portões de ferro que guardavam uma arquitetura tradicional, ao quais lembravam os moldes de casas alemãs com suas portas de madeira, telhado alto e varanda. Sem muita demora, uma senhora baixa, de pele alva, com seus 60 anos, atendeu à porta.
-- Pois não?
-- Bom dia senhora, estou à procura da família do Sr. João Marcos Pimentel. A senhora é parente dele?
-- João Marcos Pimentel? Não, não conheço.
-- A senhora mora aqui nessa casa há muito tempo?
-- Não, moro aqui acerca de oito anos, antes morava na zona rural da cidade.
Decepcionada por ter viajado em vão, não consegui disfarçar minha frustração, a senhora desceu os degraus se aproximou do portão e perguntou:
-- Como você chegou até minha casa?
--Recebi informações que esse endereço é da família do Sr. João Marcos Pimentel, ele trabalhou na embaixada do Brasil em Honduras, estou fazendo uma pesquisa sobre a morte do embaixador Alcides Muniz Campos.
-- Essa casa ficou fechada muito tempo, mas não conheci quem morava aqui antes. Meu filho comprou e me deu de presente, mas ele mora na capital.
Todos aqueles nomes pareciam não ser familiares àquela senhora. Minha viagem e minha mentira para Dulce foi mesmo um esforço inútil. Agradeci a educação da senhora, e me despedi. Quando voltava para o carro, ouvi o chamado de outra senhora no portão da casa vizinha:
-- Moça!
Caminhei até ela quando a vi acenando para mim.
-- Eu ouvi você falando com minha vizinha, sobre a família do Joca, você é parente dele?
-- Não senhora, estou fazendo uma pesquisa da faculdade, sobre a morte da família do embaixador Alcides, o senhor João Marcos trabalhava para ele na época, nos arquivos constava esse endereço como sendo da família dele.
-- Ah... Entendi... Pensei que você tivesse alguma notícia do Joca.
-- A senhora o conhece?
-- Conheci ainda meninote... Era amiga de sua mãe, depois que ela morreu, o Joca ficou morando aqui nessa casa - apontou para a casa vizinha – com a mulher dele, depois arranjou emprego em Brasília, mudou-se, mas a mulher dele e os filhos continuaram a morar aqui.
-- Quando eles foram embora? A senhora lembra?
-- Já faz muito tempo, primeiro o Joca sumiu, logo depois do assassinato de um embaixador e a família dele num país que não lembro o nome...
-- Honduras?
-- Acho que é isso, ele trabalhava com esse figurão. Depois que o Joca desapareceu, muita gente importante visitou a casa de Marta, a mulher do Joca. Ela era muito elegante, reservada, então não comentava muito sobre o sumiço do marido, o que se sabe é só boato, fofoca do povo...
-- O que comentaram?
-- Teve gente que comentou que o Joca estava devendo a pessoas perigosas, mas gente do governo estacionou aí muitas vezes com carros oficiais... Depois de algum tempo, Marta e os meninos se mudaram daí, a casa ficou praticamente abandonada, depois de uns dois anos uma imobiliária da capital a colocou à venda.
-- Nunca mais apareceram?
-- Não.
-- A dona Marta, ela tinha quantos filhos mesmo?
-- Eram dois, um casal, a menina era a mais nova, uma criança muito linda, o menino era muito esperto, parecia um homenzinho, talvez por que seu pai não morava com eles, sentia-se responsável pela mãe e pela irmã.
-- A senhora lembra o nome deles?
-- Nossa... Faz tanto tempo... Como era mesmo... O menino se chamava... Leonardo, chamávamos carinhosamente de Lelo, a menina tinha um nome pequeno, deixe-me lembrar... Lisa! Era o nome dela: Lisa.
Lisa! Era o nome que ouvi Maite chamando Dulce, quando as flagrei num galpão. Então Dulce, se chamava na verdade Lisa, e era filha do segurança e motorista do embaixador, desaparecido desde a morte do seu chefe.
-- A senhora não teve mais nenhuma notícia deles?
-- Não minha filha, nunca mais soube nada deles.
Agradeci e deixei com ela o número do meu telefone, caso ela se lembrasse de mais alguma informação. Ao menos eu descobri a relação de Dulce ou Lisa com o assassinato de Alcides Muniz e de sua família. Voltei para Porto Alegre, tentando organizar meus pensamentos para determinar meus passos a partir daquela nova informação.
Minha mente formulava hipóteses fantásticas, colocando o pai de Dulce como assassino do embaixador, outras vezes como vítima. Muitas lacunas estavam abertas, onde estaria a família de Dulce, ela estava protegendo quem afinal? E aquele filme que encontrei no álbum? O que tinha ali afinal?
Como se sentisse que meus pensamentos estavam nela, Dulce me ligou quando cheguei ao hotel:
-- Amor quando você volta? Já estou morrendo de saudades!
Meu coração acelerou ouvindo sua voz carregada de carinho, abri um sincero sorriso e respondi:
-- Hoje mesmo meu amor, não aguento ficar longe de você.
-- Jura? Mas e o congresso?
-- Está muito chato... Já marquei presença, cumpri minha obrigação, daqui a pouco vou para o aeroporto.
-- Que notícia maravilhosa! Antes de embarcar me avisa, vou te buscar em Serra Linda.
Autor(a): angelr
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Ouvir Dulce me chamando de amor com aquela voz melosa, deu-me a certeza que eu já não tinha o que fazer ali, peguei o primeiro vôo de volta, chegando quase de madrugada à Serra Linda e como combinado, Dulce estava lá me esperando: linda, segurando uma boneca de pano, fofa, na camisola da bonequinha havia uma frase: “Minha vida é ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 247
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tryciarg89 Postado em 20/05/2023 - 21:04:11
Simplesmente linda, emocionante, engraçada e apaixonante
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NoExistente Postado em 27/01/2021 - 12:08:36
Fui obrigada a comentar. Senhor, nem sei o que eu digo dessa estória maravilhosa. Tinha acabado de ler uma fic meio decepcionante delas e entrei sem muitas expectativas aqui. Minha surpresa foi apegar a escrita e o jeito dos personagens, me emocionar, rir e sorrir com a narração. Perdi minha vida nos últimos 4 caps, e foi surpreendente como conseguiu transmitir a tristeza e, sinceramente, cheguei a um estado de negação e desespero. Obrigada por essa leitura fantástica.
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angelr Postado em 24/01/2015 - 23:18:06
justin_rbd - *__*
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angelr Postado em 24/01/2015 - 23:17:41
portinonnessa14 - hahaha tadinhas ne
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angelr Postado em 24/01/2015 - 23:17:15
flavianaperroni - Pode deixar que aviso
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angelr Postado em 24/01/2015 - 23:16:45
anymaniecahastalamuerte - Sempre que puder compartilharei
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angelr Postado em 24/01/2015 - 23:13:46
garotaloka - Que bom fico feliz *_*
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justin_rbd Postado em 24/01/2015 - 12:12:52
final mais que perfeito !!
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portinonnessa14 Postado em 24/01/2015 - 02:25:21
Vamos gente todo mundo ler a web da nossa querida Angelr Um doce amor que é ótima
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portinonnessa14 Postado em 24/01/2015 - 02:22:33
Oi Angelr minha querida a que bom que a Dulce está viva agora sim posso respirar aliviada o que posso dizer desse final foi lindo e bem o que eu queria mesmo o mais importante é que as duas ficaram juntas neh afinal sou portinon neh e não aguento ver a minha Anny sofrer mais obrigada beijinhos