Fanfic: Aconteceu Você | Tema: Portinon
Temi revelar que visitei Calhetas, e que conheci a antiga vizinha delas, e omiti o que Márcinha havia descoberto sobre sua avó. Nossa reconciliação ainda estava frágil, em outro momento eu contaria todos os detalhes, inclusive esses.
-- Espero que seja assim mesmo, vou me vestir então, ou posso ir assim?
-- Adoraria... Se a gente não precisasse sair daqui... Mas... Essa visão maravilhosa é privilégio só meu!
Envolvi meus braços em seu pescoço, roubando mais um beijo. Seguimos para minha casa, trocando carinhos, como se quiséssemos recuperar o tempo perdido. Pegamos a Márcinha, e fomos até o clube para almoçarmos.
Numa atitude incomum, Márcinha ficou tímida diante de Dulce, quando Renatinha contou sobre minha nova condição sexual ela criou em sua cabecinha preconceituosa uma imagem bem diferente de Dulce, no mínimo pensou que minha namorada estacionaria sua “Scania” na porta do restaurante exibindo o estereótipo de caminhoneira. Ao contrário, Dulce era extremamente feminina, tinha gestos delicados, esbanjava sensualidade no andar, no olhar, vestia-se com elegância e discrição, sobretudo uma beleza desconcertante e isso parecia ter intimidado minha amiga.
Dulce foi atenciosa, simpática, encantando-me ainda mais. Aos poucos Márcinha foi ficando mais à vontade, falando de sua paixão por viagens, contando algumas aventuras, comentou que quando se aposentasse viveria como meus pais, viajando pelo mundo.
-- Adoro viajar pelo Brasil, o nordeste brasileiro é incrível! Mas adoro o sul do país, os pampas gaúchos, aquele clima meio europeu... Mas não conheci o interior, quero conhecer. – Comentou Márcinha empolgada.
-- O Rio Grande do Sul é um estado lindo mesmo, mas sou suspeita para falar, sou gaúcha. – Dulce concordou com orgulho.
-- A Any conheceu uma cidade do interior há pouco tempo não é? Como é mesmo o nome da cidade? Calhetas?
Márcinha ignorou minhas caretas e gestos para que ela não citasse o nome da cidade, Dulce imediatamente mudou sua expressão. Olhou séria para mim, balançou a cabeça negativamente, jogou o guardanapo sobre a mesa e levantou-se abruptamente para meu desespero e espanto de minha amiga.
-- Com licença Márcinha.
Dulce falou retirando-se da mesa, caminhando a passos rápidos pelo saguão do restaurante.
-- O que foi que eu disse Anahi? – Perguntou Márcinha atônita.
-- Falou demais Márcia.
Segui Dulce no intuito de mais uma vez explicar-me, alcancei Dulce no estacionamento, puxei seu braço e pedi:
-- Dul, me espera, vamos conversar.
-- Solte-me! Conversar o que? Vai me contar mais uma mentira? Ou quer saber mais alguma coisa para aprofundar as fontes de sua reportagem? Não dou entrevistas Anahi, não insista.
-- Não é nada disso meu amor. Eu ia te contar é que...
-- Ah, ia? Quando Any?
-- Estava esperando a gente se entender melhor, poxa Dul, a gente acabou de fazer as pazes...
-- Se arrependimento matasse... Eu deixei meus sentimentos, meus desejos falarem mais alto, mas foi burrice minha... Você me enganou mais uma vez, então não houve congresso nenhum em Porto Alegre não é? Você foi à minha cidade natal para investigar minha vida! Você é doente, mente compulsivamente, quem me garante que você não está me escondendo mais nada? Ou que continua mentindo pra mim só pra descobrir o que você quer?
-- Não seja injusta Dul, você sabe o quanto te amo.
-- Não sei de mais nada... O que sei é que você está encrencada, e envolveu muita gente nessa encrenca.
-- Não me importo em estar em perigo, a única coisa que me importa é que você me perdoe e acredite em mim.
Dulce enxugou as lágrimas, balançou a cabeça, e com um sorriso sarcástico me disse:
-- Você só se importa com você mesma... Eu me enganei muito com você Anahi, acabou tudo. Vou contar mais esse fato a Maite, certamente ela vai te procurar. Quanto a mim, esqueça que eu existo, pra sempre.
Dulce caminhou até o ponto de táxi, deixando-me arrasada, cheia de culpa, amargando mais uma vez a sensação de perder a mulher que eu amava por uma vil curiosidade, ou ainda por uma estúpida irresponsabilidade, covardia em revelar toda verdade. Voltei para o restaurante do clube contendo minhas lágrimas, Márcinha veio ao meu encontro e sem fazer muitas perguntas apenas me disse:
-- Vamos pra casa, vou te dar colo enquanto você me conta o que aconteceu aqui.
Em casa, Márcinha sentou-se no sofá, pediu que eu sentasse ao seu lado e com muita delicadeza puxou minha cabeça em direção ao seu ombro confortando-me enquanto eu chorava silenciosa e disse:
-- Seja lá o que eu tenha feito ou falado demais, não fiz por querer amiga... Sinto muito.
Minha amiga tinha como característica ser língua solta, Renatinha sempre brincava conosco que deveríamos nos unir para abrir uma revista de fofocas, com minha curiosidade e o talento de espalhar notícia da Márcinha, seríamos a dupla fome com vontade de comer... Apesar disso, eu sabia que Márcinha estava sendo sincera, a culpa não foi dela, foi minha Tive a oportunidade de esclarecer tudo com Dulce e fui covarde omitindo mais fatos quando tentava reconstruir a confiança que ela começava a depositar em mim. Aceitei o colo de minha amiga, e com muita paciência sem me interromper, sem me julgar, Márcinha escutou toda minha narrativa, ao final com sua sensatez típica disse:
-- Minha amiga está claro que há muito mais caroço nesse angu do que sabemos... Entendo Dulce estar tão receosa quanto a você investigá-la. Imagina Any o que há por trás disso? Guerrilha, assassinato do tal embaixador e de toda sua família, assassinato da família da Dulce, tráfico de armas, tráfico de drogas, o fato dela viver protegida por não sei qual órgão, com outro nome, e ainda tem esse mistério dela proteger alguém, e esse filme que você encontrou na casa dela... Any, deve ter muita gente perigosa e poderosa envolvida nisso, e você sabe que especialmente em nosso país, a corrupção é corriqueira em todos os escalões, alguém relacionar você com essa investigação e chegar até Dulce ou Lisa com isso é perfeitamente possível.
-- Eu não havia pensado dessa forma...
Falei pensativa, refletindo nas colocações que Márcinha acabara de fazer.
-- Any, pelo que sabemos até agora, podemos supor que Dulce assumiu nova identidade para se proteger, se a família morreu no incêndio e seu pai está desaparecido desde a morte do embaixador, logicamente a vida dela vive em constante risco se os responsáveis por essas atrocidades souberem que ela está viva.
-- Você está coberta de razão. Meu Deus o que eu fiz!
Levei as mãos à cabeça experimentando uma angústia profunda, Márcinha me confortou abraçando-me afagando minhas costas.
-- Márcinha, além de tudo isso, de fuçar, expor a segurança da mulher que amo, menti, enganei... Não a mereço.
-- Também não é assim... Você não podia imaginar essa história policial cinematográfica cercando a vida dela...
-- O que custava eu deixar que ela me contasse? Ela me pediu tanto que eu confiasse nela, que estava tentando me proteger... Como sou estúpida!
-- Any, eu entendo o que você está sentindo, mas não se puna tanto. Imagino que Lisa, ou Dulce sei lá, se sentiu traída, enganada, invadida, e pior achou que estava sendo usada por você para chegar a uma reportagem, mas se o que vocês tem uma pela outra é mesmo amor, o tempo e sua atitude com ela daqui para frente pode unir vocês duas novamente.
-- Você acha que depende de mim e de tempo? Acredita mesmo nisso?
-- Any, nunca te vi tão feliz como vi hoje a tarde ao lado dela, e em contrapartida nunca vi tanta tristeza como vejo agora nos seus olhos, você a ama de verdade e acredito que esse amor vai te guiar nessa reconquista.
As palavras de Márcinha me emocionaram, deitei em seu colo mais uma vez, e devo ter adormecido rapidamente, exausta de chorar. Precisava procurar Dulce mais uma vez, novamente pedir perdão, mas sabia que nos primeiros dias seria inútil. Para me redimir com minha amiga decidi levá-la para sair, dessa vez, para uma roda de voz e violão no hotel fazenda do ex-namorado do Carlos.
Esforcei-me para disfarçar a expressão abatida, Márcinha queria reencontrar Artur, acabou me contando o que houve na noite anterior, quando meu fotógrafo caiu no sono de tão bêbado que estava quando chegaram ao motel. Obrigou-me a ligar para ele pedindo que nos encontrasse lá e assim seguimos para a serra.
Autor(a): angelr
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 247
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tryciarg89 Postado em 20/05/2023 - 21:04:11
Simplesmente linda, emocionante, engraçada e apaixonante
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NoExistente Postado em 27/01/2021 - 12:08:36
Fui obrigada a comentar. Senhor, nem sei o que eu digo dessa estória maravilhosa. Tinha acabado de ler uma fic meio decepcionante delas e entrei sem muitas expectativas aqui. Minha surpresa foi apegar a escrita e o jeito dos personagens, me emocionar, rir e sorrir com a narração. Perdi minha vida nos últimos 4 caps, e foi surpreendente como conseguiu transmitir a tristeza e, sinceramente, cheguei a um estado de negação e desespero. Obrigada por essa leitura fantástica.
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angelr Postado em 24/01/2015 - 23:18:06
justin_rbd - *__*
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angelr Postado em 24/01/2015 - 23:17:41
portinonnessa14 - hahaha tadinhas ne
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angelr Postado em 24/01/2015 - 23:17:15
flavianaperroni - Pode deixar que aviso
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angelr Postado em 24/01/2015 - 23:16:45
anymaniecahastalamuerte - Sempre que puder compartilharei
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angelr Postado em 24/01/2015 - 23:13:46
garotaloka - Que bom fico feliz *_*
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justin_rbd Postado em 24/01/2015 - 12:12:52
final mais que perfeito !!
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portinonnessa14 Postado em 24/01/2015 - 02:25:21
Vamos gente todo mundo ler a web da nossa querida Angelr Um doce amor que é ótima
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portinonnessa14 Postado em 24/01/2015 - 02:22:33
Oi Angelr minha querida a que bom que a Dulce está viva agora sim posso respirar aliviada o que posso dizer desse final foi lindo e bem o que eu queria mesmo o mais importante é que as duas ficaram juntas neh afinal sou portinon neh e não aguento ver a minha Anny sofrer mais obrigada beijinhos