Fanfic: Aconteceu Você | Tema: Portinon
O hotel estava lindo, no espaço reservado para eventos, decoração rústica, fogueira no pátio, e o clima serrano deixavam o local ainda mais charmoso e pra aumentar minha dor de cotovelo, extremamente romântico, especialmente pela presença da lua cheia, brilhante naquela noite. Foi também ali que Dulce me fez surpresas agradáveis e inesquecíveis, as lembranças acentuavam a falta que ela me fazia, e em um daqueles momentos que o universo conspira nos colocando como coadjuvantes do acaso, Dulce chega acompanhada de Elaine e Fábio e uma das cantoras começou a tocar:
Garimpeira da beleza te achei na beira de você me achar
Me agarra na cintura, me segura e jura que não vai soltar
E vem me bebendo toda, me deixando tonta de tanto prazer
Navegando nos meus seios, mar partindo ao meio, não vou esquecer.
Eu que não sei quase nada do mar descobri que não sei nada de mim
Clara noite rara nos levando além da arrebentação
Já não tenho medo de saber quem somos na escuridão
Clara noite rara nos levando além da arrebentação
Já não tenho medo de saber quem somos na escuridão
Me agarrei em seus cabelos, sua boca quente pra não me afogar
Tua língua correnteza lambe minhas pernas como faz o mar
E vem me bebendo toda me deixando tonta de tanto prazer
Navegando nos meus seios, mar partindo ao meio, não vou esquecer
Eu que não sei quase nada do mar descobri que não sei nada de mim
Clara noite rara nos levando além da arrebentação
Já não tenho medo de saber quem somos na escuridão
Clara noite rara nos levando além da arrebentação
Já não tenho medo de saber quem somos na escuridão
(E eu que não sei quase nada do mar – Ana Carolina).
A música foi a trilha para uma troca de olhares intensa entre mim e Dulce. Na minha mente, uma enxurrada de lembranças tomou de conta dos meus pensamentos, excitei-me com a letra da música e meu olhar soltava faíscas de desejo ao ver Dulce, linda como sempre, e não fugiu do meu olhar, não esboçou sorrisos, sua aparência de seriedade só se desfez quando notei em um determinado trecho da canção seu rosto ruborizar:
“Me agarrei em seus cabelos, sua boca quente pra não me afogar
Tua língua correnteza lambe minhas pernas como faz o mar
E vem me bebendo toda me deixando tonta de tanto prazer
Navegando nos meus seios, mar partindo ao meio, não vou esquecer’.
Segurei o impulso de ir ao seu encontro, ao final da música, os olhos de Dulce se desviaram dos meus, baixei a cabeça e Marcinha percebeu o motivo de minha tristeza estampada.
-- Amiga... Ainda não é hora de vocês conversarem.
Concordei com a cabeça e segui até o bar com Márcinha, de lá, acompanhei cada gesto de Dulce de longe, algumas vezes nossos olhares se cruzavam, mas, seu olhos estavam mais uma vez frios para mim.
Finalmente Artur apareceu, Márcinha logo se derreteu, e logo eu estava de vela na mesa que estávamos. Voltei para o bar, sem que o casal sequer notasse minha ausência, mantive minha atenção na mesa em que Dulce estava com Elaine e Fábio com uma expressão distraída, até uma voz suave chamar minha atenção:
-- Um beijo pelos seus pensamentos...
Era Juliana com um grande sorriso, ao meu lado no balcão.
Sorri sem muita empolgação e Juliana sentou-se ao meu lado, pediu uma bebida e prosseguiu:
-- Então, o prêmio não te atraiu?
Baixei a cabeça e sorri em seguida dizendo:
-- Tenho certeza que este prêmio atrairia a maioria das mulheres e dos homens que estão aqui nessa noite...
-- Mas a mim só interessa se te atrairia.
Ruborizei e minha cabeça que estava recostada nas minhas mãos apoiadas com o cotovelo sobre o balcão escorregaram, despertando um riso de canto de lábios de Juliana.
-- Estou brincando com você sua boba... Estava vendo você distraída, com um olhar triste direcionado para uma certa mesa... E pensei em vir aqui tentar te alegrar um pouco com minha companhia.
--Sorri sincera e respondi:
-- E eu vou adorar ter sua companhia, já está me alegrando.
-- Opa! Então vamos beber a isso!
Juliana pediu outra dose de bebida para mim, convidou-me a um brinde, e aceitei sua oferta, só assim parei de pensar e de olhar alguns segundos para Dulce. A doce enfermeira era de fato uma mulher incrível, além de linda, tinha um astral encantador, um bom humor que contagiava, uma energia boa que tinha o poder de me deixar à vontade. Depois de alguns minutos e muitas doses, eu parei de observar a mesa que Dulce estava, quando o fiz tive a grata surpresa de me sentir agora, observada por ela. Dulce esticava seu pescoço em minha direção, ao perceber que notei seu esforço para me ver Dulce ficou embaraçada, e disfarçou mexendo nos cabelos enquanto eu segurei meu riso.
Vi então a oportunidade de provocar ciúmes em Dulce, quem sabe isso nos aproximasse. Continuei bebendo com Juliana, mas dessa vez, a convidei para sentar em uma mesa, perto da rodinha de violão, bem ao alcance da visão de Dulce.
Não hesitei em sorver doses em uma rapidez incoerente a fim de adquirir coragem para me insinuar para Juliana provocando assim os ciúmes de Dulce. Juliana não estava tão inocente assim, notou a presença e os olhares de Dulce, e pareceu não se importar em ser usada. Comecei trocando sorrisos com a enfermeira e vez por outra acariciava seus cabelos fazendo algum comentário do tipo:
-- Seu cabelo está tão brilhoso, o que você usa?
Juliana que não era boba nem nada não fugiu das minhas investidas, respondia qualquer coisa sem tirar os seus olhos dos meus, ninguém que via a cena poderia imaginar que o conteúdo da conversa fosse tão fútil. A noite seguia, nesse clima, Dulce levantou-se algumas vezes da mesa, mas não passou perto de nós, diferente dos seus olhos que pareciam estar em cima dos meus ombros o tempo todo. Não pude deixar de notar que ela bebia sem parar, ainda me deu outra evidência de nervosismo quando apareceu tragando um cigarro.
Eu me deliciei com aquela situação, ignorando o quanto aquela intimidade agradava Juliana, que aos poucos demonstrava seu jeito sedutor, o qual não puder ficar imune, podia ser pura vaidade, mas o fato de sentir-me desejada por uma mulher como ela, aumentava minha confiança, minha auto-estima.
Dulce já estava sentada no bar, continuando sua vigilância sobre nós, eu já não era senhora dos meus gestos, o álcool falava mais alto e Juliana aproveitou-se disso para intensificar o flerte:
-- Hoje é minha vez de cuidar de você, e de cuidado, eu sou especialista, vamos ver quem cuida melhor, médica ou enfermeira.
Mesmo alcoolizada, ruborizei com a cantada descarada dela. Ela se divertiu com isso, aproveitou o momento para se aproximar mais de mim, levou sua mão até o canto dos meus lábios e deslizou a ponta dos seus dedos dizendo:
-- Tem um pouquinho de açúcar aqui, deve ter sido das bordas do copo de coquetel...
- … deve ter sido. – Respondi sem jeito pegando um guardanapo na mesa.
-- Ou... Seus lábios são doces mesmo e o açúcar está aparecendo.
Nesse momento não fiquei vermelha, devo ter ficado multicolorida. Entretanto, o meu domínio naquela noite ficou ameaçado, quando vi, uma das alunas de Dulce, a qual eu sempre me queixei que ela dava cabimento a seu jeito descarado, se aproximou dela no balcão do bar, e Dulce não se fez de rogada, correspondendo ao flerte sem o menor pudor para meu desespero.
E como se a trilha sonora da noite seguisse os ritmos dos acontecimentos, a tranqüilidade das baladas de MPB deu lugar a um grupo de samba, passada a primeira música, Juliana notou a mudança de meu comportamento, vendo Dulce se derreter para a loira que exibia seu decote generoso na altura do olhar dela enquanto cochichava algo ao seu ouvido. Por segundos Juliana deixou-me sozinha na mesa, se aproximou de um dos cantores do grupo, falou algo ao seu ouvido, e para minha surpresa, um dos instrumentistas deu lugar a ela ao seu lado, Juliana sentou-se, pegou o microfone, e começou a cantar um samba desconhecido para mim:
Te filmando, eu tava quieta no meu canto
Cabelo bem cortado, perfume exalando
Daquele jeito que eu sei que você gosta
Mas eu te dei um papo, e você nem deu resposta
Tudo bem um dia vai o outro vem
Você deve estar pensando em outro alguém
Mas se ela te merecesse não estaria aqui
Não, não, não
Ou talvez você não queira se envolver
Magoada ta com medo de sofrer
Se me der uma chance não vai se arrepender
Não, não, não,não,não
Tá vendo aquela lua, que brilha lá no céu
Se você me pedir eu vou buscar, só pra te dar
Se bem que o brilho dela, nem se compara ao seu
Deixa eu te dar um beijo, vou mostrar o tempo que perdeu
Que coisa louca, eu já sabia
Enquanto eu me arrumava algo me dizia
Você vai encontrar alguém que vai mudar
A sua vida inteira da noite pro dia
(Tá vendo aquela lua – Exaltasamba)
Apesar de não ser fã do gênero, não posso negar que até a voz de Juliana me excitou, e a letra do tal samba mexeu com minhas fantasias a respeito dela. Por alguns momentos nem me lembrei de olhar para Dulce e a fedelha que lhe assediava, concentrei meu olhar e meus ouvidos em Juliana, e pela primeira vez considerei a possibilidade de lhe dar uma chance. Não sei se foi efeito do álcool, ou se de fato a manifestação pública do interesse de Juliana em mim, entretanto, aquela atitude dela mexeu comigo, mas não a ponto de desvencilhar meu pensamento de Dulce, quando a olhei, pude sentir seus olhos faiscarem de raiva em direção a Juliana, e esta, que com a simpatia que lhe era própria, agradeceu os aplausos, cumprimentou o vocalista e os músicos do grupo com estalinhos, quando o vocalista principal agradeceu no microfone:
-- Vocês ouviram a enfermeira mais linda do mundo e minha irmã mais velha Juliana Diniz! Um dia eu ainda a convenço de largar a enfermagem pra cantar comigo... Te amo mana. Vamos seguir no samba galera!
Juliana voltou para a mesa com um sorriso faceiro, e eu completamente sem graça fiquei me perguntando: “E agora? O que eu faço?”. Quando ela se sentou eu disse:
-- Não sabia que você cantava, nem muito menos que sua voz era tão linda...
-- De onde você acha que tiro inspiração para cantadas? – Sorriu divertida.
-- Ah claro... Então você gosta de samba?
-- Não tem como não gostar, meu irmão sempre ensaiou em casa com os amigos dele, alguns eu não gosto, mas essa semana assisti o ensaio deles e lembrei-me de você ouvindo essa música, e aprendi, achei que essa era uma oportunidade de te dizer isso.
Mais uma vez minhas bochechas coraram, o que antes parecia ser algo velado, ou apenas sugestivo, agora estava escancarado: sim, Juliana estava dando em cima de mim. Antes era um flerte, insinuações de sentido dúbio, ou ainda ela disfarçava alegando ser apenas brincadeira. O que eu fiz afinal? Dei esperanças a ela? O arrependimento de provocar Dulce usando-a surgiu, e como se adivinhasse meus pensamentos Juliana disse:
-- Não se preocupe Any, não estou te pedindo em namoro... Eu sei perfeitamente que você está ligada numa certa doutora que está ali no balcão e que esse clima entre nós é pura provocação... Não sou menina, sou uma mulher que entende esse jogo. Assim como você está usando a situação para provocá-la, estou me aproveitando para deixar claro que estou completamente atraída por você.
-- Juliana eu não sei o que dizer... Desculpe-me...
-- Ei! Não tem nada que se desculpar... Não sou ingênua, sei onde estou pisando... E mesmo assim, acho que você vale a pena o risco.
-- Acha mesmo?
-- Acho... E não costumo me enganar com mulheres Any.
Juliana deu uma piscadela e disse em seguida:
-- Opa, seu copo está vazio? Vou pegar uma bebida para você.
Enquanto ela foi até o bar, Elaine se aproximou de mim dizendo:
-- Olá Anahi! Quanto tempo!
-- Ei! Faz tempo mesmo!
Abracei-a e perguntei:
-- Então, Fábio se recuperou bem?
-- Graças a Deus e a Dulce, sim, está ótimo.
-- Que bom! E você está bem?
-- Sim, ao contrário da minha amiga... Está fazendo uma besteira atrás da outra...
Elaine apontou com o queixo Dulce no bar. Baixei a cabeça e disse em seguida:
-- A besteira quem fez foi eu Elaine, você não imagina o quanto me arrependo.
-- E você vai ficar se arrependendo com a Juliana do lado?
-- Não é o que parece Elaine...
Eu me preparava para argumentar, ouvi buchichos ao redor, e Fábio se aproximou de nós exclamando:
-- Vamos fazer alguma coisa antes que Dulce e Juliana se atraquem ali no bar!
Quando olhei para o bar, Dulce estava empurrando Juliana, falando alto, enquanto Juliana levantava os braços qual zagueiro de futebol faz quando comete uma falta alegando inocência.
Vixe o tempo fechou entre Dulce e Juliana hein, e ai o que voces acham que vai acontecer?
Autor(a): angelr
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Corremos para o bar a fim de acalmar os ânimos, na tentativa de evitar um escândalo ainda maior, ao chegarmos ouvimos Dulce descontrolada berrar com Juliana: -- Não se meta comigo Juliana! Não fica no meu caminho! -- Você está louca doutora? Foi um acidente, e foi você que esbarrou em mim, olhe para minha roupa, quem está ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 247
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tryciarg89 Postado em 20/05/2023 - 21:04:11
Simplesmente linda, emocionante, engraçada e apaixonante
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NoExistente Postado em 27/01/2021 - 12:08:36
Fui obrigada a comentar. Senhor, nem sei o que eu digo dessa estória maravilhosa. Tinha acabado de ler uma fic meio decepcionante delas e entrei sem muitas expectativas aqui. Minha surpresa foi apegar a escrita e o jeito dos personagens, me emocionar, rir e sorrir com a narração. Perdi minha vida nos últimos 4 caps, e foi surpreendente como conseguiu transmitir a tristeza e, sinceramente, cheguei a um estado de negação e desespero. Obrigada por essa leitura fantástica.
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angelr Postado em 24/01/2015 - 23:18:06
justin_rbd - *__*
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angelr Postado em 24/01/2015 - 23:17:41
portinonnessa14 - hahaha tadinhas ne
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angelr Postado em 24/01/2015 - 23:17:15
flavianaperroni - Pode deixar que aviso
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angelr Postado em 24/01/2015 - 23:16:45
anymaniecahastalamuerte - Sempre que puder compartilharei
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angelr Postado em 24/01/2015 - 23:13:46
garotaloka - Que bom fico feliz *_*
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justin_rbd Postado em 24/01/2015 - 12:12:52
final mais que perfeito !!
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portinonnessa14 Postado em 24/01/2015 - 02:25:21
Vamos gente todo mundo ler a web da nossa querida Angelr Um doce amor que é ótima
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portinonnessa14 Postado em 24/01/2015 - 02:22:33
Oi Angelr minha querida a que bom que a Dulce está viva agora sim posso respirar aliviada o que posso dizer desse final foi lindo e bem o que eu queria mesmo o mais importante é que as duas ficaram juntas neh afinal sou portinon neh e não aguento ver a minha Anny sofrer mais obrigada beijinhos