Fanfics Brasil - Capitulo 63 Aconteceu Você

Fanfic: Aconteceu Você | Tema: Portinon


Capítulo: Capitulo 63

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A noite chegou e eu continuava ali na varanda, deitada na rede, tentando concatenar minhas hipóteses com minhas próximas atitudes com Dulce e com a policial abusada. A preocupação com Cris e a falta de notícias aumentavam minha angústia. O frio da noite começou a me incomodar, quando ouvi passos se aproximando, Dulce trazia um cobertor e uma xícara:

-- Trouxe chocolate quente, e esse cobertor, está frio aqui fora.

Sentei-me, aceitando o que ela trazia, visivelmente tensa, com um olhar preocupado, Dulce me olhou como se esperasse alguma palavra conclusiva depois de horas de reflexão solitária. Eu ainda não sabia o que fazer, nem ao menos sabia se eu desejava saber detalhes da relação dela com Maite, por isso nada falei. Dulce fez menção de deixar-me mais uma vez sozinha, quando parou diante de mim e desabafou:

-- Any fala comigo, briga comigo, me bate, faça qualquer coisa, mas me tire dessa angústia silenciosa pelo amor de Deus!

O olhar ansioso da mulher que eu amava me sensibilizou. Levantei-me coloquei as mãos entre meus cabelos, como se quisesse arrancar da minha cabeça alguma ideia sobre o que falar com Dulce.

-- Dulce, eu estou tão decepcionada com você... Toda minha insegurança quando a vi cercando você, sua casa, você me disse que não havia nada entre vocês... Estou me sentindo uma idiota, essa mulher me maltrata, me hostiliza e agora ela está deixando claras as reais intenções dela com você...

-- Meu amor escute-me, eu não te enganei, de fato, quando conheci você eu não tinha nada com ela, aconteceu sim, mas já faz tempo, há mais de dois anos. 

-- Pelo que ouvi não foi só uma aventura não é?

-- Foi forte sim. Estávamos muito próximas, eu estava traumatizada, o antigo agente que fazia minha proteção foi assassinado me protegendo, eu fui obrigada mais uma vez a trocar de identidade, mudar de cidade, além de tudo, descobrindo minha atração por mulheres... 

-- Ela foi sua primeira?

-- Não... Conheci as meninas na faculdade ainda. Mas nunca me envolvi nunca me permiti isso, sabia que na minha vida não havia espaço para relacionamentos, Maite foi a primeira que... Eu desejei ter algo mais.

-- Você se apaixonou por ela não é? Eu ouvi isso.

-- Acho que sim... E acho que ela também, foi quando ela decidiu terminar tudo, alegando falta de ética, de profissionalismo, enfim, depois disso, nunca mais ficamos, apesar de muitas vezes ela ter fugido de mim.

Aquelas revelações de Dulce me fez até não exigir tanta honestidade dela, doía de uma forma insana imaginar a mulher que eu amava apaixonada por outra que não fosse eu, realizar cenas das duas em minha mente fértil me sufocava.

-- Não sei o que você ouviu Any, mas se você ouviu toda a conversa, deve ter ouvido também o que disse sobre o quanto você mudou minha vida, sobre o quanto eu te amo.

Eu tentava conter minhas lágrimas angustiadas, dei as costas à Dulce, mas senti-a envolver-me em seus braços pela minha cintura, a respiração dela perto do meu pescoço, e o cheiro suave dela que o vento frio trazia me desarmou. 

-- … você que está no meu presente meu amor... E é você que quero para meu futuro. 

Dulce sussurrava despertando arrepios pelo meu corpo.

-- Não deixa que ninguém, nada mais nos separe meu amor... Precisamos ficar juntas, agora mais do que nunca.

No fundo, Dulce tinha razão, eu não tinha mesmo a menor intenção de protelar aquele mal-estar com ela, primeiro por que a amava, segundo, por que não daria o gosto a Maite de deixar o caminho livre para ela.

-- Dulce... Eu... 

-- Não fala mais nada meu amor... 

Dulce virou-me, encaixando seu corpo no meu, invadindo minha boca com sua língua, me rendi, ela sabia como me dominar, e o pior, ou o melhor, eu adora ser dominada por aquele corpo.

Correspondi ao beijo na mesma intensidade, sugando os lábios quentes de Dulce, mordisquei-os, posicionei minhas mãos na sua nuca, prendendo meus dedos entre seus cabelos como se quisesse tomar posse, mostrar o quanto eu queria que ela fosse só minha. Com minha respiração ofegante, falei ao seu ouvido:

-- Você é minha... Só minha...

-- Sim meu amor, só sua... Quero ser sua mulher pra sempre. 

Dulce sussurrou, e quando o calor dos nossos corpos aquecia a varanda fria, anunciando a entrega à paixão, fomos interrompidas pela campainha do celular de Dulce, era Maite. Meu impulso foi de lançar o aparelho ao chão, mas, supus que poderia ser alguma notícia do Cris, balançando a cabeça positivamente, meio que autorizei a atender.

-- Oi Maite. Como? Ai meu Deus... Estamos indo agora, peça para avisar a Dra. Elaine, para que ela atenda.

Angustiada mal esperei Dulce desligar e já perguntei ansiosa:

-- O que houve Dulce, notícias do Cris?

-- Infelizmente as notícias não são boas meu amor. A INTERPOL localizou o cativeiro, prendeu três membros da organização, mas o Cris, já estava inconsciente... E continua assim.

-- Mas ele está vivo? – Perguntei desesperada.

-- Sim... Mas o estado dele é muito grave.

No hospital, Dulce apressou-se em saber notícias mais precisas sobre o estado de Cristian, que estava sendo assistido por Elaine. Quando me deparei no corredor com Maite, minha vontade era arrastá-la pelos cabelos até uma sala qualquer e rasgar aquela cara de ar superior, com um bisturi. Obviamente meus impulsos violentos não se concretizariam até por uma questão de minha segurança, com as habilidades policiais daquela morena, em dois tempos eu estaria rendida e algemada por ela.

O melhor era mesmo tentar ignorar a presença dela, mas, confesso que foi algo quase impossível, percebi que ela não largava o celular, agitada, confabulava com outros agentes, exibindo sua autoridade sobre eles. Qualquer gesto dela agora tinha o poder de me irritar, tentei me concentrar na prioridade que naquele momento era meu amigo Cristian. 

Depois de quase uma hora, Juliana apareceu no corredor e ao me localizar veio em minha direção apressada:

-- Any... 

-- Juliana, você tem notícias do Cris?

-- Sim... Ele está sendo operado Any, Dra. Elaine está fazendo a cirurgia, Dra. Dulce está auxiliando. 

-- Cirurgia? 

-- Ele está muito machucado, teve hemorragia interna, a cirurgia foi mesmo para descobrir o local da hemorragia e cessá-la, mas ele entrou em choque pela perda de sangue, está muito debilitado Any.

Juliana colocou a mão no meu ombro, quando notou minha aparência angustiada:

-- Vem comigo, tomar uma água, se acalmar um pouco. – Convidou Juliana.

-- Obrigada Ju, mas vou ficar aqui, esperando Dulce, além do mais a família do Cris está chegando, quero ficar com eles... Dar uma força...

-- A cirurgia pode demorar um pouco ainda, se você precisar, procure-me na minha sala tudo bem?

-- Obrigada Ju. 

Notei o olhar atento de Maite na minha conversa com Juliana, mas não me intimidei. A agente se aproximou de mim e disse ríspida:

-- Vou para a delegacia, onde os traficantes estão presos, peça a Dulce para me avisar sobre o estado do seu amigo.

Nada falei, sequer olhei para ela o que pareceu irritá-la:

-- Você está me ouvindo Anahi?

Continuei calada, e Maite prosseguiu:

-- Além de tonta é infantil...

Qual criança turrona dei mostras de que a provocação de Maite não me atingia, e por muito pouco a agente não iniciou uma série de xingamentos a mim. Quando ela se preparava para dar continuidade à lista de adjetivos direcionada a minha pessoa, os pais de Cristian chegaram com seu irmão e sua irmã mais nova.

Maite deixou o hospital bufando, fiquei na companhia da família do Cris, passando as informações que eu tinha sobre o estado de saúde do meu amigo. Mais uma hora transcorreu e finalmente Elaine e Dulce  apareceram com o resultado da cirurgia:


-- Conseguimos conter a hemorragia, mas o estado do Cristian ainda é grave, está na UTI, preferimos induzir o coma, para poupar esforço respiratório e cardíaco. – Esclareceu Elaine.

-- Nós podemos vê-lo? – Perguntou angustiada a mãe de Cristian.

-- Um de cada vez, por favor. – Respondeu Elaine.

Saímos do hospital e já era de madrugada. Confesso que só de pirraça não dei recado algum de Maite à minha namorada, deduzi que acontecendo algo urgente em relação à prisão dos tais membros da organização criminosa ela daria um jeito de avisar. Ainda não estava à vontade com Dulce, ela se esforçava puxando assunto, fazendo carinho nas minhas pernas, no meu rosto, como era costume dela quando dirigia, mas eu não me rendi, apesar de realizar um esforço sobre-humano para controlar os impulsos do meu corpo em se entregar a ela.

Naquela noite, impus a Dulce um castigo, que acabou o sendo para mim também. Sentei-me na escrivaninha, ignorando as insinuações de Dulce, que vestiu a camisola mais sensual, usou os cremes que eu adorava, enquanto eu tentava me concentrar nos novos capítulos do meu livro. Dulce deitou-se, e perguntou:

-- Posso apagar a luz meu amor?

-- Aham.

Respondi fingindo indiferença.

-- Você não vem dormir?

-- Agora não.

-- Mas já está tarde amor... Vem pra cama, vem...

-- Estou sem sono, vou aproveitar para escrever.

Dulce levantou, andou de um lado para outro, fazendo questão de exibir suas formas nitidamente me provocando, caminhou até a porta que dava acesso a varanda, imprimindo gestos sensuais jogando seus cabelos, desnudando sua nuca, seu perfume se espalhava pelo quarto, aumentando meu esforço para não tomá-la em meus braços imediatamente.

Inconformada com minha passividade depois de tantas provocações, Dulce começou a me cercar mais de perto, abaixou-se encostando seu rosto no meu rosto como se quisesse ler o que eu escrevia. Inevitavelmente, minha pele eriçou, meu coração acelerou, contive minha respiração para que Dulce não percebesse minha excitação se evidenciando.

-- Dulce, você não ia dormir?

Afastei meu rosto do dela, baixei a tela do laptop e ela respondeu:

-- Também perdi o sono... Não consigo mais dormir sem você do meu lado.

Dulce mordeu os lábios, me encarando cheia de desejo. Desviei o olhar do dela, continuando a encenação: fingir indiferença.

-- Ah, consegue sim... Vou para sala então, a luz do notebook está te incomodando não é?

-- Não, claro que não... Pode ficar...

Olhei de lado e contive meu riso vendo Dulce se sentar na cama emburrada, deitou-se em seguida afastando o coberto com violência, cruzou os braços e fez bico emburrada. Ligou o abajur e pegou seu livro de cabeceira, mas não demorou muito até entregar-se ao sono.

Preparei para dormir e não resisti àquela imagem. Contemplei a mulher que eu amava, ali, linda, nas suas curvas perfeitas, contrastando a sensualidade com a aparência serena de um descanso merecido. Delicadamente, retirei seus óculos de leitura, guardei o livro que estava caído sobre seu peito, apaguei a luz do abajur e a cobri adequadamente, e como de costume, beijei sua bochecha antes de me deitar ao seu lado, interiormente me deliciando por ter resistido à ela, e ao mesmo tempo, me sentindo uma idiota por rejeitar o corpo que eu mais desejava.


 


 


 



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Autor(a): angelr

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 247



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  • tryciarg89 Postado em 20/05/2023 - 21:04:11

    Simplesmente linda, emocionante, engraçada e apaixonante

  • NoExistente Postado em 27/01/2021 - 12:08:36

    Fui obrigada a comentar. Senhor, nem sei o que eu digo dessa estória maravilhosa. Tinha acabado de ler uma fic meio decepcionante delas e entrei sem muitas expectativas aqui. Minha surpresa foi apegar a escrita e o jeito dos personagens, me emocionar, rir e sorrir com a narração. Perdi minha vida nos últimos 4 caps, e foi surpreendente como conseguiu transmitir a tristeza e, sinceramente, cheguei a um estado de negação e desespero. Obrigada por essa leitura fantástica.

  • angelr Postado em 24/01/2015 - 23:18:06

    justin_rbd - *__*

  • angelr Postado em 24/01/2015 - 23:17:41

    portinonnessa14 - hahaha tadinhas ne

  • angelr Postado em 24/01/2015 - 23:17:15

    flavianaperroni - Pode deixar que aviso

  • angelr Postado em 24/01/2015 - 23:16:45

    anymaniecahastalamuerte - Sempre que puder compartilharei

  • angelr Postado em 24/01/2015 - 23:13:46

    garotaloka - Que bom fico feliz *_*

  • justin_rbd Postado em 24/01/2015 - 12:12:52

    final mais que perfeito !!

  • portinonnessa14 Postado em 24/01/2015 - 02:25:21

    Vamos gente todo mundo ler a web da nossa querida Angelr Um doce amor que é ótima

  • portinonnessa14 Postado em 24/01/2015 - 02:22:33

    Oi Angelr minha querida a que bom que a Dulce está viva agora sim posso respirar aliviada o que posso dizer desse final foi lindo e bem o que eu queria mesmo o mais importante é que as duas ficaram juntas neh afinal sou portinon neh e não aguento ver a minha Anny sofrer mais obrigada beijinhos


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