Fanfic: Aconteceu Você | Tema: Portinon
Continuei muda, sentei-me na cama de solteiro ali disposta, Juliana puxou uma cadeira e sentou-se de frente para mim:
-- Quer desabafar um pouco?
Bem que eu queria, mas não podia:
-- Ju minha vida parece estar desmoronando... Eu me sinto tão culpada pelo estado do Cris...
-- Culpada? Mas por quê?
-- Por que... Eu devia ter dito o que eu achava desse cara estranho que ele estava saindo, devia ter feito algo pra ele fazer as pazes com Diego... Sei lá...
-- Any não é justo você se culpar, foi uma fatalidade.
Juliana segurava minha mão, e eu só conseguia pensar onde estava Dulce, por que ela não me ligava, e minha expressão de angústia não se desfazia, apesar de todo carinho da enfermeira.
-- Há algo mais te incomodando? Onde está Dulce que não veio com você hoje?
-- Hã? Não, nada mais me incomoda... Dulce precisou viajar algo relacionado à universidade...
-- Hum... Então, hoje te faço companhia, espera meu plantão acabar, que saímos para almoçar juntas, que tal?
-- Tudo bem... Espero você no estacionamento.
Eu precisava mesmo de uma companhia agradável como a de Juliana para dissipar aquele sentimento de impotência. O agente Borges chegava a olhar penalizado para mim, quando eu insistentemente usava o celular sem obter resposta nem de Maite, nem de Dulce. Ele se aproximou de mim, tentando me acalmar:
-- Anahi, fique calma, daqui a pouco ela estará de volta...
-- Mas por que ela não pode me ligar? Preciso ouvir a voz dela...
-- Anahi, isso é informação confidencial, mas só para você ficar mais tranquila, ela não ligou e Maite desligou o celular, por que não sabemos quais linhas estão seguras, você já deve saber que há um agente duplo entre nós, provavelmente na Inteligência, o momento é crucial, hoje a operação de negociação terá início.
-- Hoje? Então Dulce está na Colômbia?
-- Anahi, já falei demais...
-- Borges, por favor!
-- Anahi a operação mudou, por que membros das FARC chegaram à Nova Esperança e por pouco não pegaram a Lisa, cercaram-na no estacionamento...
-- Meu Deus! Ela está ferida não é?
-- Não, ela está bem... Mas o policial Gouveia... Bem, ele foi ferido, e... Não sobreviveu.
-- Mas como ninguém soube disso?
-- Anahi somos da polícia secreta... Temos meios para abafar esses episódios...
-- Borges me leve até ela...
Implorei, mas o agente estava insensível agora.
-- Já falei mais do que podia, agora se acalme, deixe-me fazer meu trabalho que é de proteger você e reze pra que dê tudo certo na operação.
Minha angústia agora era outra, era o risco que minha namorada estava correndo. Juliana entrou no carro que nem percebi me dando um susto tão grande que apertei a buzina do carro sem querer:
-- Ai Juliana! Que susto!
-- Ei! Calma...
Juliana sorriu divertida, afivelando o cinto de segurança.
-- Podemos passar na minha casa? Quero tomar um banho, trocar de roupa...
-- Claro.
E assim, a gentil e adorável enfermeira foi uma amiga leal naquele dia nublado. No final do dia, depois de almoçarmos, e descansarmos na casa de Juliana, que durante todo tempo foi educada, não ousando se insinuar para mim voltei para casa de Dulce, com o agente Borges sempre no meu encalço.
Ao de chegarmos à estrada de terra que dava acesso à casa de Dulce, me dei conta que o carro do agente Borges, não me seguia como de costume, comecei a me apavorar, até um carro me fechar na estrada estreita e dois homens descerem com armas em punho e me arrancarem do meu carro com violência, jogando-me no banco traseiro do carro deles.
Amarraram minhas mãos e me amordaçaram, logicamente, eu estava apavorada, mas tinha a certeza que eles não me matariam imediatamente, supondo que eu seria usada para pressionar Dulce nas negociações, o que me apavorava ainda mais pela vida dela. Nunca rezei tanto na minha vida como naquele momento.
O percurso não foi longo, cerca de quinze minutos depois pararam o carro, e com a mesma violência que me jogaram no carro, também me arrancaram. Empurrou-me por um caminho de terra, aparentemente um sítio que eu desconhecia. Entramos numa espécie de depósito de ferragens, prenderam-me com correntes em uma viga de madeira e me deixaram ali sob a vigilância de quatro homens armados com fuzis, pelo menos era o que eu achava, qualquer arma de cano longo para mim era fuzil.
Não sei por quanto tempo fiquei ali, pode até ter sido alguns minutos, mas para mim foi uma eternidade, o medo por minha vida e a vida de Dulce, a ignorância acerca do que estava acontecendo, transformaram aquele cárcere em uma tortura psicológica, qualquer movimentação daqueles homens mal encarados acendia um sinal de alerta no meu nervosismo.
E foi justamente uma movimentação estranha que anunciou a situação drástica de desfecho, e no depósito novos rostos apareceram se multiplicaram, e para meu desespero ouvi tiros, de diversos sons, e pela porta lateral vi um homem igualmente rendido como eu, era trazido por dois homens. Visivelmente abatido, debilitado, com barba mal feita, mancando, o homem foi jogado ao chão. Deduzi que se tratava de João Marcos, o pai de Dulce.
Ele permaneceu no chão, sua expressão era de dor, seu rosto suado, pálido, não descrevia a personalidade de homem forte que Dulce sempre ressaltava. Imaginei a felicidade de minha namorada ao reencontrar seu pai, e isso me encheu de esperança e de força para enfrentar aquele momento de guerra.
A troca de tiros era intensa, vi membros da organização feridos, e um que me parecia ser o líder deles, falava ao celular aos berros, eu entendia pouca coisa, meu espanhol nunca foi dos melhores, especialmente no quesito palavrão. O fato foi que o líder após a ligação ordenou o cessar fogo.
O cenário dentro do depósito demonstrava que a situação não estava favorável para os bandidos, muitos caídos, inconscientes, talvez mortos, ainda inteiros apenas três dos muitos que começaram o tiroteio. Foi então que o líder apenas com um sinal, autorizou que seu compassa pegasse o refém. Numa atitude sádica, o bandido levantou o homem segurando-o pelos cabelos, e caminhou com ele até a porta.
Outra vez o líder atendeu o celular, e dessa vez entendi que ele avisava que abriria a porta para liberar o “Joca”.
Assim, tive a certeza que o refém era mesmo o meu sogro. A porta se abriu e o bandido apontando a arma para a cabeça do senhor Joca saiu, seguidos dos outros dois, deixando-me sozinha, presa no depósito.
Vi a oportunidade de tentar me desvencilhar daquelas correntes, e não ser a arma secreta dos bandidos contra a polícia supus que ninguém sabia que eu estava sob o poder deles, e assim, uma hora os membros da quadrilha me usariam.
Não consegui ouvir bem o que conversavam, e minha preocupação era soltar-me das correntes e fugir pela porta lateral, e a chance que eu tinha era quebrar a viga de madeira, deduzi que aquela madeira velha não resistiria a muitos choques, usei de toda minha força, com chutes e socos, solavancos com a corrente, me animando quando notei o ranger da madeira evidenciando sua fragilidade.
Intensifiquei o esforço e enfim, a madeira quebrou e me soltei. Corri pela porta lateral, esquivando-me, vi Dulce atrás dos carros da polícia, Maite bem perto dela, e um homem mais velho, devidamente equipado, com colete à prova de balas que aparentemente fazia a negociação com o líder da quadrilha.
Havia resistência do líder em liberar o senhor Joca, exigiu que Dulce levasse o filme e entregasse em suas mãos, o que obviamente, Maite não permitiu, até que a própria Dulce se colocou a disposição, profundamente emocionada por ver seu pai, bem ali na sua frente.
Com um embrulho nas mãos, ela caminhou lentamente, e eu com meu coração na mão assistindo aquilo. Até que observei, atrás de uma árvore, um homem que lembrava o policial Gouveia, com uma arma apontada na direção de Dulce, e um ponto de laser vermelho vagueando no seu corpo.
Desesperada, lembrei-me do que o policial Borges me falou sobre o agente duplo, e se Gouveia fosse esse traidor? Não sabia o que fazer e como um impulso corri para a frente de Dulce gritando:
-- Dulceeeeeeeeeeeeeeee!
Joguei meu corpo derrubando Dulce no chão no momento exato que dispararam o tiro contra ela, gritei:
-- Maite atrás da árvore!
Meio atônita sem entender direito o que se passava, Maite olhou na direção que apontei e viu um homem correndo, não pensou duas vezes e atirou, derrubando o atirador. O fato é que minha loucura pode ter salvado a vida de Dulce, mas, instalou o caos. Deu o início a um novo tiroteio, e o senhor Joca, foi mais uma vez levado para dentro do depósito sendo usado como escudo. Permaneci no chão com Dulce, sentindo uma dor intensa no abdome, deduzi que algum estilhaço da bala me alvejou, mantive a mão sobre as costas de Dulce, como se isso tivesse o poder de protegê-la.
Alguns minutos depois, e depois de uma intensa troca de tiros, o comandante da operação ordenou a invasão do depósito, e rapidamente, saíram com dois bandidos presos e João Marcos livre.
-- Dulce, meu amor, acabou! Levante-se, venha abraçar seu pai!
Quando pensei que o pesadelo chegara ao fim, me dei conta que ela só começara. Ao retirar minha mão das costas de Dulce, a vi embebida em sangue, e os olhos cerrados de minha namorada atestaram o pior pesadelo da minha vida.
-- Meu amor! Fala comigo, Dul, pelo amor de Deus, não faz isso comigo...
Sacudia Dulce, desesperada, quando Maite se aproximou acompanhada do senhor João Marcos:
-- Meu Deus! Lisa!
Maite se ajoelhou imediatamente e gritou para os demais:
-- Chamem uma ambulância!
Dulce não dava nenhum sinal de vida, seu pai também desesperado chorava clamando:
-- Lute minha filha... Lute!
Maite virou o corpo de Dulce, retirou sua própria jaqueta para tentar estancar o sangue do sangramento e elevou sua cabeça, visivelmente apavorada. Eu suplicava aos céus pela vida da mulher que eu amava, falando ao seu ouvido:
-- Não me deixa meu amor... Fica comigo...
A ambulância chegou e quando fiz menção de levantar para acompanhar Dulce, senti-me tonta, minha visão ficou turva, e Maite observou tensa:
-- Anahi você também está ferida.
Passei a mão na minha barriga e confirmei o que Maite observou, não vi mais nada, desmaiei.
Vixe o bicho pegou :((( dias tensos chegando na web...
Gente a fic acaba essa semana, aguardem os proximos acontecimentos.
Autor(a): angelr
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 247
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tryciarg89 Postado em 20/05/2023 - 21:04:11
Simplesmente linda, emocionante, engraçada e apaixonante
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NoExistente Postado em 27/01/2021 - 12:08:36
Fui obrigada a comentar. Senhor, nem sei o que eu digo dessa estória maravilhosa. Tinha acabado de ler uma fic meio decepcionante delas e entrei sem muitas expectativas aqui. Minha surpresa foi apegar a escrita e o jeito dos personagens, me emocionar, rir e sorrir com a narração. Perdi minha vida nos últimos 4 caps, e foi surpreendente como conseguiu transmitir a tristeza e, sinceramente, cheguei a um estado de negação e desespero. Obrigada por essa leitura fantástica.
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angelr Postado em 24/01/2015 - 23:18:06
justin_rbd - *__*
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angelr Postado em 24/01/2015 - 23:17:41
portinonnessa14 - hahaha tadinhas ne
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angelr Postado em 24/01/2015 - 23:17:15
flavianaperroni - Pode deixar que aviso
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angelr Postado em 24/01/2015 - 23:16:45
anymaniecahastalamuerte - Sempre que puder compartilharei
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angelr Postado em 24/01/2015 - 23:13:46
garotaloka - Que bom fico feliz *_*
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justin_rbd Postado em 24/01/2015 - 12:12:52
final mais que perfeito !!
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portinonnessa14 Postado em 24/01/2015 - 02:25:21
Vamos gente todo mundo ler a web da nossa querida Angelr Um doce amor que é ótima
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portinonnessa14 Postado em 24/01/2015 - 02:22:33
Oi Angelr minha querida a que bom que a Dulce está viva agora sim posso respirar aliviada o que posso dizer desse final foi lindo e bem o que eu queria mesmo o mais importante é que as duas ficaram juntas neh afinal sou portinon neh e não aguento ver a minha Anny sofrer mais obrigada beijinhos