Fanfic: Aconteceu Você | Tema: Portinon
Minha vida se resumia a trabalho, e por incrível que pareça eu estava bem com isso. Algumas vezes saí com as meninas para uma balada, mas o mundo hetero não me apetecia em nada, por conta disso, Eveline até se dispôs a me acompanhar em uma boate GLS, o que só me rendeu boas risadas com o assédio que ela sofreu. Cris e Diego ainda me visitaram, me mostraram os points gays da minha cidade, mas sinceramente, eu ainda sofria tecendo comparações entre as mulheres que se aproximavam e Dulce.
-- Any isso não é saudável sabia?
-- O que Cris?
-- Você assim ainda tão apegada à Dulce... Já faz quase um ano que ela se foi, eu sei que mulheres são complicadas, mas é injusto com as outras mulheres, ela competirem com a lembrança de uma mulher tão perfeita que não pode mais errar com você, por que simplesmente não está mais aqui...
-- Você não entende Cris, não é por vontade minha, eu simplesmente sinto Dulce diariamente, a sensação é tão forte, tão real, que muitas vezes paro de andar na rua, certa que os olhos dela me acompanham... … como se ela estivesse bem perto de mim...
-- Any, isso deve ter alguma explicação, seja Freud, seja Chico Xavier, alguém deve explicar isso, mas prefiro a minha orientação que é: bicha sai dessa! Abra esse coração, e põe essa perereca na pista de novo!
-- Cristian! – Exclamei pudicamente.
-- Quê que é? Vai me dizer que ela morreu também? Eu sei que não, deve estar louca pra saltar no brejo cheio de sapas de novo...
-- Você é horrível...
-- Posso até ser, mas sabe que estou certo...
Será mesmo que meu amigo estava certo? Foi alvo de muita reflexão e de muitas postagens no site, e uma enxurrada de respostas, cantadas e convites para sair. Beatriz até chegou a marcar uns encontros para mim, e acabei desistindo de todos, seria um processo difícil, tive certeza. Até minha mãe entrou na equipe “arrume uma namorada para Any”, não posso negar que ver isso foi cômico, minha mãe selecionando fotos de leitoras que me mandavam fotos por e-mail se candidatando a minha nova namorada. Mas todo esforço conjunto não deu em nada.
Pelos jornais e sites de notícias acompanhei com satisfação a prisão de Hector Gutierrez, e uma nova eleição foi convocada em Honduras. Finalmente aquele facínora seria julgado, de certa forma ajudava no processo de conformação dos fatos.
Meu segundo livro estava pronto para ser publicado, e nessa ocasião recebi a triste notícia que minha editora fora substituída, fui chamada para conhecê-la, por telefone ela já me adiantou que gostaria de fazer correções e sugestões, o que já me deixou irritada... Preparei-me para ter a discussão do século com ela, antipatizei sem se quer vê-la, mas quando abri a porta do seu escritório, vi um espetáculo de mulher vestida em um vestido estampado, com decote discreto, colares no pescoço, sandália delicada, uma loira simplesmente maravilhosa, tanto que perdi a voz e a coragem de brigar com uma beldade daquelas...
-- Anahi Portilla?
-- Sim...
-- Carla Matos, sua nova editora.
A loira estendeu a mão para um cumprimento formal, mas a velha Any atrapalhada ainda estava ali... Ao caminhar para retribuir o cumprimento, chutei uma poltrona, tropicando, caindo apoiada na minha nova editora que para nossa sorte tinha outra poltrona ao seu lado.
-- Ai meu Deus, desculpe-me...
-- Você deveria estar pedindo desculpas a mim que estou com o pé destruído, e não a Deus.
Levantei-me toda desengonçada, ainda pisando nos pés de Carla:
-- Desculpe-me, sou desastrada...
-- Isso eu percebi, ainda bem que você é mais cuidadosa na escrita.
A antipatia da loira só a deixava mais atraente. Pediu que eu me sentasse, e começou listar trechos do livro que ela julgava ser necessário ser modificado e como deveria ser tal modificação, mas quem disse que escutei alguma coisa? Eu só conseguia prestar atenção no movimento de sua boca sensual, desejando calá-la com um beijo ardente...
Anahi comporte! Eu mesma me censurava, tentando me concentrar nas orientações, que mais me pareciam ordens.
-- Então Anahi, recomendei essas alterações, espero que concorde, assim não atrasaremos a publicação.
-- Mas... Essas alterações mudam o perfil das minhas personagens. Não é esse meu desejo.
-- Mas suas personagens precisam ser mais ricas em traços diferentes das personagens do livro anterior, elas são praticamente idênticas na intensidade, nas ações...
-- Por que minhas personagens são inspiradas em pessoas reais, é assim que eu quero que elas sejam, com profissões e histórias de vida diferentes, mas igualmente apaixonantes e apaixonadas, intensas, fortes e sensíveis ao mesmo tempo...
-- Ok ok, não vou entrar nessa de discutir criação com o criador, minha função é aprimorar sua obra para torná-la mais comercial, mais atrativa, e no meu julgamento essas alterações são necessárias.
-- Mas no meu não. A Catarina nunca faria esse tipo de coisa, ela respeitava minha escrita, minha criação.
-- Catarina é uma excelente editora, mas ela não teve grande trabalho no seu primeiro livro, a responsabilidade agora é maior, você tem um fã clube, seguidoras ansiosas por esse livro, sempre se espera mais dos livros posteriores, maior maturidade literária do escritor, inovações...
Levantei-me impaciente com o ar de superioridade da loira.
-- Eu já disse que não... As alterações dizem respeito apenas ao português, formatação, enfim.
Bati o pé, alguém tinha que ceder, mas não seria eu, até que a dona da editora entrou na sala me cumprimentando empolgada com a quinta edição do meu primeiro livro. Bom, com a notícia, minha moral estava mais alta do que nunca, era a hora para fazer exigências e o fiz “não mudar características das minhas personagens”. E assim, Daniele bateu o martelo. Notei Carla fumaçando de raiva brincando com a caneta de maneira nervosa. Saí da sala vitoriosa, mais do que isso, profundamente mexida com Carla.
Entrei no elevador, que por milagre estava vazio, antes da porta se fechar alguém gritou no corredor:
-- “Segura a porta pra mim!”
Assim o fiz, e adivinha, era ela, Carla. Ao me ver sua aparência mudou, aquela antipatia, misturado ao ar de superioridade, naquele rosto afilado, e seus olhos acinzentados a tornava irresistível para mim.
-- Conseguiu o que queria não é? – Perguntou hostil.
-- Eu? Ah... Sempre consigo o que quero...
Desconheci meu descaramento quando disse isso mordendo meus lábios olhando para seu bumbum arrebitado. Ruborizei quando notei que ela percebeu minha afirmação de duplo sentido. Mas, antes que eu me recompusesse, numa fração de segundos, Carla parou o elevador, me jogou contra o espelho, e sussurrou:
-- Eu também...
Tomou minha boca com volúpia, invadindo-a com sua língua, sugando a minha, mordiscando meus lábios, enquanto suas mãos percorriam meu corpo, apalpando-o, arrancando um gemido de mim e despertando a umidade do meu sexo. Quando tentei tocá-la, Carla segurou minhas mãos acima da minha cabeça, empurrou sua coxa entre minhas pernas, me dominando completamente. Provocou-me roçando sua perna no meu sexo e quando estava praticamente suplicando para que ela me possuísse, ela se afastou abruptamente, apertou o mesmo botão e o elevador se abriu. Como se nada tivesse acontecido, saiu do elevador, ajeitando os cabelos e limpando o batom borrado, deixando-me quase pregada nas paredes do elevador, como se tivesse saído do olho de um furacão.
O encontro quente com minha nova editora me tirou a paz, não conseguia tirá-la da cabeça, e pior nem do meu corpo. Sentia-me culpada por me sentir tão atraída por outra mulher, era como se estivesse saindo de um luto mas, o amor que eu sentia por Dulce, continuava intacto como se ela ainda estivesse ao meu lado, assim, minha consciência pesava como se estivesse traindo a mulher que eu amava.
E o caos de sentimentos se instalou, ficava ainda mais confusa quando Dulce me visitava todas as noites em sonho, repetindo que sempre me amaria e que sentia saudades. Acordava arrasada, chorando, e abraçava os travesseiros que enchi com o perfume que ela usava.
Quando meu segundo livro ficou pronto para a publicação, meus encontros com Carla ficaram mais frequentes, mas a loira agia como se nada estivesse acontecido, o que me deixava irritada, mas ao mesmo tempo mais atraída por ela.
Uma semana antes do lançamento oficial, Carla me visitou no meu apartamento para minha surpresa:
-- Carla! O que você faz aqui?
-- Vim te entregar pessoalmente algumas cópias do seu livro, está quentinho ainda... Posso entrar?
-- Claro.
Convidei a sentar-se, e ficamos trocando impressões sobre o resultado final da arte da capa. Eu estava tomando vinho, aceita um cálice?
-- Aceito.
E assim, a noite tomava ares de romance no meu apartamento, algo que me inquietava, me dividia entre meu amor por Dulce e meu desejo por Carla. Depois de quase uma garrafa de vinho, e um monte de assuntos amenos, Carla mostrou seu lado sedutor de uma maneira irresistível: cruzou as pernas deslizando os dedos pelo seu decote, sorveu um gole do vinho, e enquanto eu virei o cálice inteiro, deixando escapar uma gota no canto da boca, a loira colheu delicadamente com sua mão, e fixou seus olhos na minha boca. Bastou isso para que eu sentisse meu corpo estremecer, e dessa vez quem praticamente a atacou fui eu, beijando-a com urgência jogando meu corpo sobre o dela no sofá.
As carícias evoluiriam para o inevitável. Bastou uma frase da loira para apagar meu fogo instantaneamente:
-- Dá pra mim dá...
Era exatamente assim que Dulce sussurrava ao meu ouvido. Levantei-me meio desorientada, desconcertada:
-- Any, o que foi? Aconteceu alguma coisa?
-- Não... … que...
-- Eu sei... Você está com medo não é?
-- Medo?
-- De se envolver... De ter outra mulher na sua vida...
-- Carla, não é isso...
-- Eu sei o que aconteceu, você perdeu sua namorada não foi?
-- …...
-- Deixa eu esclarecer uma coisa então, vem cá...
Carla me puxou de volta para o sofá e me disse:
-- Eu gosto de você, te admiro, te desejo, e não sou mulher de brincar com outra, não sou tão predadora quanto aparento, isso é puro disfarce, sedução...
-- Acho que dá certo viu...
Carla ruborizou e sorriu:
-- Não adianta tentar me deixar tímida, por que isso fico fácil perto de você, você mexe comigo desde que li seu primeiro conto.
-- Sério?
-- Ahan... Então Any, se você me der uma chance, eu quero ser mais que sua editora...
Autor(a): angelr
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O pedido de Carla foi tão fofo, tão sincero, aquela beldade mostrando seu lado sensível me seduziu mais do que seu ar de predadora. -- Eu fico lisonjeada, você é tão linda, tão... -- Mas não vai me aceitar não é? -- Não, não é isso Carla, eu só preciso processar isso dir ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 247
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tryciarg89 Postado em 20/05/2023 - 21:04:11
Simplesmente linda, emocionante, engraçada e apaixonante
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NoExistente Postado em 27/01/2021 - 12:08:36
Fui obrigada a comentar. Senhor, nem sei o que eu digo dessa estória maravilhosa. Tinha acabado de ler uma fic meio decepcionante delas e entrei sem muitas expectativas aqui. Minha surpresa foi apegar a escrita e o jeito dos personagens, me emocionar, rir e sorrir com a narração. Perdi minha vida nos últimos 4 caps, e foi surpreendente como conseguiu transmitir a tristeza e, sinceramente, cheguei a um estado de negação e desespero. Obrigada por essa leitura fantástica.
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angelr Postado em 24/01/2015 - 23:18:06
justin_rbd - *__*
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angelr Postado em 24/01/2015 - 23:17:41
portinonnessa14 - hahaha tadinhas ne
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angelr Postado em 24/01/2015 - 23:17:15
flavianaperroni - Pode deixar que aviso
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angelr Postado em 24/01/2015 - 23:16:45
anymaniecahastalamuerte - Sempre que puder compartilharei
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angelr Postado em 24/01/2015 - 23:13:46
garotaloka - Que bom fico feliz *_*
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justin_rbd Postado em 24/01/2015 - 12:12:52
final mais que perfeito !!
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portinonnessa14 Postado em 24/01/2015 - 02:25:21
Vamos gente todo mundo ler a web da nossa querida Angelr Um doce amor que é ótima
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portinonnessa14 Postado em 24/01/2015 - 02:22:33
Oi Angelr minha querida a que bom que a Dulce está viva agora sim posso respirar aliviada o que posso dizer desse final foi lindo e bem o que eu queria mesmo o mais importante é que as duas ficaram juntas neh afinal sou portinon neh e não aguento ver a minha Anny sofrer mais obrigada beijinhos