Fanfics Brasil - Capitulo 9 Aconteceu Você

Fanfic: Aconteceu Você | Tema: Portinon


Capítulo: Capitulo 9

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Outra noite longa sucedeu o momento mais incrível da minha vida até então. Perdi-me entre dúvidas acerca do comportamento de Dulce e sobre minha própria reação diante do meu primeiro beijo em uma mulher. O que teria acontecido se não tivesse sido interrompida pela ligação do Cris? 

Curiosa sobre esse universo lésbico, e movida pela insônia, trouxe meu notebook pra cama e comecei a navegar pela net buscando informações digamos, técnicas sobre o relacionamento de duas mulheres. Li coisas que classifiquei como surreais, achei vídeos bizarros, clipes excitantes de filmes e séries temáticas. Minha navegação esbarrou em sites especializados em contos lésbicos com traços bastante eróticos. A simples leitura me provocou uma excitação inenarrável, unida à lembrança dos beijos e do corpo de Dulce roçando no meu.

Perdi a hora naquela leitura, empolgada até com os comentários de outras leitoras, nunca tive a menor curiosidade nesse tipo de literatura, mas naquela noite parecia mais interessante do que qualquer grande escritor que eu era tão fã. Enfim o cansaço me fez dormir, mas os meus sonhos só tinham uma personagem: Dulce. Revivi cada beijo e cada toque dela na minha pele, e acordei com o despertador, suada e molhada, gemendo o nome da médica mais sensual que eu conhecia.

Meio atordoada, com vergonha de mim mesma pelo meu estado, me apressei para chegar cedo ao trabalho e dar início a nova edição da Folha de Nova Esperança. Minha equipe já me esperava Luiza preocupada com minha saúde, já que não havia me visto desde a queda do cavalo no sábado. Meu semblante de cansaço e minha olheiras tinham a justificativa das dores no corpo consequentes do acidente, mas a verdade era que eu curtia mesmo eram as consequências do domingo com Dulce.

Nossa nova edição já tinha a temática pré-definida, a cobertura da festa de centenário do município. Algumas notícias policiais da região seriam abordadas, e mais uma vez a parceria com a universidade ia ter espaço, dessa vez com uma coluna especial sobre saúde. Definida a pauta, cada um se retirou, rumo a cumprir sua obrigação, eu por outro lado, fui sequestrada pelo meu “chefe”, que não escondeu a curiosidade em saber como tinha sido meu encontro com Dulce.

-- Conte-me tudo, não me esconda nada!

--Cris... Não há o que contar...

-- Fala sério Any! 

-- Estou falando sério... Nada demais...

-- Anahi Portilla! Você saiu da festa com a mulher mais linda de Nova Esperança, e detalhe, ela é entendidíssima... E não escondeu interesse por você... Horas depois ligo para você e a senhorita continuava na companhia dela, chegaram com aquelas caras de culpa e você me diz que não teve nada demais?

Sorri sem graça, mexendo nos papéis da mesa, enquanto o Cris continuou:

-- Fala antes que eu ligue pra ela e pergunte a ela!

-- Você não teria coragem Cristian!

-- Duvida?

Cristian perguntou já abrindo o celular. Não paguei pra ver, apavorada disse:

-- Tudo bem, tudo bem, eu falo!

Quase cochichando fui narrando minha primeira experiência lésbica, muitas vezes o Cris me interrompia com um: - Hã?- De tão baixo que eu falava. Ao final da história disse demonstrando decepção:

-- Foi incrível Cris... De longe a experiência mais... Mais... Nem sei te descrever, era como se meu corpo esperasse por aquilo toda vida... Entretanto... Acho que para ela não significou tanto. Ao me despedir dela na frente da minha casa, ela recusou um beijo quando me aproximei.

-- Você ia beijá-la na rua?

-- Mas era tarde, dentro do carro...

-- Anahi! Está maluca filha? Essa cidade é um ovo! Todo mundo se conhece, e você ia beijar a médica mais conhecida daqui, na frente da sua casa? Ainda bem que ela recusou o beijo, se não hoje você estaria de novo no auge das fofocas, e aqui filha, não tem imprensa pra divulgar isso, é boca a boca mesmo, te garanto que é bem pior.

O comentário de Cris me trouxe à realidade, e me fez enxergar como fui estúpida mais uma vez com Dulce. Minha preocupação em me desculpar com ela tirou minha paz o resto do dia, por várias vezes pensei em pedir o número do telefone dela ao Cris a fim de esclarecer meu comportamento na noite anterior, mas fui tomada de uma insegurança ridícula para minha idade. 

Não só a insegurança em ser rejeitada por uma mulher, mas principalmente a insegurança acerca dos meus desejos. Nunca me imaginei em um mundo homossexual, e isso me deixava apavorada. Mergulhei em literatura especializada, questionando minha motivação em estar tão atraída por uma mulher, será que se tratava de um trauma por ter sido trocada pelo meu noivo por outro homem? Estaria eu perdida na minha carência? 

Toda minha pesquisa temática não me ajudava em muita coisa, por que meu pensamento viajava para perto de Dulce, não consegui me concentrar sequer no trabalho. E a curiosidade intensificada pela lembrança dos contos e vídeos que assisti na madrugada me deixou como se fosse possível ainda mais distraída. 

-- Anahi? Anahi?

A voz me parecia tão longe... Até que ficou mais alta:

-- ANAHIIIIIIIIIIII!

O grito me desequilibrou, no susto virei à cadeira giratória velozmente, derrubando os papéis de cima da mesa, quando ergui meus olhos me deparei com ela, linda, com um embrulho na mão: Dra. Dulce.

-- Faz uns dez minutos que estou aqui te chamando menina! Trouxe um lanchinho para você... Essa torta de morango aqui é a melhor da região!

A visão mais parecia com algum sonho atrapalhado meu. A voz me faltou, enquanto Dulce educadamente colocou o embrulho sobre a mesa e se abaixou para recolher os papéis que caíram no chão. Eu, atônita, sem ação, fiquei na cadeira enquanto Dulce estava ali, literalmente aos meus pés.

-- Veja só... Minha posição diante de você Anahi... 

O sorriso de Dulce pra mim por pouco não me derrubava da cadeira, minhas pernas tremiam, e eu travava uma luta comigo mesma, em um diálogo nervoso - “Fala alguma coisa sua idiota! Você sonhou com ela a noite inteira! Fala Anahi Portilla – Mas naquele momento, eu não tinha autoridade nem comigo mesma...

-- Então, estou atrapalhando seu trabalho?

Buscando forças para conter meu nervosismo diante de Dulce, apenas balancei a cabeça negativamente, enquanto me abaixava a fim de ajudá-la a recolher meus papéis. Nossas mãos se tocaram e isso foi o suficiente para eriçar minha pele e acelerar ainda mais meu coração. Dulce foi levantando e me ofereceu sua mão para ajudar a me erguer.

-- Você não vai me dar o prazer de ouvir sua voz?

Sorri sem jeito, e disse:

-- Oi Dulce... Não esperava sua visita. E não, você não atrapalha em nada.

-- Bom saber. Vamos lanchar então?

-- Claro. Vamos para mesa.

Dulce colocou o embrulho sobre a mesa de reuniões do meu escritório, desembalou com cuidado, pediu que eu sentasse e logo me preocupei:

-- Vou providenciar talheres e pratos...

-- Não há necessidade... Sente-se.

Dulce tirou de sua bolsa um saco plástico com dois garfos, sentou ao meu lado, e disse:

-- Essa torta só tem graça se for comida assim... Sem desperdiçar nada do recheio e cobertura no prato...

Dulce deu a primeira garfada, e me serviu a torta na boca. Aceitei a oferta, sem graça, enquanto ela disse:

-- E aí? Mas saboreie com delicadeza... Sem pressa... Sinta a maciez dessa cobertura e a suavidade da massa...

Segui as orientações de Dulce, e sem dúvida era a melhor torta do mundo, não sei se pelo sabor da guloseima, ou por estar comendo das mãos de Dulce que aguardava ansiosa minha resposta.

-- Deliciosa, divina, perfeita...


Meus adjetivos obviamente não se restringiam só à torta, Dulce sorriu e provou ela mesma da torta e me encarando, confirmou cada elogio que fiz. Em minutos comemos toda a torta, e conforme a ordem de Dulce, não desperdiçamos nada do recheio e da cobertura, com os dedos mesmo fomos aproveitando o que ficou grudado no embrulho em um clima descontraído nos percebemos lambuzadas pela cobertura de chantilly, tomada de uma ousadia inesperada eu disse:

-- Nada pode ser desperdiçado...

Passei meus dedos pelos lábios de Dulce retirando o excesso do chantilly, e lambi meus dedos sem desviar do olhar daquela médica que me tirava à paz. Dulce foi mais ousada, e disse:

-- Você tem toda razão...

Ela se aproximou de mim, e com a língua limpou o canto dos meus lábios do recheio da torta, fechei os olhos inebriada pelo perfume de Dulce e excitada pelo calor da boca dela tão próxima da minha. Ao se afastar da minha boca, Dulce fixou seu olhar no meu, e eu não resisti, roubei-lhe um beijo demorado, ainda mais delicioso pelo sabor de morango com chantilly nas nossas bocas.

Dulce segurou-me pela nuca, intensificando o beijo, puxando-me para mais perto dela ainda, a ponto de me colocar quase no colo dela. Minhas mãos ganharam vida própria, me perdi pela pele de Dulce, entrelaçando meus dedos entre os cabelos dela, deixando escapar suspiros e gemidos, sentindo meu corpo queimar de tanto desejo.

Eu sequer me preocupava com o risco de alguém nos flagrar ali. Queria mais do corpo de Dulce, mas como tudo na minha vida tem um toque de Murphy, a porta se abre e o Cris nos surpreende do susto Dulce me solta bruscamente e eu me estrebuchei no chão.



-- Desculpe-me meninas... Ai meu Deus, Any você está bem?

Muito constrangida e amargando a dor da pancada nas costas, eu apenas balancei a cabeça positivamente, enquanto Dulce me ajudava a levantar.

-- Eu tenho que ir, tenho aulas daqui a pouco para ministrar. – Disse Dulce.

-- Mas... Já?

Eu não sabia o que dizer na verdade, mas não queria me afastar de Dulce. 

-- …... Any quando você puder, dá uma passadinha na minha sala... Com licença Dra. Dulce, foi um prazer revê-la.

Cristian saiu da minha sala, deixando eu e Dulce a sós.

-- Eu realmente tenho que ir Anahi.


 


 



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Autor(a): angelr

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 247



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  • tryciarg89 Postado em 20/05/2023 - 21:04:11

    Simplesmente linda, emocionante, engraçada e apaixonante

  • NoExistente Postado em 27/01/2021 - 12:08:36

    Fui obrigada a comentar. Senhor, nem sei o que eu digo dessa estória maravilhosa. Tinha acabado de ler uma fic meio decepcionante delas e entrei sem muitas expectativas aqui. Minha surpresa foi apegar a escrita e o jeito dos personagens, me emocionar, rir e sorrir com a narração. Perdi minha vida nos últimos 4 caps, e foi surpreendente como conseguiu transmitir a tristeza e, sinceramente, cheguei a um estado de negação e desespero. Obrigada por essa leitura fantástica.

  • angelr Postado em 24/01/2015 - 23:18:06

    justin_rbd - *__*

  • angelr Postado em 24/01/2015 - 23:17:41

    portinonnessa14 - hahaha tadinhas ne

  • angelr Postado em 24/01/2015 - 23:17:15

    flavianaperroni - Pode deixar que aviso

  • angelr Postado em 24/01/2015 - 23:16:45

    anymaniecahastalamuerte - Sempre que puder compartilharei

  • angelr Postado em 24/01/2015 - 23:13:46

    garotaloka - Que bom fico feliz *_*

  • justin_rbd Postado em 24/01/2015 - 12:12:52

    final mais que perfeito !!

  • portinonnessa14 Postado em 24/01/2015 - 02:25:21

    Vamos gente todo mundo ler a web da nossa querida Angelr Um doce amor que é ótima

  • portinonnessa14 Postado em 24/01/2015 - 02:22:33

    Oi Angelr minha querida a que bom que a Dulce está viva agora sim posso respirar aliviada o que posso dizer desse final foi lindo e bem o que eu queria mesmo o mais importante é que as duas ficaram juntas neh afinal sou portinon neh e não aguento ver a minha Anny sofrer mais obrigada beijinhos


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