Fanfic: Seu Amor: Meu presente inesperado DYC- Terminada...

Ao enviuvar, a mãe entrara em depressão, sem ânimo para cuidar da filha de seis anos. Dulce lembrava-se do pai trabalhando como empregado de fazenda, tentando juntar dinheiro para ter a própria criação, quando o trator que ele dirigia despencou numa ribanceira. Ele morrera na hora.
Elas tiveram de se mudar, pois a casa não lhes pertencia, instalando-se na edícula de um casal vizinho em troca de aluguel baixo, durante seis meses.
—Até se recuperar do choque — dissera a mulher.
Não perceberam que Branca, tomada pela dor, era incapaz de tomar decisões.
Dulce lembrava-se do dia em que tomara as rédeas da própria vida. A mãe mergulhara em devaneio com a espátula de manteiga na mão, enquanto preparava seu lanche para levar à escola.
—O ônibus escolar já vai passar! — alertara Dulce, impaciente. Tivera de acordar a mãe para lhe preparar o café da manhã. — Mamãe?
A mãe parecia surda. Dulce percebeu que ela chorava baixinho, as lágrimas rolando pelo rosto, alheia a tudo, exceto à própria dor.
Fora o momento mais solitário de toda a curta existência de Dulce. Pior do que ao ver o caixão do pai baixando à sepultura, vagamente cônciente de que nunca mais o veria.
Tirou a espátula da mão da mãe.
—Deixe que eu mesma faço isso.
Esgotado o prazo de seis meses, elas se mudaram para uma cidadezinha que um dia florescera em torno de uma fábrica. Boa parte da população debandara após a falência da única empresa geradora de empregos, e o excesso de oferta de moradias acabara baixando o valor dos aluguéis.
Dulce, transferida no meio do ano letivo, era uma forasteira na nova escola. Suportara o isolamento e alguma provocação dos colegas, mas aprendera a se defender e, com o tempo, fizera amigos.
Tinha de lembrar à mãe a hora de lavar roupas e de preparar o jantar, bem como que era preciso comprar mantimentos. Durante dois anos, ela cuidou da mãe, assim como a mãe cuidou dela. Então, um dia,Branca olhou para a casa em que moravam como se nunca a tivesse visto antes e decidiu:
—Vamos nos mudar daqui.
Transferiram-se para um bairro de subúrbio agradável, cuja metade da população ia trabalhar em Auckland todos os dias. Onde as pessoas cultivavam rosas e hibiscos e aparavam a grama todas as semanas. A sra. Uckermann as saudou junto à cerca e convidou Anahi para nadar e brincar com seus gémeos.
Aquele foi o primeiro dia de uma grande amizade.