Fanfic: O Jogo da Morte

CAPÍTULO QUATRO: O quarto do tempo.

Trovão estava preso dentro de um quarto sem janelas, portas e móveis, todo recoberto por um metal espesso e impenetrável. Numa das paredes havia o desenho de um grande termômetro, mas o jogador de futebol não sabia o que aquilo significava.

O jovem astro da grama, que já havia tentado de todas as maneiras possíveis escapar daquela jaula asfixiante, se aproximou do termômetro e o olhou com interesse. A temperatura do ambiente estava em 25 ºC. Percebendo a gravidade tenebrosa do problema em que se metera, o "príncipe ambidestro" colocou as mãos na cabeça e disse para si mesmo que precisava agir o mais rápido possível, pois ele estava preso dentro de uma câmara frigorífica que poderia esquentar até 300 ºC ou resfriar até -50 ºC.

- Meu Deus! A temperatura desse lugar é controlada pelo Líder e se aquele louco quiser pode me matar a qualquer momento... - disse Trovão, desesperado.

Apesar da preocupação, Trovão não chorava nem tinha medo, pois era bravo e destemido e tinha confiança de que sairia daquele lugar e faria o Líder pagar por tudo o que tinha lhe feito.

- Eu vou dar um jeito de sair daqui e, quando fizer isso, vou atrás do Líder e o farei ir para trás das grades, pois acredito na justiça e sei que ela sempre prevalecerá! Eu não vou deixar aquele louco pervertido acabar com a minha vida e muito menos ameaçar a minha família que tanto amo. Chega! Ele já fez o bastante... Aquele Trovão frágil e inofensivo que um dia cedeu à sua chantagem, Líder, morreu para sempre! Você o matou... Contudo, um Trovão forte, destemido e com sede de justiça nasceu e ele é indestrutível! Seu maldito, você cometeu o maior erro da sua vida ao mexer comigo e vai pagar muito caro, pois eu sou um guerreiro e não tenho medo de nada, muito menos de você...

De repente, o traço que estava em cima de 25 ºC começou a subir rapidamente, chegando à marca de 50 ºC. Grossos pingos de suor caíam, como cachoeiras incontroláveis, do corpo de Trovão, que estava totalmente molhado. O jogador parecia que ia derreter. Com fúria, ele começou a esmurrar o termômetro com toda a força possível. O vidro que protegia o aparelho quebrou, fazendo com que as suas mãos sangrassem muito, mas mesmo assim Trovão continuou a dar socos contra o termômetro, sem sentir nenhuma dor.

O sangue jorrava incontrolavelmente das mãos de Trovão, que lutava com unhas e dentes para sobreviver.

Um riso diabólico ecoou pelo lugar e uma voz cavernosa e ecoante disse:

- Trovão, seu idiotazinha! Você é meu e a sua vida me pertence... Rá-rá-rá-rá-rá!

- Aparece, Líder! Venha me enfrentar que nem homem, num combate de forças sem nenhum dos seus capangas sanguinários. Você não passa de um rato desprezível e nojento! Quero ver se você tem coragem de me encarar... Vem! Pode vir que não tenho medo de um maluco como você que se esconde atrás dos seus capangas como uma criancinha inofensiva e medrosa...

O traço do termômetro caiu repentinamente, chegando assim a -25 ºC.

Trovão começou a tremer, seus lábios ficaram roxos e sua pele muito branca como a de um cadáver. O jogador caiu no chão, começou a se contorcer, gritar de frio e dor e desmaiou.

Instantes depois uma parte da parede se abriu. Um homem mal-encarado e com fúria nos seus olhos vermelhos e cheios de olheiras emergiu no lugar e, com uma lança metálica, cutucou o príncipe ambidestro. Ele colocou a lança no chão e se aproximou cada vez mais de Trovão, que aparentemente havia congelado e perdido todos os seus sentidos para sempre.

O capanga do Líder tenha 16 anos, media 1,92 metros de altura, pesava 97 quilos, tinha o cabelo preto e os olhos castanhos. Seu nome era Gustavo Vidal; temperamento explosivo, nervoso, desorganizado, memória fraca. Adorava humilhar as outras pessoas.

Trovão abriu um dos olhos. Ele havia fingido que tinha desmaiado para atrair alguém até o quarto do tempo e assim fugir. Rápido e certeiro, ele deu uma rasteira em Gustavo, o fazendo cair e o desacordando. Ele pegou a lança metálica e saiu da câmera, fechando a porta e trancando o bandido. Ao lado da porta havia um controlador de temperatura. Trovão regulou a temperatura do quarto para 25 ºC, pois não queria matar o capanga do Líder, e começou a procurar por uma saída.

As paredes dos corredores eram pretas como o chão e o teto e no lugar não havia, como no quarto do tempo, portas e janelas. Aquele labirinto negro parecia que não ia levar a lugar nenhum. Todo o lugar era praticamente igual, o que acabou deixando Trovão perdido segundos depois. A única iluminação daquele inferno atordoante vinha de tochas fracas e reluzentes, o que dava ao ambiente maior aspecto ébrio, satânico e sanguinolento.

Tudo parecia um grande caixão e Trovão se sentia cada vez mais fraco e sem ar.

- Não vai demorar muito pro Líder mandar os seus capangas virem atrás de mim... Eu preciso encontrar a saída desse labirinto enlouquecedor e mortal, mas como?

O melhor amigo da bola começou a apalpar todas as paredes em busca de alguma passagem secreta, mas a sua tentativa foi inútil. Contudo, o gesto fez com que a dor descomunal em suas mãos aumentasse bastante, o fazendo gritar. As mãos do jogador estavam abertas, encharcadas em sangue. O jogador tirou a camisa, a rasgou e tentou estancar os ferimentos com o pano, mas nada aliviava a dor insuportável e cruel que lhe atingia.

Uma música desafinada começou a tocar inesperadamente. O volume dela aumentava cada vez mais. Trovão tampou os ouvidos, mas mesmo assim aquele som parecia que ia perfurar os seus tímpanos, comprimir o seu cérebro e o enlouquecer até levá-lo à morte. Fraco, o jogador caiu no chão de joelhos e, gritando, implorou ao Líder que acabasse de uma vez por todas com aquilo.

- Por... por favor... me... me mata. Me mata! Eu não tô aguentando mais.

A música parou. Trovão, que estava caído, com sangue por todo o corpo, começou a ouvir passos. De repente um sapato pisou em seu rosto com força.

- Isso é pra você aprender a não tentar fugir, seu idiotazinha! Ninguém pode enganar o Líder, pois ele vê e sabe de tudo. A sua vida me pertence, Trovão, e agora você vai pagar...

O sapato espremia cada vez mais o rosto de Trovão. Seu nariz estava a um passo de quebrar.

- Por favor... - implorou o jovem craque.

O Líder tirou o pé da cabeça de Trovão. Um brilho reluzente cortou a escuridão. Parecia com... Uma faca!

O brilho se movia lentamente e se aproximava cada vez mais do corpo semimorto que apodrecia no chão.