Fanfics Brasil - 2 Saga Essência

Fanfic: Saga Essência | Tema: Vampire Diaries


Capítulo: 2

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1.Segundachance


 


 


-   SE PREPARE! Minha vingança será maligna!


A frase proferida por Olívia ao telefone duas horas atrás tilintavam na mente de Benício como sinos infernais que traziam o presságio da morte. Estava perturbado e inquieto. Com seus anos de estudos sobre a mente humana, Olívia ainda permanecia um quebra-cabeças sem precedentes e patologicamente ciumenta, mas ai de mim em levantar alegar isso, AI de mim! Só que agora ela tinha fotos, mas que diabo de fotos seriam essas?


Ele estava apoiado no parapeito da sacada do salão de festas do hotel, olhando para o mar, vendo ao horizonte a cintilante lua, alheio a homenagem de sua mãe, tomando – sabe-se lá – sua quinta doze de uísque, sozinho, brincando com a medalhinha de platina que ganhara de tia Elizabeth quando criança, enquanto perscrutava incessantemente em sua cabeça sobre quais fotos seriam essas que Olívia dizia ter e que o incriminavam como um traidor... 


Tudo parecia vago.


Estava irritado. Na verdade não queria nem mesmo estar ali. Havia pego um turbulento voo que durara apenas uma hora e meia que pareceram uma eternidade, tudo para prestigiar uma exposição que ressuscitaria demônios os quais gostaria de manter enterrados pra sempre, porém, desagradar o pai era a ultima coisa que queria.


-    Você está lindo. – sussurrou tia Elizabeth ao tentar se aproximar. Ela vestia um lindo e ousado vestido branco que sintonizava perfeitamente com as maxi-joias todas talhadas com pedras preciosas e irreverentes. Suas vívidas madeixas vermelhas se encontravam presas em uma cascata de lado que caiam levemente até abaixo dos porcelanados ombros. Ela inspirava fundo o aroma das flores que ornavam o lugar, enquanto os convidados a enxiam de perguntas sobre a exposição, colhendo os elogios com um enorme sorriso de satisfação nos perfeitos lábios vermelhos malagueta.  Nos altos de seus cinquenta anos, ela era magnífica. A personificação da deusa.


Elizabeth Detzel


Por um curto período de tempo, Benício se esqueceu dos problemas e concentrou sua mente em admirar a beleza da tia. Admiração que herdara e compartilhava com seu pai, que do outro lado do salão, bem de longe, também a observava com a mesma expressão de adoração.


¾    Beni, cuidado que a baba está escorrendo! – disse Henri, seu primo em tom zombeteiro. Ele vestia um terno cinza, com uma elegante gravata listrada. Seus cabelos castanho-claros estavam penteados, coisa que raramente fazia. Era o galã da família com sua pinta de surfista libertino.


¾    O que mais posso fazer se a tia Liz está linda, além de babar? – respondeu Benício, ainda admirado. Não adiantava responde-lo de forma hostil, embora quisesse. Hostilidade só fomentaria a chacota.


¾    Não sei como a Olívia nunca descobriu sua paixão secreta pela tia Liz! É tão... Na cara! – ele estava se esmerando para aporrinhá-lo.


¾    É só um amor platônico de anos. Bobagem. – desconversou.


¾    Ual! – disse Henri dando ênfase em cada letra. Enquanto puxava a carteira de cigarros do bolso ascendendo um em seguida. – aceita?


¾    Você sabe que não curto esse tipo de droga, e você deveria parar com isso. Isso mata.


¾    Claro que não! E o que eu usaria para afirmar meu posto de bad boy da família?


¾    Se sua maldade se resume a fumar um cigarro, digamos que você está bem “aquém” da minha possibilidade de ser o cara mau da história.


¾    Aquém? Como assim?


¾    Olívia, minha... Acho que ainda posso dizer, mulher, disse-me algumas horas atrás que a vingança dela será maligna.


¾    Vingança, maligna... E Olívia juntos no mesmo contexto, não significa boa coisa. Essa mulher é a personificação da megera e você, sabe que eu a odeio.  Isso é raro! Nem minhas ex’s eu odeio, geralmente as amo. Amo todas! – deu um forte trago, liberando a fumaça de forma objetiva - Já mandou blindar seu carro?


¾    Não.


¾    Já levou a Café pra um lugar seguro, você sabe que ela pode virar churrasquinho de gato, não sabe?


¾    Sei, mas ainda não pensei em outro lugar a não ser a sua casa...


¾    Sempre sobra pra mim! – parou pra pensar um pouco, outro trago. – já trocou sua senha bancária?


¾    Não.


¾    Já pensou em contratar um segurança?


¾    Não.


¾    Já fez reserva em algum hotel?


¾    Não.


¾    TÁ A FIM DE MORRER? – berrou Henri com seu desespero tradicional.


¾    Também não.


¾    Olívia é uma psicopata e você melhor do que ninguém sabe disso...


Benício estava em automático, sua mente e seus os olhos pairavam em outro lugar. Seu pai e Elizabeth agora dançavam uma valsa. Aos seus olhos pareciam um casal perfeito, mesmo que isso despertasse uma pontada de ciúmes.


¾    Por que esses dois não ficam juntos e se beijam logo de uma vez? – perguntou retoricamente.


¾    Como é? – disse Henri.


¾    Ele pode, não pode? Viúvo e completamente desimpedido, mesma faixa etária, nada mais justo.


¾    Acontece que ela é minha tia sagrada. Uma mãe pra mim. E tá pra nascer o cara que passe pelo meu crivo.  - Henri ria de sua própria lembrança. Mudou de assunto. - Não me esqueço de quando você fumou “umas” e dormiu com aquela ruivinha de araque, mais feia que o cão, crente que ela era a tia Liz! 


¾    Joga na minha cara o meu passado sórdido!


¾    Ela me disse que não sabia quem era essa tal de tia Liz, mas que gostou de ser ela!


¾    Henri! – perdendo a paciência - Não tem nenhuma mulher sozinha nessa festa pra você alugar, não?


¾    Boa ideia. Esse assunto já tá ficando chato! – olhou multidão e focou em uma mulher acompanhada por um senhor de idade, a apontou mostrando a Beni. – vou dormir com aquela.


¾    Duvido.


¾    Aposta quanto?


¾    Um trago no seu cigarro maldito.


¾    Prepare-se para muitos tragos!


Com um piscadinha safada, Henri dirigiu-se ao alvo e Benício voltava a sua amargura. Um garçom trocava mais uma vez seu copo. Gostava de Olívia mesmo ela sendo maluca. Preferira não contar de cara a Henri sobre as fotos, pois sabia que ele não largaria de seu pé a noite toda para saber detalhes, e como contar detalhes que nem ele mesmo possuía?


Uma porta de vidro separava a sacada do salão de festas. Vislumbrou Elizabeth além da porta, mas o que lhe prendeu a atenção foi o seu próprio reflexo. Nunca tinha acreditado no que as pessoas diziam no que concerne a sua beleza, não considerava seus aspectos físicos atrativos. No fundo desprezava-se. Ficou preso a imagem por um bom tempo, discutindo consigo mesmo sobre as motivações do tamanho ciúme que Olívia sentia ou suas justificações, porém nada fazia sentido.


¾    Fiz um ótimo trabalho escolhendo esse terno. – disse tia Elizabeth interrompendo o memento introspectivo. – realçou sua beleza.


A resposta de Benício foi um contrariado e amargo sorriso de canto.


¾    O que há de errado, meu amor? – perguntou ela com sua delicadeza habitual.


¾    Nada.


Elizabeth segurou com as duas mãos o rosto de Benício, fixando o olhar no dele, aqueles olhos alucinados, como se estivesse lendo sua mente. Seus lábios se curvaram em um sorriso tranquilizador, deixando seus dedos acariciar delicadamente o couro cabeludo de Beni, bagunçando ligeiramente as negras mechas onduladas.


¾    Seus olhos me dizem ao contrário. – disse ela em um sussurro.


Ele não se aguentava, controlava-se para não beijá-la, aninhando-se em suas mãos quase não conseguindo conter o desejo, mentalizando tudo o que considerava broxante, por fim acalentando o beijo puxando uma das mãos de Elizabeth contra seus lábios, inspirando o perfume que dela exalava, fechando os olhos.


¾    Meus olhos me enganam, tia Liz. – respirou fundo, soltando o ar lentamente. Contendo-se. – E me condenam.


¾    Seus olhos são as janelas da sua alma e sempre ficam castanhos quando o problema está aqui. – posicionou a mão que estava livre no peito de Benício, que sentia a pele arrepiar.


¾    Queria poder jogar esse maldito coração fora. – disse ele


¾    Jamais faça isso...


De longe Henri os observava perplexo. Agora a porra ficou séria! Qualquer um que visse aquilo diria que Beni e Elizabeth estariam prestes a se beijar, Raul, o pai de Beni tinha a mesma impressão que Henri, a única diferença era que além do espanto, estava prestes a chorar. O alívio veio em seguida, com o desfecho em um abraço.


¾    Somos um sucesso! – disse Raul aproximando-se do filho, interrompendo o abraço, puxando Elizabeth para si. – filho, onde está Olívia?


¾    Tramando algo macabro contra mim, no mínimo.


¾    Os dois brigaram. – disse Elizabeth com uma certeza ferrenha. – Olívia teve outro ataque de ciúmes, só que dessa vez mais violento, prometendo mal sério ao nosso garoto.


Benício não se recordava de ter dito nada sobre Olívia e mesmo assim Elizabeth sabia exatamente sobre o que e de quem se tratava. Isso às vezes o assustava. Poderia ela ter lido sua mente? Sobre o que mais ela sabia? Era uma conexão estranha que tinha com ela. Ela sempre sabia.


Um fotógrafo havia pedido uma foto da família, Elizabeth procurava por Henri com o olhar e logo foi atendida assim que o rapaz percebeu o chamado.


¾    Ainda bem que sua tia escolheu nosso figurino. – confidenciou Raul a Benício. – ela quer uma bela foto de família.


¾    Ah! – intrometeu-se Elizabeth, com um sorriso deslumbrante. - Tenho que cuidar bem dos meus homens, e além do mais, não quero uma bela foto de família, quero uma estupenda foto de família!


Aos olhos do fotógrafo, a foto estava perfeita. Elizabeth e Raul ao centro, Benício ao lado do pai e Henri ao lado da Tia. Todos segurando suas taças de champanhe com incandescentes sorrisos estampados em suas faces.


¾    Agora sim! – exclamou Henri ao ouvir as primeiras notas da musica que a banda começara a tocar em uma tenda na praia. – começou a verdadeira festa! - Saiu puxando Benício para a pista de dança, deixando Elizabeth e Raul a sós.


A fria brisa do mar soprava os cabelos de Elizabeth que logo foi acolhida pelo blazer de Raul em seus ombros a abraçando como o casal que nunca foram.


¾    Obrigado pelo filho maravilhoso que me destes. – disse ele. – sem ele, duvido que Madalena tivesse tido tanta inspiração para esculpir e pintar... Talvez, essa noite nunca fosse possível. – olhou-a fundo nos olhos. – mais uma vez, obrigado.


Ela deixou o sorriso a iluminar mais uma vez.


¾    Madalena foi uma mulher incrível. Uma amiga inesquecível... E sabe o que foi o mais engraçado em toda a nossa trajetória juntas? Ela sempre soube que Beni não era o filho dela.


¾    Como? – perguntou surpreso – eu fiz de tudo pra esconder, ela nem chegou a ver o nosso bebê morto!


¾    Ela confidenciou isso a mim horas antes de morrer me dizendo que sempre soube, porque antes que o bebê dela nascesse ela já sentia que ele estava morto. – um breve silêncio – e por isso ela agradecia todos os dias a Deus pelo filho novo que recebera. A segunda chance.


¾    Então ela sempre soube...


¾    Sempre. Mas ele não sabe, e assim deve permanecer.


 Benício havia se entregue a diversão ao lado de Henri. Era melhor aproveitar como se não houvesse amanhã, pois o amanhã estava bastante incerto. Ambos dançavam, pulavam e cantavam freneticamente as músicas que embalaram suas adolescências, na pista de dança, acompanhados por uma multidão eufórica. 


¾    Você já parou pra pensar que hoje tudo poderia ser diferente? – perguntou Raul a Elizabeth. Enquanto distanciavam-se de todos caminhando pela praia em direção ao mar de mãos dadas.


¾    Sim. – respondeu ela com ar nostálgico, encostando a cabeça no ombro de Raul. - Se você não tivesse sido um covarde para comigo, eu poderia ter sido sua mulher e ter tido os seus filhos. Estaríamos em uma aconchegante casa nas Minas Gerais, vendo nossos netos brincarem, celebrando nossa velhice lado a lado, colhendo os frutos de nossos méritos conquistados juntos. – ela parou e com tristeza continuou. – Porém, ele foi além. Ele não me julgou, não cuspiu na minha cara, e também não me abandonou quando eu mais precisei.


¾    Até hoje você guarda magoa daquilo? Mas, Liz! Como eu poderia saber? Tudo conspirava contra nós!


¾    Você poderia ter me escutado antes e julgado depois. – disse ela o encarando com olhos alucinados. 


¾    Como a vida é irônica. – respondeu Raul irritado. - Aposto que você estava vendo ele quando estava olhando para o Beni.


¾    Quem, ou o que, eu estava vendo não interessa. – disse com convicção. – Apenas deixe que os mortos, permaneçam mortos.  


 


 


 


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Autor(a): vanessa_dantas

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

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