Fanfic: Malas Intenciones | Tema: Vondy

Por Dulce María:

Eu era casada há cinco anos com Alfonso Herrera, quando comecei a desconfiar que estivesse me traindo. Encontrava em sua roupa diferentes perfumes de mulher, o vi chegar várias vezes em casa sem aliança, suas viagens a “negócio” estavam se tornando cada vez mais freqüentes e as ligações “erradas” também.

Sempre fui muito ciumenta, mas com o tempo e com as brigas fui aprendendo a me controlar, por isso nunca cheguei a fazer nenhum escândalo, até o dia em que decidi contratar um detetive e acabei confirmando minhas suspeitas. Confesso que fiquei mal durante semanas, chorava muito e fiquei um tempo sem sair de casa, mas agora isso tudo mudou e estou disposta a dar o troco, se possível, em dobro.

Talvez muitas pessoas achem que a vingança não vale à pena, mas pra mim ela é necessária, e a melhor maneira de concretizar isso foi contratando um garoto de programa. Não me senti muito a vontade fazendo aquilo, mas não pretendia envolver nenhum amigo ou conhecido naquela “brincadeira”.

Precisava escolher rigorosamente! Precisava fazer Alfonso ver que eu poderia encontrar coisa muito melhor! Confesso que foi uma tarefa difícil, mas o encontrei. Christopher Uckermann, 26 anos, 1,82m de altura! Forte, bonito... E caro! Talvez essa fosse a melhor parte! Por que o próprio Alfonso pagaria seus serviços (inconsciente é claro).

Por Christopher Uckermann:

Eu estava deitado no sofá, um copo de whisky na mão, as roupas amarrotadas e o cabelo assanhado. Minha última cliente do dia havia saído há uma hora e eu ainda estava criando forças para ir pra casa. Embora o apartamento fosse meu, e tivesse tudo o que precisava, não gostava de passar a noite lá, sozinho, ele tinha um ar muito profissional, e por mais pessoal que fosse o meu trabalho as duas coisas jamais se misturariam.

Quando cheguei em casa, fui direto pro banheiro para tomar um banho daqueles bem demorados, pra relaxar e poder tirar aquele perfume doce de mulher do meu corpo. Meus pensamentos se perdiam enquanto a água escorria gelada, quando a campainha tocou quebrando meu transe.

Tentei ignorar o som insistente, que foi ficando cada vez mais irritante, mas acabei indo abrir a porta, com uma toalha ao redor da cintura. Quem poderia ser àquela hora da noite? Ainda havia algum juízo em mim e eu não teria sido maluco de combinar mais um programa, depois de tantos num dia só.

Abri com certa raiva, e o que vi foi uma pequena e magra garota de cabelos castanhos, com seus pequenos olhos arregalados pra mim. Teria rido se não fosse irritante. Encostei o corpo na lateral da porta, e com a luz que vinha de dentro pude vê-la melhor. Suas roupas não diziam muito sobre seu corpo, e apesar do rosto angelical e do jeito tímido, ela não era uma garota como havia pensado no primeiro momento. Era uma pequena mulher, e carregava uma aliança no dedo.

― Estou procurando Christopher Uckermann...

― Eu mesmo... ― Ela respirou fundo antes de continuar a falar, e eu ainda estava me perguntando o que uma pessoa como ela estava fazendo ali àquela hora da noite.

― Vim por que preciso de seus serviços! Liguei várias vezes durante a semana, mas ninguém atendeu. ― Ela falou de maneira decidida, mas eu ainda tinha minhas dúvidas.

― Sabe do que está falando?

― É claro que sei, o site é bem específico. ― Ela sorriu me deixando sem jeito.

― Ér... Desculpa perguntar, mas por que uma mulher como você precisaria contratar um cara como eu? ― Disse analisando-a dos pés a cabeça, tentei imaginar como ela seria debaixo de tanta roupa desnecessária. Ela era uma mulher muito bonita, não que eu não fosse um cara bonitão né? Mas mulheres bonitas saem com caras bonitos, e não os contratam.

― Você pergunta isso a todas as mulheres que o procuram? ― Segurei um sorriso forçado no rosto. Talvez o sono e a bebida estivessem me deixando idiota.

― Claro que não... Mas é que você é bem diferente das mulheres que costumam me procurar... ― Analisei-a mais uma vez, mas ela fez sinal com a mão para que mirasse seu rosto. Estava sem graça, visivelmente incomodada, e me deixando confuso.

― Assim como minha proposta... ― Ela cerrou o punho com mais força, apertando a alça da pequena bolsa que carregava, e pude ver a aliança em seu dedo mais uma vez. Aquilo poderia ser divertido.

― E qual é a sua proposta?

― Quero que se passe por meu amante... Não é por muito tempo, apenas precisa sair comigo algumas vezes e me encarregarei para que meu marido saiba. ― Fiquei confuso, aquilo não fazia o menor sentido. ― Pago o dobro do que recebe por hora... ― Ela completou, num tom seco. Semicerrei os olhos, com certo desapontamento.

― Quer fingir que está tendo um caso comigo?

― Exatamente.

― Fingir? Tudo? ― Ela afirmou com a cabeça. Fiquei visivelmente frustrado. Ela iria pagar o dobro pelos meus serviços (que não eram nada baratos, diga-se de passagem), e não queria usufruir deles?

― E então, aceita? ― Não devia ser tão difícil assim fingir que tinha deitado com uma mulher, embora eu preferisse fazê-lo, e apesar de saber que ia me sentir um inútil a grana era tentadora.

― Tudo bem... ― Disse desanimado. Ela sorriu sem humor.

― Vou ligar amanhã para combinar o lugar e a hora, e seria bom se atendesse o celular... ― Sorri irônico em resposta ao comentário irônico.

― Não se esqueça que eu sou um cara ocupado... Tenho muitas clientes...

― Não vou tomar todas as preciosas horas de seu dia, mas exijo prioridade. ― Ela disse num tom calmo, e num movimento sutil passou uma mecha de cabelo para trás. ― A não ser que prefira receber metade do que vou pagar para se deitar com... ― Ela fez uma pausa, certamente pensando em alguma palavra mais gentil. ― Alguma dessas mulheres que o procuram... ― Respirei fundo, com certa irritação. Não queria destratá-la, mas sua pose estava me fazendo perder a paciência.

― Vou ver o que posso fazer...

― Boa noite Sr. Uckermann... ― Ela deu as costas, e bati a porta com uma força desnecessária.