Fanfic: Segunda Chance (Adaptada/Finalizada) | Tema: Vondy

— Não falei uma palavra. — Poncho ergueu os braços. 

— Pelo amor de Deus, Chris, a cidade inteira está comentando! Tive de fazer de conta que já sabia quando minhas visitas contaram o mexerico. Por que não me disse? Há quanto tempo sabe? 

— Any, eu... descobri quando vi a menina no berçário. Foi um susto e tanto. 

— Bem, quero ver Dulce antes de deixar o hospital. Ela pode não me deixar visitá-la, depois. 

— Não tem de aguardar Steve? 

— Deixaremos avisado no balcão de enfermagem onde estarei. Ah, por favor... 

— Terá uma recepção melhor, se for sem mim, minha irmã.

— Mas eu soube que você a está levando para o rancho. — Christopher enfiou as mãos nos bolsos do jeans. 

— Sim, mas Dulce odeia a ideia. Só está indo porque não pode cuidar de si própria e do bebe. Não correu tudo tão bem quanto para você. 

Any o estudou por alguns segundos e depois virou-se para o marido: 

— Pegue uma cadeira de rodas, por favor. Quero levar Alfonso para mostrar a Dulce. 

— Você não pode andar? — Christopher ficou preocupado. 

— Posso, mas tenho medo de tropeçar com o bebê no colo. 

Quando Poncho saiu para buscar a cadeira, Christopher olhou para seu sobrinho. 

Chistopher Alfonso já ganhara meio quilo desde que nascera. 

Por outro lado, o bebê de Dulce ganhara apenas poucos gramas. Contra sua vontade, Christopher sentiu-se triste por isso. 

Uma vez que Any e o filho se acomodaram na cadeira de rodas com Poncho a empurrá-los, todos percorreram a curta distância até os aposentos de Dulce. 

Christopher temia ter de encará-la, mas talvez ela ficasse mais acessível com Any por perto. Sabia que Dulce gostava de sua irmã. 

— Dulce? — chamou ele, após bater à porta. 

— Sim? 

Christopher a abriu. Pela expressão atordoada de Dulce, ficou claro que ela não reconhecera sua voz. 

— Ainda não estou pronta. Preciso me vestir e... — Ele apontou atrás de si. 

— Eu sei. É que você tem algumas visitas. 

— Any! — Dulce sorriu com genuína alegria quando a viu. 

— Dulce! Como está? Soube que passou por momentos difíceis. Eu nem mesmo sabia que você estava aqui até ontem. 

Poncho empurrou a cadeira para o lado da cama de Dulce. 

— Oh, você trouxe seu menininho! Ele é lindo! E como é grande! Andy é bem pequenina. 

— Andy? 

— Sim, minha filha se chama Andréa Leigh. 

— Você colocou o nome de mamãe? — Any a olhou com muita ternura. — Elaficará orgulhosa. 

Dulce deu uma olhada rápida para Christopher. 

— Eu não tive a intenção... 

A enfermeira entrou com o bebê de Dulce nos braços. 

— Não sabia que estava com visitas, srta. Saviñon. Quer que eu leve a menina de volta para o berçário, até que o doutor venha? 

— Oh, não! Ela dormiu bem? — Ansiosa, Dulce estendeu os braços. 

— Que sorte a minha! Estava louca para conhecer minha sobrinha. 

Os dois homens contemplaram os bebês, trocando cumprimentos. Poncho colocou-se ao lado de Any, um semblante orgulhoso. Christopher permaneceu perto da soleira, tentando esconder o desejo de ver a filha. 

Sua filha... 

Ainda achava difícil acreditar naquilo. Então, mais uma vez tornara-se pai. 

Era doloroso, porque o levava a pensar em Christopher Júnior, que estaria pronto para frequentar o jardim-de-infância no outono... se não tivesse falecido. 

— Ei, cunhado! Aposto que você nunca pensou que uma criança sua seria tão delicada. Não vai ficar com medo de que ela se quebre quando a estiver segurando? Eu fico, quando Alfonso está em meu colo, e olhe que ele é bem maior que sua garotinha. 

A observação divertida foi seguida de um pesado silêncio. 

Christopher não sabia o que dizer. Nunca tocara Andréa, muito menos a pegara no colo. 

Dulce, no entanto, não parecia ter o mesmo problema que ele. 

— Christopher não segurou o bebê — revelou, com toda a calma. 

Any deu uns tapinhas na mão do marido, que estava em seu ombro. 

— Não é fácil para Christopher, Dulce. Dê um tempo a ele. 

Dulce trouxe a filha para mais junto ao peito. 

— Não estou exigindo nada de Christopher, Any. Vou me mudar de cidade assim que puder cuidar de nós duas sozinha. 

— Partir? Imagine! Não vá embora, Dulce — protestou Any. 

Christopher ficou feliz por Any ter falado. Ele não poderia, pois estava paralisado de emoção.

Naquele instante, Any, Poncho e Dulce o fitaram. Any foi a primeira a se desviar. Christopher sabia o que sua irmã e o cunhado queriam. Esperavam que ele também dissesse para Dulce não partir. 

Mas como poderia? 

Pigarreou... 

— A que horas Steve ficou de passar aqui? — Foi Poncho quem respondeu: 

— Prometeu a Any que ela estaria liberada às dez. Mas ainda faltam quinze minutos. 

— Certo. Eu trouxe uma “cadeirinha” para por no carro para... Andréa. 

Era a primeira vez que Christopher chamava o bebê pelo nome. Deu uma olhada para Dulce para sentir se ela protestaria pela intimidade. 

— Obrigada. Mas pensei que Bílly viria. 

— Ele está em casa, Dulce, preparando um belo almoço. 

Outro silêncio tenso. 

— Mamãe e papai estarão aqui em dois ou três dias. — Any tornou a falar, muito contente. — Ficarão excitadíssimos ao saber que agora eles têm dois netos. 

— Talvez fosse melhor se não soubessem, uma vez que partirei em breve. Perdoem-me, mas preciso amamentar Andy agora, antes de me vestir. 

Dulce se expressou com certa brusquidão, mas Any não pareceu ter entendido a indireta. 

— Não precisa se vestir, Dulce. Apenas ponha um robe. Ninguém espera que você esteja no auge da moda e, além disso, voltará logo para a cama, assim que chegar à fazenda. 

Dulce levantou o queixo. 

— Não tenho um robe, Any, então terei de me vestir. Mas isso não vai demorar — adicionou ela, com um rápido olhar para Christopher, como se estivesse com medo que ele pudesse ficar nervoso pela espera. 

Christopher tornou a se sentir culpado. Any ganhara dos pais um robe e uma camisola novos para levar para a maternidade. Dulce não recebera nenhum presente. 

— É melhor deixarmos você dar de mamar — sugeriu ele, enviando a Any uma mensagem de que eles deveriam sair.

Dulce assentiu. 

— Obrigada pela visita, Any. 

A irmã de Christopher se inclinou, tocando a mão da amiga. 

— Sinto saudade de você, Dulce. Esta não será a última visita. 

Então os três se foram, deixando Dulce e a pequena Andréa a sós.

-------------------------------------- Fim do capítulo 3 -----------------------------------------

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