Fanfic: Segunda Chance (Adaptada/Finalizada) | Tema: Vondy

Ainda assim, não poderia contemplar o porvir. Entretanto, poderia dar suporte financeiro a Dulce e ao bebê. 

Virando-se, entrou no hospital de novo, e, decidido, foi direto à administração. 

— Christopher, posso ajudá-lo? — perguntou uma amiga de Merilee. 

Aquele era o problema de cidades pequenas. Não se podia fazer nada sem que os outros soubessem. 

— Sim. Preciso fechar a conta de Dulce Maria Saviñon. — A mulher o fitou. 

— Por quê? 

A expressão dele deve ter mostrado que não gostou de ser questionado, pois ela acrescentou: 

— É que não é permitido revelar informações financeiras, a menos que seja para familiares, ou com a autorização do paciente. 

— Sou o pai da filha dela e quero pagar a conta. 

— Oh! — a mulher exclamou e apressou-se em pegar a pasta de Dulce. Deu a Christopher o total e sugeriu planos de pagamento. 

Christopher tirou o talão de cheques. 

— Não. Pagarei à vista. Se houver algum custo adicional, por favor envie a conta para mim. Você tem meu endereço, não? 

— Sim, claro. 

Christopher comprimiu os lábios antes de acrescentar: 

— Certifique-se de que ela tenha qualquer coisa que quiser. 

A atendente assentiu. 

Christopher correu para sua caminhonete. 

Após dirigir a curta distância entre até o consultório do dr. Steve Lambert, entrou e pediu para falar com o médico. 

— Olá, Christopher! Está doente?— quis saber a recepcionista. 

— Não, sra. McCallister. Quero apenas conversar com ele. Ah! E quero pagar a conta de Dulce Maria Saviñon também. 

Christopher obteve dela a mesma reação que vira no hospital. E sabia que os comentários seriam quentes aquela noite. 

— A srta. Saviñon já acertou um plano de pagamento, Christopher. E até mesmo já pagou a primeira prestação no dia em que procurou o dr. Steve. 

— Quando ela o contatou? Pensei que Dulce estivesse indo a um médico em Buffalo. 

— A srta.Saviñon veio aqui há duas semanas. 

Aquilo deixou Christopher até mais ansioso para falar com o médico. 

— Dê-me o total do que ela deve, sra. McCallister, mais o custo de hoje. — Christopher já tinha o talão de cheques em mãos. 

Depois de pagar, sentou-se na sala de espera, de mau humor, observando os outros pacientes. Diversas mulheres estavam ali com os filhos pequenos e, sem nenhum esforço, christopher conseguiu visualizar Dulce naquele consultório, no futuro.

Dulce e a menina. Nem mesmo sabia o nome da pequena, mas estava certo de que Dulce já escolhera um. Ela parecia ter se preparado bastante para a chegada da criança. 

Poucos minutos depois, a recepcionista o chamou: 

— O doutor o receberá agora. 

Christopher foi levado para o consultório de seu amigo. Steve se levantou quando ele entrou e lhe ofereceu a mão, 

— Ei, rapaz! Há quanto tempo! Como vai? 

— Quero conversar com você sobre Dulce Maria Saviñon. 

Steve o fitou, impassível. 

— Por quê? 

— Porque foi o parto de minha filha que você fez hoje. — A expressão de Steve não mudou. 

— Imaginei. 

— Eu não sabia até que fui ao hospital para visitar Any. A enfermeira entrou no berçário com o bebê e vi a etiqueta de identificação, enquanto admirava meu sobrinho. 

— Christopher não queria que Steve achasse que abandonara Dulce, como fez, embora não tivesse sabido da gravidez. 

— Lamento que tenha descoberto dessa maneira. Quando ela veio aqui pela primeira vez, há quinze dias, perguntei sobre o pai, mas Dulce se recusou a falar qualquer coisa. 

Christopher não se surpreendeu. Na verdade, a coisa surpreendente era que Dulce tivesse colocado o nome dele na etiqueta. Mas de repente lembrou-se da conversa dela sobre ter sido uma criança renegada, um bebê que ninguém queria. 

Nenhuma certidão de nascimento, nada de pais. Deu-se conta de que Dulce não faria a mesma coisa com o próprio filho, mesmo que isso tornasse as coisas mais difíceis para ela. 

— Por que Dulce não o procurou antes, Steve? — O médico deu de ombros. 

— Suponho que para esconder a gravidez... 

— Ela fez mesmo o pré-natal em Buffalo? — Steve não se moveu para pegar a ficha dela. 

— Você sabe que não é ético, nem legal, comentar formulários médicos,Christopher. 

— Sou o responsável por Dulce estar naquele hospital, Steve! Tenho o direito de saber. 

— Pelo que sei, são necessárias duas pessoas para fazer um bebê. 

Christopher se levantou e pôs-se a caminhar pela pequena sala. 

— Apenas me diga o que preciso fazer. Dulce está muito pálida e me parece triste demais. As duas estão bem? 

— A criança está. 

A resposta doeu no coração de Christopher. 

— E Dulce? — Respirando fundo, Steve falou: 

— Teve diabete gestacional e pressão alta. A recuperação é demorada e difícil. 

— Franziu a testa. — A srta. Saviñon perdeu muito sangue. Tivemos de fazer uma transfusão. 

— Mas irá se recuperar? 

Steve continuou a olhar para o papel. Então encarou Christopher. 

— Dulce foi avisada de que deveria parar de trabalhar por seis meses. Porém, trabalhou até uma hora antes do parto. 

— Por quê? Por que ela faria isso? Não se importava com a criança? — Christopher sabia que aquilo não fazia sentido, que Dulce não era assim. 

— Eu diria que agiu assim porque precisava do dinheiro para conseguir sustentar a criança e a si própria. 

— Deveria... — Christopher começou a protestar, mas parou no meio da frase. 

Dulce nem mesmo lhe contara sobre seu estado, muito menos lhe pedira auxílio. Mas como culpá-ia? O comportamento dele sete meses antes não fora nada amistoso. 

— Mas Dulce vai ficar bem? 

— Se der tempo para se recuperar... Decerto precisará de ajuda nas duas primeiras semanas. Gostaria que ela não voltasse ao trabalho, pelo menos por seis semanas. Mas suspeito que recusará meu conselho. 

— Você já lhe disse isso? 

— Não conversamos desde o parto. Passarei no hospital para examiná-la ainda hoje, antes de ir para casa.

Christopher estava ali fazia meia hora. Sabia que Steve era um médico dedicado, querido por todos em Franklin por não medir esforços em benefício dos outros. 

— Contratarei alguém para cuidar dela, Steve. Dulce não ficará sozinha. 

— Ótimo. 

— Diga-me, ela terá alta em dois ou três dias? 

— Tentarei mantê-Ia lá por esse tempo. Na semana passada, Dulce jurou que não ficaria mais do que uma noite. 

— Mas até então não sabia de seu estado de saúde, certo? — Christopher, depois de tê-la visto, duvidava que Dulce pudesse até mesmo andar sozinha, que dirá carregar um recém-nascido. 

A expressão fechada de Steve denunciava que não queria discutir mais nada. 

— Por favor, me informe quando ela terá alta e eu irei buscá-la para organizar as coisas. 

—Christopher, alguém para ver como Dulce está todos os dias não será o suficiente. A garota se mostra fraca, mas determinada a cuidar da filha. Se a srta.Saviñon conseguir fazer isso, será um milagre. Esqueça detalhes como limpar, cozinhar, dar banho no bebê. Dulce precisa de mais. Acima de tudo, de companhia. Estou preocupadíssimo pelo estado de depressão em que se encontra. 

De novo, o sentimento de culpa. Certo, ele tinha pago algumas contas. Possuía o dinheiro necessário. Não era, portanto, nenhum sacrifício. Mas a tristeza nos olhos de Dulce não o deixava em paz, em oposição à alegria de Any. 

Christopher recomeçou a andar de lá para cá, encarando uma decisão difícil. O dever venceu. 

— Certo, vou levá-la para a fazenda comigo. Billy pode limpar e cozinhar. Contratarei uma das esposas dos caubóis para ficar com Dulce até que ela melhore. Assim está bem? 

O médico o fitava com compaixão. 

— Se isso é o melhor que pode fazer, então acho que sim.