Dulce PDV
Depois da meia noite, os filhos da democracia voltaram a invadir as casas dos alunos através de seus computadores. Christian ficou encarregado de ridicularizar as medidas que a diretoria tomou para reprimir a galera. Ao contrário de Christopher, meu amigo tinha fibra e garra para liderar mesmo ainda não tendo total consciência disso. A diferença entre os dois é que Christian tinha o pensamento livre, era um revolucionário nato. Ser finalmente ouvido estava fazendo muito bem a ele. Christian se tornava cada vez mais desinibido, divertido e corajoso. Sei lá... Talvez sempre teve potencial para ser assim, mas os anos de abusos por parte dos Falcons atrapalharam seu desenvolvimento.
Deitada na cama de Christian, enfiei um travesseiro na cara tentando fugir dos questionamentos que insistiam em martelar na minha cabeça.
- Qual o problema? Não está curtindo o programa? - Ele perguntou depois de colocar uma música para tocar.
- Não é isso. - Joguei o travesseiro longe. - Tem uma dúvida que...
- Fala!
- Quem dedurou Mike?
- Como assim?
- Não acha isso muito estranho? Estavam mesmo querendo prejudicá-lo.
- Pode ter sido qualquer um. - Riu. - O cara é um perfeito idiota, quem não queria vê-lo se ferrar?
- Eu sei, mas... - Sentei-me. - Quem fez isso não correu o risco de sofrer retaliação à toa. Alguém além de nós tinha muito interesse na prisão de Mike. Pensa comigo: quem está tirando vantagem da situação?
- Não sei... - Christian baixou a cabeça, pensativo. - Espera! - Ligou-se em onde eu estava querendo chegar. - Você acha que foi o...
- Christopher! - Assenti. - Pode parecer estranho, mas talvez ele tenha percebido que não tinha como evitar que tocássemos na reputação do Democracy, então adaptou seus planos egoístas à situação. Quem é o astro do time agora? - Balancei a cabeça com desprezo. - A diretoria está comendo na mão dele.
- Caramba... - Christian viu que eu tinha razão. - Que filho da mãe ambicioso!
- Eu sei... - Lamentei baixando a cabeça. Surpreendi-me com a súbita tristeza e imediatamente a empurrei pra longe ao falar com firmeza. - Vamos acabar com o Falcon!
- Você podia usar essa ambição contra ele.
- Como?
(...)
Candy PDV
No resto da semana e principalmente durante o final semana saí com vários rapazes do Democracy. Mesmo não me divertindo muito, foi uma boa forma de confundir a cabeça de Christopher e garantir a segurança de C. Meus acompanhantes foram alunos suspeitos de serem o líder dos filhos da democracia, por isso o Falcon não teria como duvidar da historinha vagabunda que pretendia lhe contar.
C. me apoiou novamente e se encarregou de executar a segunda parte da armação. Ele passou a fazer pequenas críticas ao presidente do grêmio através de nossa rádio. Fez com que os alunos questionassem os verdadeiros interesses de seu líder, já que o Uckermann sempre foi um pau-mandado da diretoria. Assim como os babacas que foram prejudicados pela rádio, Christopher passou a levar os ataques para o lado pessoal, caindo direitinho na armadilha.
No Domingo à noite, fiquei ansiosa demais e decidi lhe fazer logo a minha proposta. Peguei o celular e liguei para o número que quase todos os alunos tinham.
Christopher PDV
Estacionei meu Volvo perto da praia. Tânia e eu ficamos nos “pegando” dentro do carro. Ela beijava meu pescoço enquanto tentava abrir a minha calça, infelizmente eu só conseguia olhar para o teto, furioso comigo mesmo por ficar lembrando de Candy justo naquele momento.
Chegava a ser ridícula a minha situação. Sempre que fechava os olhos para beijar minha namorada via Candy. Nunca traí Tânia e agora estava me tornando um cafajeste só de pensar naquela... matadora. Me perguntava constantemente que tipo de feitiço havia me lançado, pois não podia ser normal me sentir tão atraído por alguém que judiava dos meus sentidos.
- Está chateado? - Tânia me fitou e não pude deixar de me sentir culpado.
- Está tudo bem, só... ando preocupado com algumas coisas.
- Relaxa, amor. - Espalhou beijos por meu rosto.
Determinado a não ser prisioneiro dos meus desejos proibidos, puxei Tânia para meu colo e lhe dei o melhor beijo que pude. Mais uma vez minha mente me traiu, fazendo-me ter uma sutil, porém cruel, alucinação. Será que queria tanto Candy a ponto de imaginá-la ali, em meus braços?
DROGA, CHRISTOPHER! VOCÊ ENLOUQUECEU?
De repente, meu celular tocou e me senti aliviado, pois consegui fugir da alucinação.
- Não atende. - Minha namora reclamou.
- Pode ser importante. - Atendi mesmo não reconhecendo o número. - Alô?
- Estou com saudades. - Reconheci a voz venenosa. Merda! Assim vou parar no hospício!
Primeiro tive vontade de jogar o telefone pela janela, depois me perguntei como a maluca conseguiu meu número e, por último, me lembrei que precisava disfarçar meu nervosismo, já que Tânia me observava com curiosidade.
- O que quer?
- Me encontra no estacionamento do Democracy em 20 minutos?
- Nunca. - Olhei para minha namorada e forcei um sorriso. - Estou ocupado agora, cara.
- Ah... - Candy riu. - Já saquei tudo. Tem certeza que não quer passar sua noite com uma mulher de verdade?
- Vou desligar.
- Espera. Tenho algo pra te oferecer.
- Eu sei o que é não estou interessado.
Candy gargalhou.
- Nossa, que mente suja... Não é o que está pensando. Sei quem é o líder dos filhos da democracia.
- Como é? - Fui pego de surpresa. - Está mentido!
- Você tem duas opções: pode ficar aí fingindo que sente tesão por sua namorada fútil e certinha, ou pode vir ao meu encontro e descobrir se estou falando a verdade. Estou indo agorinha mesmo para o Democracy.
- Vai cansar de esperar. - Fui ríspido. - Não tem nada que... - A cretina desligou antes que terminasse de falar. Foda!
- O que foi? Era Alfonso? - Indagou Tânia.
- Sim. - Murmurei mentido muito mal.