A caminho da praia passei em uma farmácia e comprei a tal pílula do dia seguinte. De forma alguma me permitiria engravidar de alguém como o Falcon.
Sentada no capô do Mustang fiquei observando o mar. As cores alaranjadas do céu e as últimas brisas da madrugada não me trouxeram paz. O conflito dentro de mim se dividia entre um passado doloroso e um futuro misterioso. Se eu desistisse da minha “justiça” logo agora que tinha tudo nas mãos, certamente não teria outra oportunidade.
Às vezes me perguntava se não era melhor deixar Christopher em paz e tocar a vida, mas que vida eu teria se não era capaz de esquecer as coisas que me fez? Nenhuma cirurgia ou tratamento me livraria das cicatrizes internas. Então, só me restava esperar que a derrota total de Christopher trouxesse finalmente descanso para minha alma.
Não... E se não tiver fim? E se nunca for o suficiente? Até onde esse ódio vai me levar? Existe alguma coisa capaz superá-lo?
Christian me mostrou uma questão importante: a vergonha. Como ia lidar com isso? Todos os alunos do Democracy e até mesmo de outros colégios iam me ver transando. Talvez o país inteiro visse. Teria que carregar o apelido de “vadia” por um tempo indeterminado.
Droga! Onde estou com a cabeça? Não posso fazer isso! Não posso! Não consigo! Meu Deus, eu não vou conseguir!
O nervosismo me fez roer as unhas e eu já não fazia isso a um bom tempo. Assustada, olhei as minhas unhas e automaticamente lembrei...
Eu tinha 9 anos, cabelos compridos cobrindo o rosto, um corpo franzino e muitas coisas passando por uma cabecinha tão jovem.
Flash Back on:
Era hora do recreio e eu estava na parte mais isolada do parquinho. Minha única companhia era uma borboleta que acabara de pousar no gramado. Quieta, fiquei a observando. Todas as suas cores e formas me alegravam e me confundiam. Como podia uma lagarta feia se transformar em algo tão lindo? Eu não entendia que tipo de magia existia por trás daquilo, muito menos por que essa mesma magia não funcionava comigo.
Por estar concentrada na borboleta não percebi que Christopher e seus amigos haviam se aproximado. Só os notei quando Christopher começou a me cutucar com um graveto. Assustada, rastejei para junto de uma árvore e me encolhi esperando que me deixassem em paz, mas não deixaram. Nunca deixavam.
- Cuidado... - Uma menina falou com nojo. - Ela pode querer tocar em você, Chris.
- Que estranha. - Ele disse rindo, mas bastante curioso. - Vamos ver a cara dela. - Aproximou o graveto do meu rosto tentando afastar meus cabelos, só que não permiti e empurrei o graveto para longe.
Como se eu fosse uma bizarra atração de circo, riram e riram. Coloquei as mãos perto da boca e comecei a roer as unhas compulsivamente. Meu coração sempre ficava muito acelerado porque eu tinha medo de que me obrigassem a mostrar o rosto.
- Eca! Os dedos dela estão sangrando. - Um garoto falou alto.
Frequentemente aquilo acontecia, pois eu já não tinha unhas pra roer e mesmo assim continuava a arrancar o que podia. Era doloroso, mas o nervosismo não me deixava parar.
- Quem quer dar os dedos pra a Dulce duas caras comer? - Christopher iniciou a brincadeira. As crianças passaram a correr em volta de mim, todas fugindo dele, que queria forçá-las a me tocar. - Não tenham medo! - Gargalhava.
Apavorada com a possibilidade de me machucarem, peguei uma pedra e arremessei contra Christopher. Quase acertei a perna dele e por isso ficou furioso.
- Sua monstra idiota! - Jogou a pedra de volta e ela atingiu minha testa.
A dor intensa, infelizmente, não me fez ficar inconsciente. Minha cabeça começou latejar enquanto um zumbido fraco soava em meus ouvidos. O grito preso na garganta logo se transformou em lágrimas. Assim que o sangue começou pingar no meu uniforme as crianças fugiram para não levarem a culpa. No entanto o autor da agressão ficou para me observar sangrar.
- Você mereceu... Dulce duas caras! - Murmurou com ódio, em seguida fugiu antes que algum adulto o flagrasse.
Fiquei lá chorando enquanto tentava limpar o sangue. Ele passou a se misturar com meus cabelos e lágrimas, cobrindo principalmente a parte esquerda do meu rosto. Atordoada, tentei levantar, mas não tinha equilíbrio suficiente. A dor não diminuía e, mesmo assim, não conseguia chorar alto o suficiente para que alguém viesse me socorrer.
Flash Back off:
O ar saiu pela minha boca como se tivesse sido golpeada no estômago, de fato, as recordações eram tão dolorosas quanto isso.
Fixei meus olhos no horizonte me convencendo de que qualquer castigo que reservasse para Christopher seria pouco. Por isso, decidi me livrar do senso de moral e instintos de autopreservação. Já não me importava com o futuro, desde que arrastasse Christopher para a zona sombria de humilhação e rejeição em que vivi por anos. Por mim ele foi julgado, sentenciado e agora seria condenado.
Luana Gomes Beorlegui: Lu posso te chamar assim? kkk , eu também não sei se teria coragem , mesmo se tivesse sofrido tanto como a Dulce ... Mas HELLO ela é a CANDY KKK besos gatita espero que esteja mesmo gotando :)
Bruna Tamis Forner: Obrigado flor! ;)
nathaliauckermann: Obrigado fico muito feliz que esteja gostando e COMENTANDO kkk besos... O que acha de formamos uma gangue e ela vai ser chamar assim T.C.U (todas contra Ucker)penso, que loucura kkk
mayumivondy: eu tenho que concorda o Ucker é um infeliz da vida, Os filhos da Democracia ARRASAM bem que vc disse , o C. é um querido né...
biaa: Ucker é um cachorro mesmo, daquelo tipo que bonito , encantador,maravilhoso já disse que é bonito? kk mas por dentro como ele mesmo disse é FEIO não vale nada.. Besos gatita ;)
sabrina_sassoto: realmente a Dulce sofreu muito com esse trauma, mas a Candy esta ai para se vingar.., :)
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