Fanfic: Fanfic sem Título

 Terminei meu banho, e no quarto de Pâm sobre a cama havia uma camisola curtíssima. Será que ela estava achando que eu iria usar aquilo? aquilo era lindo e totalmente vulgar. Uma camisola acima dos joelhos, decotada de cor vinho e quase transparente, eu até poderia usar. Na minha lua de mel. Ainda enrolada na toalha fitando a camisola em cima da cama ouvi o ranger da porta abrir, me virei rapidamente para esta a espera de que fosse Pâm, que entrava devagar colocando a minha vista primeiro a sua cabeça. Me dando um baita de um susto.

― você demorou para tomar banho ― disse ela se pondo por inteiro para dentro do quarto.
― desculpa, o banho estava uma delicia ― falei secando os meus cabelos com outra toalha.
― eu peguei uma camisola. Tudo bem? ― perguntou ela indo em direção a cama e se sentando nesta pegando sobre suas mãos a camisola.
― ela é um pouco vulgar, você não acha?
― só achei essa Bia. ― eu duvidaria muito que ela não tivesse uma menos vulgar. Ela havia achado somente aquela no ponto de vista dela de qual ficaria perfeita em mim, eu a conhecia muito bem e ela não tinha como negar. Pâm colocou a camisola novamente na cama e voltou a me olhar.
― ela é linda ― disse olhando a camisola estirada na cama ― mas não vou usar isso. ― afirmei.
― eu já imaginava, por isso arranjei um roupão para você . ― eu definitavamente não usaria aquela camisola e de qualquer forma ela teria que arranjar alguma outra coisa para que eu usasse. Ela ria sozinha como se estivesse rindo de alguma piada contada por ela mesma, eu não a entendia.

― o que foi? ― perguntei curiosa a respeito de suas risadas.
― nada, é que fiquei te imaginando vestida nela ― respondeu ela olhando a camisola e parando de rir ― seria tão.. tão diferente. ― e realmente seria. A camisola não se enquadrava no meu estilo de vida. Mas que era inegavelmente linda era.
― ela é linda. ― falei soltando um sorrisinho besta olhando a camisola.
― te espero la em baixo ― e se levantou indo em direção a porta e antes que saísse disse ― Ah, o roupão esta na segunda porta da esquerda para a direita do guarda-roupa. ― e fechou a porta me deixando novamente sozinha em seu quarto.

 Me levantei indo em direção ao guarda-roupa me lembrando de onde estava. segunda porta da esquerda para a direita do guarda-roupa. Abri a porta onde ali continha outras camisolas bem menos vulgares que a que estava sobre a cama. Pâmella realmente não sabia mentir e eu sabia que havia outras ali. Mas não peguei outra camisola, afinal ela havia pedido que eu usasse aquela e não seria legal eu usar outra por baixo do roupão, mesmo não gostando muito da ideia de vesti-la. Peguei o roupão que estava dobrado ao lado de algumas caixas e coloquei este sobre a cama. Coloquei a camisola me olhando no espelho e achando aquela imagem refletida nele totalmente estranha, não fazia o meu perfil. Deslizei a minha mão pela lateral do meu corpo admirando este. Eu estava me achando bela, nunca tinha me sentido tão mulher naquela camisola. Retornei para a cama e coloquei o roupão. Abri a porta do quarto e antes de sair me lembrei de pegar meu celular, voltei até o banheiro onde ele estava, peguei este e finalmente desci até a sala.
 Pâmella estava lutando com o dvd para instala-lo. Rafael tinha a mania de levar o dvd para a casa de seus amigos e quando voltava não fazia questão de instala-lo sempre deixando ele jogado no raque da sala.

― Bia? ― me chamou Pâmella percebendo a minha presença.
― oi. ― respondi indo em sua direção.
― faz um favor para mim?
― claro, o que é? ― perguntei me sentando no braço do sofá.
― ajuda o Rafa com a pipoca e os refrigerante na cozinha? ― eu não acreditava que ela me pedia aquilo. Até que me toquei que ele não ajudaria por um pedido da Pâm sem ter que participar. Afinal ele iria assistir com a gente? por que ela não me avisou? Eu não podia pedir que Pâm o impedisse de assistir o filme. Ele também morava lá e eu não era ninguém pra julgar. Seria a mesma de sempre, fingiria que ele não estaria ali como sempre. Claro se ele não ficasse me encarando o tempo todo como estava acontecendo.
― claro. ― foi a única coisa que saiu da minha boca ao ouvir aquele pedido.

 Eu não podia negar um favor a Pâmella e ajudar o Rafael não me mataria. Me levantei e fui em direção a cozinha me deparando com uma expressão pouco engraçada de Rafael ao me ver entrando pela cozinha. Ele havia se assustado e eu não contive o riso fazendo-o corar.

― deixa que eu te ajudo ― falei tirando a enorme panela de pipoca de suas mãos e colocando esta sobre o balcão. Ele não me olhara por momento sequer, apenas fitava o chão apoiando suas mãos no balcão. ― essa vasilha é pequena para o tanto de pipoca. ― afirmei. E ele então tomou uma atitude pegando uma vasilha maior no armário entregando este a minha mão.
― eu achava que iria caber. ― disse ele soltando um sorrisinho de canto e eu retribui. ― aquilo era totalmente estranho. Nunca imaginei sorrir para ele.
― obrigada por avisar minha mãe. ― agradeci colocando a pipoca no vasilhame.
― não fiz mais do que minha obrigação. ― murmurou ele pegando o refrigerante ― ela perguntou e eu respondi. - continuou ele em um tom mais alto dando ombros.
― uma obrigação que me ajudou muito ― falei não ligando muito para o seu jeito frio. Peguei um dos copos de plástico sobre o balcão e levei até sua frente para que pudesse colocar refrigerante.
― devia arrumar seu roupão - disse ele olhando para a camisola quase transparente com olhar malicioso. Eu havia deixado o roupão se abrir. Como não percebi? Levei o maior susto deixando o copo de refrigerante cair no chão, fazendo com que Rafael derrubasse refrigerante sobre a camisola causando um caos.

― me desculpe ― rogou ele passando suas delicadas mãos sobre minha camisola em uma tentativa inútil de tentar secar me causando arrepios.

 O fitei sem entender nada, ele não parecia ser o tal Rafael grosseiro e mal-educado a qual eu ouvia tanto falar. Ele estava me pedindo desculpas e tentando me ajudar, não era atitude de alguém grosseiro. Pelo menos no meu ponto de vista. Nossos olhares se encontraram novamente e minhas bochechas coraram. Era a segunda vez naquele dia que ele me deixara sem graça. A porta da cozinha se abriu. Pâmella nos olhava confusa e Rafael disfarçou dando passos para trás e caminhando até um pano de chão velho que ali havia.

― o que aconteceu? ― perguntou ela fitando o chão com refrigerante derramado e depois a minha camisola molhada.
― e-eu derrubei refrigerante sem querer ― respondi atropelando as palavras. Rafael por sua vez não falou nada e limpou o refrigerante derramado. Ainda bem que o copo era de plástico.
― você esta toda molhada ― falou Pâm vindo em minha direção.
― desculpa eu molhei a sua camisola ― murmurei olhando o chão.
― é melhor você se trocar, já sabe aonde fica as camisolas. Eu só vim avisar que coloquei o dvd. ― Sai da cozinha deixando Rafael e Pâmella a sós sem olhar para trás.

 E subi as escadas indo em direção ao quarto. Entrei neste e caminhei até o enorme guarda-roupa branco. Peguei uma camisola porém agora branca, com um urso rosa estampado no meio e de mangas longas e nada curto, aparentava ser totalmente confortável. Me troquei e voltei para a sala aonde Pâm e Rafael estavam cada um em um sofá ― Rafa estava estirado no menor sofá obviamente com cara de tédio e Pâm estava sentada no tapete com sua parte dorsal encostada no sofá maior ― claro que eu segui para o sofá em que Pâm estava encostada. ― Os dois notaram minha presença e me olharam de cima a baixo com cara de quem viu e não gostou ― provavelmente a respeito da camisola.

― Bonita camisola Bia - ironizou Pâm voltando a olhar a TV pegando sobre suas mãos o controle.
― Me sinto mais confortável assim ― afirmei. E realmente me sentia mais confortável, o tecido era macio e a camisola não era vulgar. Me protegia de certos olhares que eu não saberia dizer se eram maldosos ou de deboche.

 Me sentei no chão ao lado de Pâm aonde mesmo assim tinha a vista perfeita de Rafael. Ele havia retirado a blusa que vestia e pude notar seu peitoral definido, literalmente definido e bronzeado, era de enlouquecer qualquer garota. Talvez não qualquer garota, apenas as atiradas, o que eu não era. Eu não parava de olhar seu corpo, que me perdia naquela pedaço de mal caminho. Ele não era totalmente sarado, do tipo bombado, mas era super agradável, no ponto certo. Por um momento cheguei a imaginar minhas mãos deslizando naquele corpo, extraordinariamente perfeito. Seria possível, eu estava pirando? ou estava virando uma ``atirada``? ou a resposta certa seria que: qualquer tipo de garota enlouqueceria com aquele peitoral. Mas mesmo assim ambos não podia estar acontecendo. Eu não devia ficar olhando o peitoral de Rafael Rodrigues, muito menos imaginar minhas mãos deslizando sobre seu corpo - o que era difícil parar -. Ele virou seu rosto olhando diretamente para mim. Havia ele percebido que eu estava quase babando  por seu corpo?.
 Disfarcei e tornei a olhar a TV aonde o filme estava para começar, era um filme de comédia, super cômico. Eu e Pâm riamos sem parar, feito duas hienas. E Rafael por sua vez estava como uma pedra, não ria por nenhum segundo. O que faria aquele garoto rir? se aquele filme super engraçado quase me matou de tanto rir, não só a eu como a Pâmella também. E mesmo assim ele não ria.
 Por certos momentos ele ficava a me fitar, me deixando totalmente sem graça. Tentava não ligar para seus olhares, mas era inútil. Me encostei mais ainda no sofá, fazendo com que Pâmella ficasse a frente da minha visão de Rafael. Tentei prestar atenção no filme, obtendo sucesso.

[..]

 O tempo passou, o filme acabou e Rafael não havia rido em momento algum, permanecia com sua frieza. Pelo o que percebi. Ele apenas brincava com seu anel, concentrado nisto, apenas nisto. E perderá a metade do filme.
 Pâmella havia trocado de filme, agora por um de terror. Antes dele começar, fui até a cozinha pegar outro copo de refrigerante, e ao olhar aquela cozinha me lembrei da situação ocorrida momentos antes de me trocar e, me deparei com um sorriso bobo na cara. Sai do transe em que me encontrava, não acreditando estar rindo daquela besteira. Peguei outro copo de refrigerante e retornei a sala aonde a mesma visão  intediante ― Rafael em um sofá e Pâmella noutro ― permanecia. Corri meus olhos para a TV, aonde exibia os trailers do filme, caminhei até o sofá, aonde anteriormente estava, me sentei neste e curvei-me para baixo colocando o copo no chão.
 Pâmella pegou sobre suas mãos o controle remoto do DVD e apertou o play, fazendo com que o filme começasse. Assistimos o filme tranquilamente. E Rafael por sorte a minha não ficou a me fitar. Ele parecia se interessar por filme de terror.
 Ao término do filme, eu e Pâm subimos para seu quarto e Rafael continuou ali na sala parado, sentado no sofá em que se encontrava fitando o chão, quieto.
 Pâmella se trocou e em seguida me levou a um quarto no fim do corredor ― provavelmente o quarto de hospedes ― entramos neste e era um quarto simples, embora aconchegante. Com apenas uma janela sob uma cortina de cor salmão, uma cama de casal no canto perto da janela e uma pequena cômoda do outro lado do quarto. Eu nunca havia entrado naquele quarto, nem sabia de sua existência, pensava ser apenas um "quartinho da bagunça". Sempre dormi no sofá, talvez alguém estivesse ocupando o quarto, ou ele era um quarto da bagunça que resolveram arrumar, afinal era impecável.
 Me lancei na cama, que por sinal muito agradável.

 ― Durma bem ! - disse Pâmella em frente a porta.
 ― Você também - retruquei e Pâm saiu fechando a porta agora atrás dela.

 Fechei meus olhos tentando dormir, mas o meu nervosismo atrapalhava, eu não parava de pensar na próxima manhã. O dia no parque. Passei parte da madrugada em claro, percebi então que havia esquecido o meu celular na sala e resolvi descer para busca-lo, pois não conseguiria dormir sem ele ao meu lado.
 Chegando a sala, estava tudo escuro, comecei a andar apalpando as coisas para não tropeçar,sem sucesso.
 Tropecei em algo macio, parecido com um colchão e cai sobre o corpo de alguém. Me levantei rapidamente e acendi a luz. O corpo era o de Rafael que também se levantou assustado deixando seu lençol cair e seu corpo a mostra, estava apenas de boxer, uma boxer preta. Estava também com uma cara de mal-humorado para mim. ― na certa este era o motivo porquê Pâmella me levou para o quarto de hóspedes. Rafael.

  ― Ta cega garota? não me viu aqui ― reclamou ele.
  ― me desculpa, eu não quis, juro. ― falei tentando não olhar para seu corpo, o que era inútil.
  ― O que você esta fazendo aqui? era para estar dormindo. ― continuou grosseiro. Quem ele pensava que era para falar comigo daquele jeito? eu poderia ser apenas uma amiga da irmã dele, mas continuava sendo gente e merecia respeito. Não cai sobre ele de propósito, no momento adorei mas, me arrependi.
  ― Eu só vim pegar meu celular, e você deveria estar na sua cama, no seu quarto. Não tem porquê dormir na sala! ― respondi no mesmo tom, deixando de lado o fato que ele estava apenas de boxer.

 Ele veio na minha direção e me prendeu contra a parede, naquele momento minha respiração estava ofegante, ele me olhava com ódio e malícia, chegava a dar medo.

 ― Não grita comigo, eu faço o que eu quiser dentro da minha casa ― esbravejou ele dando ênfase as duas últimas palavras.
 ― Me solta seu grosseiro ― Retruquei tentando sair de seus braços, o que foi inútil. Ele me segurava cada vez mais forte com seus olhos misteriosos fixos nos meus. ― você esta me machucando ― baixei o tom de voz desviando meu olhar para o lado.
 ― Fica longe de mim ― sussurrou ele no meu ouvido depois de arrumar uma mecha de meu cabelo atrás da minha orelha. E eu pude sentir sua respiração bater contra minha nuca, tão ofegante quanto a minha que dava arrepios.
 ― Me solta ― pedi novamente quase implorando, ele atendeu meu pedido e voltou para o seu colchão. E antes que deitasse jogou meu celular que estava ao seu lado para a outra ponta do sofá, peguei ele e subi as escadas correndo envergonhada e retornei ao quarto de hospedes.

 Tive a mais pura certeza que Rafael realmente era o que os outros diziam. Como ele pode ser tão arrogante daquele jeito. Olhei meus braços que estavam pouco vermelhos na parte em que ele segurou e uma sensação de raiva me invadiu. Tive vontade de descer novamente e falar um monte para aquele brutamontes e perguntar porquê ele é assim. E quem sabe dar um belo de um tapa na cara dele. Mas algo me impediu, não sei o que. Deitei na cama e fiquei tentando achar uma resposta porque ele não me queria por perto. Eu nunca fiz nada para ele  ― que me lembre ― , nunca fiz nada para alguém que ele gostasse, afinal nunca fiz nada para ninguém, a não ser para mim mesma no dia em que me apaixonei perdidamente por Gabriel. Que só me fez mal, muito mal. O sofrimento que passei foi muito maior dos dias de felicidade que tive ao seu lado. Se não fosse por mim, aquele namoro nunca tinha ido para frente e eu nunca tinha passado pelo o que passei.
 Deixei as perguntas de lado e finalmente cai no sono. Um sono extremamente profundo.