Fanfic: Primavera no Coração *AyA*Ponny* | Tema: Ponny,AyA

- Não. Eu não tenho nenhum seguro médico. Ia tê-la ali e logo voltaria para casa.
- Não se preocupe por isso - disse ele. - Já pensarei em algo. Agora, querida, te deite e me deixe te dar uma olhada. Quero me assegurar de que está bem.

Já tinha sido mau no dia anterior quando estava de parto, mas então foi pior. Então tinha sido uma emergência médica; agora não o era. Mas de novo Any teve a sensação de que ele faria o que se propôs, por mais objeções que ela pusesse, assim olhou fixamente ao fogo enquanto ele a examinava e massageava firmemente seu ventre.

- Tem um bom tom muscular - disse Alfonso com tom aprovador. – Haveria passado muito pior se não tivesse sido tão forte.

Se ela era forte, devia aos anos que tinha passado trabalhando no pequeno rancho e as horas servindo mesas no bar. Não tinha pisado em um ginásio em sua vida.

- O que fazemos agora? - perguntou Any. - Esperar?
- Disso nada. Já está suficientemente boa para viajar, e não podemos ficar sentados até que reparem o telefone. - Vou arrancar o jipe e esquentá-lo, e logo lhes levarei a ti e à menina ao hospital.

Any sentiu que o pânico a dominava.

- Quer levar o bebê para fora?
- Temos que fazê-lo. Manteremo-la quente.
- Podemos mantê-la quente aqui.
- Necessita de um hospital. Agora está bem, mas com um bebê prematuro as coisas podem mudar em um abrir e fechar de olhos. Não vou correr esse risco com sua vida.

Any não podia controlar o medo natural em uma mãe ao expor a sua filha aos elementos. Não sabiam que estradas podiam estar cortadas nem quanto tempo demorariam para chegar ao hospital. E se saíssem da estrada e tinham um acidente?

Vendo o terror em seus olhos, Alfonso se aproximou e lhe segurou os seus braços com firmeza.

- Não deixarei que ocorra nada - disse com calma, como se lhe tivesse lido os pensamentos. – Vista-se enquanto arranco o jipe e preparo algo para comer no café da manhã. Não tem fome? Não comeste nada desde que te encontrei ontem.

Só então se deu conta Any de quão vazia estava; era estranho como inclusive a idéia de comer tinha sido eliminada de sua mente por tudo o que tinha ocorrido. Trocou-se no dormitório gelado, provando-se depressa um par de calças atrás de outro, cada vez mais frustrada ao comprovar que todos eram muito estreitos. Finalmente vestiu uma das primeiras calças que comprou-se para seu novo estado, quando começou a deixar os pequenos jeans. Seu próprio corpo lhe resultava estranho. Era estranho não ter um ventre inchado e poder ver-se as pontas dos pés. Tinha que mover-se com cuidado, mas pôde calçar as meias três-quartos e os sapatos sem muitos problemas.

Não obstante, não tinha sua antiga magreza, e era desconcertante.

Depois de vestir um pulôver de algodão branco e uma camisa de flanela em cima, se escovou o cabelo alvoroçado e saiu do dormitório, um lugar demasiado frio para ficar lamentando-se de seu aspecto. A contra gosto Any admitiu que ao final tinha feito tudo o Alfonso lhe tinha ordenado.
Quando entrou na cozinha, ele levantou a cabeça de sua tarefa e a sorriu.

- Resulta-te estranho não levar roupa de grávida?
- Isto é roupa de grávida - disse ela com um ligeiro desespero muito feminina em seus olhos e sua voz. - O que me surpreende é poder ver os meus pés. Faz muito frio lá fora? - perguntou logo.
- Pouco menos de cinco graus, mas o céu está clareando.
- A que hospital vais nos levar?
- Já decidi. Quero levar a Candy a meu hospital, em Dallas.
- Dallas! Mas isso está...
- Ali posso supervisar seus cuidados - interrompeu-lhe Alfonso com calma.
- Está muito longe - disse Any lhe olhando sem pestanejar. - E não poderei pagá-lo. Nos leve a um hospital público.
- Não se preocupe pelo dinheiro. Disse-te que eu me ocuparia de vocês.
- Segue sendo caridade, mas preferiria dever-lhe a um hospital antes que a ti.
- Não me deverá nada. -Alfonso se voltou por volta dela e de repente Any sentiu toda a força de seu olhar, penetrante e tenaz, deixando-a sem vontade. - Não se te casar comigo.