Fanfic: Primavera no Coração *AyA*Ponny* | Tema: Ponny,AyA

Por fim ouviu a ducha correndo, e uns minutos mais tarde Alfonso entrou no dormitório. Anahi pôde sentir o úmido calor de seu corpo ao deslizar-se entre os lençóis, e se voltou para ele.

- Alfonso?
- Hummm?
- Está cansado?
- Mais que cansado estou tenso.

Através da escuridão Anahi pôde ver que cravava os olhos no teto.

- É duro relaxar-se depois de uma situação tão delicada como a desta tarde.

Anahi se aproximou dele e lhe pôs uma mão sobre o peito. Sua cabeça encontrou o oco de seu ombro, e o aroma limpo e masculino de sua pele a envolveu. Os braços de Alfonso a rodearam do mesmo modo que o haviam feito todas as noites durante as últimas quatro semanas. Tudo ia sair bem, disse-se Anahi, e esperou.
Mas ele não fez outra coisa que abraçá-la, e por fim Anahi decidiu que Alfonso estava esperando a que lhe desse alguma sinal. Esclareceu-se garganta e falou.

- Eu... a doutora disse que já posso... já sabe. Se você quiser, claro - acrescentou a toda pressa.

Devagar Alfonso estendeu um braço e acendeu a luz, e logo se incorporou sobre um cotovelo e a olhou. Havia uma estranha expressão em seus olhos que Anahi não pôde decifrar.

- E você o que diz? - perguntou nesse tom plácido que às vezes lhe dava calafrios - Você quer ``já sabe``?
- Quero te agradar - disse Anahi sentindo um nó na garganta baixo seu insistente olhar; - Fizemos um trato... e te devo tanto que é o menos que posso...
- Não me deve absolutamente nada - interrompeu-lhe Alfonso bruscamente.

Movendo-se com violência, saiu da cama e a olhou furioso. Nunca o tinha visto assim antes, mas nesse momento estava mais que furioso, estava raivoso.

- Antes de que nos casássemos te disse que não faríamos amor sem carinho e compromisso jamais falei de entendimentos nem de pagar dívidas. Obrigado, querida, mas não necessito de caridade.

Agarrou uma manta e saiu do dormitório deixando a Anahi tombada na cama olhando fixamente o lugar onde tinha estado segundos antes.

A jovem moveu a cabeça tratando de assimilar o que acabava de ocorrer. O que tinha passado? Ela só tinha tentado devolver uma parte da ternura que Alfonso lhe tinha dado, mas ele não a tinha querido.

Anahi começou a tremer, deitada em uma cama que pouco a pouco ia esfriando-se sem o corpo do Alfonso para esquentá-la; mas não era só a temperatura o que a esfriava. Sua ausência gelava-a; tinha chegado a depender tanto dele que agora se sentia perdida sem Alfonso.

Esteve-se enganando todo o tempo. Ela não tinha nada que lhe dar, nem sequer sexo. Ele não a necessitava absolutamente, apesar de suas palavras sobre carinho e compromisso.

Ela lhe amava, e se tinha comprometido a fazer que seu casamento funcionasse, mas Alfonso ainda não a queria, não do modo que ela desejava.

Mas por que teria Alfonso que amá-la? Ele era extraordinário em todos os aspectos, enquanto ela era pior do normal; tinha sido e continuava sendo indesejável.

Apertou os punhos tentando controlar o convulsivo tremor. Seus pais não a tinham querido; eram já maiores quando ela nasceu, e sua presença quase os envergonhava. Em qualquer caso, não tinham sido pessoas muito expressivas, e não sabiam o que fazer com uma menina curiosa e vivaz.

Gradualmente a menina havia aprendido a não fazer ruído nem dar problemas, mas estava tão necessitada de amor que se casou com o primeiro homem que o tinha pedido, indo de mal em pior, porque Larry tampouco a tinha amado.

Larry havia querido viver dela e do rancho que Anahi tinha herdado, e depois de arruinar a propriedade tinha deixado a ela porque não tinha nada mais que lhe dar. E parecia que tampouco tinha nada que dar ao Alfonso, exceto Candy. E em efeito era Candy o que ele tinha querido desde o começo.

Reta final :o