Fanfic: Primavera no Coração *AyA*Ponny* | Tema: Ponny,AyA

Depois disso, Anahi nunca esteve segura de como as arrumou para comer, mas Alfonso lhe pôs um prato diante e lhe disse que comesse, e de algum jeito conseguiu fazê-lo. Ele esperou até que houveram terminado antes de tomar sua mão e levá-la ao salão, onde a impossível árvore de Natal brilhava esplendidamente.

Any observou o cenário nostálgico e de repente sentiu um nó na garganta.

Não recordava uma autêntica celebração natalina em sua vida; simplesmente não fazia parte da tradição de sua família. Mas podia recordar ter visto fotografias de uma família reunida ao redor de uma árvore como essa, com o amor brilhando nos rostos de todo o mundo enquanto riam e abriam os presentes, e também recordava o doloroso desejo que havia sentido desse tipo de carinho.

Any se esclareceu garganta.

- Onde conseguiste esta árvore?

Ele a olhou surpreso, como se perguntasse por que Any pensava que a tarefa de encontrar uma árvore de Natal tinha que ter sido difícil.

- Tenho um amigo que se dedica a elas - explicou-lhe com seu calmo tom.
- Mas... por que? - perguntou Any fazendo um gesto que abrangia toda a habitação.
- Porque me pareceu que isto era o que necessitávamos. Por que temos que restringir o Natal a uma época determinada, quando a necessitamos todo o tempo? É uma questão de dar, não? De entrega e amor.

Brandamente Alfonso a fez sentar-se frente à árvore e logo se acomodou a seu lado e alcançou o presente mais próximo, uma pequena caixa envolta em papel escarlate com um enorme laço dourado. O colocou no colo e Any o olhou através de um véu de lágrimas que de repente dificultaram sua visão.

- Já me deste suficiente – murmurou. - Por favor, Alfonso, não quero aceitar nada mais. Nunca poderei começar a te pagar...
- Não quero ouvir uma palavra mais sobre me pagar nada - interrompeu-lhe Alfonso rodeando-a com um braço e atraindo-a para si. - No amor não terá que pagar nada, porque só se pode corresponder com amor, isso é o único que sempre quis que ti.

Anahí ficou sem fôlego e o olhou com os olhos cheios de lágrimas.

- Amo-te tanto que me dói - disse reprimindo um soluço.
- Shhh, querida - murmurou ele beijando sua testa. - Não chore. Eu te amo e você me ama, por que tem isso que te fazer chorar?
- Porque não sou boa no amor. Como pode me amar? Nem sequer meus pais me amavam!
- Por isso é que se perderam. Como poderia não te amar? A primeira vez que te vi, ali nesse velho caminhão te rodeando o ventre com os braços para proteger a seu bebê, me olhando com esses olhos verdes assustados mas invencíveis, perdi-me. Custou-me um pouco me dar conta do que tinha ocorrido, mas quando te pus a Candy nos braços e a olhou com um amor ilimitado refletido no rosto, eu soube. Eu também queria ser o destinatário de um amor assim. Seu amor é tão feroz e forte, é um amor concentrado por ter estado encerrado tantos anos dentro de ti. Não muita gente pode amar assim, e eu queria tudo para mim.
- Mas não me conhecia!
- Conhecia-te o suficiente - disse ele tranqüilamente olhando a árvore, enquanto em seus olhos se refletia um profundo conhecimento que muito poucas pessoas chegavam a possuir. - Sei o que quero. Quero a ti, Anahi. À Any que é de verdade. Não quero que ande ao meu ao redor de ponta de pé, temendo fazer algo que eu não goste. Quero que ria comigo, que me grite, que me jogue coisas quanto te zangue. Quero o fogo que há em ti, assim como o amor, e acredito que me voltarei louco se não me amar o suficiente para me dar isso O último que desejo de ti é gratidão.

Ela deu voltas à pequena caixa em suas mãos.

- Se amar é dar, por que não me deixaste te dar nada? Hei-me sentido tão inútil...
- Você não é inútil - repôs ele com ferocidade. -Meu coração deixaria de pulsar sem ti. Não lhe parece suficiente utilidade?
- Não - murmurou ela.
Lhe pôs um dedo sob o queixo e levantou seu rosto enquanto sorria.
- Amo-te – disse. - Agora me diga isso você.
- Amo-te.

O coração da Anahi pulsava rapidamente, mas não porque lhe resultasse difícil pronunciar as palavras; quase não as ouviu. Era o que Alfonso havia dito o que a impressionava. Então olhou a seu redor e um sorriso curvou seus lábios.

- Seriamente fez isto só por mim?
- Sim - disse ele inclinando a cabeça para lhe mordiscar a orelha e a curva de sua mandíbula. -Você me proporcionou os melhores natais de minha vida, consegui a ti e a sua filha ao mesmo tempo. Pensei que te devia um Natal para te mostrar o muito que significa para mim. Abra seu presente.

Com dedos trêmulos Anahi rasgou o papel e abriu a caixa. Um delicioso relicário de ouro em forma de coração brilhava em sua almofadinha de cetim branco.

Any o agarrou e observou os delicados elos da corrente deslizando-se entre seus dedos como uma chuva de ouro.

- Abre-o - murmurou Alfonso.

Ela o abriu com uma unha e descobriu que não era um simples relicário de duas caras. Havia lugar para duas fotos; logo levantou uma placa divisória finamente lavrada e descobriu lugar para outras duas.

- Nossa foto irá na primeira parte - disse Alfonso. -Candy aparecerá no outro lado, e nossos futuros filhos irão na segunda parte.

Any deu a volta ao relicário. No verso havia uma inscrição: ``Já tem meu coração, isto só é um símbolo. Seu querido marido, Alfonso.``

As lágrimas nublaram seus olhos enquanto fechava os dedos ao redor do relicário e o levava aos lábios.