Fanfic: Primavera no Coração *AyA*Ponny* | Tema: Ponny,AyA

Capítulo 2

- A porta traseira está aberta - murmurou Anahi, e ele assentiu detendo o jipe tão perto dos degraus como pôde.
- Não trate de sair sozinha - ordenou-lhe Alfonso ao vê-la pôr uma mão na porta. - Eu a ajudarei.

Anahi se apoiou no respaldo, com o rosto pálido e tenso. Não conhecia esse homem, não sabia se devia confiar nele, mas não tinha mais remédio que aceitar sua ajuda. Jamais tinha tido tanto medo. A dor era pior do que tinha esperado, e a isso terei que acrescentar o medo pela vida de seu filho.

Quem quer que fosse esse homem, nesse momento estava agradecida por sua companhia.

Ele saiu do carro e o rodeou até chegar à porta do passageiro. Era um homem grande, alto e forte; a tinha levantado facilmente, mas com cuidado.

Enquanto ele abria a porta Anahí se moveu para desprender as pernas, mas uma vez mais ele tomou em seus braços.

- Ponha a cabeça sobre meu ombro - disse-lhe o homem levantando a voz para que pudesse ouvi-lo por cima da tormenta.

Ela assentiu e enterrou o rosto em seu casaco. Ele se deu a volta de maneira que suas costas a protegia do vento enquanto a transportava até a porta. Uma vez ali conseguiu encontrar o trinco e ao girá-lo o vento fez o resto, abrindo a porta com violência e enchendo de neve a entrada.

Depressa Alfonso atravessou a cozinha e chegou a sala, onde o fogo seguia ardendo na chaminé. Anahi tinha a sensação de que tinham passado horas, mas na realidade só fazia quarenta minutos que tinha saído da casa. Ainda com essa suavidade controlada e poderosa, ele a colocou sobre o velho sofá.

- Tenho que trazer minha maleta, mas voltarei em seguida - prometeu-lhe ele lhe retirando o cabelo do rosto. - Não tente levantar-se. Fique aqui.

Ela assentiu, muito cansada para pensar em ir a nenhuma parte. Para que quereria esse homem sua bagagem nesse momento? Acaso não podia esperar? Outra contração. Anahi se encolheu no sofá, gemendo intermitentemente pela dor.

Antes de que terminasse ele estava de novo a seu lado, lhe recomendando com sua voz suave mas autoritária que fizesse inspirações curtas e rápidas, como o ofego de um cão. Vagamente ela recordou haver lido umas instruções para respirar durante o parto onde usavam a mesma descrição. Ela tentou obedecê-lo concentrando-se na respiração, e pareceu encontrar-se melhor. Provavelmente só servia para afastar sua mente da dor, mas nesse momento estava disposta a fazer qualquer coisa.

Logo a contração cessou e Anahí se desabou sobre a poltrona.

- Tem mais lenha para o fogo? Não há eletricidade - disse Alfonso.
Anahi esboçou um débil sorriso.
- Eu sei. Faltou-se esta manhã, Ontem trouxe lenha em abundância ao ouvi o boletim meteorológico,está no tanque, junto à cozinha.
- Devia ter ido à clínica ontem - disse ele ficando em pé.

Anahi estava cansada e assustada, mas mesmo assim seus olhos flamejaram ao lhe olhar.

- O teria feito se tivesse sabido que o bebê se adiantaria.

Isso chamou a atenção do homem, que a olhou franzindo suas sobrancelhas negras.

- Não completou o tempo? É prematuro?
- Adiantou-se quase um mês - disse Anahi levando-a mão ao ventre em um instintivo gesto de preocupação.
- Há alguma possibilidade de erro no cálculo?
- Não - repôs ela deixando cair a cabeça de novo.

Sabia exatamente quando ficou grávida, e a lembrança a fez estremecer-se.

O homem lhe dirigiu um sorriso inclinado e pela primeira vez ela se deu conta do arrumado que era, de uma forma tremendamente masculina.

Anahí tinha tomado o costume de não olhar diretamente aos homens, e por isso não se tinha dado conta antes. Mas agora, algo em seus olhos castanhos esverdeados, a fez sentir-se mais relaxada.

- Este é seu dia de sorte, querida - disse ele amavelmente enquanto se tirava o casaco e subia as mangas. - Está presa aqui com um médico.