Fanfic: A Dama da Meia-Noite | Tema: Levyrroni

(Pov Maite)

Eu deveria estar louca mesmo. Quase havia me entregado à ele. Ele era um cavaleiro da rainha, ia me levar pra minha execução.
Muito provavelmente ele só queria se aproveitar da bruxinha que ia morrer. Nem sabia ele o perigo que isso implicava. Ao menos pra mim.
Me lembro muito bem de quando minha mãe adotiva falava sobre isso, eu era muito pequena e nem imaginava o que significava o amor... mas algo não batia. Como eu poderia ser uma criatura sem sentimentos, se existia o risco de me apaixonar por um homem?
Ainda sim, muitas vezes ela repetia: "Nunca se entregue à um homem. As consequências disso podem ser horríveis. Você será uma mulher encantadora, seus olhos causarão desejo carnal, mas você não deve se apaixonar nunca. A morte será pouco se isso acontecer".
As afirmações dela me causavam arrepios até hoje, e era como se ela ainda sussurrasse essas mesmas regras.
E o pior é que minha muralha estava caindo cada vez mais... mas eu não podia me dar por vencida.

Os dias seguintes passaram lentamente, e eu fui cansando. Me perguntava como estariam Helena, Patrício e até a chata da Katarina. Será que isso é algo "pré-morte"?
William conversava comigo as vezes, mas eu resolvi não falar mais do que o necessário. Na verdade eu evitava a maioria dos cavaleiros, exceto Leon, que era um bom companheiro.
O castelo estava cada vez mais visível, e eu não sabia o que pensar, o desespero tentava tomar conta de todo meu ser, por mais que eu evitava. Ao chegar nos portões da cidade, eu já sentia o suor gelado escorrendo por meu corpo.
-Tudo vai dar certo. -Leon me disse. As mesmas palavras que ele tinha dito quando nos conhecemos. Tudo seria mais fácil se eu realmente acreditasse nisso.
Enquanto passávamos pela cidade, algumas pessoas me olhavam com curiosidade, alguns homens com luxuria, e as crianças com certo temor. Sim, pelo visto os rumores tinham chegado até ali. A Dama Da Meia-Noite já era tão conhecida assim? Ou melhor, eu era tão conhecida e temida assim?
Quando abriram os portões do castelo, eu parei de respirar. Sentia que minha vida duraria por pouco tempo, e isso fechava minha garganta. Abaixei meu olhar, e fiquei pensando que tudo poderia ter sido tão diferente se eu não tivesse sido amaldiçoada sem merecer por essa praga. Talvez meus pais não tivesse me dado para outro casal - e não é que eu esteja reclamando deles, claro que não. Foram pais exemplares, até morrerem, mas... É como se eu tivesse um vazio dentro de mim por causa desse abandono - e tantas perguntas vinham e me confundiam. Perguntas que provavelmente eu morreria sem saber suas respostas.
-Levem a prisioneira até onde ela possa se banhar, e comer adequadamente. Logo levem-na até a rainha. Vossa majestade não pode esperar pra dar o veredito final. -Disse um dos soldados sorrindo.

E desde então, as coisas passaram em um ritmo frenético. Um soldado me acompanhou, me levando para todos os lados com força bruta, inclusive em um momento achei que ele iria chegar ao extremo de me bater.
Fiz tudo o que era necessário, tomei um banho que não me relaxou para nada, e comi comida decente que provavelmente estaria deliciosa se não fosse por esse nó em meu estômago. A única coisa que eu queria era fugir, mas isso pioraria as coisas, e me deixaria como uma covarde caso eu conseguisse. E eu não sou covarde.
Sou?

Fim do capitulo 12