Fanfic: A Dama da Meia-Noite | Tema: Levyrroni

Eu acordei bem cedo, antes até mesmo dos passarinhos começarem a voar por aí, e o sol estar aparecendo mais do que apenas uns raios que passavam na colina. Por algum motivo sorpreendente estou feliz, muito feliz, como se algo muito bom fosse acontecer, mas então escutei um movimento em meu quarto e por um momento cheguei à me transformar, mas ao ver que era só o coelho que tinha trazido ontem, me acalmei. Ele estava bem quieto no canto do meu quarto, onde eu tinha colocado uma almofada. Mas parecia que sentia dor.
Eu peguei uma bacia de metal do banheiro, e desci pra buscar àgua no poço. Quando saí, a brisa suave da manhã me atingiu levemente e eu suspirei. Logo, amarrei a bacia na corda do poço, e girei a manivela. Assim que tive certeza que tinha àgua o suficiente, girei novamente a manivela em sentido contrário, e carreguei a água até o meu quarto. Provavelmente depois de dar um banho em... Que nome eu poderia dar para um coelho?
Poderia ser... Cristal! Bom... Eu não sei se é fêmea ou macho. Mas enquanto eu não descubrir, vai ser Cristal e ponto. Pois é, talvez depois de dar banho nela, eu também tomaria um e começaria a fazer o café da manhã.
Coloquei a bacia no chão, acho que Cristal não vai se importar com a àgua gelada, principalmente por que não está frio, e ela é cheia de pelos. Fui buscar uns óleos de banho e coloquei ao lado da bacia, enquanto pegava um pedaço de pano e me aproximava à Cristal, que tremia, não sei se de medo ou de dor. Devagar, peguei ela e a coloquei na bacia com muito cuidado. Passei um dos óleos por seu corpinho felpudo, e logo pela sua orelha machucada com extremo cuidado. Depois disso a sequei, e vendei a ferida, vendo como ela tremia novamente, mas logo foi dormir.
Quando foi minha vez de tomar banho, notei que o desenho que estava na minha perna de um coração tinha ficado mais nítido. Pois é, eu tenho três, que nasceram assim do nada. Um pequeno pássaro e uma flor nas minhas costas, e agora esse coração.
Espero que não apareçam mais, ou ao menos, não em lugares visíveis. Esses desenhos seriam a prova de que eu sou uma criatura desconhecida, e o suficiente pra me executarem em praça pública. Sempre quando aparecem esses desenhos, geralmente são avisos. Mas se meu corpo resolver me avisar sobre qualquer coisa dessa forma, provavelmente quando morrer, terei meu corpo todo marcado por essas coisas. Alias... Um coração? O que eles querem dizer? Que eu vou morrer de um infarto?
Saí do meu banho, e me vesti rapidamente. Depois, desci as escadas e comecei a preparar o café da manhã para Patricio, que saía muito cedo para ir trabalhar em seu negócio de tintura. Mas quem desceu primeiro foi Helena.
-Bom dia. -Disse Helena com um sorriso.
-Bom dia senhora. -Eu coloquei o café em uma xícara, e o pão com manteiga num prato, e coloquei na mesa. -Como foi a noite?
-Bem. E a sua?
-Também. Cristal vai melhorar logo. -Helena me olhou como se perguntasse, e me dei conta de que ela queria saber quem era Cristal. -Cristal é a coelhinha que eu achei.
-Ah, agora entendo.
Ela tomou um pouco de seu café, enquanto eu cortava algumas maçãs pra colocar na mesa.
-Maite... Você já foi em um baile?
-Baile? Não. Nunca tive a oportunidade. Como você sabe meus pais adotivos eram pobres, e quando eu estava na idade de debutar eu não pude. Mas não me importa, nunca gostei de estar em evidência, principalmente pelo medo das pessoas quando me olham.
-Ah, claro... É que o Conde está celebrando um baile, e ontem chegaram os convites, e neles incluiam você.
-Eu? Por que?
-Não sei. Mas acho bom que eles tenham te convidado. O baile é pra hoje a noite e eu vou te arrumar pra essa ocasião.
-Eu não vou.
-Como?!
-Eu não vou. Bailes geralmente são pela noite, e meus olhos vão ter tomado aquela cor de sempre. Não quero escutar mais sussurros sobre `A Dama Da Meia-Noite`.
-E você vai perder um baile no castelo, só por causa dessa gente invejosa? Ah não. Eu não vou deixar. Você vai sim.
-Mas...
-Sem `mas` nem meio mas. Você é jovem, e nunca foi num baile, essa é a sua oportunidade. Eu tenho alguns vestidos, e posso te ajudar, assim como vou ajudar Katarina. -Eu me virei pronta para negar novamente, mas conheço o sorriso de Helena quando não haviam possibilidades de convencê-la do contrário. Suspirei, e assenti. Realmente seria uma noite como dos contos de fadas, a criada virando uma princesa.

Katarina estava emburrada por ter que dividir seu quarto comigo para que eu me arrumasse, mas o olhar reprovatório de Helena fez com que ela ficasse calada. Enquanto eu colocava um vestido vermelho que Helena tinha me emprestado, ela arrumava seu cabelo.
-Ah Maite... Você está tão... -Katarina me olhou de cima à baixo como se eu fosse uma mercadoria mal feita, argh! Por que até nesse dia onde ela deveria estar prestando atenção nela mesma, ela resolve me irritar?! -Diferente. É uma pena que a minha beleza vai ofuscar você... -Ah, olha ai. Não demora muito tempo até ela começar a falar dela, dela e dela. Quando ela se virou, eu mostrei minha lingua rapidamente, e no mesmo instante Helena entrou e soltou uma risada baixa.
-Vocês duas estão... Lindas! Mas... Maite, por que você não se maquiou?
-Eu... não sei me maquiar senhora.
-Como não? Você deve ter se maquiado alguma vez... certo?
-Não. Nunca.
-Mas que ultraje! -Katarina se levantou, de repente. -Como uma mulher da sua idade não sabe se maquiar? Eu sei me maquiar desde os 4 anos. -De novo. De novo. E de novo. Sim, essa é a vida que eu levo, com ela falando sempre de si mesma e tentando me atacar. Oh pai, me ajude para que eu tenha paciência, por que se me der força, eu ainda vou dar um belo tapa na cara dessa garota.
-Eu nunca fui rica, madame. -Sorri falsamente. Olha, podem falar o que quiser de mim, mas eu sou uma ótima atriz.
-Bem, vamos deixar de discussão meninas. Vocês agora são duas damas, e devem se portar como tal. Vem cá Maite, que eu vou te maquiar.

Fim do capitulo 2.