Fanfic: Totalmente Demais! [Terminada]
O cheiro embolorado de livros antigos permeavam suas narinas, fazendo com que Dulce se sentisse segura. Ela deu a volta no final de um corredor comprido e viu Annie andando de um lado para o outro no local de encontro combinado.
Tocou no ombro da irmã.
-- Oi, Annie.
Annie virou-se.
-- Graças a Deus você está bem. A chamada de emergência me deixou morrendo de medo. Cadê seu cão de guarda? – Deu uma olhada por cima do ombro de Dulce em busca de Ucker.
Dulce deu de ombros.
-- Não sei e não me importo. – Mentirosa. Ela se importava demais, e foi isso que a colocou nessa confusão.
-- Ele deixou você sair sozinha? Depois de ter prometido que a protegeria? Eu devia saber que o homem era um vigarista.
-- Eu saí escondida e, se bem me lembro, você gostou bastante dele na primeira vez que o viu.
--Aquilo foi antes de ele se aproveitar de minha irmã inocente.
-- Não acha que está exagerando um pouco, mesmo para você?
Annie deu um passo à frente e tocou na face da irmã.
-- Parece que você teve seu coração pisado e quebrado. Então, não, eu não acho que esteja exagerando.
Dulce sentou-se suavemente numa das cadeiras cobertas de tecido. Não havia muitos lugares na biblioteca pública que fossem confortáveis e reservados, mas Dulce tinha conquistado seu espaço pessoal três andares abaixo do nível principal, encaixado entre História e Pesquisa.
-- Você sabia que os homens são criaturas muito literais? – perguntou Dulce.
-- Como assim?
-- Eles dizem o que pensam e pensam o que dizem. Se um cara diz que não quer se envolver, ele não quer se envolver. Não existem intenções escondidas. Não existem finais de contos de fadas e não existe nada do tipo a mulher certa mudando a cabeça de um homem teimoso.
-- Eu gostaria de estrangula aquele víbora.
-- Por quê? Ele nunca mentiu para mim. Agora sente-se. Precisamos conversar. – Dulce deu umas batidinhas na cadeira em frente a ela. Annie tinha boas intenções, mas discutir os sentimentos dela por Ucker era pessoal demais. Dulce não divulgaria detalhes, nem mesmo para sua preocupada irmã.
Lidaria com isso sozinha.
-- O que você sabe sobre as atividades escondidas da “Charme!”? – perguntou Dulce.
-- O que quer dizer com isso?
-- Veja isto. – Cavucou na bolsa e pegou um dos livros de palavras cruzadas que tinha trazido de casa. – Listas de nomes, datas... – Sacudiu as páginas para que a irmã as visse.
-- Feche o livro, Dul. – A voz profunda pegou-a de surpresa. Um sentimento familiar de calor enroscou seu estômago por dentro.
-- O homem de gelo está vindo – sussurrou Annie.
-- Cale a boca – disseram Dulce e Ucker ao mesmo tempo.
Em vez de ficar insultada, Annie simplesmente continuou, sem impedimentos.
-- O que ela não deve me contar?
-- Nada. – O olhar escuro de Ucker penetrou no de Dulce. Ninguém saberia se tinha consciência de Annie como algo além de mais um corpo na biblioteca. Ele tinha olhos apenas para ela e, se o olhar metálico era alguma indicação, ele estava furioso. Nisso ela podia se comparar a ele, e ainda superá-lo.
-- Guardando segredos, detetive? – perguntou Annie.
-- Nenhum que lhe diga respeito. – Ele falava com Annie, mas seu olhar não se desviava de Dulce. A intensidade que Dulce via ali a tirou do sério.
Anahí alternava o olhar entre Ucker e Dulce. Aparentemente, percebeu as tendências ocultas correndo entre eles, porque se levantou e apanhou a bolsa.
-- Acho que essa é a minha deixa.
Dulce levantou-se.
-- Você não precisa ir. – Podia lidar com Ucker sem a ajuda de Annie, mas se recusava a permitir que ele fizesse a irmã se afastar.
-- Acho que preciso. Quanto à “Charme!”, sei menos que você. Tia Marichello achava que eu era a criança selvagem e raramente se abria comigo.
Apesar da seriedade da situação, Dulce riu. Annie nunca tivera rancor de Dulce por sua relação com a tia. Tinha pouco em comum com a mais velha, mas Dulce sabia, no fundo do coração, que tia Marichello amava as duas. Quando nada mais restou, no entanto, as irmãs Portillo Saviñón contaram uma com a outra.
Annie virou-se para Ucker:
-- Não sei que diabos está havendo entre vocês dois, mas se machucar minha irmã, vou fazer você desejar nunca ter ouvido o nome Portillo Saviñón.
-- Acredito nisso – resmungou Ucker.
-- Não acredito que está deixando ele expulsar você – disse Dulce.
Annie aproximou-se, com a voz baixa:
-- Eu olhei nos olhos dele. Está completamente apaixonado. Só que ainda não sabe. Ele vai cuidar de você.
-- Não preciso dele...
-- Precisa, sim. Você não está usando roupas da moda por minha causa, está fazendo isso por ele. Porque finalmente confia em alguém o suficiente para revelar a verdadeira você. – Annie deu um rápido abraço nela. – Você sabe onde me encontrar.
Dulce retribuiu o abraço. Amava a preocupação dela tanto quanto amava a irmã, mesmo que tivesse vendo coisas entre ela e Ucker que não existiam. Em Ucker, Dulce havia imaginado uma profundidade de carinho e uma necessidade de amor num homem que não tinha nada disso. Annie, evidentemente, também se enganara. Mas a irmã tinha boas intenções. Elas eram uma família e, aos olhos de Dulce, aquilo significava tudo. Não que um solitário como Ucker fosse entender ou mesmo se importar. Deu uma olhadela. Ele estava um pouco afastado, sua linguagem corporal rígida garantiu que ninguém podia confundi-lo com qualquer coisa além de solitário que era.
Apesar de tudo, grande parte dela ainda queria ensiná-lo o significado de pertencer. Sufocou uma risada ríspida, sabendo o quanto ele desejava pouco de Dulce Maria.
Esperou até que a irmã desaparecesse por trás das estantes.
-- Como me encontrou?
-- Instinto. Ou você estava aqui ou com sua irmã. Aconteceu de ambas serem verdades.
Dulce aproveitou a menção a Annie.
-- Annie merece saber o que está acontecendo, Ucker. Deixá-la no escuro não é uma decisão sua.
-- Não – concordou ele. – É sua. Quanto mais ela souber, mais estará em perigo. Já tenho trabalho suficiente para vigiar você. Não preciso adicioná-la a minha lista.
Aproximou-se com dois passos. Seu cantinho pessoal na biblioteca era pequeno. A presença de Ucker fazia com que parecesse ainda menor. Ela respirou fundo para tomar coragem e sentiu seu aroma masculino. Seu corpo reagiu, recordando mais momentos íntimos entre eles.
O cérebro dela a fez lembrar que ela havia sido íntima. Ele permanecera distante.
-- Pode me tirar da sua listinha, detetive. Não quero de você nada além do que quer de mim.
-- Nesse caso, querida, você tem um grande problema.
Os olhos dela se arregalaram. Os lábios se separaram e sua respiração deu um nó perceptível. Ucker a desejava mais que nunca. Ele rezava para manter o controle.
-- Dê-me os livros – disse ele, tentando uma distração.
Ela balançou a cabeça.
-- Quero me dedicar a transformá-los numa lista completa.
-- Por isso os trouxe até aqui.
-- Consigo me concentrar melhor aqui.
Longe de você. Ele não precisava ouvir as palavras para saber que ela queria dizer aquilo. O que não era uma desculpa para uma ação descuidada. Seu alívio por encontrá-la fora de perigou lutava contra sua fúria pela falta de interesse dela.
-- Você fez de si mesma um alvo ambulante.
-- Esta é uma biblioteca pública.
Ucker olhou em volta da área fechada. Tinha descido três lances de escada deserta e percorrido inúmeros cubículos e estantes até encontrar a certa.
-- Parece muito privado para mim. E você veio até aqui sozinha, então nossa única prova poderia facilmente ter sido apanhada.
Ela se sentiu desconfortável.
-- Não que eu ache que você não possa decifrar isso, mas quero as provas num lugar seguro. Tenho um amigo no distrito que é mais um devorador de livros que um policial. Ele vai olhar a informação rapidinho.
-- Ótimo. São seus. – Atirou os livros nele, atingindo-o no estômago.
Ele conteve um urro.
Ela pegou a enorme bolsa do chão.
-- Estou fora daqui.
Deu dois passos. Ucker pegou-a pelo pulso, puxando-a para si. Não podia deixar que ela ditasse o próximo curso de ação deles. Ela não tinha nada que andar pelas ruas sozinha, mas aquele não era o único motivo pelo qual não queria deixá-la ir embora.
Seus cabelos sedosos tinham cheiro de limão, sua pele era perfumada e fresca. Não apenas queria mantê-la viva. Precisava mantê-la viva.
Porque era assim que ela o fazia sentir.
-- Deixe-me ir, Ucker.
-- Não posso.
-- Já conseguiu o que queria de mim.
-- Você não acredita nisso.
-- Encontrei um envelopinho que diz outra coisa.
-- Que diabos está falando? – Ele ficou tenso, sem saber o que ela queria dizer.
-- Não gosta de ser pego? – provocou ela. – Então não devia ter deixado suas roupas numa pilha e eu não teria sido tão rápida em ajudar a lavá-las.
-- Filha da mãe. – A respiração ficou sibilante. – Está me dizendo que deixou a segurança da casa e arriscou a própria vida porque...
-- Porque quero controlar minha vida. – Ela endireitou os ombros. – Além disso, não quero sua piedade, e foi isso que você me deu mais cedo. Fui até você e você não me quis, mas é cavalheiro demais para admitir isso e tornar as coisas mais difíceis, então você...
-- Alto lá. Acha que não quero você? – Pensar aquilo era um absurdo além do acreditável. Nunca desejara uma mulher tanto quanto desejava Dulce, nunca deixara uma mulher penetrar na sua mente e bagunçá-la tanto, e aquilo significava alguma coisa. Ela estava afetando Ucker aos poucos, tomando o controle e deixando-o sem nenhum.
Não podia deixar aquilo continuar por muito tempo, nem permitir que ela pensasse que não significava nada para ele.
Ele a virou. Ela não tinha alternativa senão encará-lo. Levantou a cabeça dela com a mão, forçou-a a olhar nos olhos dele. Uma umidade lustrosa brilhava nos dela. Droga. Seus métodos de proteção saíram pela culatra de várias maneiras. Em vez de protegê-la, ele a magoara mais uma vez.
Suas entranhas se contorceram de arrependimento e por causa de um sentimento desconhecido de desejo e preocupação. Não tinha se distanciado de Dulce como planejado; na verdade, justamente o oposto. Ele estava totalmente envolvido.
Enfiando a mão no bolso, ela pegou um envelopinho preto e balançou-o.
-- Acho que a prova fala por si.
-- Circunstancial, querida. – Agarrou a mão dela que estava livre, forçando a palma da mão dela contra a ereção forte na frente do jeans. – Uma prova concreta diz outra coisa.
Ela conteve um suspiro de surpresa e Ucker observou o jogo de emoções que cruzavam o rosto de Dulce. Choque, prazer e, por fim, descrença. Ele não a culpava por lutar contra a verdade. Não tinha dado a ela muitos motivos para acreditar nele. Mas seu corpo não mentia e, naquele momento, forçava contra a mão dela.
Ela inclinou a cabeça para um lado. Embora o encarasse com um olhar firme, os olhos mostravam uma gama de sentimentos com os quais ele não estava preparado para lidar. Não era por isso que tinha deixado o preservativo no bolso, para início de conversa?
-- Química, Ucker. Li em algum lugar que os homens pensam com seu... – A mão dela apertou a ereção dele.
Ele trincou os dentes por causa da combinação de prazer e agonia que ela causava.
-- Acredite em mim, querida, não estou pensando muito neste momento.
Um rubor aquecido subiu à face dela. Aparentemente, sua inocente Dulce não estava tão à vontade com esta situação como queria que ele acreditasse.
-- É isso que quero dizer. Então você me quer.
-- Você pode sentir que eu quero. – A voz dele soou bruta mesmo aos seus próprios ouvidos.
-- Não é suficiente. – Ela puxou a mão e colocou-a em segurança, mas a prova do toque dela permaneceu.
-- Eu sei. – E essa era a noção que o impedia de continuar. Ela queria mais que sexo. Ele não tinha nada mais a dar.
Pegou o preservativo da mão dela. Tinha acreditado que, ao não fazer amor de verdade com ela, não se envolveria. Que, dando prazer a ela, podia permanecer afastado. Mas senti-la úmida e quente com as mãos, sabendo que ela o desejava, o puxou para dentro. E quando saiu do chuveiro e pensou que algo acontecera com ela...
Ele balançou a cabeça. Não importa o que estava sentindo, Ucker conhecia suas limitações.
-- É tudo que posso fazer. – Pegou o envelopinho com as mãos. O som amarfanhado ecoou na biblioteca silenciosa.
-- Eu sei. – Ela lhe deu um sorriso iluminado demais. – Bom, detetive, pelo menos nós dois sabemos onde estamos.
Empatados, pensou Ucker. Numa guerra que estava longe de terminar.
Autor(a): narynha
Este autor(a) escreve mais 12 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?
+ Fanfics do autor(a)Prévia do próximo capítulo
A delegacia de polícia estava tranqüila. Dulce entrou, seguindo Ucker, e esperou no saguão enquanto ele se encontrava com o capitão Carlos Daniel. Não precisava ficar na sala enquanto os dois homens conversavam sobre estratégia. Ficar um tempo sozinha daria a ela oportunidade de pensar e articular seu próprio plano. Entre a liga ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 48
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kikaherrera Postado em 25/10/2009 - 22:07:01
AMEIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII
O FINAL PARABÉNSSSSSSSSSSSSS -
dannystar Postado em 25/10/2009 - 13:27:07
Oie!!! sou nova aki, e tô amando sua web, amo AyA...
Qro saber + dessa história q tá linda
Posta +
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+++++++++++++ AyA sempre -
kikaherrera Postado em 23/10/2009 - 22:50:25
MAISSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS SSSSSSSSSSSSSSSSSS
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kikaherrera Postado em 23/10/2009 - 22:50:17
MAISSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS
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kikaherrera Postado em 23/10/2009 - 22:50:10
POSTA MAISSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS
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kikaherrera Postado em 23/10/2009 - 00:07:58
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kikaherrera Postado em 23/10/2009 - 00:07:51
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kikaherrera Postado em 23/10/2009 - 00:07:43
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kikaherrera Postado em 21/10/2009 - 23:33:34
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kikaherrera Postado em 21/10/2009 - 23:33:27
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