Fanfics Brasil - Totalmente Pecadora: Capitulo 26 Totalmente Demais! [Terminada]

Fanfic: Totalmente Demais! [Terminada]


Capítulo: Totalmente Pecadora: Capitulo 26

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De todas as declarações arrogantes, autoconfiantes e convencidas, a de Ucker estava no topo da lista. Dulce picava os ingredientes da salada com mais força que o necessário, atirando suco e sementes de tomate contra a parede da cozinha. Terminar o que começamos antes.


Como se ela fosse permitir isso sem questionar. Não que não quisesse dormir com ele novamente. Queria. Mas aquilo era seu corpo falando, não sua mente. Um laço de calor se apertava em seu estômago cada vez que ele entrava no quarto. Que outra prova de desejo ela precisava? No entanto, coisas mais importantes estavam em jogo do que hormônios poderosos. Primeiro sua vida. Depois, seus negócios. Por fim, seu futuro.


Tudo se resumia a uma luta por poder, pensou Dulce. Ele achou que pudesse controlar a situação e a ela. Primeiro, recusando o sexo. Depois, impedindo que ela ajudasse a arrumar a bagunça com a “Charme!” E, agora, informando a ela que precisava retomar o que eles tinham interrompido antes. Era mais o que ele tinha interrompido.


Em Ucker, tudo girava em torno de suas escolhas e de seus impulsos. Bem, não mais. Alguém tinha de mostrar a Christopher Uckermann que ele não podia estar sempre no comando. Ele podia não gostar do plano dela de descobrir os negócios ilegais do tio, mas seu superior obviamente gostava. Dulce não queria deliberadamente barrar Ucker, ainda que esse tivesse sido o resultado final. Tampouco estava querendo ser deliberadamente contrária agora. Mas ele estava a ponto de descobrir que seduzir Dulce não era tão fácil como tinha sido antes.


Ela ainda queria alcançá-lo num nível mais profundo, mas estava errada em pensar que o sexo era o meio. Ele acabaria assumindo o controle da situação ao dar sem deixá-la fazer o mesmo. Ele logo aprenderia que não podia controlá-la na cama ou fora dela. O detetive estava a ponto de descobrir que ela possuía uma mente e algumas exigências primeiro.


Colocou a tigela de salada e o pegador à mesa, posta para duas pessoas.


-- O jantar está pronto. – Chamou alto, porque ele estava cochilando em frente à televisão no quarto da família. Nenhum dos dois tinham dormido muito na noite anterior e, como queriam examinar os livros esta noite, tinham concordado em descansar por uma hora antes do jantar. Dulce estava agitada demais para descansar.


Ucker entrou na cozinha aconchegante que Dulce havia decorado com a irmã. Havia tirado o suéter desbotado mais cedo. Sua camiseta amarrotada parecia confortável, agradável e extremamente sexy. Era um homem que vestia qualquer coisa bem, e o pulso dela disparava só de tê-lo por perto. Não era um bom sinal, considerando que ela planejava manter uma distância física.


Ele parou por um instante perto de uma das cadeiras vazias, observando a cozinha cheia de panelas, frigideiras e ingredientes para cozinhar.


-- Pensei que fôssemos comprar comida.


-- E eu lhe disse que prefiro comida caseira a comida pronta. Sente-se.


Ele se sentou confortável na cadeira acolchoada.


-- Não precisava cozinhar para mim.


Ela quis cozinhar. Tanto para expressar sua frustração em relação a sua atitude de assumir a responsabilidade, como para fazer com que sua casa voltasse a parecer normal. Também queria dar a Ucker um gostinho da vida real: duas pessoas dividindo uma refeição e conversando durante o jantar. Uma vez que ele correra ao primeiro sinal de intimidade, Dulce duvidava que já tivesse tido essa experiência antes.


-- Espero que goste de alcatra. – Colocou os pratos na mesa.


Ele se ajeitou para a frente na cadeira.


-- O cheiro está ótimo. A última vez que comi uma refeição caseira foi na casa do capitão no Natal passado.


Ela podia acreditar nisso. Aquele homem era definitivamente um solitário. Tinha mencionado o suicídio da mãe, mas omitidos muito detalhes sobre o pai. Dulce achava que não era a hora de perguntar, mas, com a devida abertura, ela perguntaria.


-- Admito que não tenho tempo de cozinhar com muita freqüência, mas de vez em quando meu estômago se revolta contra comida pronta. Então, arregaço as mangas e mando ver. – Ela cortou o bife malpassado e o sangue jorrou sobre o prato.


Olhou para ele e viu que espiava o prato dela com um nojo maldisfarçado.


-- Fiz o seu bem passado. – Ao ver a sobrancelha dele levantada, ela sorriu. – Palpite, intuitivo. Não consegui imaginá-lo comendo uma coisa que ainda parecia estar viva.


-- Boa pedida. – Ele terminou a primeira garfada. – E boa carne. Então, por que comer fast food? Pensei que sua irmã, a especialista culinária, cuidasse do serviço na cozinha.


-- Quando ela está por perto, mas os horários e trabalhos na escola são bastante irregulares, então, fico sozinha com freqüência. A cozinha não é a minha praia. É a dela.


Ucker relaxou na cadeira, analisando seus dedos longos.


-- Vocês são pessoas muito diferentes, isso eu percebi imediatamente.


O olhar preguiçoso dele estava totalmente fixo no dela, fazendo com que a temperatura do corpo de Dulce subisse em espiral. O top justo, que dava uma sensação de liberação quando ela o escolhera, subitamente dava uma sensação de confinação. O calor que subia por dentro dela não podia ser negado ou ignorado. Molhou a boca seca com um gole d’água antes de tentar falar.


-- Annie e eu não temos as mesmas paixões, mas...


Não foi mais além. Seus olhos se escureceram e a palavra paixão pairou, pesada, no ar entre eles. Considerando que ela o vira em meio àquela emoção específica, Dulce não podia confundir o desejo refletido no olhar dele. Nem queria.


Precisar de controle e desejar Ucker não eram coisas mutuamente exclusivas. Ela deu uma garfada na refeição, mas não sentiu sabor nenhum.


Ele fez o mesmo.


-- Incrível – disse ele, com a voz rouca. Apontou para a comida no prato, mas seu olhar semicerrado não desviara do rosto dela.


Dulce sentiu um rubor ardente subir-lhe à face.


-- Pensei que você fosse o tipo de cara que gosta de bife com batatas, então eu fiz... bife com batatas. – Ela estava divagando porque o olhar intenso dele despertava seus desejos por muito mais que comida. Desejos que prometera a si mesma controlar até que chegasse o momento certo.


-- Você parece me conhecer muito bem – disse ele.


Informação superficial, pensou Dulce, e não era suficiente. Queria saber mais. Deu de ombros.


-- Instinto. Algo no qual vocês, policiais, devem acreditar.


-- É o que me manteve vivo mais de uma vez.


Ela sorriu.


-- E agora o meu está mantendo você alimentado. – Apontou para a refeição com o garfo. – Não é alta culinária, mas é uma comida decente. – Era hora de empurrar algumas barreiras – Mamãe não sabia fazer mais do que ferver uma panela d’água, mas, de certa forma, nós nos viramos. Annie tem sido a cozinheira da casa... desde que o dono do restaurante lhe deu aquele emprego para compensar pela conta não paga. – Deu uma olhada para Ucker. – Então, quem cozinhava na sua casa?


Ele espetou mais um pedaço de carne.


-- Eu garantia que não morrêssemos de fome, meu tio garantia que não tivéssemos sede.


Ela piscou os olhos, ainda sem compreender.


-- Álcool, querida. O homem tomava todas sempre que podia. – Sua face era uma máscara branca, sem empatia.


Dulce suspeitou que ele não tinha sequer consciência da mudança. Tinha tempo demais de prática, pensou ela, com tristeza.


-- E o seu pai?


Ele deu de ombros.


-- Não sei. Ele se mandou quando eu tinha cinco anos. Da mesma forma que seu velho.


Ela concordou com a cabeça. Embora não soubesse muito sobre o histórico familiar de Ucker, sempre sentira que ele se criara sozinho. Sentira que ele também sabia como era ficar sozinho. Mas não tinha percebido o quanto tinham em comum.


Pelo menos ela tivera a tia e a irmã para lhe dar um sentido de família, de pertencer. Ele não tivera ninguém.


-- Nem sempre foi fácil – disse ela--, mas conseguimos.


-- O mesmo comigo. – Tendo limpado o prato quando ela não estava olhando, ele se recostou na cadeira. – Sua irmã pode ser a cozinha da família, mas você também é muito boa.


Embora ficasse feliz com o elogio, ela reconheceu a mudança de assunto.


-- Obrigada.


-- Não há de quê. – Ele se levantou e começou a empilhar os pratos.


Ela balançou a cabeça.


-- Deixe comigo.


-- Não. Vá relaxar enquanto eu arrumo tudo aqui. Temos uma longa noite adiante.


-- Os livros – disse ela, com suavidade.


A expressão dele ficou melancólica.


-- Sim, os livros. – Virou-se e saiu.


Ela o seguiu até a pia com os pratos na mão. A camisa apertava os músculos fortes da costa dele. Músculos que já tinham se contraído sob as pontas dos dedos dela. Soltou um suspiro. Se por uma noite longa ele quis dizer uma noite cheia de tensão sexual, ela concordava.


A virada brusca dele pegou-a de surpresa. Subitamente, não estava de frente para as costas do homem, mas para o seu rosto. Seus olhos, uma enxurrada turbulenta de emoções, nenhuma das quais ela conseguia decifrar, pousaram nos dela. A barba malfeita escurecia-lhe a face, condizendo com seu estado de espírito atual.


As pontas dos dedos dela apertavam os pratos.


-- Quero deixar uma coisa clara. – Ele pegou os pratos de cerâmica das mãos dela e pousou-os na pia ao lado dele.


Nada estava entre ela e Ucker, nenhuma barreira existia entre o impulso magnético dele e o corpo tentador de Dulce. Sem os pratos na mão, ela se sentia exposta... nua.


-- O que é? – perguntou ela.


-- Estou aqui porque tenho um trabalho a cumprir.


-- Diga-me uma coisa que eu não saiba – resmungou ela.


-- Mas isso não significa que eu não queira estar aqui.


Dulce forçou um sorriso.


-- Você me deseja. Acho que já concordamos com essa parte.


-- Sim, eu desejo. Mas meu trabalho é mantê-la segura e, apesar do que eu disse antes, isso significa manter distância.


-- Eu não sabia que uma coisa tinha a ver com a outra. – Apenas 20 minutos antes, Dulce havia listado todas as razões em sua mente pelas quais não dormiria com Dulce de novo. Ouvi-lo concordar com ela, no entanto, não estava incluído em seus planos e machucava muito mais do que poderia imaginar. Agora ela se via querendo argumentar contra sua própria lógica.


Essa batalha de vontades que vinham tendo estava começando a exauri-la. Aliado ao impulso sexual constante, o resultado era uma montanha-russa de emoções. Queria que a batalha terminasse, mas somente a capitulação de Dulce em todos os níveis podia fazer isso. Ele tinha de confiar nela – tinha de confiar em si mesmo.


Engraçado, pensou ela. Durante anos, havia faltado nela semelhante fé em si mesma. Mas alguns dias com Ucker e ela havia começado a ganhar novamente a força e a crença interior que lhe faltava. Ele fez aquilo por ela. E, independentemente do resultado deles, nunca poderia se arrepender do tempo que haviam passado juntos.


Mas aquilo não significava que ela estava a ponto de renunciar ao controle.


-- Uma coisa tem tudo a ver com a outra – disse ele.


Dulce congelou onde estava. Sentiu a importância da declaração dele, entendeu que isso era o máximo que conseguiria ver da mente de Ucker. Então escutou.


-- Existe uma coisa chamada postura... pelo menos na minha vida existe. Sem isso, não sou bom como policial e pior ainda como homem. Toda vez que deixei minha guarda baixar, de alguma forma, as coisas deram errado.


O sentimento de culpa novamente. Ela balançou a cabeça.


-- Você não é responsável pelo que aconteceu comigo.


-- Não foi isso que você disse mais cedo.


-- Você sabe que não foi isso que eu quis dizer. Não estou pondo a culpa em você.


-- Então talvez devesse. Talvez vocês duas devessem – sussurrou ele.


-- Quem, Ucker? – perguntou ela, em tom baixo.


Ele fechou os olhos antes de falar. Rugas profundas se formaram nos cantos, prova de como seria difícil a declaração que estava por vir.


-- Eu sempre ia direto da escola para casa. Minha mãe era frágil e contava que eu entrasse pela porta à mesma hora todo dia. Mesmo antes de meu pai partir, a rotina era importante para ela. Minha mãe se levantava, lavava as mãos, tomava café-da-manhã, lavava as mãos, via televisão, lavava as mãos, eu chegava em casa, ela...


-- Lavava as mãos – Dulce terminou para ele.


Os olhos dos dois se encontraram.


-- Parece que ela era obsessiva-compulsiva.


Ele deu de ombros.


-- Acho que sim, mas eu não sabia o termo clínico naquela época. Seus dias eram bons e ruins, dias para cima e dias para baixo. – Ele respirou fundo. – Se eu chegasse da escola na hora em que era esperado, ela tomava o medicamento na hora. E no único dia em que não cheguei...


Ela se jogou na frente de um ônibus em movimento. Ucker não precisava falar para Dulce ouvir. Seu corpo tremeu em reação às palavras não ditas. Ela esticou o braço e pegou a mão dele, oferecendo conforto, em silêncio.


O homem tinha mais responsabilidades sobre os ombros do que era necessário, mais sentimento de culpa do que ela poderia imaginar.


-- Você disse que os dias dela eram bons e ruins, Ucker. Não é possível que ela não tenha se matado, mas ficado confusa, ou não ter olhado? Ela deixou um bilhete?


Ele balançou a cabeça.


-- Isso faz diferença? Se eu estivesse em casa, isso não teria acontecido. – Sua mão quente apertou a dela. – E se eu não tivesse pensado no meu trabalho e não me preocupasse com meus sentimentos por você, você não teria sido atacada.


Dulce tentou separar as palavras, ouvir além da culpa indevida. Ele não tinha deixado de ser o garoto que se sentia responsável por sua progenitora. Não podia aceitar que o trabalho de ser o adulto da casa não era para um garoto de 11 anos. Enquanto estavam crescendo, ela e Annie tinham assumido muitas responsabilidades adultas, e sentiam uma responsabilidade desproporcional uma pela outra. Dulce podia entender a vida de Ucker.


As barreiras emocionais, o distanciamento e a ânsia, que consumia tudo, de controlar as coisas à sua volta: tudo isso fazia um sentido um tanto estranho para ela agora. Não tinha certeza se algum dia conseguiria desfazer as cicatrizes cravadas no passado dele, não importa o quanto quisesse.


Na biblioteca, tinha dito a ela que estava fazendo tudo que podia. Aquilo devia ser suficiente. Quando a investigação acabasse, se ele quisesse ficar, ela o receberia de braços abertos. Se quisesse ir embora, ela o deixaria ir.


Ele  merecia saber que tinha aquele tipo de liberdade.



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Autor(a): narynha

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As unhas dos pés dela estavam pintadas de cor-de-rosa. Ridículo ele reparar, considerando que ela estava sentada decifrando livros que punham sua vida em perigo. Com tudo quieto no momento, Ucker se recostou na cadeira, apreciando a vista. Ela roia a ponta da borracha de um lápis, pensativa, os lábios brilhantes contraídos. Talvez ele pude ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 48



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  • kikaherrera Postado em 25/10/2009 - 22:07:01

    AMEIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII
    O FINAL PARABÉNSSSSSSSSSSSSS

  • dannystar Postado em 25/10/2009 - 13:27:07

    Oie!!! sou nova aki, e tô amando sua web, amo AyA...
    Qro saber + dessa história q tá linda
    Posta +
    +++++++
    ++++++++
    +++++++++
    +++++++++++
    +++++++++++++ AyA sempre

  • kikaherrera Postado em 23/10/2009 - 22:50:25

    MAISSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS SSSSSSSSSSSSSSSSSS

  • kikaherrera Postado em 23/10/2009 - 22:50:17

    MAISSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS

  • kikaherrera Postado em 23/10/2009 - 22:50:10

    POSTA MAISSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS

  • kikaherrera Postado em 23/10/2009 - 00:07:58

    MAISSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS

  • kikaherrera Postado em 23/10/2009 - 00:07:51

    MAISSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS SSSSSSSSSSS

  • kikaherrera Postado em 23/10/2009 - 00:07:43

    MAISSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS

  • kikaherrera Postado em 21/10/2009 - 23:33:34

    MAISSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS

  • kikaherrera Postado em 21/10/2009 - 23:33:27

    MAISSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS


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