Fanfic: Totalmente Demais! [Terminada]

Annie acordou com os raios de sol entrando pela janela. A janela de Poncho, o quarto de Poncho. Deu uma olhada, mas o lado dele da cama estava vazio. O som do chuveiro era ouvido ao fundo. Recostou nos travesseiros. Cada contração de seus músculos fazia com que se lembrasse da noite anterior. E a sensação era boa, Annie admitiu para si mesma.
No início, tivera medo do dia seguinte, medo que ele se visse com uma mulher da qual já estivesse cheio. Mas, quando se afastou, dando a ele a opção do espaço, ele rejeitara essa opção. Todas as coisas antes e desde então tinham sido como um sonho.
Estava tão exaurida que mal se lembrava de ter ido da sala para o quarto, e depois que ele retornou de apagar o fogo, tinha se aconchegado no calor dele e dormido profundamente.
Não houvera tempo nem energia para pensamentos escusos, mas havia muita oportunidade agora. No entanto, a única coisa que não podia fazer era arrepender-se da noite com Poncho. Ele fora uma amante generoso, voltado para os desejos, as necessidades e os sentimentos dela. Mas era compreensível.
A única aventura de uma noite da vida dela e tinha de escolher o homem errado. Ah, ele era o homem certo em todos os sentidos... mas não para ela. Morria de medo de seus mundos colidirem e destruírem o que tinham dividido.
O toque irritante do telefone despedaçou seus pensamentos. Uma boa coisa, já que não estava gostando da direção que estavam tomando. Ela deixou tocar até a secretária eletrônica na mesa de cabeceira atender, ouviu a voz de Eleonora dizer:
-- Poncho? Annie? Vamos, atendam. Sei que estão aí.
Com um gemido, ela alcançou o telefone.
-- Alô?
-- Cansada demais para um cumprimento animado. Deve ser um bom sinal.
-- Eleonora. – Annie deitou a cabeça no travesseiro. Não era de estranhar que Poncho quase desistira de tentar acompanhar a senhora. Provavelmente, tinha mais energia e agitação que os dois juntos.
-- Estou feliz que tenha reconhecido minha voz, querida. Noites longas às vezes podem dar um branco no cérebro. Como está se sentindo esta manhã?
Ela se recusou a sucumbir à isca.
-- Estou ótima, Eleonora. E você?
-- Ótima quer dizer que a técnica do meu neto precisa de ajustes.
Annie sentiu um rubor subir por seu corpo nu. A técnica de Poncho tinha sido a mais incrível, não que isso fosse da conta de Eleonora.
Annie se perguntou há quanto tempo ninguém se atrevia a competir com ela. Adorava aquela senhora, mas uma lição lhe cairia bem.
-- Sabe, você tem razão – disse Annie. – Talvez tenha sido a estrada longa ou a corrida na chuva, mas ele não estava com o que acho que seja sua... potência normal.
Eleonora tossiu. E Annie percebeu que a porta do banheiro já estava aberta, a tempo de Poncho ouvir o final da conversa. Parou ao lado da cama, com a calça jeans baixa na cintura estreita, uma toalha pendura nos ombros e uma sobrancelha erguida, em flagrante descrença.
--Eleonora– disse Annie sem emitir som, apontando para o telefone.
Poncho pôs o dedo sobre os lábios e fez um gesto para Annie lhe entregar o telefone. Ela concordou com a cabeça e fez o que ele pediu. Poncho segurou o telefone com uma das mãos e apertou o botão de viva-voz com a outra.
-- Você sabe que às vezes os homens não dão o melhor de si na primeira vez com uma mulher, mas garanto que vou melhorar, querida.
Annie não se conteve. Caiu na gargalhada.
Eleonora deu uma funganda.
-- Sei que está aí, Poncho, e falar no viva-voz é muito grosseiro. Não lhe ensinei nada sobre classe e requinte?
Foi a vez de Poncho rir.
-- Tudo que aprendi foi com você. Nunca lhe disseram que é grosseria fazer fofoca?
-- Eu estava apenas tendo uma conversa legal com Annie, não foi, querida?
Annie mordeu o lábio inferior.
-- Sim, senhora. Mas saiba que fiquei por causa da tempestade. Não aconteceu nada ontem à noite. – Cruzou os dedos atrás das costas enquanto falava.
Mas, ao mencionar a noite anterior, os olhos ardentes de Annie encontraram o seu.
-- Mentirosa – disse ele sem emitir som, abaixando-se ao lado dela na cama.
O aroma distinto de sabonete  e loção de barba deixaram-na excitada num instante. Puxou o lençol para se cobrir, mas o esforço foi pequeno e tardio. Ele já tinha visto tudo, e mais.
-- Bem, é claro que nada aconteceu. Criei meu neto para ser um cavalheiro. E você é, sem tirar nem pôr, a dama perfeita. Para ele – acrescentou Eleonora. – Agora tenho de correr. Vou desligar, tchau. – Um clique foi seguido por um longo sinal de discagem.