Fanfic: Totalmente Demais! [Terminada]

Dezesseis doces anos (nos estados unidos, é comum a adolescente comemorar os 16 anos [sweet sixteen]); no Brasil, é mais comum comemorar os 15 anos), pensou Annie ao colocar o último arranjo de mesa cheio de balões. Deu um passo atrás para admirar sua obra. Os balões rosas e brancos intercalados com laços dourados e rosas vermelhas eram um testemunho dos anos de juventude da jovem menina e, pensou Annie, do amor se seus pais. A menina que em breve completava 16 anos tinha muita sorte.
Annie olhou pelo salão mais uma vez e, conferindo se as mesas estavam completas e os ornamentos no canto, ela se retirou. O restaurante estava cuidando do bufê. A Pot Portillo só tinha sido contratada para a decoração. Seu trabalho aqui estava terminado.
Na semana desde a festa dos Herreras, Annie havia recebido uma enxurrada de chamadas telefônicas e marcado encontros com muitos dos residentes de Hampshire que tinham estado na Gala no Jardim dos Herreras. Embora a Pot Portillo tivesse proporcionado um evento de classe, Annie sabia que era a Eleonora que devia agradecer pelas referências. Mas isso fora antes de sua discussão com o juiz Herrera. Não podia imaginar as conseqüências desastrosas que aquele episódio poderia ter.
E nem se importava, percebeu. Ela e Dulce tinham montado um negócio de bufê em menos de um ano. Estavam indo bem antes de conhecer o nome Herrera e continuariam indo bem depois disso. Quanto aos negócios, Annie estava feliz com sua vida e sobreviveria sem as referências dos Herreras, se tivesse de ser assim.
Mas não sobreviveria sem Poncho. Seu coração sabia disso, tanto quanto a mente. A pergunta continuava: O que pretendia fazer a esse respeito?
Quando chegou ao último degrau, foi tomada ela exaustão. Seu corpo ainda formigava pelo prazer que Poncho lhe dera na noite anterior, e sua mente voava com as possibilidades. A frente do restaurante era composta de uma área de espera e um bar. Os bancos pareciam acolchoados e confortáveis e achou que ninguém ia se importar se ela pegasse um e descansasse antes de dirigir por meia hora de volta a Boston.
-- Um drinque? – O bartender que estava limpando copos parou na frente dela.
Annie balançou a cabeça.
-- Vamos lá, eu vi você descarregar aquela van cheia de balões sozinha. Tome um drinque. Por conta da casa.
Annie sorriu.
-- Como posso recusar uma oferta dessas? Água tônica com uma rodela de limão.
-- Aqui está. – Ele fixou os olhos na televisão que estava suspensa acima do bar. – Minha namorada faz um programa de entretenimento ao meio-dia.
-- Hum. Que legal.
-- Sim. Está esperando que as grandes redes um dia a descubram. Por ora, está feliz nos fins de semana na estação local. Lá está ela. – Com o controle remoto, aumentou o volume.
A não ser pela multidão que começava a chegar na festa no andar de baixo, nenhum dos clientes estava no bar. Annie conseguiu relaxar e concentrar-se no programa de televisão.
-- Ela tem postura – murmurou Annie, olhando para mulher na tela.
O bartender concordou.
-- Com certeza tem. Só espero que ela consiga a oportunidade que merece.
Annie concordou com a cabeça. Deu uma piscada e a primeira coisa que viu foi o chalé de Poncho em frente à praia. Sinos de alerta e uma sensação profética não muito bem-vinda acionou sua apreensão.
-- Aumente, por favor.
-- Está vendo? Ela conseguiu até conquistar você.
Annie o ignorou, concentrando-se na tela. A voz da apresentadora não conseguiu acalmar o aperto no estômago de Annie. Aquilo não era bom. Tinha evitado olhar para o jornal de hoje, com medo do que veria. Embora soubesse que não podia evitar as manchetes para sempre, queria desfrutar as memórias da noite anterior por tanto tempo quanto possível.Também não tinha esperado pela cobertura televisiva do evento arranjado pelo juiz Herrera.
O que você acha que uma entrevista coletiva à imprensa envolve, Annie? Balançou a cabeça e concentrou-se na voz culta e feminina.
-- O menino prodígio de Hampshire, Alfonso Herrera, descartou qualquer rumor de uma futura candidatura para prefeito. Apesar do posicionamento do juiz Herrera, alegando o contrário, o mais jovem dos Herrera insiste que não vai concorrer ao cargo.
Annnie sorriu. Pelo menos Poncho tinha conduzido a mídia a ver as coisas de sua maneira. A tela se alternava entre a bela e jovem apresentadora e Poncho, de pé com suas calças jeans padrão e pulôver, com o chalé ao fundo. Tinha uma aparência sexy e relaxada, e Annie sabia que havia ajudado a provocar aquele visual descontraído antes de serem flagrados pelos fotógrafos.
A voz de Poncho cortou os pensamentos dela.
-- .. e por mais que seja uma honra a confiança do juiz e dos outros apoiadores, concorrer a prefeito não está nos meus planos.
-- E que planos seriam esses, Sr. Herrera? – ouviu-se a voz de um repórter.
-- Depois de minha temporada no escritório da defensoria pública, pretendo abrir meu próprio escritório, onde os clientes terão uma representação a preços razoáveis.
Annie não pôde deixar de reparar em sua classe e postura. Se tivesse escolhido concorrer a prefeito, seria um concorrente formidável. Comedido e seguro de si, teria de haver um candidato incrível na oposição para derrotar seu charme carismático. Ela também percebeu que o pai dele não estava ao lado durante o discurso.
Seu coração se apertou ao pensar em Poncho batendo de frente com o juiz e dando a volta por cima, mas ainda sozinho. Ela se perguntou o que ocorrera entre os dois homens depois de sua retirada brusca. Poncho fora deliberadamente vago quanto ao assunto. Ela apenas podia imaginar o desgosto do pai ao encontrar os dois juntos. Não que ele tivesse percebido imediatamente quem ela era.
-- Toda a geração dos Herreras seguiu a magistratura ou ocupou um cargo público, conquistou o mundo a passos largos. Não lhe incomoda quebrar a tradição? – perguntou a repórter.
-- Nem um pouco. – Poncho olhou diretamente para a câmera. – Prefiro conquistar o mundo uma pessoa de cada vez
O estômago de annie deu um nó delicioso. Com a ênfase na palavra uma e o olhar intenso e concentrado, ele podia muito bem estar olhando no fundo dos olhos dela e prometendo a ela sua devoção eterna.
Tinham dito muito com seus corpos na noite anterior. As palavras não ditas tinham pouco significado quando as ações estavam ali. Pela primeira vez hoje Annie se deu conta de que Poncho tinha conseguindo convencê-la que os diferentes históricos familiares não importavam tanto quanto ela pensava.
Subitamente, a câmera mudou de ângulo e o rosto sério da apresentadora substituiu o de Poncho.
-- A negação do Sr. Herrera a uma especulada candidatura ao cargo não podia ter vindo numa hora mais conveniente. Minutos antes da coletiva agendada, foi tirada esta foto do Sr. Herrera numa posição comprometedora.
O pesadelo de Annie tomou a tela da televisão para o mundo ver. Bem, para toda a cidade de Boston ver, já que era uma estação local, mas aquilo não aliviava a súbita dor em seu peito. Ali estava ela, com a camisa de Poncho batendo nas coxas, os braços dele em volta de sua cintura e o short dele, a única peça de roupa, escondido pela posição emaranha deles.
-- Ei, essa não é...
-- Sou eu. – Ela deu uma cortada no bartender e voltou a atenção para a tela.
-- A companheira de Alfonso Herrera Rodriguez é Anahí Portillo Saviñón , proprietária, junto com a irmã, Dulce Maria, de uma empresa local de bufe e festas, com o nome excêntrico de Pot Portillo.
-- Nenhuma publicidade é ruim – resmungou annie em voz alta. Segurou a cabeça com as mãos e continuou a observar sua vida cirando motivo de fofoca, especulação e ridicularização, exatamente como temia.
Não era imune ao constrangimento. Nem sua irmã grávida e emocionalmente vulnerável, suspeitou Annie.
-- As irmãs Portillo são mais conhecidas pelo escândalo envolvendo um negócio herdado, uma escola de boas maneiras para homens, que se descobriu ser uma fachada para um antro de prostituição com ligação ao crime organizado...
Céus, qual seria a proxima?
-- ... e, com seu histórico de classe operária, Anahí Portillo não é a mulher com que se espera ver Alfonso Herrera se juntando. Mas uma aventura sexual na praia é bem diferente de uma vida inteira...
Show de variedades? Estava mais para tablóide de fofocas, pensou, desgostosa. Não precisava mais passar por aquilo.
-- Desligue isso. Por favor.
O bartender alternava o olhar entre a namorada na tela e Annie. Desligou a televisão.
Annie tentava respirar, mas o coração batia tão depressa que pensou que o peito pudesse explodir. Pensar era quase impossível, mas se forçou a se concentrar e seu primeiro pensamento coerente foi sobre Dulce. Repouso absoluto e gravidez de alto risco. Annie tinha de verificar a irmã.
Se ela havia visto as notícias, Annie tinha de minimizar o estrago. Se Dul havia perdido a transmissão local, então Annie queria ser a pessoa a contar à irmã sobre o mais novo escândalo. Ao pensar no policial superprotetor, Annie tremeu.
Pegou a bolsa e saiu em disparada. Até se certificar que Dulce estava bem, Annie não conseguia avaliar as ramificações para si mesma. Mas precisaria avaliar, e logo, pensou ela, manuseando o anel de plástico no dedo.
Sem falar nas ramificações para  relacionamento dela com Poncho.