Fanfic: Totalmente Demais! [Terminada]

Uma pequena banda tocava ao fundo enquanto o sol brilhou alto, banhando a praia de calor. Annie agarrou a mão de Poncho e apertou firme.
-- Você se importa se pararmos de dançar? – perguntou ela.
-- Está cansada? – Puxou-a para perto e pouso a mão sobre sua barriga, ainda plana. – Podemos dar uma desculpa e entrar para descansar. – Um sorriso malicioso tocava os lábios dele.
-- Não no nosso próprio casamento. – Ela riu. – Além do mais, estou ótima. Apenas um pouco grávida. – sorriu. – Eu só queria convidar outra pessoa para dançar.
Seus olhos se estreitaram.
-- Quem?
-- Seu pai.
-- Ele está ali, bebendo um copo de champanhe, aceitando a vida com relutância, mas ai já seria levar as coisas longe demais.
Um vento mais forte soprou o cabelo dela sobre o rosto, trazendo consigo o cheiro salgado do oceano.
-- Você acha que ele não ia querer dançar com a nora? – perguntou, fingindo um tom de ofensa na voz.
-- Claro que ia. Pelo menos acho que ia. Entre você e minha mãe, ele está se entendendo. Quase. Mas dançar na praia? Isso pode estar aquém dos padrões do juiz. – ironizou.
Ao se lembrar do rosto do pai de Poncho quando lhe disseram que os dois iam se casar na praia, e não na mansão do Herreras, Annie tinha de concordar.
-- Ele tem de perceber o que está perdendo na vida, e andar descalço pela areia é uma das grandes experiências da vida.
Poncho riu.
-- Tudo bem, Annie. Faça o melhor possível.
Um grito alto interrompeu os dois e Annie virou-se e viu Dul sendo carregada por Ucker.
-- Pelo menos eles estão se divertindo – disse Annie.
-- Eles se divertiriam em qualquer lugar que estivessem juntos. – Poncho deu uma fungada na face dela. – Como nós.
-- Quem está com Pablo? – perguntou Annie sobre o seu sobrinho.
-- Eu.
Annie virou-se e viu Mayte de pé ao lado deles.
A irmã de Poncho havia chegado na semana anterior e estava hospedada no apartamento de Annie na cidade. Tanto Annie como Poncho queriam que ela ficasse na casa de praia, mas ela não queria se intrometer, e a mansão estava fora de cogitação. Annie não pôde deixar de reparar a relação tensa de Mayte com os pais, juntos com a tristeza em seus olhos. Como Poncho, ela desejava mais da família. Provavelmente, precisava mais também.
Os olhos de Annie se estreitaram. Se pudesse convencer Mayte a ficar algum tempo, poderia cuidar de toda a dinâmica da família Herrera. Abriu um sorriso. Se tinha conseguido aproximar o juiz Henrique Herrera de Poncho, Mayte não podia ser tão difícil.
-- No que está pensando? – perguntou Poncho.
-- Como é maravilhoso estar todo mundo junto. E May, eu estava pensando se você pensaria em se mudar para cá.
A morena esbelta e graciosa balançou a cabeça enquanto ajeitava o bebê de Dul e Ucker no braços.
-- Acho que isso não daria certo. Mas não se preocupe. Não vou sumir.
-- É melhor mesmo, mocinha.
-- Olá, vovó. – Poncho abriu os braços para Eleonora e deu-lhe um abraço adorável, e ela beijou-lhe a face.
-- Mayte, você é meu projeto final. Tem alguma idéia dos meios tortuosos que usei para juntar estes dois? – perguntou Eleonora. – Agora é a sua vez. Eu me recuso a deixar esta terra sem ver você estabelecida e feliz.
-- Você está muito saudável para ir para qualquer lugar tão cedo – disse Mayte.
-- Nunca se sabe. Poncho, veja como ela fica perfeita com o bebê nos braços.
Mayte, que estava segurando Pablo com conforto e facilidade, deu uma resvalada desconfortável e o menino soltou um berro de insatisfação.
Poncho riu.
-- Deixe-o comigo.
A irmã lhe entregou a criança.
-- Fique fora da minha vida, vovó.
Annie riu. Eles tinham passado por isso antes.
Eleonora balançou a cabeça.
-- Acho que uma viagem a Nova York está de bom tamanho, não é, Annie? Não vou lá há séculos e, é claro, minha neta não vai me deixar na rua.
Mayte enrijeceu, mas, como Poncho, o amor em sua expressão reluzia, apesar da insatisfação com a intromissão de Eleonora.
-- Meu apartamento é pequeno, vovó.
- Algum vizinho bonitão?
Poncho riu e pegou no cotovelo de Annie, tirando-a dali.
-- Já tivemos nossa vez. Deixe que May lide com Eleonora, agora.
-- Você é mau, Poncho.
-- Mas você me ama assim mesmo.
Ela pousou os lábios sobre os dele para um beijo profundo e inebriante.
-- Você sabe que sim. – O bebê arrulhou nos braços dele e Annie sorriu. Teria o seu próprio em menos de nove meses. Dela e de Poncho.
-- E eu amo você.
-- Então deixe-me dançar com seu pai. – Apontou para onde os pais de Poncho estavam parados, rígidos, observando a praia, o pai de terno, a mãe, pelo menos, com um confortável vestido de verão. E descalça. Annie riu. De todas as coisas que não esperava, a aprovação da mãe dele foi a maior. Annie até gostava de passar o tempo com ela e, considerando que ela fora fundamental em convencer o juiz a aceitar Annie e Poncho ou perder tudo, Annie sentia que devia isso a ela.
-- Vá em frente – disse Poncho. – Mas vou ficar esperando por você.
Assim como cada um deles estivera esperando um pelo outro. A vida inteira.

FIM