Fanfic: Histórias das minha vida * adptada (Terminada)
57,6kg, 6 unidades alcoólicas, 25 cigarros, 3.800 calorias (comemorando o fim do racionamento de comida durante a guerra), 0 acerto na loteria (ruim).
Hoje, Dia VE, acordei sentindo uma onda de calor fora de hora, tentando compartilhar a emoção do fim da guerra, a liberdade da Europa, que coisa maravilhosa, incrível etc., etc.
Para ser sincera, não estou nada bem em relação a essa história toda. A palavra mais adequada deve ser "largada". Não tenho avós maternos nem paternos. Papai já combinou ir a uma reunião no jardim dos Alconbury onde, por razões ignoradas, ele vai virar as panquecas. Mamãe vai voltar à rua onde morou quando criança, em Cheltenham, para uma festa de bolinho de carne de baleia, provavelmente acompanhada de Julio. (Graças a Deus, ela não fugiu com um alemão.)
Nenhum dos meus amigos está organizando nada. Mas participar das comemorações seria constrangedor e pouco adequado, um excesso de otimismo, parece que estamos querendo festejar uma coisa que não tem nada a ver conosco. Pois é claro que eu não era nem um ovo quando a guerra terminou, não era nada, enquanto todas as pessoas da época lutavam e faziam geléia de cenoura ou sei lá o quê.
Detesto pensar nisso e cogito ligar para mamãe perguntando se ela já ficava menstruada quando a Guerra terminou. Será que os óvulos são produzidos um de cada vez, ou ficam armazenados em microfôrmas uterinas até serem ativados? Será que, sendo eu um óvulo armazenado, pude perceber que a guerra tinha acabado? Se ao menos eu tivesse um avô, poderia participar dessa história, fazendo de conta que estava sendo gentil em acompanhá-lo nas comemorações. Ah, dane-se, melhor ir às compras.
19h. O calor fez meu corpo dobrar de tamanho, juro. Nunca mais vou experimentar roupa numa cabine coletiva. Quando tentei enfiar um vestido na loja Warehouse, ele ficou preso nos braços e virou do avesso, meus braços ficaram abanando, a barriga e as coxas à mostra para garotas de 15 anos, que disfarçaram para não rir de mim. Tentei tirar a droga do vestido pelas pernas, mas ficou preso no quadril.
Detesto cabines coletivas. Cada garota dá uma olhada disfarçada no corpo das outras e sempre tem umas que sabem que ficam ótimas com qualquer roupa e ficam dando voltas muito felizes, balançando o cabelo e fazendo pose de modelo no espelho, dizendo "Será que essa roupa me engorda?" para sua amiga gorda obrigatória que parece uma vaca com qualquer roupa.
As compras foram um desastre. Sensato, eu sei, seria apenas comprar algumas coisas essenciais na Nicole Farhi, Whistles e Joseph, mas os preços estavam tão assustadores que voltei rápido para a Warehouse e a Miss Selfridge, onde consegui achar uns vestidos por 34 libras e 99 centavos, fiquei presa neles e acabei comprando na Marks and Spencer porque lá não preciso experimentar, e assim pelo menos não voltei para casa de mãos abanando.
Comprei quatro coisas, todas feias e sem graça. Uma vai ficar atrás da cadeira do quarto
numa sacola da Marks & Spencer durante dois anos. As outras três serão trocadas por vales da Boules, Warehouse etc., que depois eu perco. Assim, acabo de gastar 119 libras, que davam muito bem para comprar alguma coisa ótima na Nicole Farhi, como uma camisetinha de algodão.
Eu sei que estou fazendo isso apenas para me punir, por ter mania de comprar de uma forma fútil e consumista, em vez de vestir o mesmo vestido sintético o verão todo e pintar uma linha atrás das pernas, como faziam as mulheres durante a guerra para fingir que estavam de meias. Compro também por não conseguir participar das comemorações do Dia Vitória da Europa. Talvez fosse bom eu ligar para Tom e sugerir uma boa festa para o feriado de segunda-feira. Será que dá para fazer uma festa cafona no Dia VE - como no casamento real? Não, não se pode brincar com mortos. E é preciso considerar também o problema da bandeira britânica. A metade dos amigos de Tom participou da liga antinazista e acharia que usar a bandeira britânica na festa ia parecer que esperávamos a presença de skinheads. Fico imaginando como seria se nossa geração tivesse passado por uma guerra.
Bom, hora de um drinquezinho. Daniel chega daqui a pouco. É melhor começar os preparativos.
23h59. Droga. Estou escondida na cozinha fumando um cigarro. Daniel dorme. Aliás, acho que está fingindo. Passamos uma noite completamente esquisita. Percebi que, até o momento, nossa relação baseou-se no fato de um de nós estar resistindo a fazer sexo.
Ontem, ficamos juntos, com a suposta idéia de que obviamente faríamos sexo no final da noite. Sentamos na frente da televisão e assistimos às comemorações do Dia VE. Daniel colocou o braço no meu ombro de um jeito incômodo, como se fôssemos dois adolescentes no cinema. O braço ficou enfiado na minha nuca. Mas não tive coragem de pedir para tirar.
Depois, quando foi impossível não falarmos em ir para a cama, ficamos muito formais, bem britânicos. Em vez de um tirar a roupa do outro de um jeito selvagem, entabulamos o seguinte diálogo:
—Pode usar o banheiro primeiro.
—Não! Por favor, vou depois de você!
—Não, eu insisto.
—De jeito nenhum. Vou pegar uma toalha de visita para você e um sabonetinho em
forma de concha.
Acabamos dormindo na mesma cama sem nos tocarmos, como se fôssemos Joãozinho e
Maria ou a bela adormecida e o sapo. Se Deus existe, eu gostaria de, primeiro, deixar bem claro que estou muito grata por Ele fazer com que, de repente, a relação com Daniel se transformasse numa coisa normal, depois de tanta babaquice. A seguir, eu humildemente pediria para Ele não deixar Daniel ir para a cama de pijama e óculos, passar 25 minutos lendo um livro, desligar o abajur e virar de lado - mas que Deus faça com que Daniel volte a ser aquele animal desembestado, louco por sexo, que eu conhecia e gostava. Senhor, agradeço antecipadamente Suas providências em relação ao tema.
Autor(a): Bela
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57,8kg, 7 cigarros, 1.145 calorias, 5 bilhetes de loteria (ganhei 2 libras, portanto, perdi apenas 3, m.b.), 2 libras gastas na loteria, números certos: 1 (melhor) Como posso ter engordado só 200 gramas depois da orgia astronômica da noite passada? Pode ser que a comida e o peso tenham a mesma relação que alho e bafo insuportável: s ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 8
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bela Postado em 06/10/2009 - 11:14:15
postando em Histórias da Minha Vida
DEEM UMA OLHADINHA LÁ E COMENTEM PLIX
BJINHOS..... -
bela Postado em 06/10/2009 - 11:14:14
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bela Postado em 06/10/2009 - 11:14:13
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bela Postado em 06/10/2009 - 11:14:12
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bela Postado em 06/10/2009 - 11:14:11
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bela Postado em 06/10/2009 - 11:13:57
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bela Postado em 06/10/2009 - 11:13:56
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BJINHOS..... -
jessikavon Postado em 03/10/2009 - 15:27:53
*********POSTA***********
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