Fanfic: Nossa rotina | Tema: Fátima e William

Na segunda semana após o ocorrido, William foi ao médico retirar os pontos do ombro, pois o corte já estava cicatrizando e não doía mais, a costela, porém, ainda encomodava bastante e iria demorar para voltar ao normal.
Na terceira semana, voltou ao médico sozinho, já liberado para dirigir, durante uma manhã de quarta-feira:

-Bom dia, Doutor! - disse ele, apertando a mão do médico ao entrar no consultório.

-Bom dia, Bonner! Sente-se ali, por favor... - disse o médico gesticulando para a cadeira em frente à sua mesa e sentou-se também - Como está se sentindo?

-Pra ser sincero minha costela ainda dói como se eu a tivesse quebrado ontém... - disse, sentando-se.

-Isso é completamente normal, não se preocupe. Fraturas na costela são bem chatas de se tratar pelo fato de que elas estão a todo momento se expandindo e se contraindo ao respirarmos, mas o que vai te ajudar a se recuperar é o que você está fazendo: poupando esforços e tomando os remédios para dor que lhe prescrevi. - explicou o médico.

-E quando vou poder voltar à minha rotina normal? Trabalhar, fazer atividades físicas e outras coisas... - perguntou.

-Olha, Bonner, como você passa bastante tempo sentado no seu trabalho vou lhe tirar do atestado! Poderá voltar a trabalhar amanhã se achar que consegue. E quanto à atividade física e aos outros exercícios ainda não posso te liberar... Vai ter que esperar mais umas cinco semanas pra isso.

-Bom, já é um alívio saber que vou poder fazer alguma coisa! Tem sido dificil ficar tão parado... - disse ele.

-Eu imagino! Vamos até a maca dar uma olhada em você. - disse o médico, levantando-se e indo até a pequena cama no canto da sala. - Pode tirar a camisa e se deitar aqui.

Ele obedeceu e o médico lhe examinou, mandando que inspirasse profundamente e expirasse devagar, o que fez com dificuldade devido ao encômodo que sentia. Conversaram sobre mais alguns detalhes e enfim terminaram a consulta.
Chegando em casa, o moreno ligou para Fátima, mas ela não o atendeu, devia estar ocupada já que seu programa havia acabado de terminar.
Ele almoçou com os filhos e contou a novidade, em seguida Fátima retornou a ligação e ele atendeu ao segundo toque.

-Oi, Fá! - disse.

-Oi, William... Onde você está? - perguntou.

-Estou em casa! - disse.

-Já almoçou?

-Já sim, almoçei com os meninos. E você?

-Estou saindo para almoçar agora. Como foi a consulta?

-O médico me liberou para trabalhar! - disse empolgado.

-Sério?! Que ótimo, meu amor! Isso quer dizer que você já está bem melhor! E o que mais ele disse?

-Disse que tenho que continuar poupando esforços, tomando os remédios por mais algumas semanas e que preciso voltar lá daqui a quinze dias para tirar outra radiografia do meu tórax.

-Ah, que bom que está tudo bem! Você finalmente vai sair do banho-maria! - disse rindo.

-Até que enfim!! - concordou feliz - Que horas você chega em casa?

-Devo chegar umas quatro horas... Ainda tenho uma reunião com o pessoal aqui depois vou só passar no Shopping pra pegar um esmalte que encomendei numa loja, aí vou pra casa.

-Hmm.... Vamos ao cinema hoje? Eu me encontro com você no Shopping...

-Vamos... Eu te ligo mais tarde quando estiver saindo daqui. Tenho que desligar agora. Um beijo, meu amor.

-Outro! Até mais tarde! - disse e desligou.

Um pouco mais tarde William foi até a Central Globo de Jornalismo conversar com sua superior sobre sua volta ao trabalho, enquanto Fátima estava em reunião com seus colegas decidindo o programa do dia seguinte. Mais tarde, quando estava saindo do Projac, ligou para ele e combinou de encontrá-lo no Village Mall, na Barra da Tijuca, bairro onde moravam.

Já no Shopping, Fátima passava em frente a uma loja de roupas sociais masculinas, antes de se se encontrar com o marido, e lembrou-se de que William voltaria a trabalhar no dia seguinte. Pensou então em presentá-lo com um símbolo de seu traje habitual para marcar sua volta ao Jornal Nacional. Entrou na loja, comprou o que queria, mandou embalar para presente e escondeu na bolsa para que ele não visse, depois foi ao encontro dele.
O moreno a esperava encostado na parede do cinema com as mãos no bolso da calça jeans vestindo uma camisa social cinza-clara dobrada nas mangas e seus óculos escuros modelo aviador.

-Como você está bonito! - elogiou e deu-lhe um selinho.

-Obrigado. Você também! Mesmo depois de um dia cheio de trabalho continua linda. - disse romântico.
A jornalista-apresentadora usava uma saia estampada um pouco acima dos joelhos, uma blusa azul-marinho de tecido fino por dentro da saia e nos pés um peep-toe também azul.

Fátima estava muito cansada e queria mesmo era ir pra casa, mas achou que ver um filme talvez fosse lhe fazer relaxar um pouco. Além disso, a quarta-feira era o dia que eles costumavam tirar para saírem juntos e não haviam feito isso na semana anterior. Escolheram ver uma comédia e compraram os ingressos, mas a sessão só começaria às 17:00 então ainda teriam que esperar alguns minutos, portanto, decidiram ir comer alguma coisa. Andaram abraçados até a praça de alimentação e no caminho foram abordados duas vezes por fãs. William percebeu a mulher um pouco distante algumas vezes enquanto conversavam mas não fez perguntas, apenas tentou fazê-la rir com suas palhaçadas. O filme foi bom mas não fez Fátima relaxar como queria, o que ela precisava mesmo era de algumas horas de sono.
Na volta para casa, William dirigia seu minni cooper pela longa avenida que acompanha a praia da Barra da Tijuca cantando "Beside you" do Simply Red, que colocara para tocar no som de seu carro. Fátima dirigia seu carro logo atrás e não via a hora de chegar em casa! Ligou para os filhos e avisou que eles dois chegariam logo, ligou para a mãe e conversaram um pouco e então chegou em casa. Os dois estacionaram na garagem e saíram de seus carros.

-Está tudo bem? Você ficou no celular o tempo inteiro. Vi pelo retrovisor... - perguntou ele.

-Está sim! Tudo bem... - disse, entrando em casa.

-Tô te achando um pouco estranha desde a hora que nos encontramos... - insistiu.

-Eu só estou cansada, é só isso. - explicou.

-Tem certeza? Se quiser conversar estou aqui... - ofereceu.

-Tenho sim! Não precisa... - disse subindo as escadas e ele ainda atrás.

-E com quem você tanto falava no celular? - perguntou.

-Ai, William, quanta pergunta!! Que saco!! - disse, com a voz alterada, assustando-o.

Ele não a irritaria com essas perguntas normalmente, mas ela estava muito cansada e só queria tomar um banho e ficar um pouco sozinha, não estava a fim de conversar nem de fazer nada, por isso acabou perdendo a paciência com o marido.

-Desculpa, não quis te irritar. - disse apenas.

Eles entraram no quarto, colocaram bolsa, carteira, chaves e celulares nos devidos lugares e trocaram de roupa sem dizer uma palavra. William ficou chateado por ela ter gritado com ele, pois o que mais odiava nesse mundo era que gritassem com ele e ela sabia disso, mas não pediu desculpas. Ela era durona e às vezes um pouco orgulhosa, apesar de não gostar de ficar brigada por muito tempo com ninguém.
O jornalista foi até seu escritório checar e-mails e arquivos do trabalho que havia recebido para se preparar para sua volta ao serviço no dia seguinte enquanto Fátima tomou um banho demorado e foi até a cozinha checar o que a empregada fazia para jantarem

Durante o jantar, Laura e Beatriz conversavam animadamente sobre a final do The Voice, Fátima conversava com Vinícius sobre as profissões que o menino gostaria de exercer e William comia em silêncio, ainda emburrado. O celular dele tocou e ele pediu licença, levantando-se da mesa para atender. Era uma colega de trabalho pedindo ajuda com a edição de uma matéria então ele voltou ao escritório para ajudá-la pelo computador numa video-conferência.

Já era mais de meia-noite e ele ainda não estava no quarto. Fátima ficou com peso na conciência por ter gritado com ele e achou que talvez estivesse esperando que ela fosse pedir desculpas, então foi até o escritório dele. A porta estava fechada mas ela pôde ouvi-lo conversando com uma mulher cuja voz não reconhecia. Fátima bateu na porta e ouviu o moreno dizer:

-Entra!

Ela abriu a porta, enfiou só a cabeça para dentro do quarto e viu que havia uma moça jovem de cabelos louros na tela do computador e um notebook ao lado aberto em algum programa de edição.

-Oi, amor! - disse ele, fingindo estar tudo bem entre os dois.

-Estou atrapalhando? - perguntou ela.

-Não! Nós só estamos discutindo um trabalho aqui...

-Oi, Fátima! É um prazer conhecê-la... Mesmo do outro lado da tela. - disse a moça.

-Olá! - disse, forçando um sorriso - Eu acho que não sei o seu nome...

-Ah, sou a Bárbara!

-Hmm... É um prazer também, Bárbara. - disse à menina e voltou a se dirigir ao marido -Você não vem dormir?

-Vou daqui a pouco, mas não precisa me esperar acordada se não quiser.

-Tudo bem. Vou subir, boa noite! - disse e saiu, fechando a porta.

-Boa noite, amor! - disse William.

-Boa noite, Fátima! - disse Bárbara.

Fátima se sentiu um pouco idiota por ter achado que ele estaria esperando por ela, quando na verdade estava conversando, descontraído, com aquela moça. Ela subiu, pegou o presente que havia comprado e colocou em cima do criado-mudo que havia no lado da cama que ele dormia, deitou-se e logo adormeceu.
William percebeu que ela não gostou muito de encontrá-lo ali falando com outra mulher àquela hora, e mesmo chateado com ela, não quis criar problemas então tentou apressar o que estavam fazendo para que pudesse ir dormir logo.

Quando entrou no quarto viu que a mulher já dormia e sentiu uma pontada de decepção por pensar que ela o esperaria acordada. Eles nunca haviam dormido brigados, sempre resolviam as coisas logo para não acumularem mágoas, mas dessa vez não seria assim. O jornalista se sentou na cama e, ao colocar o celular no criado-mudo, viu uma caixa pequena embrulhada num papel decorado com o nome de uma loja. Pegou o presente e o examinou; havia um pequeno cartão escrito com a caligrafia de Fátima que dizia: "Bem-vindo de volta ao trabalho, meu amor! Esta é para você usar amanhã." Ele então desembrulhou a caixa, já perebendo o que era antes de terminar: uma gravata lilás, muito bonita.... Ele gostava de gravatas e tinha que usá-las todos os dias por isso tinha várias, mas nenhuma igual àquela. William olhou para a mulher que dormia tranquila ao seu lado e suspirou.

-Obrigado, meu amor... - disse, beijando o cabelo dela - Mas ainda estou chateado com você.

Ela nem se mexeu então ele colocou a caixa de volta ao criado, tomou seus remédios para dor e deitou-se, dormindo rapidamente.