Fanfic: Nossa rotina | Tema: Fátima e William

Fátima saiu para trabalhar super atrasada no dia seguinte por conta da noite anterior e acabou esquecendo uns papéis importantes em cima da mesa de jantar... William estava passando por ali em direção ao quarto, todo suado devido aos exercícios matinais que acabara de fazer, com a camiseta em volta do pescoço feito uma toalha e viu uma pastinha com o slogam do programa dela na capa; pegou para examinar e parecia ser importante... Ela provavelmente iria precisar daquilo. Como os filhos estavam de férias, ele malhava na hora em que os levaria à escola, portanto lhe sobrava mais tempo livre até a hora de ir trabalhar. Decidiu então levar a pasta para Fátima sem avisá-la para surpreendê-la e depois seguir de lá para seu trabalho. Subiu até o quarto, tomou um banho caprichado, vestiu uma calça jeans e uma camisa social azul-acinzentada, pegou sua pasta de couro morrom e os papeis da esposa e foi para o Projac.
Chegou lá por volta das 08:00; perguntou a algumas pessoas onde poderia encontrar Fátima e foi informado de que ela provavelmente estaria no estúdio do Encontro ou no camarim. Quando estava prestes a virar o corredor que levava até o camarim dela ouviu sua risada gostosa e logo depois uma voz masculina que reconheceu imediatamente! Parou onde estava e ouviu mais um pouco.

-É sério! Eu nunca imaginei que fosse possível mas você está ainda mais bonita que a alguns anos atrás! - disse o homem.

-Ah, muito obrigada, mas são seus olhos... - respondeu Fátima.

-Além de linda é modesta! Você é quase perfeita, Fatinha... Só falta uma coisa para completar essa sua perfeição! Pense em minha proposta com carinho, por favor... - disse o homem.

-Que exagero! - disse rindo sem-graça e depois continuou séria - Vou pensar, mas preciso de um tempo...

-Terá todo o tempo do mundo! Faço o que for preciso para ter você!

Nesse momento William sentiu o sangue ferver e começou a imaginar mil coisas. De repente ficou com muita raiva daquele homem e quis ir até lá tirar satisfações com o filho da mãe, mas também estava confuso pelo que Fátima havia dito... Como assim ela iria pensar?! O que era tudo aquilo? Do que eles estavam falando? Não era possível que Fátima estivesse querendo trocá-lo por aquele homem. Não... Provavelmente estavam falando de alguma coisa idiota. "Relaxa, William... Você está inventando coisas que não existem! Com certeza eles estavam falando sobre alguma outra coisa." dizia a si mesmo... Respirou fundo e virou o corredor, de peito estufado, tentando não transparecer nenhum tipo de emoção. Fátima estava de costas para o lugar de onde ele veio e o moço de frente para ele.

-Olha só quem chegou!! - disse o homem com um ar cínico numa falsa animação, fazendo Fátima se virar.

-William?!! - perguntou surpresa - O que você está fazendo aqui?

-Olá, Júlio. - cumprimentou o moço com indiferença antes de olhar para esposa e só então virou-se para ela - Passei aqui pra trazer uma pasta que você esqueceu em cima da mesa, achei que fosse precisar. - disse, estendendo-lhe o material.

-Ai, meu Deus! Não acredito que a esqueci em casa!! Vou precisar sim! Ainda bem que você trouxe, amor... Muito obrigada! - respondeu, pegando-a e conferindo folha por folha rapidamente.

-Bom, eu já vou indo! - disse Júlio. Abraçou Fátima, por mais tempo do que William gostaria, e o ofereceu a mão para que apertasse, depois se retirou.

Júlio era um jornalista que trabalhou na Globo há muito anos quando o casal ainda estava no início do namoro. Ele dava sérias investidas em Fátima na época, mesmo sabendo do seu relacionamento com William, e até lhe beijou a força uma vez! William o odiava e brigou com ele várias vezes por conta dela, mas o moço largou o jornalismo, foi morar no exterior e nunca mais ouviram falar dele até então. Ou pelomenos ele(William) não ouviu... Depois disso não tinha mais essa certeza em relação a Fátima.

-Vamos entrar... - disse Fátima a ele, abrindo a porta de seu camarim.

-Não, eu já vou embora! Só passei pra te entregar os papeis mesmo. - respondeu ele.

-Por que? Você tem algum compromisso agora? - perguntou, achando estranho.

-Vou pra a Redação.- disse apenas.

-Mas ainda está cedo...

-Eu sei, mas preciso ir. - disse desviando o olhar.

Ela nem havia se dado conta de que William não havia gostado de ver Júlio ali. Já fazia tanto tempo que eles haviam se desentendido que ela pensou que o marido nem fosse se importar mais, mas depois daquela breve conversa percebeu que ele estava estranho e logo entendeu que era apenas ciúmes.

-William, por que você está agindo assim? Por acaso ficou com ciúmes do Júlio?

-Não! Por que ficaria? Tenho motivos? - perguntou, tentando sondá-la.

-Claro que não! - respondeu achando estranha a pergunta dele - Mas sei que você não gostava dele, só que já faz tanto tempo...

-Pois é, faz bastante tempo mesmo. - concordou indiferente.

-Então conversa comigo... Aconteceu alguma coisa? Pode me falar...

-Não aconteceu nada, Fá... Está tudo bem comigo. - mentiu - E com você? Está acontecendo algo que queira me contar? - tentou mais uma vez.

-Não... - disse ainda achando estranhas as perguntas dele - Eu também estou estranha com você? Porque você está estranho comigo.

-Não, estou normal! - respondeu, forçando um sorriso - Deve ser o cansaço... Não tivemos muitas horas de sono essa madrugada.

-Verdade... Tive que tomar muitas xícaras de café pra conseguir vir pra cá hoje e estou entopida de maquiagem! - disse bem-humorada - Você não vai mesmo entrar? - perguntou ao perceber que ainda estavam parados na porta.

-Não. Tenho que chegar mais cedo hoje pra revisar uns relatórios e vou aproveitar pra dar uma adiantada no trabalho. Você sabe como fim e início de ano são corridos pra a gente lá. - disse como desculpa.

-Tudo bem... Nos vemos a noite então. - disse inconformada e andou até ele para se despedir. Deu-lhe um selinho e o abraçou.
Ele não devolveu o carinho da forma como costumava fazer mas ela fingiu que não percebeu e o deixou ir... Fátima tinha certeza de que ele havia ficado com ciúmes, mas entendia a reação dele. William não costumava brigar com ela por ciúmes pois sabia que ela não dava motivos reais para isso, e sabia também que o ciúme é um sentimento irracional, portanto tentava controlá-lo racionalmente. O problema é que raramente conseguia agir normalmente com ela após se sentir dessa forma... Levava um tempinho para que voltasse ao normal e Fátima respeitava o tempo dele. O que ela não sabia é que o marido não estava apenas com ciúme bobo dessa vez.

William estava puto de raiva! Deu chance para que ela falasse sobre o que havia conversado com Júlio e ela não falou. Não queria ter que pressioná-la, queria que ela lhe contasse por vontade própria. Sua cabeça estava uma confusão! Apesar das várias dúvidas lá no fundo sabia que Fátima o amava, e confiava tanto nela que não acreditava realmente que quisesse algo com aquele homem, mas ainda assim estava mordido de tanto ciúme!
O jornalista chegou em sua sala na Central Globo de jornalismo e se esparramou na cadeira. Estava com uma dorzinha chata na cabeça e muito sono então resolveu fazer um café. Tinha uma cafeteira na própria sala para não precisar ficar saindo dali e atrasar o serviço, era bem mais prático! Assim que se sentou novamente, após fazer o café, alguém bateu na porta.

-Posso entrar? - perguntou Bárbara (a moça loira de alguns capítulos atrás).

-Entra! - respondeu ele.

-Bom dia! - disse, ao entrar na sala, e fechou a porta atrás de si.

-Bom dia, Bárbara. - respondeu com a voz mais rouca que de costume e então pigarreou.

-Tudo bem, chefe?

-Acho que passei um pouco de meus limites na noite passada... Mas estou bem. - brincou ele.

-Todos nós passamos! Mas ninguém pode nos culpar por isso, foi Reveillón! - falou e parou em frente à mesa dele.

-Você tem razão... - disse e esperou que ela dissesse o que queria, mas quando não o fez ele perguntou - E então..?

-Ah, sim! Me desculpe.. - disse e riu sem-graça - Eu fiz um texto de uma das matérias que provavelmente irão ao ar hoje e gostaria que você desse uma olhada...

-Não está na hora de revisar textos, Bárbara... Farei isso mais tarde, na hora certa. Se sua matéria for selecionada para ir ao ar vou revisá-la junto com todas as outras. - disse.

-Eu sei, mas é que este será meu primeiro texto colocado em pauta e eu queria que ele estivesse perfeito! - explicou.

-Entendo... Tudo bem, você deu sorte porque hoje cheguei mais cedo! - disse piscando amigavelmente para ela - Por que você não pega um café enquanto dou uma lida em seu material? Acabei de fazer... - ofereceu.

-Eu te interrompi na hora errada, não foi?! Me desculpe, se quiser posso voltar depois...

-Não! Claro que não... Fique tranquila.

-Obrigada, chefe! - agradeceu - Vou aceitar o café.

Enquanto ele lia o material ela tomava o café sentada na cadeira em frente a ele. Quando terminou, chamou a atenção dela para corrigir alguns erros que havia notado, então a moça se inclinou sobre a mesa em direção a ele para que pudesse ficar mais perto, de propósito, fazendo-o notar o enorme decote que estava usando. Ela tinha os seios redondinhos e avantajados por conta do silicone e William não pôde deixar de reparar, mas tentou fixar a atenção no papel em suas mãos. Ela se mexia discretamente para provocá-lo sem parecer que estava fazendo isso intencionalmente e ele realmente não percebeu que era proposital, mas estava desconcertado com aquela situação então falou:

-Você não quer vir para esse outro lado da mesa? - perguntou - Assim vai poder ver melhor as partes que estou comentando...

Ele pediu para que ela fizesse isso na intensão de que saísse de seu ângulo de visão e ela vibrou por dentro ao perceber que conseguira o que queria: provocá-lo. Contornou a mesa até que ficasse ao lado dele e se inclinou para frente como havia feito antes, mas dessa vez não dava para ele ver nada. Quando terminaram ela disse:

-Soube que você vai sair de férias esse domingo...

-Vou sim! Não vejo a hora!! - disse animado.

-Vou sentir sua falta... - falou, deixando-o confuso e então completou - Você me ajuda muito aqui!

-Ah, você tem muitos colegas aqui que podem te ajudar enquanto eu estiver fora!

-Mas você é o melhor aqui. Em todos os sentidos...

-Você está falando de competência, não está?! - perguntou numa tentativa de concertar a situação.

-Claro! - mentiu - Sei que você é tímido em relação a elogios mas não resisti!

-Essa é uma verdade! - afirmou e sorriu - E, em resposta a seu elogio, fico muito grato mas temos muita gente competente aqui! Aliás, se não fossem competentes não estariam aqui!

Ela sorriu e disse:

-Você está certo. Vou deixá-lo trabalhar agora! Desculpe o incômodo e mais uma vez muito obrigada! - disse e saiu da sala dele.

William correu contra o tempo durante o dia! Terminou o espelho do JN em cima da hora e deixou Ronald, o maquiador, louco tentando embonecá-lo enquanto revisava os últimos detalhes.
Após o término do expediente, pegou suas coisas e foi até o estacionamento, mas antes de entrar em seu carro ouviu Bárbara chamar por seu nome, correndo em sua direção:

-Bonner, espera!

-Aconteceu alguma coisa?? - perguntou preocupado.

-Aconteceu, mas nada grave! - tranquilizou-o - É que eu vim pra cá hoje de manhã de carona com a Nathália só que ela foi embora e me deixou aqui sozinha!

-Putz! Que sacanagem... Você quer ajuda para chamar um taxi?

-Na verdade eu queria saber se, já que você está indo embora, não poderia me levar em casa... - perguntou indiretamente.

-Errr... - ele não queria levá-la mas ficou sem jeito de dizer não - Levo sim. Entra ai!

William não sabia onde Bárbara morava então ela foi guiando-o pelo caminho. A rua dela era deserta e pouco iluminada e ele achou o local muito perigoso para se morar.

-Você mora sozinha? - perguntou.

-Moro... Por que? Pode parar aqui! É esse o prédio. - disse, apontando para um dos prédios que havia ali.

-Porque achei esse lugar meio perigoso... Seu prédio tem segurança pelo menos? - perguntou assim que estacionou o carro.

-Tem sim, não se preocupe. - disse sorrindo - Você não quer subir?

-Não, obrigado. - agradeceu e sorriu educadamente.

-Eu preciso falar com você...

-Pode falar!

-Como você mesmo disse, aqui fora é muito perigoso, e é um assunto sério... Melhor a gente subir e lá em cima eu te falo.

Ele não iria subir, não queria dar motivo para o surgimento de boatos, caso alguém os visse. Tirando o fato de que Fátima não gostaria nada daquilo.

-Prefiro não subir, e espero que você me entenda. É sobre o trabalho o que você tem para me dizer?

-Não... Tem certeza de que prefere que eu diga aqui?

-Se não é sobre trabalho não sei como poderei te ajudar, mas pode dizer. Farei o que estiver ao meu alcançe. - ofereceu apenas por educação.

-Você é a única pessoa que pode me ajudar. - disse, desafivelou o cinto de segurança e estendeu a mão para acariciar o peito dele.

-Bárbara, eu não sei aonde você quer chegar, mas quero deixar claro que nossa relação é estritamente profissional. - disse, afastando a mão dela.

-Eu sei, e é exatamente sobre isso que quero falar. - respondeu sedutoramente, aproximando-se mais dele, e sussurrou próximo ao seu ouvido - Preciso da sua ajuda para apagar esse meu fogo... - concluiu e apalpou a calça dele bem naquele lugar, apertando levemente os testículos.

William se assustou com a reação dela, nunca esperava que fizesse isso! Deu quase que um pulo no banco do carro e a olhou como se estivesse preocupado com sua sanidade.

-Eu acho que houve algum mal-entendido aqui, Bárbara! Você está confundindo as coisas... - disse imponente com a respiração meio alterada.

William esfregou uma mão na coxa esquerda, num sinal de nervosismo, seus hormônios masculinos não deixaram passar despercebida aquela situação e seu sexo deu sinais de excitação dentro da calça, não podia controlar aquela parte de seu corpo, afinal, ele era um homem e não uma porta. Mas o que ele podia fazer era escolher racionalmente se iria ou não trair o compromisso que tinha há mais de 20 anos com Fátima. 

-Adoro quando diz meu nome assim... - falou, descarada - Você é tão gostoso... - completou quase num sussurro e mordeu o lábio inferior, notando o início da excitação dele. 

-Eu acho que você não entendeu... Não vai haver nada entre nós dois, eu sou muito bem casado. Você pode, por favor, descer do meu carro? - pediu educadamente, com uma pontada de desespero, tinha medo de não resistir àquela situação.

-Não precisa se fazer de dificil... Tô vendo que você me quer... - disse olhando para o volume crescente na calça dele - Me contaram que você é um cavalo na cama... Que é enorme e grosso... Do jeito que eu gosto. 

William quase teve um infarto, mas tentou ao máximo ignorar a sensação que aquelas palavras lhe provocaram. Começou a rir, nervoso, então perguntou:

-E quem foi que te contou isso? 

-Não importa, o que importa é que tô doida pra saber se é verdade mesmo... 

-Pois é, vai ter que ficar na curiosidade então, porque eu não vou fazer nada com você... - olhou para ela, satisfeito consigo mesmo por estar resistindo, sendo fiel à sua esposa.

-Nossa! Pra que essa fidelidade toda agora? Até parece que nunca traiu sua mulherzinha antes...

-Eu não admito que você falte com respeito a mim e muito menos à minha mulher! Agora, por favor, desce do meu carro. - respondeu perdendo a paciência. 

-Será que essa mulher que você tanto ama faria o mesmo por você..? Não sei não, heim... Ela fica lá toda soltinha naquele programa, rebolando e fazendo o bem quer... Cheio de homem lá, toma cuidado... - provocou, e nessa hora William se lembrou de Fátima com Júlio naquela manhã.