Fanfic: Nossa rotina | Tema: Fátima e William

Bárbara percebeu que William ficou mudo e sem reação e quis se aproveitar disso...

-Você está nervoso? Eu também estou... Olha só o meu coração! - disse e puxou a mão dele para seu peito, mas não foi para lhe mostrar seus batimentos cardíacos...

William levou alguns segundos para organizar os pensamentos, estava ofegante e ainda com a mão no peito da moça, por baixo da mão dela, mas assim que conseguiu pensar direito puxou o braço e disse:

-Não, não vou fazer isso! Você é linda, mas eu não sou esse tipo de homem... Não vou trair a Fátima. 

-William, eu estou apaixonada por você. - confessou a moça, ignorando o que ele havia dito.

O moreno a olhou incrédulo e perguntou:

-O que??

-Estou apaixonada por você. - repetiu como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo.

-Não, não está. Vamos parar com a brincadeira, ok? Desce do meu carro porque preciso ir para casa. Minha mulher e meus filhos estão me esperando.

-Não é brincadeira... Eu te amo! E juro que achei que você tivesse algum interesse em mim também! Sempre foi tão gentil comigo... - disse sincera.

-Você ficou louca?! Eu fiz por você o que faço por qualquer outra pessoa!

-Nossa... Essa doeu. - disse e olhou para baixo.

-Eu não vou me desculpar... Não pretendia ser rude com você mas é a verdade. - afirmou sério.

-Chefe, me desculpe... - pediu e olhou para ele, com lágrimas nos olhos - Eu não devia ter feito nada disso! Meu Deus, que vergonha!

-Olha, é melhor você subir para o seu apartamento...

-Eu nunca mais vou conseguir olhar na sua cara! Que vergonha! - fez drama, cobrindo o rosto com as mãos.

Ele sempre fôra muito sensível e se comoveu um pouco com o choro dela, parecia estar arrependida, então disse num tom mais brando:

-Vamos fazer o seguinte: vou fingir que nada disso aconteceu e você não vai tentar mais nada, pode ser? Agora, por favor, eu preciso ir embora...

-Não vou conseguir esquecer... - disse, enxugou as lágrimas e saiu do carro.

                                                                                      ...

Fátima não havia conversado com o marido durante o dia. Nenhum dos dois ligara para o outro porque estiveram ocupados demais e sem tempo de pensar em nada que não fosse trabalho.
Já eram 22:40 e William ainda não havia chegado nem mandado nenhuma mensagem avisando que iria demorar, então Fátima tentou ligar para ele mas ninguém atendia. Ligou mais algumas vezes até que atenderam, mas não era ele.

-Alô? - disse uma voz feminina.

-Quem fala?? - perguntou Fátima confusa.

-O que você quer? - perguntou, ignorando a pergunta de Fátima.

-Quero falar com o meu marido. Quem é você e onde ele está? - falou indignada.

-Sinto muito, mas o William está muito ocupada agora e não pode te atender... - disse a mulher.

-Como é??

-Beijos, querida. - disse e desligou.

Fátima ficou boaquiaberta com aquela ligação. Quem era aquela? Não tinha reconhecido a voz e achou um absurdo o jeito que a moça lhe tratou! E que voz de puta ela tinha! William nunca dava o celular para que alguém atendesse quando estava ocupado, sempre deixava a ligação cair na caixa e retornava quando podia.

                                                                                    ...

O moreno arrancou com o carro assim que Bárbara entrou pela portaria do prédio. Dirigiu mais rápido que de costume com a cabeça a mil. Olhou o relógio em seu pulso e viu que já passava das 23:00, Fátima com certeza havia ligado mas seu celular estava no silencioso então não ouviu nada e também nem o pegou para conferir pois estava no volante. Ele estava com receio de ir pra casa... Nem sabia direito o porque, mas tinha a ver com a proposta misteriosa de Júlio e com a forma que iria contar à mulher o que acabara de acontecer. Não sabia nem se queria contar, já que ela estava lhe escondendo algo, mas sabia que devia; eles nunca foram de esconder essas coisas um do outro...

Fátima estava irritada e impaciente andando de um lado pro outro do quarto quando o marido entrou pela porta mexendo em sua pasta de couro como se estivesse à procura de algo.

-Boa noite. - falou num tom meio sério, meio irônico.

-Boa noite... - disse levantando o olhar para ela - Acho que esqueci meu celular lá na Redação... Procurei no carro e agora aqui na minha bolsa e não o encontrei...

-Na redação? Tem certeza? - perguntou ainda irônica - Não tem mais nenhum lugar aonde você possa ter esquecido?

-Por que está falando nesse tom? Está tudo bem?

-Aonde você estava? - perguntou, ignorando-o.

-Preciso conversar com você, mas antes vou tomar um banho e tirar essa roupa porque hoje o dia foi um caos e eu estou morto!

-Não, senhor! Você vai me explicar essa história agora! - disse autoritária.

Ele achou um desaforo o que ela estava fazendo! Por que ele teria que contar se ela não havia dito o que estava escondendo em relação a Júlio?!

-Ah é?! Se é para colocar as cartas na mesa agora me diz você então que merda de proposta o Júlio te fez pra "ter você"? - falou a última parte num tom debochado, repetindo a fala do moço e gesticulando as aspas.

-Você ouviu nossa conversa? - perguntou incrédula.

-Ouvi. Me desculpe a falta de educação. - disse sarcástico.

-Em que parte da conversa você chegou?

-Na parte em que ele estava dando em cima de você!! - respondeu enfurecido.

-Ele não deu em cima de mim! Só me fez alguns elogios... - afirmou.

-Ah, claro! Você vai me contar sobre essa proposta ou vou ter que ir lá quebrar a cara daquele idiota?! Não, espera! Você disse a ele que iria pensar na proposta... - ironizou.

-William, você entendeu tudo errado!! O júlio voltou dos Estados Unidos há pouco tempo e está trabalhando numa empresa de cosméticos agora! A proposta que ele me fez foi em nome da empresa; eles me convidaram para ser a garota-propaganda da marca... - explicou.

-Sério?! - perguntou e suspirou aliviado - Eu sabia que era alguma coisa idiota, mas minha cabeça ficou inventando um monte de coisa, amor! Desculpa... - pediu arrependido.

-Por que você não me perguntou antes de ficar cheio de paranóias?

-Porque queria que você me dissesse! No fundo não achei que fosse algo sério, mas fiquei com tanta raiva daquele cara! Eu não gosto dele, Fá.. Fiquei com ciúme e acabei imaginando coisas... Passei o dia angustiado com isso.

-Eu gostaria muito que você me perguntasse as coisas antes de tirar suas próprias conclusões! - disse num tom firme; ainda queria saber quem era a moça no celular dele - Agora me explica porque te liguei e uma muher que não faço ideia de quem seja atendeu e desligou na minha cara!

-Uma mulher? - perguntou confuso e então lhe caiu a ficha - Não acredito nisso!! Ela pegou o meu celular! - disse furioso e ela o olhou sem entender - Eu preciso ir num lugar. Você vem comigo?

-De jeito nenhum!! Você não vai sair daqui sem me explicar o que está acontecendo!

-Fátima, essa moça que te atendeu disse o que pra você?

-Ela disse que você estava ocupado demais e não me respondeu quando perguntei quem ela era.

-Eu não estava ocupado... - disse, fechou os olhos e colocou os dedos nas têmporas - Foi a Bárbara quem te atendeu. Aquela loira que trabalha na redação... 

-E o que ela está fazendo com o seu celular?? - perguntou, não gostando nada de ouvir o nome daquela mulher.

-Vou te explicar do início: quando eu estava no estacionamento ela foi atrás de mim e pediu uma carona porque estava sem carro, então fui levá-la em casa, mas nem entrei no apartamento dela! Fiquei no carro... Ela deve ter pegado o meu celular sem que eu percebesse... - explicou.

-Como assim ela pegou seu celular? Por que ela faria isso?

-Amor... Eu preciso te contar uma coisa e preciso que acredite em mim. Você confia em mim?

-Tem mais?? 

-Tem, mas primeiro preciso que você confie em mim...

-William, fala logo! Estou perdendo a paciência.

-Tá... - disse e respirou fundo - Ela tentou me seduzir e me fez propostas indecentes... Ficou passando a mão em mim e perguntou se eu queria subir mas eu não subi! Pedi para que ela descesse do meu carro mas aí ela disse que estava apaixonada por mim!

Fátima ficou sem palavras. Imaginou aquela loura sozinha no carro com William e aquilo lhe provocou um aperto no peito.

-Não tô acreditando nisso.... Que piranha safada!! Eu sabia que ela não prestava! Não quero essa mulher trabalhando com você, não quero você perto dela!

-Eu sei, amor... Vou dar um jeito nisso depois, ok? Vou pedir pra transferirem ela daquele setor, não sei... Depois vejo isso.

-E o que mais aconteceu? Quero que me conte tudo!

-Quando ela entendeu que não ia rolar nada entre a gente começou a chorar... Pareceu arrependida, mas depois disso ai que ela te falou no telefone não acredito em mais nenhuma palavra que ela disser!

-Não acredito que você ainda achou que ela estivesse arrependida!

-Achei, mas agora eu tô vendo que foi tudo joguinho... Preciso ir buscar meu celular! Tá cheio de coisas que importantes nele, não posso esperar até amanhã...

-Você quer que eu vá junto?

-Quero. Ou você prefere que eu vá sozinho? - perguntou num tom quase de brincadeira. No fundo ele gostava de vê-la com um pouco de ciúmes, significava que tinha medo de predê-lo, mas não a ponto de fazê-la perder a confiança nele.

-Não brinca comigo, William Bonemer Júnior! - respondeu séria.

-Desculpa, amor, parei. Vamos?

Os dois foram no carro dele até o prédio da moça e ele pediu ao porteiro para que interfonasse no apartamento dela.

-Bárbara, aqui é o William. Posso subir? - disse no interfone.

-Você está sozinho? - perguntou ela.

-Estou. - mentiu.

-Tudo bem, pode subir.

O enorme sorriso que Bárbara tinha no rosto quando atendeu a porta se desfez ao perceber que William estava de mãos dadas com Fátima.

-O que ela está fazendo aqui? - perguntou, referindo-se a Fátima.

-Ela é minha mulher e está comigo. Mas não vim discutir isso, vim pegar o meu celular. Eu poderia dar queixa à polícia... Você sabe disso. - disse William, impassível.

-Dar queixa? Pelo quê?? Foi você quem esqueceu o celular aqui quando foi embora. - disse a moça, cínica.

-Você tá maluca, garota? Eu nem subi no seu apartamento! - respondeu ele.

-Não vou deixar você me incriminar só pra se fazer de vítima para a sua mulher. - continuou com o teatrinho.

-Você vai devolver o meu celular ou quer que eu ligue para a polícia? - perguntou ele.

-Você ainda não contou a ela sobre o nosso caso, não é?! Pode deixar que eu conto!- disse e olhou para Fátima - O William é incrível na cama! Mas a parte que eu mais gosto é quando ele... - antes que terminasse o moreno lhe interrompeu.

-Já chega! Você é doida! Precisa de tratamento psiquiátrico! Me dá o meu celular logo porque eu não aguento ficar aqui nem mais um minuto!

-Você não vai dizer nada? - perguntou a Fátima, que até então estava calada só observando.

-Não preciso, QUERIDA. - disse e sorriu irônica - Prefiro ficar só observando porque estou achando essa cena engraçadíssima!

-Tudo bem, se você gosta de ser traída eu não tenho culpa... - provocou, mas Fátima nem se deu ao trabalho de responder.

-Se você não devolver o meu celular agora, vou fazer uma ligação aqui e conseguir uma autorização judicial para a polícia revistar a sua casa ainda hoje! - falou ele num tom muito sério, não estava pra brincadeira e a moça ficou assustada.

-Calma! Não precisa disso! Vou pegar! - disse e saiu das vistas deles... Pouco tempo depois voltou com o celular na mão e o entregou - Pronto! Era só isso?

-Só mais uma coisa: pode se considerar demitida porque naquela Redação você não trabalha mais. - disse e saiu, ainda de mãos dadas com Fátima.
Não cabia a ele demitir ou contratar funcionários mas sua opinião tinha muito peso então com certeza a moça não tinha a quem recorrer.

O caminho até em casa foi de um silêncio agoniante! William estava puto de raiva tentando se acalmar e Fátima foi tomada por uma sensação estranha...Toda aquela sua postura de mulher de ferro se desmanchou assim que conheceu aquela loura pessoalmente, ela era muito bonita! Mas enquanto estavam lá em frente a ela tentou desfarçar...

Já no quarto, Fátima estava deitada na cama e William trocando de roupa. Ele não aguentava mais aquele silêncio!

-Fá? Fala comigo... - pediu, preocupado com o que estava se passando na mente dela.

-Falar o quê?

-Qualquer coisa! Fala no que você está pensando... - pediu.

-Não estou pensando em nada... - disse com uma expressão vazia.

-Impossível! Em alguma coisa você tem que estar pensando.

-Que importância isso tem?

-É importante para mim! Você não está achando que estou mentindo, está?

-Não... Não estou achando nada.

Ele suspirou e não disse mais nada até que ela comentou:

-Você não tinha me dito que ela era tão bonita...

-É nisso que está pensando? - perguntou e foi em direção à cama. Sentou bem pertinho dela e segurou sua mão, depois continuou - Ela realmente é muito bonita, mas que diferença isso faz?

Ela o olhou com cara de "me poupe desse discurso de que beleza não faz diferença" e ele disse:

-Tá... Já entendi. O que quero dizer é que existem muitas mulheres muito bonitas no mundo, mas isso não faz diferença porque PRA MIM você é a mais linda de todas. E não estou dizendo isso pra te agradar, até porque sei que você não gosta desse tipo de discurso clichê, estou dizendo porque a sensação que tenho a cada vez que te vejo é uma mistura da sua beleza com todos os meus sentimentos por você e isso faz com que a beleza de nenhuma mulher no mundo supere a sua!

-Que lindo, amor... Sinto isso em relação a você também, mas acho que não saberia colocar em palavras tão bem! - disse e acariciou o rosto dele.

-Você está pensando em mais alguma idiotice que queira me dizer? - perguntou e ela sorriu um pouco.

-Só mais uma: eu te amo! - falou contendo um sorriso; não estava se sentindo mal mais.

-Então isso é idiotice?! - perguntou fingindo estar ofendido.

-Muita... - disse se inclinou para beijá-lo mas ele desviou o rosto, numa brincadeira.

-Não vou beijar você. Achei ofensivo isso que você disse... - disse fazendo bico, ainda bem próximo a ela.

-Vai mesmo me negar um beijo?

-Não, não consigo negar nada a você por muito tempo. Foi só pra fazer charme... 

-Já fez, agora me beija. - disse e ele obedeceu, colando os lábios aos dela.

O dia havia sido muito cansativos e eles estavam mais que exaustos, com sono acumulado da noite anterior, então só conseguiram pensar em dormir e mais nada. Dormiram tranquilos de lado na cama e de frente um para o outro com os rostos colados de modo que um conseguia sentir a respiração do outro.