Fanfic: Nossa rotina | Tema: Fátima e William

Fátima ainda trabalhou naquela sexta-feira mas entrou de férias no sábado, já William teve que trabalhar na sexta e no sábado, mas enfim chegou o tão esperado dia para os dois! Era domingo e eles iriam passar 15 dias viajando com os filhos, percorrendo de carro de São Francisco até Los Angeles, na Califórnia, só eles cinco. Nenhum deles conhecia ainda e estavam todos muito empolgados com essa viagem, que haviam passado bastante tempo planejando! Já estavam de malas prontas e então, naquele domingo, Fátima passou a tarde no salão com a filha Beatriz; mudou o corte de cabelo, mas não muito, para um leve repicado, pois queria uma coisa prática que não a fizesse perder tempo durante a viagem tendo que arrumá-lo. Depois daquele alisamento japonês que fizera em 2002, quando participou da cobertura da Copa do Mundo no Japão e na Coreia do Sul, tomou trauma de quimicas muito fortes e começou deixar as madeixas o mais naturais possível!

À noite foram para o aeroporto, fizeram check in e, enquanto esperavam pelo vôo, o casal era tietado por algumas pessoas que haviam ali. Um rapazinho de uns 14 anos que viajaria com os pais no mesmo avião indo para Houston, engatou uma conversa com William. O moreno gostava muito de crianças e se divertia batendo papo com elas.

-Vocês vão ficar em Houston mesmo? - perguntou o menino.

-Não, vamos só fazer escala lá e pegar um avião para a Califórnia. E você?

-Hmm... Gosto muito da Califórnia! Já fui lá algumas vezes, mas meus pais têm casa em Houston então é pra lá que vamos!

Conversou com o garoto por mais algum tempo, tirou fotos com ele e então ouviram a chamada para o vôo.

                                                                                      ....

-Filho, desliga esse celular! Estamos quase embarcando... - ordenou Fátima ao filho que falava ao celular com a namorada atrás dela na fila de embarque.

-Já vai, mãe! - respondeu o menino.

-Fá, deixa ele... Não tem problema usar o celular agora. - disse William.

Fátima sempre teve muito medo de avião e até fez terapia para controlá-lo. Depois que os filhos nasceram ficou muito tempo sem viajar de avião e demorou um pouco para voltar, mas mesmo assim ainda era paranoica com isso! Se visse alguém usando algum aparelho eletrônico ou desobedecendo alguma norma da empresa aérea durante o vôo chamava a aeromoça e reclamava.
Já estavam todos instalados na primeira classe... O avião estava levantando vôo e Fátima tinha as mãos agarradas firmemente nos braços de sua poltrona. Qualquer um que a olhasse não perceberia que estava um pouco aflita, mas o marido a conhecia bem.

-Tudo bem aí? - perguntou ele no ouvido de Fátima, estendendo uma mão para acariciar a dela.

-Aham. - respondeu apenas, de olhos fechados e com a cabeça apoiada à poltrona, controlando a respiração.

-Eu estou aqui com você, relaxa...

-E de que vai adiantar você aqui se esse avião começar a cair?!

-Calma, nervosinha, não precisa me atirar pedras! - disse erguendo as mãos num gesto de rendição - Só quero dizer que você não está sozinha. Estou aqui caso queira conversar, segurar a mão de alguém, ou qualquer outra coisa...

-Desculpa, amor, é que fico uma pilha dentro de aviões! Você sabe... Mas obrigada.

-Tudo bem, já estou acostumado a você me maltratando... - brincou - Eu sei sim, a conheço bem.

-Que mentiroso! Se alguem ouvir isso vai pensar que eu faço o que com você?!

-Tô só brincando, amor.... - esclareceu - Mas fique tranquila porque não vai acontecer nada! - garantiu.

-Deus te ouça!

-Por que você não tenta dormir? São 10 horas de viagem, ainda vai demorar um pouco...

-Não estou com sono... Você está?

-Também não... Estou cansado mas não com sono.

-Vou tomar um remédio daqui a pouco, se não conseguir dormir.

-E eu preciso ir ao banheiro. - disse e se levantou.

Fátima notou que uma das aeromoça que estava em pé ali perto quase comeu William com os olhos, e achou graça disso. Era incrível como as mulheres eram mais ousadas nesse sentido, mas ela já estava acostumada... Desde que conhecera o marido notava as mulheres olhando quando ele passava, e isso era o que faziam de menos!
Quando ele voltou a moça aainda o encarava, descaradamente, sem se preocupar se Fátima estava ali ou não.

-O avião está bem cheio... - comentou ele.

-Então você deve ser o mais bonito daqui porque mesmo com tanto homem a bordo a aeromoça escolheu logo você para admirar... - disse em tom de brincadeira, ela realmente não se importava com olhares.

-Sério?! Nem percebi... - respondeu ele.

William pegou um livro que havia separado fora da mala, colocou seus óculos de grau flutuantes e começou a ler. Fátima apoiou a cabeça no ombro dele e ficou assim por alguns minutos pensando em coisas aleatórias, sem conseguir dormir, então lembrou que William havia se esquecido de levar o barbeador numa das viagens que fizera há algum tempo e ficou sem fazer a barba durante os poucos dias que ficou no local.

-Você se lembrou de trazer o aparelho de barbear? - perguntou a ele.

-Hum? - estava tão concentrado no que lia que nem entendeu a pergunta dela.

-Você trouxe o aparelho de barbear dessa vez? - repetiu.

-Ah... Trouxe! Mas não sei se vou fazer a barba lá não...

Ele sempre deixava a barba crescer, mas não muito, nas férias porque era exaustivo ter que ficar fazendo-a todos os dias, só que geralmente fazia isso quando não viajavam. Fátima não era muito fã de barba e fez uma cara de reprovação, fazendo-o sorrir.

-Que foi? - perguntou, achando graça.

-Nada... Você sabe que não gosto muito de barba, mas te entendo.

-Você não vai fugir de mim se eu deixar a barba crescer um pouco, vai?

-Claro que não! Bobo... - respondeu com um meio-sorriso - Vou tomar o meu remédio agora... Você pode pega minha necessaire? Está ai em cima. - disse e apontou para a bagageira acima deles, já que o moreno estava sentado no corredor.

-Claro, pego sim. - Disse, marcou a página do livro em que estava, desafivelou o cinto e se levantou para pegar a mala de mão dela.

-Precisa de ajuda, senhor? - perguntou uma aeromoça que se aproximou dele.

-Não, obrigado... - respondeu e sorriu em educação - É essa aqui, Fá? - perguntou a Fátima, mostrando-lhe a necessaire marrom.

-É sim! - ele a entregou e sentou-se novamente - Obrigada.

-Disponha... - respondeu ele - Foi essa a aeromoça que estava me "admirando"? - perguntou em tom de brincadeira, olhando para a moça discretamente.

-Foi sim... Por quê?

-Porque se eu soubesse que ela era tão bonita teria pelomenos dado um sorriso em troca dos olhares! - brincou e ela lhe deu uma cotovelada - Ai!! - gemeu baixo e riu.

Fátima abriu a malinha, fuçou-a e tirou dali uma caixinha de remédio para dormir. Pegou uma garrafinha d`água que havia comprado no aeroporto e engoliu o comprido.

-Vai querer também? - perguntou, oferecendo-lhe o remédio.

-Não, vou ler mais um pouco e ver se o sono chega.

-Tudo bem, boa noite! - disse e deu-lhe um beijo na bochecha.

-Boa noite... - desejou de volta e sorriu para ela.

Fátima então olhou para o lado e viu que os três filhos dormiam em suas respectivas poltronas; Vinícius com um headphone na cabeça e as duas meninas com seus fones de ouvido normais, então apoiou a cabeça em sua poltrona, fechou os olhos e logo adormeceu... Acordou após muito tempo como se tivessem passado apenas cinco minutos, com o marido lhe sacudindo levemente o ombro e chamando por seu nome.

-Bom dia, dorminhoca! - disse assim que ela abriu os olhos.

-Bom dia... Já chegamos? - perguntou desnorteada.

-Quase! O piloto acaba de avisar que vamos pousar em aproximadamente cinco minutos.

-Você podia ter me acordado quando já estivéssemos em terra... Odeio aterrissagens!

-Fiquei com medo de você demorar de acordar... Você capotou com esse remédio! - explicou.

Ela olhou para o lado novamente e viu que a filha Laura já havia acordado, mas os outros dois ainda dormiam, sorriu para a menina e voltou-se para William:

-Você conseguiu dormir?

-Bem pouco... Lí o livro quase todo!

-Devia ter tomado o remédio...

-Terei outras oportunidade para dormir... Na cama do hotel, por exemplo, bem mais confortável!

-Ou então no próximo vôo... Quanto tempo vai durar mesmo?

-Daqui até São Francisco?! Quase quatro horas... - respondeu.

-Nossa! - disse e torceu a boca em reprovação e ele sorriu.

Desembarcaram em Houston e tiveram que esperar um tempo até pegarem o próximo avião para a Califórnia, mas o vôo foi tranquilo e chegaram lá na noite de segunda-feira. Alugaram um carro e foram para o hotel que haviam reservado para descansarem.
Passaram o primeiro dia na cidade. Acordaram um pouco tarde, devido ao cansaço e ao "jat lag", mas foram ao museu de cera Madame Tussauds, ao Pier 39 e a Alcatraz, uma linda ilha na baía de São Francisco.

No dia seguinte passearam por Sausalito, pequena cidade localizada na baía de São francisco, visitaram a Golden Gate Bridge e fizeram o passeio de bicicleta pelo Golden Gate Park.

No terceiro dia começaram a jornada! Seguiram de carro pela Pacific Coast Highway, rodovia que percorre a costa da Califórnia e tem o Oceano Pacífico como cenário. No caminho até Monterey, passaram pela praia Half Moon Bay, foram ao farol de Pigeon Point e passeram pelas praias e mirantes que acompanhavam o caminho. Visitaram também campos de golfe em Pebble beach. William adorava tirar fotos e fez isso até não poder mais! Registrou todos os momentos que pôde e até compartilhou aulguns deles em suas redes sociais... Já na cidade, foram ao Monterey Bay Aquarium e depois seguiram viagem!

Na tarde de sábado chegaram a Carmel, uma cidadezinha romântica com lindas praias, visitaram vastos campos cobertos por tapetes de florzinhas cor-de-rosa e lilás... Como já era quase noite, se instalaram num dos hotéis ali e foram passear um pouco pelo centrinho da cidade a pé... Havia vários Cafés, restaurantes e galerias e as casinhas eram fofas e enfeitadas, parecendo de boneca.

Estavam na Carmel Bakery & Coffee Co quando William chamou Fátima para darem uma volta a sós, então deixaram os filhos no Café e saíram abraçados para um breve passeio ali por perto, ele com o braço em volta do pescoço dela e ela envolvendo a cintura dele. As ruas eram estreitas, iluminadas e coloridas, cheias de flores e ornamentos.

-Gostando da viagem, meu amor? - perguntou ele enquanto andavam devagar, admirando a beleza do lugar.

-Muito! É tudo muito lindo aqui... E essa cidade me lembrou nossa lua de mel. - respondeu ela.

-Me lembrou também, por isso te chamei para darmos uma volta... Temos passado bastante tempo juntos, nós cinco, esses dias e isso é ótimo, mas quase não tive tempo para ficar a sós com você... - disse, parou de andar e segurou as mãos dela entre as suas.

-E para que você quer ficar a sós comigo..? - perguntou, fingindo-se de inocente.

-Pra fazer isso! - disse, e deu-lhe um beijo do tipo que não rolava na frente dos filhos e nem de pessoas conhecidas, mas a rua em que estavam era pouco movimentada e dificilmente alguém iria reconhecê-los.
Finalizaram o beijo com três selinhos, mas ele ainda segurou o rosto dela entre as mãos, por alguns segundos, bem perto.

-Nossa! Quanta saudade acumulada! - disse ela assim que se afastaram um pouco.

-Você nem faz ideia! - respondeu com voz quente.

-Então me dê uma ideia... - disse e devolveu-lhe o beijo.

Quando terminaram ele sorriu e disse:

-Eu ia levá-la ao Centro de Jazz lá em São Francisco, mas só ficamos na cidade a primeira noite, estávamos cansados e eu não quis deixar os meninos sozinhos no hotel...

-Eu teria gostado bastante, mas também não curto a ideia de deixá-los sozinhos no hotel... Falando neles, precisamos voltar.

-Vamos! - disse, pegou a mão dela e seguiram de volta.

Passaram a noite e a manhã de domingo na cidade, e aproveitaram para visitar algumas das lindas praias que haviam pelo caminho até Big Sur, a próxima parada.