Fanfic: Nossa rotina | Tema: Fátima e William

William acordou completamente desorientado, sem saber onde estava ou que dia da semana era. Coçou a cabeça, que já não doía mais, apertou os olhos e foi despertando aos poucos... Olhou em volta e se assustou quando percebeu que estava em seu antigo quarto sozinho. Seu primeiro pensamento foi:

"Quanto tempo eu dormi? Será que foi tudo um sonho?" Referindo-se a toda a história de dar um tempo, da traição..

Mas logo começou a recordar-se da noite anterior, de como se humilhou aos pés de Fátima, de como ela cuidou dele, da grande besteira que havia feito... Quando se lembrou dessa ultima parte sentiu uma dorzinha aguda no fundo da alma. O arrependimento e a vontade de voltar no tempo eram enormes.
Pensando nela, perguntou-se: "Onde está a Fátima?"
Levantou da cama devagar e notou que também não se lembrava de como havia pegado no sono e nem de ter trocado de roupa. Também não fazia ideia de onde havia deixado suas roupas, celular e chaves do carro, mas provavelmente Fátima teria guardado tudo, ela odiava ver as coisas fora do lugar.
Foi até o banheiro, fez xixi, escovou os dentes com a escova laranja de Fátima (já que a sua não estava mais ali), lavou o rosto e saiu do quarto à procura da esposa e dos filhos. Andou pelo corredor do andar de cima descalço usando apenas a samba-canção azul listrada da qual tanto sentiu falta pois havia esquecido ali. Notou que os quartos dos três filhos estavam com as portas abertas e vazios, não tinha ninguém ali em cima. Desceu as escadas, caminhou pela casa igualmente vazia e seguiu até a cozinha.

-Bom dia, Seu William! - foi surpreendido por uma voz feminina familiar - Quanto tempo que não vejo o senhor aqui... Que alegria!

William se virou em direção ao som e sorriu ao ver Rosa, a cozinheira da família há anos.

-Bom dia, Rosinha! Sentiu minha falta?

-Claro! O senhor era quem mais elogiava minha comida... Inclusive fiz aquele bolo de chocolate com coco que o senhor adora! Dona Fátima me avisou que o senhor iria tomar café aqui hoje e eu tratei logo de fazer algo especial pra te receber de volta! - disse sorridente e William retribuiu o sorriso. Até desses pequenos detalhes sentiu falta.

-Ah, que delicia!! - disse expressivo - Morri de saudade do seu bolo de chocolate!! - completou, fazendo-a empertigar-se - Ô, Rosa, cadê a tropa? Não vi ninguém lá em cima.. Cê sabe pra onde foram?

-Os meninos saíram cedo, parece que vão ter prova hoje na faculdade, e Dona Fátima saiu faz mais ou menos uma hora... Disse que tinha uma reunião com o pessoal do programa.

William não gostou do que ouviu, já ficou fulo da vida por Fátima não estar ali naquela manhã de sábado por causa do bendito programa. Custava tê-lo acordado?! Suspirou e retorceu os lábios.

-Oh, Seu William, não fica assim não... Eu sei que Dona Fátima é uma mulher difícil, mas ela te ama muito! Nesses dias que o senhor não tava aqui precisava ver como ela ficou tristinha...

-Pois é, mas Infelizmente um casamento não sobrevive só de amor, Rosinha.. Eu vou subir.

-Não vai tomar café, seu William?

-Perdi a fome. Embala um pedaço de bolo pra mim? Vou levar pra comer depois... - disse e saiu da cozinha em direção ao quarto.

William estava chateado porque depois de ele ter praticamente implorado a ela pra voltar, Fátima simplesmente saiu de manhã sem deixar nenhum recado, nada. Podia ter cancelado a tal reunião para ficar com ele, resolver o futuro do casamento, era o que ele teria feito porque para ele o casamento era, sem duvidas, mais importante. Ela podia tê-lo acordado, ou quem sabe até ter deixado um bilhete... Mas ela não fez nada. Talvez não valesse à pena.
William pensou em como a amava, amava demais aquela mulher, era o amor de sua vida e ele não tinha dúvida nenhuma disso, mas como já havia concluído antes, um casamento não se sustenta só de amor e o deles era prova disso. Juntando aquilo com o que havia feito na noite anterior, concluiu que realmente não dava mais. Sua intensão inicial era dar um tempo para que organizassem suas mentes e percebessem o quanto se amavam e sentiam falta um do outro, mas o plano não foi bem sucedido. Estava decidido, acabou.
Ele procurou suas roupas que vestirá na noite anterior, vestiu-se, pegou o celular, as chaves do carro e a carteira e foi em direção ao closet. Pegou uma mala e começou a enfiar todas as suas roupas que Ainda estavam ali. Estava decidido, não dava mais, ele precisava ficar sozinho, tirar um tempo pra si mesmo, afastar-se daquela confusão.
Desceu as escadas com a mala na mão direita, foi até a cozinha pegar seu pedaço de bolo e se despedir de Rosa, que ficou sem reação ao ver o patrão, que sempre fôra loucamente apaixonado por sua patroa, ir embora de casa daquela forma.

O paulista dirigiu até seu apartamento pensando na bagunça que estava sua vida e Sentiu uma falta esmagadora de como eram as coisas há alguns anos... Tudo começou a desandar depois que Fátima iniciou aquele maldito programa, ele estava com ódio do programa pois lhe havia roubado sua mulher, o amor de sua vida, a pessoa com quem sempre podia contar, que era uma extensão dele mesmo. Mas Fátima já não era mais a mesma, não tinha mais tempo pra ele como antigamente, estava inclusive com um jeito de ser diferente, ele não mais reconhecia a mulher em algumas situações.
Chegando em casa, passou direto para o quarto, deixou a mala ali no canto se despiu para tomar um banho. Enquanto a água caia por seu corpo ouviu o celular tocar no quarto. "Será que é ela?" Pensou. "Que se dane." Continuou a tomar seu banho "tranquilamente" e inclusive demorou mais do que de costume.

William enrolou uma toalha cinza em volta da cintura sem nem enxugar o resto do corpo, como sempre fazia, e saiu do banheiro pingando, ansioso para ver se foi mesmo Fátima que havia lhe telefonado. Pegou o celular e sorriu irônico quando viu que haviam quatro chamadas perdidas dela, mas Simplesmente ignorou, não estava a fim de falar com ela. Voltou até o banheiro, pôs-se em frente ao espelho e pegou a espuma de barbear, espalhou-a pelo rosto e começou a passar a lâmina de baixo para cima da direita para a esquerda. Assim que terminou, enxaguou o rosto e passou a loção Pós-barba. Pegou um pente e começou a pentear o cabelo recém-lavado e antes que conseguisse terminar ouviu a campainha. Achou estranho, pois o porteiro não havia lhe interfonado, então deveria ser alguém do próprio prédio... Sua vizinha? Talvez.
Ainda de toalha, foi até a porta e, quando a abriu, deu de cara com Fátima. Realmente não estava esperando que ela fosse até ali, ficou surpreso. Esperava no máximo uma mensagem ou uma ligação, coisa que ela já havia feito.

Fátima olhou para ele de banho tomado, barba feita, cabelos desgrenhados e expressão indecifrável, nem ela mesma sabia o que estava fazendo ali, mas precisava ir atrás dele.

-Posso entrar? -perguntou, quando viu que ele não o fez.

-Entra. - respondeu contido e deu-lhe passagem, depois trancou a porta.

Assim que passou por ele Fátima foi atingida por aquele cheiro delicioso da loção pós-barba que William usava há anos, mas continuou.

-Nós precisamos conversar... - começou ela.

-Sim, precisamos. Pode dizer, estou ouvindo... - disse com desdém.

-Por favor, William, não seja difícil... - pediu.

-Quem dificultou as coisas inicialmente foi você.

-Eu não te entendo! Do que exatamente você está reclamando?

-Jura que você não sabe? Porra, Fátima!

-William, a Rosa me disse que você saiu de mala e tudo. Eu não estou entendendo nada! Ontem você chegou lá em casa de madrugada dizendo que me amava, pedindo pra voltar... Eu pensei que você tinha parado com essa besteira de dar um tempo e que ia voltar pra casa! Aí quando cheguei lá hoje você tinha sumido e levado todas as suas roupas que Ainda estavam lá!

-Não é besteira, Fátima! Parece que você não entendeu nada do que te falei naquele dia que sai de casa...

-É claro que é uma besteira! Olha só pra nós dois!! Eu sinto sua falta e os meninos falam de você direto, seus filhos também estão com saudades! Nossa família fica incompleta sem você... Eu te amo, marido... Para com isso, volta pra mim... - disse e se aproximou dele.

Aquelas palavras desarmaram o moreno, fazia um tempo que ela não se declarava tão verdadeiramente para ele. Era daquilo que ele sentia falta... William desviou o olhar, fechou os olhos, pressionando as têmporas com o polegar e o indicador direitos e então olhou para ela novamente. Como era difícil...

-Suas palavras não bastam, Fátima... Nosso casamento não tem se sustentado mais só com isso. Aliás, um casamento não é feito só disso.

-Pode não bastar, mas é a base de tudo e é o que eu tenho de mais sincero pra te oferecer. O motivo de termos nos casado foi o amor que tínhamos um pelo outro. Você se lembra de como era no início? - perguntou, chegando perigosamente mais perto dele.

-Claro que me lembro.

-E então..? - Fátima estava com muitas saudades, queria o marido de volta. Pôs as mãos espalmadas no peito nu dele, deslisando até o abdome, depois subiu uma delas até o pescoço, contornando-o até a nuca. Moveu a mão que Ainda estava em seu dorso para acariciar-lhe a face. O moreno fechou os olhos ao toque dela, instantaneamente, sentindo aquele carinho, como havia sentido falta do toque dela... Mas não podia fraquejar, estava decidido.

-Fátima, não... - disse e virou a cabeça para o lado, de olhos fechados, tentando resistir, mas não se afastou.

-Me beija, marido... -pediu num sussurro, ficando de rosto colado com ele.

William já estava embriagado, nem raciocinou, apenas colou os lábios aos dela com voracidade, com fome. Agarrou os cabelos de Fátima com uma mão, inclinando o rosto dela, enquanto a puxava para perto pela cintura com a outra mão. Durante o beijo Fátima puxou o nó que prendia a toalha dele na cintura, fazendo-a cair aos seus pés, e sorriu travessa com os lábios colados aos dele.
Colaram as testas após o beijo, de olhos ainda fechados. Fátima abriu os olhos primeiro e, ao observar o corpo nu do marido, um sorriso malicioso brincou em seus lábios. William não tinha forças para resistir àquela situação, mas pensou "Só uma última vez..." e deixou-se levar pelo momento. Abriu os olhos logo após e percebeu o que ela queria, que estava estampado no olhar dela, mas precisava ouvir da boca dela.

-O que você quer que eu faça agora, meu amor..? -perguntou com a voz grave, entregue ao momento.

-Me ama... Deixa eu matar essa saudade que tô de você...

William se deliciou com aquele aquele pedido e a beijou novamente.
Pegou Fátima no colo e seguiu, entre beijos, até o quarto dele.
Delicadamente, deitou sua mulher na cama, que estava desarrumada ainda da noite em que saiu de casa para procurá-la, sorriu com amor e subiu por cima dela. William começou a beijar o pescoço de Fátima fazendo-a suspirar de prazer, enquanto ela sentia os lábios quentes e macios dele em seu pescoço e o cheiro familiar maravilhoso de loção pós-barba que emanava dele.

-Tira essa roupa que tô com saudade do seu corpo no meu... - pediu ele enquanto beijava o espaço acima de seus seios.

Ela usava uma camisa de botão seda azul e uma calça creme de tecido que marcava todas as suas curvas. William começou a desabotoar a blusa dela com dificuldade, impaciente, e então Fátima o ajudou. Quando conseguiu, puxou forte o pano, quase rasgando-o. Ainda tinha o sutiã... William estava sem paciência para lidar com aquele fecho complicado, puxou os bojos para baixo e liberou os seios dela, fazendo-os saltar empinados. Caiu de boca naqueles "biquinhos" rígidos que tanto amava, mamando bastante e com gosto, Fazendo Fátima se contorcer. Ele sabia de tudo que ela gostava na cama.
Fátima desabotoou a própria calça e foi tentando tirá-la, mas William parou para ajudá-la porque naquela posição não conseguiria sozinha. Tirou calça e calcinha juntas, ficando completamente nua, assim como ele.
Os sangue circulava depressa e a respiração de ambos era rápida, fazendo com que a pele fervesse e que sentissem o calor um do outro no contato direto pele com pele. Aquela sensação era divinamente deliciosa.

William envolveu um dos seios dela com uma mão, constatando novamente que cabia perfeitamente em sua palma, sorriu e disse

-Você é a minha medida, Fá... Não só aqui, mais embaixo também. - disse, piscou para ela e direcionou seu membro na entrada da vagina dela, roçando suas intimidades, provocando um atrito gostoso.

-Eu sei... Te quero dentro de mim, marido... Põe logo... - pediu ofegante.

William sentiu uma corrente elétrica percorrer seu corpo com aquele pedido e não conseguiu aguentar. Enfiou de uma vez, fazendo-a gritar e gemeu junto.

-Ah, que delicia... Minha gostosa... - dizia enquanto metia firme.

O moreno agia por instinto, não estava pensando, estava apenas se entregando à saudade. Ele já havia se decidido que não era viável continuar o casamento, mas vê-la ali em sua frente pedindo para que ele a amasse foi covardia, golpe baixo, ninguém era forte o bastante para aguentar aquela situação, então prometeu a si mesmo que aquela seria apenas uma despedida, uma última vez com a mulher de sua vida.

-Aah... Que p** gostoso, amor...

-É seu, princesa... Só seu... Você quer sentar nele? Adoro quando você fica por cima... Me deixa doido!

-Hoje eu Faço o que você quiser... Só porque estou com muita saudade.. - disse e ele saiu de cima dela e deitou de barriga para cima, segurando o pênis na base para que ela pudesse se encaixar com mais facilidade.
A morena passou uma perna por cima dele, ficando montada nele de joelhos, direcionou o membro dele na entrada de sua vagina e sentou devagar olhando para ele. William fechou os olhos e se deliciou profundamente com aquele momento.
Fátima apoiou as mãos espalmadas no peitoral dele e começou a subir e descer, sentindo-o entrar e sair dela, preenchendo-a em toda sua extensão.
Ele não aguentou muito tempo "longe" e inclinou o corpo para cima, sentando-se na cama sem tirá-la da posição, agarrou-a num abraço, enterrou o rosto em seu pescoço e inspirou profundamente o perfume dela, embriagando-se. Ficaram os dois sentados, abraçados enquanto Fátima rebolava em seu colo.

-Arh! - Fátima gemeu, amolecendo-se nos braços dele.

Ao perceber que ela havia chegado ao orgasmo, William a Beijou com toda calma, passeando os lábios macios por sua pele lentamente e de olhos fechados. Permaneceu de olhos fechados e foi beijando o corpo dela onde seus lábios alcançavam... Era uma delicia para ele vê-la gozar.
Abriu os olhos, que estavam calorosos feito mel, e olhou para Fátima, fazendo-a se derreter.

-Minha vez... - disse, retirou os braços dela que envolviam seu pescoço e beijou uma de suas mãos. Ela saiu do colo dele e estremeceu ao sentir o pênis dele sair de dentro dela, já que Ainda estava com a musculatura vaginal contraída.
William se aproximou e falou no ouvido dela:

-Você disse que hoje ia fazer o que quisesse... Então fica de quarto pra mim...

Fátima sentiu o corpo todo se arrepiar com aquela voz misturada àquele pedido. Olhou para ele desconfiada, que sorriu da expressão dela. Aquele sorriso era matador, ela não conseguiu negar, Rolou na cama e fez o que ele pediu.

-Assim..? - provocou, olhando para ele, que a admirava, empinando o bumbum.

William mordeu o lábio inferior e balançou a cabeça afirmativamente. Foi pra cima dela e acariciou seu bumbum, Abaixou-se e deu uma mordida na nádega esquerda, fazendo Fátima protestar de susto - com certeza ficaria uma marca - depois distribuiu beijinhos naquela região e, por fim, lambeu a extensão de sua intimidade de baixo para cima, fazendo-a suspirar de prazer.
O moreno introduziu o membro nela lentamente, Sabia que naquela posição entrava mais fundo e não queria machuca-la. Enfiou-se todo dentro dela e a sentiu quente e úmida ao seu redor. Segurou o quadril de sua amada e gemeu baixo ao se movimentar. Continuou os movimentos até sentir o prazer se concentrar naquela região de seu corpo e explodir num orgasmo violento. Suspirou, ofegante, esperou uns segundos enquanto se recuperava da sensação e Retirou-se de dentro dela. Observou seu sêmen escorrer pela perna de sua mulher, o que lhe dava uma sensação inexplicável... Podia até ser besteira de homem mas daquele jeito tinha certeza de que ela era sua mulher, de que ela o amava e apenas ele. Não gostava nem de imaginar perder o amor dela para outro, imagina-la daquele jeito com outro... E pelo menos uma última vez permitiu-se imaginar que ela era dele e ele dela, sem pensar no depois.

Fátima deu um beijo nele, saiu da cama e foi em direção ao o banheiro para tomar um banho, não gostava de ficar "melecada" daquele jeito... Ele a observou cruzar o quarto, nua, em direção ao banheiro, engolindo-a com os olhos, extasiado. Ela olhou para ele, sorriu e soprou um beijo, que William fingiu pegar no ar e guardar no coração. Estava se proibindo de pensar que ela não seria mais dele dali a alguns minutos, que ele teria que falar com ela sobre a decisão que havia tomado. Ele estava muito cansado, e juntando com o sono promovido pelo orgasmo, acabou caindo no sono enquanto brigava consigo mesmo mentalmente.

Fátima tomou banho calmamente, se secou com uma toalha de William que havia ali e saiu do quarto para procurar uma camiseta dele. Viu que ele havia adormecido na cama, apenas com um lençol enrolado na cintura. "Ele deve estar cansado... Acordou tarde hoje e já tá dormindo de novo..." Pensou, com pena dele.
Foi até o guarda-roupa de William, escolheu uma blusa branca lisa e a vestiu apenas. Calçou um chinelo dele e voltou para o quarto, pegou o celular e viu que já passavam das duas da tarde. Ela já tinha pedido aos filhos que almoçassem no shopping porque iria resolver um assunto, então estava tranquila quanto a isso. Decidiu que iria fazer alguma coisa para eles dois comerem, então saiu do quarto para ir até a cozinha, mas reparou que a casa estava meio bagunçada, tinham algumas almofadas jogadas no chão, o tapete estava meio torto... Aquilo a incomodou, não gostava de bagunça. Saiu catando as almofadas que estavam em seu caminho quando de repente viu um pedaço de pano fino Branco que parecia ser renda. Fátima pegou a peça do chão, suspendeu à sua frente e constatou o que era: uma calcinha. Outra! Seu sangue ferveu ao se Lembrar da vez em que encontrou aquela calcinha na gaveta do escritório dele e que brigaram feio. Mas daquela vez foi diferente... Foi uma fã ousada. Dessa vez não tinha desculpa. Uma calcinha de renda jogada no meio da sala dele... A dona da calcinha a havia tirado ali mesmo. Fátima sentiu o choro subir pela garganta e, num ímpeto, gritou:

-WILLIAM!!

O moreno despertou num susto! Pulou da cama e, enquanto pegava um short qualquer que encontrou jogado no chão, gritou preocupado de dentro do cômodo:

-Oi! Tô indo!! O que aconteceu??

Chegou na sala terminando de subir o zíper do short, Quando viu Fátima segurando a peça íntima de renda com o braço esticado à frente do corpo e congelou. Nem se lembrava de que calcinha exatamente a vizinha estava usando, mas naquela circunstância já sabia que era dela.

-O que é isso, William? - perguntou com a voz firme, séria.

Ele continuava congelado, então ela voltou a falar:

-O que significa isso aqui, William? - perguntou firme - De quem é isso?? - perguntou segurando a peça íntima à frente de seus olhos.

-Érr... Fátima...

-DE QUEM É ISSO AQUI, WILLIAM?? ME RESPONDE AGORA!!!

-Fica calma... Não precisa gritar... - pedia com as mãos rendidas em frente ao peito.

-FICAR CALMA?!! NÃO ACREDITO QUE TÔ OUVINDO ISSO! ME DIZ A VERDADE, WILLIAM!

O moreno não sabia o que dizer a ela, não tinha como dar desculpa alguma, estava muito claro, além do mais, ele não era de mentir, nunca havia mentido sobre coisas sérias e não seria aquela a primeira vez.

-Eu não sei o que te dizer... - falou desnorteado.

Fátima tentou respirar fundo e pensar. Não podia agir feito uma louca, ela não era assim. Depois de alguns segundos de silêncio ela voltou a dizer:

-Nós estávamos dando um tempo mas ainda estamos casados, William... Não acredito que você fez isso... NÃO ACREDITO! Nunca pensei que você fosse esse tipo de Homem que trai, que mente...
Vivi 26 anos com uma pessoa que não faço ideia mais de quem seja... Uma pessoa que achei que me amava, que retribuía toda a confiança, amor e admiração que eu tinha...

-Não fala assim.... Por favor, Fátima, você sabe o quanto eu te amei e Ainda te amo.

-CÍNICO!! Como você tem coragem de continuar mentindo?? Pelo amor de Deus, para!! Fala logo a verdade!

William apenas a olhava em pânico, realmente não sabia o que dizer e nem como dizer.

-Não mente pra mim, William.. Se todos esses anos que vivemos juntos tiveram algum significado pra você, por favor, não mente pra mim... - pediu.

William olhou para baixo, fechou os olhos e respirou profundamente antes de olhar para ela novamente e responder a pergunta.

-Foi só uma vez. Eu estava com raiva, carente... E eu nem levei pra frente, eu parei na metade, eu juro!

-Parou na metade? Que se dane até onde você foi! O que importa é que você começou!!

Lágrimas desceram dos olhos de Fátima. Ela ficou parada diante dele, os dois em silêncio, não tinham o que dizer. O casamento realmente havia acabado. Nenhum dos dois tinha forças para lutar pela relação. William não tinha o que dizer e ela não queria escutar nada que ele pudesse inventar, não havia desculpa nenhuma que justificasse o erro dele.
Sentiu como se ele lhe tivesse apunhalado pelas costas. Sentiu-se traída, a pior sensação que experimentara até então... Descobrir que havia vivido uma mentira doía tanto que era difícil até de respirar. Ele dilacerou o coração dela e ela estava sangrando... Sangrando profundamente.
William não conseguia olhá-la nos olhos. Não se sentia no direito de olhar para ela, de enfrentá-la. Ela foi a primeira a quebrar o silêncio:

-Não consigo acreditar que você fez isso... - falou e riu, uma risada de nervosismo e desespero - Quem é a moça? - quis saber.

-Fátima....

-QUEM É A VAGABUNDA?? RESPONDE!

-Você não a conhece...

-E onde você a conheceu??

Ele estava impaciente, encurralado. Não queria responder, mas também não podia mentir.

-Ela mora aqui no prédio... É minha vizinha. - disse quase sussurrando, sem Ainda olhá-la nos olhos.

-AH, QUE ÓTIMO!! QUE LINDO!! E VOCÊ AINDA ESPERA QUE EU ACREDITE QUE FOI SÓ UMA VEZ??!!

-Eu não menti sobre isso... Foi só uma vez.

-Pouco me importa quantas vezes foram! Você me culpou por acabar com nosso casamento e olha só o que você fez!! Como você teve coragem de me cobrar atenção?? Você é um mentiroso! Um cínico! Um COVARDE!!

O silêncio se fez presente novamente por alguns longos minutos. As palavras dela provocaram uma dor tão grande nele que sua expressão facial era de agonia e sofrimento. Uma lágrima teimosa desceu pelo rosto de William, mas ele nada disse, não tinha o que dizer, apenas limpou o rosto e continuou ali, esperando que ela terminasse de despejar todos os sentimentos que nutria por ele naquele momento.

-Por que você fez isso com a gente, William..? Porque fez isso comigo..? - perguntou entre lagrimas - Você jurou tantas vezes que queria passar o resto da vida comigo, só comigo... Que eu era a mulher da sua vida... Que você não precisava de mais ninguém pra ser feliz... Foram 26 anos, William!! Por que você fez isso? Jogou a nossa vida inteira fora assim por causa de uma vagabunda! Aposto que se mudou pra cá por causa dela... Você a ama? Ou fez isso por diversão? Você se cansou de estar com a mesma mulher por todo esse tempo e decidiu procurar uma mulher mais jovem, mais inteira, mais "gostosa", Foi isso???

-Fátima... Eu não tenho direito de dizer nada.. Você já disse tudo e não tenho como negar, eu te trai no momento em que decidi fazer isso e não importa até onde eu fui. Foi um momento de fraqueza e eu errei, Errei feio, sei disso e não tenho coragem de te pedir perdão e muito menos de tentar me explicar... Não tem explicação para o que fiz, nada que eu disser vai justificar o erro que cometi no momento em que decidi fazer o que fiz. Você pode me xingar, pode dizer o quanto me odeia e o quanto sou um canalha porque eu mereço ouvir. Mereço ouvir todos os dias pelo resto de minha vida o quanto fui idiota e inconsequente. Você pode até não acreditar em mim, mas eu te amo... Vou te amar pro resto da minha vida, eu não precisava procurar mulher nenhuma além de você porque era só você que eu queria. Não se esqueça nunca de que ninguém nunca vai me ter como você me teve e acredito que seja recíproco em relação a você porque o que vivemos juntos nunca vai mudar. Mas acho que é isso... Nosso casamento acabou, chegou ao fim. Nós dois erramos e não dá mais pra continuar, por mais que ainda exista amor, e eu sei que existe porque o que fizemos mais cedo é prova disso. Eu jamais me perdoarei, mas espero que algum dia na sua vida você possa encontrar, no fundo de seu coração, forças para me perdoar.

Fátima desabou em lágrimas, passou por ele feito vento, vestiu suas roupas no quarto, pegou a bolsa e saiu daquele apartamento desesperada, aos prantos.
William ficou ali de pé parado no meio da sala, olhando para a porta durante um bom tempo antes de se ajoelhar no chão e começar a chorar. Estava tudo acabado.