Fanfic: Nossa rotina | Tema: Fátima e William

Fátima havia dado folga a todos os empregados naquele sábado, portanto, acordou mais cedo para fazer o café-da-manhã dos filhos. Enquanto isso, William estacionava seu carro na garagem, preferindo não buzinar para não acordar Fátima, pois ela costumava dormir até mais tarde aos sábados e domingos, então resolveu descer e ir chamar os filhos ele mesmo. As portas da cozinha eram de vidro, mas ele estava usando seus óculos de grau para perto e só reconheceu Fátima ali, de costas para as portas, quando chegou bem perto. Ele hesitou, mas deu três batidinhas, fazendo-a se assustar e olhar para trás.

Inicialmente Fátima teve dificuldade em reconhecer o marido, ele estava com péssima aparência: olheiras profundas, barba por fazer e camisa amarrotada. Vê-lo daquele jeito partiu-lhe o coração. Era perceptível que estava sofrendo, sua expressão não negava. Ela então foi até ele e abriu a porta.

-William?!

-Bom dia... - disse ele.

-Bom dia.. Entra! Você já tomou café? - perguntou sem pensar.

- Ainda não... Os meninos já estão prontos? - disse ele, entrando e parando num canto da cozinha.

-Já estão descendo.

-Vou esperar. - disse contido.

Ele continuou de pé num canto observando-a ir e vir, até que ela falou:

-Por que você não toma café enquanto espera por eles? - perguntou. Ela não sabia porque havia saído de sua postura durona, talvez fosse a saudade esmagadora ou então a dor de vê-lo tão mal.

Ela foi até a mesa e se sentou e ele foi logo atrás, sentando-se de frente para ela, serviu-se de uma xícara de café e ficou encarando-a. Alguns minutos depois os meninos desceram, deixando o clima do ambiente menos carregado.

-Pai! - gritou Laura, correndo para abraçá-lo.

-Pai, que saudade!! - disse Beatriz, seguindo a irmã.

As duas abraçaram o pai enquanto Fátima segurava o choro.

-Pai!! - disse Vinícius e o abraçou quando suas irmãs o largaram. -Saudades de você aqui com a gente... 

-Também estou morrendo de saudades! De todos vocês... - disse e olhou tristonho para Fátima que se engasgou com o café.

Os meninos terminaram de comer rapidamente e foram para o carro a fim de deixar os pais sozinhos. William ajudou Fátima a tirar a mesa, ficando muito próximo a ela algumas vezes, e fazendo-a recuar a cada vez que se aproximava, mas não tentou nada pois havia prometido esperar até que ela quisesse conversar. Quando ele estava indo embora ela o chamou:

-William..?

-Oi! - respondeu rapidamente e virou-se para ela, esperançoso.

-Não faz isso com você mesmo e com as crianças...

-Fazer o que?? - perguntou confuso.

-Você está péssimo! Não pode ficar assim...

Ele apertou os olhos, se aproximou dela e disse:

-Não sou eu quem estou fazendo isso, Fá. É você... Aliás, não você, mas a sua ausência...

Ela engoliu em seco e desviou o olhar. Ele estava muito perto e ela com muita saudade. Aproveitando-se disso, o moreno envolveu a cintura dela com as mãos e aproximou o rosto ainda mais do dela, mas Fátima o empurrou pelo peito, sem querer realmente que ele se afastasse. Mesmo que tivessem passado tão pouco tempo longe um do outro ela sentia saudades daquele toque e daquele calor masculino que emanava dele. 

- Para, William. Os meninos estão te esperando... Melhor você ir. - disse, desviando o olhar. Mas ele não desistiu e se aproximou novamente.

-Você leu o que eu te escrevi, não leu? Eu sei que você leu e que acredita em mim. Se não acreditasse nem teria me deixado entrar por aquela porta hoje! - disse, confiante, conhecia bem a mulher que tinha.

Ela o olhou incrédula. Ele tinha razão, mas ela não daria o braço a torcer assim tão fácil pois não tinha provas de que ele falava a verdade. Precisava sair dali ou não aguentaria mais muito tempo, mas ele foi mais rápido! Agarrou-a pela cintura e deu-lhe um beijo de tirar o fôlego! Ela correspondeu... Quando ele parou ela percebeu o brilho no olhar do amado novamente. Ele a olhou, sorriu e deu-lhe três selinhos na intensão de finalizar o beijo, e enquanto isso ela ficava feito estátua, sem reação.

-Eu tenho que ir! Os meninos vão se atrasar! - disse e saiu dali correndo, animado.

Fátima tentou recuperar o fôlego e entender o que acabara de acontecer. Há muito tempo não sentia tanta coisa com apenas um beijo! Não sabia se ficava com mais raiva dele ou se o amava ainda mais... A dúvida e o medo de estar sendo enganada ainda pesavam em sua consciência, então talvez ela precisasse de mais um tempo para pensar. Naquele momento só queria um banho para esfriar o corpo e a mente.

William, radiante, não conseguiu esconder dos filhos a felicidade, o que fez os três ficarem muito contentes e aliviados. Após deixá-los na escola, criou coragem e voltou para casa. Subiu até o quarto, abriu a porta e ouviu o barulho do chuveiro ligado.. Ela estava no banho e ele ficou na dúvida se entraria no banheiro e a surpreenderia debaixo do chuveiro ou se a esperaria ali fora. Preferiu esperá-la sentado na cama pois eles ainda não tinham conversado muito bem e ela poderia não gostar.
Quando Fátima saiu do banheiro, só de toalha, ele se levantou de uma vez, fazendo-a se assustar já que não esperava encontrá-lo ali, mas William não deu tempo para que ela dissesse ou fizesse nada, abraçou a mulher e a beijou novamente, um beijo carregado de saudade e desejo, mas Fátima o empurrou.

-O que você está fazendo aqui, William??

-Eu achei que... - começou a falar mas parou por alguns segundo, confuso. - Você não acredita em mim? - perguntou.

-Eu não sei, William, preciso pensar... Você só me deu sua palavra. Como vou saber que não está mentindo? - disse, afastando-se dele.

-Fátima, pelo amor de Deus! Como você pode ter dúvidas? - disse ele, quase que irritado, mas ela não teve coragem de olhá-lo, então ele pediu - Olha pra mim, amor.. Você realmente acha que eu faria isso?

Ela o olhou nos olhos e pensou um pouco... Decidiu ser sincera com ele:

-Não... Não acho. 

-Então por que você não deixa eu voltar?? Por que insiste em se afastar de mim a cada vez que me aproximo?! Você está me torturando! Não aguento mais! Minha cabeça está uma confusão porque estou morrendo de saudades e me sentindo injustiçado, pagando por um crime que não cometi! 

-Porque tenho medo, William... - naquele momento ela se sentiu completamente vulnerável e odiava aquela sensação.

-Medo? - perguntou confuso - Mas medo do quê?? Nós temos uma história juntos!

Ela não respondeu. Sentou-se na cama e ficou olhando para todos os lugares do quarto, menos para ele. William então foi até ela, ajoelhou-se em sua frente, pegou-lhe as mãos entre as dele e disse:

-Quando te conheci eu senti pela primeira vez em minha vida que podia confiar em alguém de olhos fechados.... Achei que você sentisse o mesmo. Me entreguei a você de um jeito que havia jurado a mim mesmo não me entregar novamente a ninguém depois de relacionamentos frustrados que tive, e você sabe do que estou falando. Quando firmei um compromisso com você eu tinha certeza de que queria passar o resto da vida ao seu lado e de que você queria o mesmo... Eu ainda tenho um compromisso com você e com as crianças e não tenho o direito de traí-lo assim.

Ela não conseguiu conter as lágrimas... Puxou-o, abraçou-o forte e ele retribuiu o abraço de olhos fechados como se não quisesse soltá-la nunca mais.

-Acredito em você, meu amor! Eu te amo tanto... Você não sabe como sofri nesse pouco tempo que passei acreditando que tinha me traído... - disse ela, ainda nos braços dele. 

-Se você sofreu pelo menos metade do que sofri tenho uma boa ideia do que passou... 

-A única coisa que se passava em minha mente era você com alguma menininha nova na redação, fazendo tudo que nunca fiz contigo naquela sala.

-Fá, pelo amor de Deus... - ele riu exasperado e a soltou para que pudesse olhá-la.

-É sério! Não é pra rir! - disse, ofendida.

-Estou rindo porque é ridículo! Ali é meu lugar de trabalho! - explicou.

-Mas várias vezes que ficávamos sozinho na sua sala você tentava me beijar, e eu nunca deixava porque não acho certo fazer isso no trabalho... Achei que você tinha alguma fantasia ou algo assim. - admitiu ela.

Ele riu novamente e disse:

-Fantasia?! Não tenho essa fantasia... E se eu tivesse seria com você e não com uma outra mulher! - garantiu - Tentei te beijar algumas vezes, mas isso porque todo mundo na redação sabe que somos casados e eu não via problema algum em agir naturalmente com você lá.

-Eu sei, mas eu não acho certo.

-E eu sempre respeitei essa sua posição.

-Eu sei... - ela disse e eles ficaram se olhando, deitados na cama até que William passou a mão pela face da amada e se aproximou dela novamente.

Os dois ficaram de rostos colados, olhos fechados e em silêncio por alguns minutos... Fátima passou as mãos pelo peito do marido e o beijou, enquanto ele puxava a toalha em que ela estava enrolada, deixando-a nua. Ainda entre beijos, William desceu as mãos por todo o corpo da mulher, fazendo-a se arrepiar. Ele sentiu falta daquilo... Rolou até ficar por cima dela, tirou a própria camisa e voltou-se para o pescoço da amada, distribuindo beijos e mordidinhas por ali.

-Ai... Sua barba está me arranhando... - reclamou ela.

Ele parou, olhou para ela e perguntou:

-Quer que eu pare? Posso beijar outros lugares...

-Quero que você beije todos os lugares...

Ele sorriu e então continuou beijando-a por um momento, mas de repente parou.

-Espere um pouco! - disse e se levantou.

Fátima o abservou correr até o aparelho de som moderno que havia logo abaixo da enorme televisão e colocar uma música que ela logo reconheceu. Era uma das músicas que marcara a relação dos dois: my funny valentine.

O moreno voltou, já tirando a calça e a cueca e subindo em cima dela novamente. Fátima passou as coxas pela cintura dele e ele a penetrou com força, tentando matar toda a saudade e a necessidade que haviam sentido um do outro, mas não se mexeu, ficou dentro dela parado, sentindo o momento e então cantou um pedaço da múscia no ouvido dela:

"...Stay little valentine stay, stay..." (...Fique, namorada, fique...)

Ela sentiu um arrepio de tesão com aquela voz grave. Sentiu-se em casa ali nos braços dele e se derreteu toda... Mordeu o lábio do moreno e enterrou os dedos nos cabelos dele, enquanto ele fazia movimentos lentos, porém firmes, e a cada investida ela revirava os olhos de prazer. Chegaram ao clímax ao som de Willie Nelson na música "You were always on my mind".

Os dois ficaram ali abraçados ouvindo a lista de músicas antigas que marcaram o início do namoro deles e acabaram adormecendo. Dormiram tudo aquilo que não haviam dormido nas ultimas duas noites. Fátima não gostava de dormir de conchinha e nem abraçada, sentia agonia, mas naquele momento precisava daquilo, precisava senti-lo ali e sentir-se segura nos braços dele. Já William aproveitava aquele momento raro e abraçava a amada bem perto. Os dois sentiam-se completos novamente.