Fanfic: Nossa rotina | Tema: Fátima e William

William e Fátima congelaram feito estátuas na porta e mesmo que quisessem não conseguiriam se mexer.

-Vocês vão fazer exatamente o que dissermos se não quiserem que nada aconteça. - disse um dos bandidos, enquanto o outro tirava cordas de dentro da mochila e amarrava as mãos dos dois jornalistas atrás das costas.
Fátima tremia e chorava silenciosamente para não irritar os ladrões e William não tirava os olhos dela com medo de que passasse mal. Os dois tinham um pensamento em comum naquela hora: os filhos.

-Você! Vem comigo. - disse um dos homens, pegando a carioca pelo braço, apontando a arma para sua cabeça e levando-a mais para dentro da casa.
William entrou em pânico! Não conseguia parar de pensar em cada coisa que aquele homem poderia fazer com sua esposa ali sozinha e desprotegida e forçou a corda, tentando se soltar, mas o bandido que o observava ordenou que ficasse quieto, dando-lhe um chute na costela esquerda. O jornalista gemeu de dor por alguns minutos e então tentou se controlar, mas por dentro não conseguia conter os sentimentos de medo, fúria e desespero que o acometiam. Ele se perguntava como os bandidos haviam conseguido burlar o sistema de segurança quando ouviu Fátima gritar de algum lugar da casa.

-Fátima!!! - gritou e se agitou, tentando libertar as mãos presas, e novamente o ladrão lhe chutou.

-Eu disse pra você ficar quieto e calado, porra!

Alguns minutos depois, o homem voltou segurando numa mão uma mochila cheia com alguma coisa, provavelmente dinheiro e jóias, enquanto com a outra segurava o braço de Fátima, que tinha um lado do rosto vermelho e um corte pequeno no lábio inferior. Quando a viu, o moreno sentiu tanta raiva por ela estar machucada que teve vontade de matar aqueles dois cretinos, mas se esforçou ao máximo para continuar quieto, apenas sua respiração forte traía sua postura imóvel.
O moço empurrou Fátima, fazendo-a cair no chão e gemer de dor ao bater a cabeça na parede.

-Seu filha da mãe desgraçado!!! Pega logo tudo que quiser e deixa a gente em paz!! - gritou William, furioso, deixando o homem que o observava também furioso.
O bandido foi até ele, bateu em seu rosto com o cabo do revolver, cortando sua testa, e então apontou-o para sua cabeça.

-Eu já mandei você ficar na sua, tio! Da próxima vez que disser alguma coisa eu vou descontar nela, então é melhor ficar bem quietinho se não quiser ver sua esposa apanhar. - disse e apontando para Fátima.

-Pelo amor de Deus, não façam nada com a gente... - implorava ela, chorando. Só conseguia pensar nos filhos e no que seria deles caso acontecesse algo com ela e o marido. Fátima era tão preocupada com esse tipo de coisa que durante muito tempo, quando tinham que fazer alguma viagem juntos, exigia que os dois fossem em vôos separados.

-Vamos precisar de um carro pra fugir. Que tal vocês nos mostrarem a garagem? - perguntou um os bandidos.

Havia cinco carros na garagem. William gostava muito de carros e tinha bastante apego com os seus, mas não podia fazer nada naquela situação então teria que abrir mão de um deles.

-Que é isso heim, tio? Ostentação... - disse um dos ladrões.

Os homens ficaram em dúvida entre o pegar o carro maior (para que coubesse mais coisas) ou o mais caro, e acabaram optando pelo mais caro que era também o preferido do jornalista. Fizeram William pegar as chaves e os documentos do veículo e ajudá-los a carregá-lo com coisas que queriam levar. Quando estavam terminando ouviram o barulho do portão se abrindo. William e Fátima se olharam desesperados quase que imediatamente pois já sabiam quem havia aberto o portão: os filhos. Eles tinham uma cópia da chave e provavelmente haviam pegado carona até em casa com alguém depois de não conseguirem falar com os pais. Os ladrõs se olharam assustados e então olharam para o casal.

-O que foi isso?? Vocês estão esperando alguém?? - perguntou um dos homens.

William precisava fazer alguma coisa, não podia deixar que nada acontecesse com seus trigêmeos e então disse a primeira coisa que lhe veio à mente.

-É na casa ao lado! As casas são muito próximas e as vezes parece até que o barulho foi aqui.- mentiu.

-Você não está mentindo pra mim, está? Se estiver.... - apontou a arma para o pneu de um dos carros e apertou o gatilho, causando um estrondo, já que a garagem era fechada, e continuou - a próxima bala que vai sair daqui é pra sua querida esposa. - ameaçou.

-Seu idiota! Por que você atirou?!! Agora temos que andar rápido! Alguém com certeza vai ligar pra polícia!! - gritou o outro bandido.

Enquanto isso, os meninos trancavam o portão quando ouviram um tiro vindo da garagem. Beatriz quis gritar, mas o irmão tapou sua boca com a mão antes que pudesse sair algum som. Ele e Laura puxaram a irmã para trás de algumas árvores que haviam ali para se esconderem.

-Meu Deus, o que foi isso?? - perguntou Laura em pânico com lágrimas nos olhos.

-Nossos pais... - choramingou Beatriz.

- Acho que tem alguém com eles lá dentro. Eles não nos ligaram nenhuma vez, não atenderam os celulares.... - disse Vinícius, tremendo, fazendo as duas irmãs chorarem ainda mais. - Não aconteceu nada com os nossos pais... Eu tenho certeza! Ele vão ficar bem! Não vão fazer nada com eles. - disse o menino a fim de acalmar as irmãs e tentando convencer a si mesmo de que aquilo era verdade, enquanto ligava para a polícia.

A pressão da carioca baixou muito devido ao desespero por causa dos filhos e ela acabou desmaiando. Um dos ladrões a pegou no colo e disse malicioso:

-Essa coroa é bem gostosa, heim! Ainda ta inteiraça. Eu bem que podia...

Mas antes que terminasse, o jornalista o interrompeu, com ódio na voz.

-Covarde desgraçado... Você não vai fazer nada com ela!

-E você vai fazer o que pra me impedir?? - provocou, rindo.

William cerrou os punhos, fechou os olhos e respirou profundamente para tentar se acalmar e não respondeu. Fátima despertou nessa hora, assustando-se por estar nos braços daquele homem.

-Relaxa, tia! Até que esse seu marido merecia assistir algumas coisinhas pela desobediência dele, mas não vou fazer nada com você não... - disse o homem, libertando-a de seus braços, mas manteve suas mão amarradas. Ela correu até William e eles ficaram o mais próximo possível, como se estivessem se abraçando, mas sem a ajuda dos braços, ainda amarrados. Ela escondia o rosto no peito dele que apoiava o queixo na cabeça dela, beijando-a de tempos em tempos. 

Obrigaram o moreno a manobrar seu brinquedo preferido para fora da garagem com uma arma apontada para sua cabeça, ouvindo provocações do bandido:

-Só pedi pra você tirar o carro da garagem pra se despedir dele... É um puta caro!

Apesar de ser apaixonado pelos veículos, o jornalista não estava nem um pouco preocupado com os bens materiais naquela hora porque o que estava em jogo era a vida de sua família e isso nem mesmo todos os carros do mundo poderiam substituir, caso algo acontecesse.

-Você pode levar todos... A única coisa que peço é que não façam nada com a gente. - disse.

Fátima ainda tinha as mão amarradas, mas as de William já haviam sido libertadas para que pudesse dirigir. Os trigêmeos agoram conseguiam ver por entre as plantas o que estava acontecendo e começaram a rezar para que os homens não machucassem seus pais.

Quando estavam prestes a abrir o portão e sair, ouviram as sirenes dos carros de polícia. Sem pensar muito, o bandido que ainda não havia entrado no carro correu até o muro para tentar fugir enquanto o outro descia do veículo e seguia atrás, mas antes de saltar virou-se para o casal e apontou a arma na direção deles.

-Vocês são dois filhos da puta! Não merecem tudo o que têm! Não merecem viver! - disse, puxou o gatilho e então fugiu.

A última coisa que se ouviu antes de a polícia invadir o local foi o grito de dor do jornalista.