Fanfic: Nossa rotina | Tema: Fátima e William

Percebendo que o homem iria atirar, William entrou na frente e se jogou em cima da mulher, derrubando os dois no chão, sendo atigido em seu lugar. Na mesma hora vários policiais arrombaram o portão e entraram armados ocupando todo o local. Fátima, embaixo dele no chão e ainda amarrada, entrava em desespero sem saber onde ele havia sido baleado. O moreno sentia muita dor e não conseguia se mexer, mas os policiais tiraram-no de cima dela, imobilizaram-no e desamararam Fátima. Ela correu os olhos pelo corpo do marido procurando pelo ferimento e viu que ele estava sangrando muito na região da clavícula direita. Ficou aliviada pelo tiro não ter atingido locais mais perigosos como o peito ou a cabeça e estremeceu só de pensar que isso poderia ter acontecido. Sua vontade era de abraçá-lo e tirar sua dor, mas ele estava imobilizado, então ela se ajoelhou ao lado dele e passou a mão por sua testa.

-Amor, vai ficar tudo bem.... Já estão vindo cuidar de você. Você vai ficar bem! - disse ela.

Os três adolescente choravam preocupados de longe, doidos para correr até os pais, mas os policiais não os deixavam se aproximar antes que a ambulância chegasse. Apesar de preocupada com o marido, Fátima agradecia a Deus pelos filhos estarem bem.

William estava perdendo muito sangue e respirava com dificuldade por conta da dor mas conseguiu falar.

-Onde estão os meninos? - perguntou pelos filhos.

-Eles estão bem, graças a Deus... Vão estar conosco logo logo, mas antes precisam cuidar de você. - disse ela.

-Fica comigo... Não me deixe sozinho... Tá doendo muito... - pediu.

Ela chorou ainda mais e prometeu:

-Vou ficar, meu amor! É claro que vou ficar! 

Logo a ambulância chegou para buscar o casal e levá-los até o hospital. Fátima havia levado algumas pancadas e precisaria fazer alguns exames, já William teria que passar por uma pequena cirurgia para a retirarada da bala, além de exames na costela e no crânio, devido aos chutes e pancadas que levara.

William acordou meio grogue e percebeu que estava num quarto de hospital sozinho com agulhas enfiadas em seu braço e tubos em seu nariz. Ele tinha também um curativo na testa e o ombro e as costelas enfaixados. Não tinha ideia de quanto tempo havia dormido e estava preocupado com a família, por isso precisava falar com alguém. Tentou se levantar mas sentiu muita dor e então se deitou impaciente mas acabou adormecendo de novo.
Acordou algum tempo depois com alguém mexendo em seu cabelo. Era Fátima. Ela estava sentada numa cadeira ao lado da maca e o olhava quando ele abriu os olhos, então sorriu para ele.

-Oi, dorminhoco...

Ele sorriu de volta e respondeu:

-Oi...

-Como está se sentindo?

-Tô com um pouco de dor na costela e no ombro, mas estou bem... - garantiu - E você? Tá tudo bem?

-Estou bem. Já fiz vários exames e está tudo bem. Eu vou chamar o médico pra te dar um remédio para dor. - disse levantando-se.

-Espera! Fica aqui mais um pouco! - pediu, sabendo que o remédio que tomaria provavelmente o faria dormir.

-Mas você está sentindo dor, meu amor...

-Eu estou bem! Sério... - mentiu.

Ela suspirou e se sentou novamente.

-E os nossos filhos? - quis saber.

-Eles estavam aqui agora há pouco, mas foram para a casa dos meus pais. Seus pais estão vindo para o Rio e tem um monte de gente lá fora querendo saber como você está! Fãs e alguns repórteres.

-E como estou? - perguntou referindo-se a seus exames.

-A bala atingiu seu ombro e, graças a Deus, não pegou nenhum nervo. - fez uma pausa e lágrimas caíram de seus olhos, então perguntou - Eles bateram muito em você, não foi? Você está cheio de hematomas e fraturou uma costela.

-Nossa... Vou ficar de férias por um bom tempo, não vou? - perguntou bem-humorado, referindo-se à sua recuperação

Ela só balançou a cabeça positivamente e continuou chorando. Ele estendeu a mão esquerda (do lado que não havia sido baleado) até a mão dela e disse:

-Amor, não chora... Nós vamos superar isso. Eu prometo!

-Você entrou na minha frente quando o bandido atirou... Os policiais disseram que pelo ângulo do tiro e a minha altura a bala teria atingido meu pescoço... Você me salvou. - disse chorando.

Ele engoliu em seco e ficou mudo por alguns segundos imaginando o que poderia ter acontecido se não tivesse entrado na frente dela e jogados os dois no chão.

-Eu nem sei o que dizer... Não pensei na hora, agi por impulso. Quando percebi que ele iria atirar, só o que me veio à cabeça foi você e então eu entrei na frente. Mas se tivesse tido tempo de pensar faria a mesma coisa. - garantiu.

Ela fechou os olhos e engoliu o choro, depois abriu os olhos e disse:

-Fiquei com tanto medo de te perder... E dessa vez seria pra sempre.

-Fá, não pensa nisso! Eu tô aqui... Já te falei que não pretendo sair do seu lado tão cedo, não falei?!

-Aham... - disse apenas, ainda tentando conter as lágrimas.

-Quando eu sair daqui vou providenciar um novo sistema de segurança. Ainda não consigo entender como eles conseguiram entrar lá! - disse inconformado.

-Eu também não, mas os policiais estão investigando...

Ouviram duas batidinhas na porta e logo em seguida o médico entrou.

-Olá! Como vai o nosso jornalista salva-vidas? - perguntou a William.

-Oi, doutor! Já veio me dar alta?! Achei que iria demorar um pouco mais... - brincou.

-Pelo visto está ótimo! Sente alguma dor?

-Meu ombro e minha costela estão latejando bastante, minhas costas e minha cabeça doem... Acho que é isso.

-Vou chamar a enfermeira pra aplicar o remédio em sua veia, mas antes você precisa comer. - disse saiu do quarto.

-Quantas horas são? Quando acordei mais cedo parecia que tinha dormido por vários dias... - perguntou ele.

-Você não dormiu muito... Ainda são 11 e meia da manhã de segunda-feira. - respondeu ela.

-E o seu programa?! - perguntou interessado.

-Eles arranjaram alguém para me substituir... Eu não estou em condições de fazer nada agora. Só queria ficar com você e os nossos filhos num lugar seguro.

-Eu também. Acabei de acordar mas não vejo a hora de sair daqui. Não sou muito fã de hospitais...

A enfermeira bateu na porta e entrou com uma bandeja de cama nas mãos. Nela havia uma sopa rala e um copo d`água.

-Bom dia! Trouxe seu almoço e sua medicação. O doutor disse que você não deve conseguir comer sozinho por conta da cirurgia em seu ombro, então vou ter que dar em sua boca. - disse a moça, colocando a bandeja na cama em cima dele. 

-Pode deixar que eu faço isso. - disse Fátima, pegando a colher da mão dela.

-Vou deixar vocês a sós então. - disse e sorriu - Volto daqui a pouco para aplicar o remédio. - completou e saiu do quarto.

-Me sinto um bebê. - brincou, torcendo a boca.

-Então seja um bom menino e coma tudo direitinho! Olha o aviãozinho... - disse ela com a colher cheia na mão rindo da cara dele.

Ele riu mas estremeceu de dor.

-Amor, não me faz rir... Dói! - pediu dengoso.

-Desculpa, meu bebêzão... Abre a boca, você precisa comer. - disse e ele obedeceu.

-Argh! Que sopa horrível! - reclamou.

-Não está com uma cara muito boa mesmo, mas você precisa comer. Faz um esforço... - pediu.

Alguns minutos depois a enfermeira entrou no quarto novamente.

-Pronto para a medicação? - perguntou a ele.

-Vou dormir, não vou? - perguntou.

-Você deve ficar muito sonolento então provavelmente irá dormir. - disse a moça.

-Já que não tem outro jeito... - disse à enfermeira, insatisfeito, e virou-se para Fátima - Você vai estar aqui quando eu acordar?

-Vou ter que ir à casa dos meus pais almoçar, trocar de roupa e ver os meninos, mas volto com eles mais tarde. Vou passar em casa e pegar roupas para você também...

-Tá bom... Até mais tarde então. Se cuida! - pediu.

-Vou me cuidar... Até mais tarde.

Enquanto a enfermeira introduzia o medicamento no aparelho que levava soro até a veia dele, Fátima se abaixou e lhe deu um selinho demorado. Ele continuou de olhos fechados por alguns segundos quando ela se afastou.

-Eu te amo. - disse ela, mexendo nos cabelos dele.

Ele apenas sorriu satisfeito mas não disse nada pois já estava ficando sonolento e logo adormeceu.

Fátima foi pra casa dos pais, que era bem perto da sua, fez tudo que precisava fazer e foi para a própria casa receber os pais do marido que ficariam lá enquanto estivessem no Rio de Janeiro. Mais tarde foram todos para o hospital visitá-lo, assim como alguns amigos mais próximos. Mesmo com as dores, William continuava com seu senso de humor habitual, conversando e fazendo piadas até que o médico acabou com a diversão e mandou todos sairem do quarto para que ele pudesse descansar. O jornalista só teria alta na quinta-feira e ainda precisaria de muito repouso até se recuperar e voltar à vida normal. Apesar de estar fora de perigo, precisava ficar sob observação e cuidados médicos até que seu quadro fosse estável.