Fanfics Brasil - O diário de ninguém

Fanfic: O diário de ninguém


Capítulo: 1? Capítulo

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         Olá, meu nome é Artur, tenho 16 anos e sofro de uma doença no coração, chamada Cardiomagelia (mais conhecida como "Coração Grande"). Sendo sincero, sei muito bem que meus dias estão contados, isso não me dá medo, pois sei que um dia todos nós vamos morrer.
         Numa manhã ensolarada, eu havia planejado como seria meu dia perfeito: passar o dia na cama, assistindo TV e comendo. Foi quando minha mãe apareceu do nada pela porta do meu quarto, abrindo as cortinas deixando a luz do sol clarear totalmente aquele local. Ela costumava dizer á meu pai que talvez, eu estivesse ficando depressivo ou algo do tipo. E não era pra menos ela pensar isso, eu não fazia nada além de jogar videogame, comer, ir pra escola e domir. Eu não tinha amigos. Ou melhor, eu não tenho amigos. Minha teoria é simples e pra mim também é bem lógica: "TODOS SOMOS FALSOS, NÃO EXISTEM AMIGOS". Sei que pra você pode parecer que estou me desfazendo de algumas pessoas, ou até mesmo de minha família (que posso considerar como amigos), mas é minha verdade, é o que eu particularmente penso.
          Passei por vários tipos de psicólogos, médicos, ou qualquer outro especialista, eu não via qual o motivo disso, eu estava muito bem assim, não me incomoda estar sozinho, sinto que tenho todo o tempo do mundo para me concentrar em mim mesmo. Até que em uma das consultas, o Dr. Raúl recomendou a minha mãe que me deixasse escrever diáriamente sobre o que sinto, em um diário. Não acho isso uma má ideia, só não sei onde isso me ajudaria.
          Na volta pra casa, eu e mamãe entramos em uma papelaria qualquer, perto do consultório. Eu já sabia o que estávamos fazendo lá, mas resolvi fingir que não sabia. De repente, ela parou em minha frente me fazendo uma pergunta inesperada.
               - Então, como você se sente?
               - Estou normal, me sinto bem, não sinto nada de diferente. Por que?
               - Só quis saber meu filho, é bom saber que você está bem.
          Então continuamos a andar pela papelaria novamente. Paramos na seção de materiais escolares, ela perguntou qual caderno tinha me chamado mais atenção, e então respondi.
                                 "Nenhum caderno, eu não gosto de escrever"
          Mamãe estava ficando inquieta e um pouco desesperada com esta situação, mas sendo uma mulher muito inteligente ela pensou bem e teve uma ideia. Fomos até a seção de tecnologia, lá havia várias coisas interessantes como: Camêras fotográficas, celulares, tablets, televisões e...
                - Computadores. É isso, você precisa de um computador. Dr. Raúl pediu que você escrevesse um diário, mas não disse se era incorreto ser um "diário virtual", certo?
                - Sim mãe, a senhora está coberta de razão. Mas por que comprar isto? Sabe que eu não sei nem como escrever, e não vou viver por muito tempo, do que adianta peder seu tempo e dinheiro comprando coisas comigo?
                - Menino! Vire essa boca pra lá, tenho certeza de que você saberá como escrever e que essa doença de alguma forma irá melhorar, você irá viver por muitos e muitos anos, casará e terá belos filhos. Agora vamos levar este aqui.
         Me impressionava como a fé que minha mãe tinha em achar que eu viveria por muito tempo, a ponto de dar á ela netos. Fiquei observando-a. Sempre admirei minha mãe, ela era uma pessoa tão doce, calma, confiante e esperançosa. Esperançosa até demais.
                  - Pronto aqui esta seu computador novo, quero que quando chegarmos em casa, suba e comece a escrever, pode ser?
                  - Tudo bem, mas estou com fome, vamos comer alguma coisa?
                  - Vou parar ali e compramos um bolo, para tomarmos o café da tarde.
         Eu me sentia alegre em sair com minha mãe, apesar da minha teoria sobre amigos, eu sentia que ela era minha amiga menos falsa, eu sentia que ela sempre estaria perto de mim, em qualquer sintuação, até mesmo na mais embaraçosa. Mas como um adolescente de 16 anos, não posso ter minha mãe comigo 24 horas, e em certos locais, como a escola (o lugar onde menos queria estar, não pelo fato de estar 6 horas preso estudando. Eu até que gosto de estudar, mas é pelas pessoas. Eu gostaria de estudar sozinho. Eu sou sozinho).
          Chegando em casa, abrimos o bolo e saboreamos com muito gosto, era meu bolo favorito, era bolo de abacaxi. Mamãe conhecia cada traço meu, cada defeito. Aquela mulher é incrivel e por isso amo muito ela. Terminando a refeição, subi e liguei o computador, instalei o que não tinha e comecei a escrever.
                                                       


                                                            20 de Agosto de 2012


Querido amigo,
 


Hoje me sinto bem, na verdade esse começo está uma merda, eu sei. Mas isso é porque não tenho experiência em escrever sobre mim, ou como me sinto. Não vou colocar meu nome no final, até porque do que vale um nome, se não sou ninguém, aliás "quem somos?". Acho que este diário não irá servir para escrever como me sinto e sim, para talvez esclarecer algumas dúvidas. Continuando, "Por que temos nome, se no fim todos vamos morrer e não seremos mais lembrados?", "Por que tentar entender sobre a vida, se nada disso é certeza, se viver é apenas um passa-tempo entre o nascimento e a morte?", "Por que choramos ao perder alguém, se quando todos nós morrermos, vamos nos encontrar novamente?". Perguntas, perguntas e mais perguntas, algumas perguntas são vazias, outras são bem complexas, mas todas são iguais, são perguntas sem respostas. Enfim, o que tenho para hoje é isto.

                                                                                                                                             Com amor,
                                                                                                                                                   Ninguém.


 



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