Fanfic: Um Pequeno Milagre (terminada) | Tema: Vondy

Ele queria pegá-la no colo, e até mesmo colocou as mãos no carrinho, pronto para fazê-lo... mas se afastou, e tentou balançar o carrinho em vez de segurar o bebê, rezando para Dulce sair do chuveiro e vir acalmar a filha.

De que diabos ele tinha tanto medo?

Irritado consigo mesmo, Ucker andou pelo quarto. Ele iria até lá, pegaria o bebê no colo, e acabaria logo com aquilo. Foi então que ele ouviu o bip do telefone de Dulce.

Pablo.

Ele não leu a mensagem, mas sentiu um arrepio, como uma sombra, como umgrande pássaro preto no céu, que pudesse, num voo rasante, tirá-las dele a qualquer momento...

— Bruna! — Ainda molhada, enrolada em uma toalha, Dulce correu para o carrinho, pegando a filha no colo, sentindo seu rostinho quente e vermelho e voltando os olhos acusadores para ele. — Ela estava soluçando!

— Eu ia bater à porta e chamar você — ele disse, pateticamente.

— Bater? — Dulce olhou para ele, de boca aberta. — Você nem pensou em pegá-la no colo?

— Eu estava fazendo café — Ucker disse, na defensiva. — E a mamadeira dela.

O que parecia bastante lógico e razoável, percebeu Dulce, mas bebês não eram nem lógicos, nem razoáveis, e Bruna precisava de colo.

— Você pode segurá-la para mim? — A voz de Dulce trazia uma ponta de desafio. — Eu preciso me vestir...

— Eu preciso tomar banho e me vestir também — Ucker mentiu. — O hospital acabou de ligar, eu preciso ir trabalhar.

— Ucker... — Para alguém normalmente tão emotiva, a voz de Dulce estava assustadoramente calma. — Eu não estou pedindo a você que a alimente nem que a troque, eu estou pedindo a você para segurar Bruna por dois minutos.

— Desculpe. — Ele sacudiu a cabeça. — Eu tenho que me arrumar.

— Ucker? — Ela não conseguia acreditar, não conseguia acreditar na maneira com que ele estava agindo. — Eu não estou lhe pedindo que...

— Olhe — Ucker interrompeu — ela não é minha... — Ele não terminou, sua boca se fechou, antes que aquela manhã se tornasse um pesadelo, mas Dulce terminou por ele.

— Não é sua o quê? Não é problema seu? — Ele não quisera dizer aquilo, mas era mais fácil concordar do que explicar. — Deus. — Dulce deu uma risada seca. — Eu realmente sei escolher cretinos, não é?

Ucker não respondeu, e ela continuou:

— O que exatamente você queria dizer com ir devagar, Ucker? Que quando ela fosse para a faculdade nós poderíamos ir morar juntos? — ela disse, sarcasticamente.

— O pai de Bruna acabou de mandar uma mensagem...

— Não ponha a culpa disso nele! — Dulce retrucou. — Você está estranho comigo desde a noite passada. — Quando ele não respondeu, ela perguntou novamente: — O que você queria dizer com ir devagar, Ucker?

— Eu não sei.